A PARABOLA DOS 10 TALENTOS
”
Cada um administre aos outros o dom com o recebeu, como bons despenseiros da
multiforme graça de Deus"
(1Pd.4:10).
Texto Bíblico:
Mateus 25:14-30
Mateus 25.14-30
14.
Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os
seus servos, e entregou-lhes os seus bens,
15.
e a um deu cinco talentos, e a outro, dois, e a outro, um, a cada um segundo a
sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.
16.
E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles e
granjeou outros cinco talentos.
17.
Da mesma sorte, o que recebera dois granjeou também outros dois.
18.
Mas o que recebera um foi, e cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu
senhor.
19.
E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles.
20.
Então, aproximou-se o que recebera cinco talentos e trouxe-lhe outros cinco
talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco
talentos que ganhei com eles.
21.E
o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel,
sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
22.
E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse:
Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles ganhei outros dois
talentos.
23.
Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel,
sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
24.
Mas, chegando também o que recebera um talento disse: Senhor, eu conhecia-te,
que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não
espalhaste;
25.
e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
26.
Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabes que
ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei;
27.
devias, então, ter dado o meu dinheiro aos banqueiros, e, quando eu viesse,
receberia o que é meu com os juros.
28.
Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos.
29.
Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não
tiver, até o que tem ser-lhe-á tirado.
30.
Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger
de dentes.
Explicação
da parábola dos talentos
Nesta
parábola contada por Jesus, um homem rico confiou seu dinheiro a 3 de seus
servos. A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um. Vale salientar que
aquele senhor deu "a cada um conforme a sua capacidade" (Mateus
25:15).
Quanto
vale um talento?
O primeiro servo recebeu 5 talentos, cerca de 175 quilos de ouro. O segundo
recebeu 2 talentos, 70 quilos e o terceiro recebeu 1 talento, cerca de 35
quilos de ouro. Um quilo de ouro equivale aproximadamente a 300 mil reais. Faça
as contas, esse senhor era mesmo muito rico!
Significado
da parábola dos talentos
A
parábola dos talentos mostra como devemos trabalhar com diligência e
responsabilidade, investindo bem a vida e os dons que Deus nos deu. Pois um
dia, todos teremos de prestar contas à Jesus quando Ele
voltar. Cristo dá a cada um de nós uma missão, um talento de acordo com nossa
capacidade. Para cumprir a missão, Ele nos dá recursos, como dons, bens
materiais ou conhecimentos. Investir os talentos significa que devemos
desenvolver essas competências em prol do Reino de Deus.
Há
variedade de talentos. Quem tem muita capacidade, tem muita responsabilidade,
pois o próprio Deus confiou esses dons. Quem tem pouco, também tem competência
para desenvolver o que recebeu. Todos podem e devem crescer!
O que significa enterrar o talento
Você
tem aptidões únicas, capacidades e competências de várias naturezas, além
disso, há também os recursos materiais, financeiros, intelectuais, e o precioso
tempo que Deus dá a cada um. Em tudo isso devemos ser intencionais, fazendo
tudo para glorificar aquele que dá vida, saúde, recursos, inteligência,
habilidades, sabedoria etc.
Não
há desculpas para deixarmos de usar nossos dons e talentos pessoais nesta vida,
para exaltar a Deus e abençoar pessoas. Se estamos falhando nisto, não podemos
sair inocentes sabendo disso.
Os
primeiros dois servos aceitaram o desafio e seu esforço foi recompensado.
Quando confiamos em Deus e visamos fazer sua vontade, Ele nos ajuda a cumprir
nossa missão. E um dia, na ressurreição, receberemos nossa recompensa.
O
terceiro servo teve medo. Ele não amava seu senhor de verdade e desperdiçou a
oportunidade de multiplicar o seu talento. Muitas pessoas desperdiçam seus
recursos e dons, não atendendo ao chamado de Deus. Isso mostra que seu coração
não é voltado para Deus. Infelizmente o descaso traz consequências ruins.
O
tamanho do sucesso não é o mais importante para Deus, mas como cuidamos do que
recebemos dele. Tanto
o servo com 10 talentos quanto o servo com 4 receberam a mesma recompensa. Se o
servo que recebeu um talento tivesse o mesmo zelo que os outros dois, também
receberia porção dobrada, pois o senhor tinha muitos recursos.
I.
INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DOS DEZ TALENTOS
Na
Parábola dos Talentos, Jesus conta a história de um homem que, partindo para
fora da terra, chamou os seus servos e entregou-lhes os seus bens. Para um
servo deu cinco talentos, a outro, dois e ao
terceiro, um. Vejamos a interpretação de alguns itens da
Parábola.
1. O Homem da Parábola (Mt.25:14). A parábola começa dizendo:” Porque
é assim como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes
entregou os seus bens” (Mt.25:14). É claro que este homem da parábola
representa o próprio Senhor Jesus. Este homem após passar aqui na Terra um
período de 33 anos, fez sua viagem de volta à Casa de seu Pai. Porém, antes de
partir, como bom Senhor, ele não deixou seus servos ociosos e nem desamparados.
Antes “...chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens”.
2.
Este Homem tem Servos, ou seja, ele é Senhor (Mt.25:14). Isto nos mostra bem que a nossa condição
diante de Cristo, mesmo após a salvação, é uma condição de servos, de mordomos.
Isto é deveras importante afirmar num instante em que muitos são os que pregam
um evangelho diferente, que reduz o Senhor Jesus à inadmissível condição de
empregado qualificado, pronto e obrigado a atender a todos os caprichos dos
crentes, em nome de uma “confissão positiva” sem fundamento. Só Deus é o dono,
portanto, só a sua vontade deve prevalecer, não a dos servos. É por não compreenderem
esta realidade bíblica, tão importante que constou das “últimas
instruções” do Senhor, que muitos têm se deixado envolver por ventos de
doutrina sem respaldo bíblico, como são a doutrina da confissão positiva e da
teologia da prosperidade.
3. Quem eram os Servos. Certamente que estes servos não eram os anjos, embora
eles também sejam servos (Mt.4:11; Hb.1:14). Aqui, nesta Parábola, o dono dos
talentos chamou “os seus servos”. Desta feita, não se tratava de pessoas
estranhas, desconhecidas, mas, os que viviam na sua casa. Portanto, os servos
somos nós. Ser crente significa ser servo, e isto não implica em algo
depreciativo, mas, honroso, considerando que somos servos daquele que a Bíblia
denomina de “...Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap.19:16).
Ser
servo do Rei dos reis e do Senhor dos senhores, ser servo daquele que disse:
“toda a terra é minha”, “minha é a prata e meu é o ouro”; daquele do qual a sua
Palavra diz, que “do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que
nele habitam”; daquele que nos amou “e se entregou a si mesmo por nós” (Gl.2:20),
é uma coisa que nos enche de júbilo.
4. Este Homem partiu para fora da terra (Mt.25:14). Isto nos indica que haveria uma
ausência física do dono dos bens. Os servos, então, durante esta ausência
física do seu senhor, deveriam tomar conta do bem-estar do seu patrimônio, até
que ele voltasse. É precisamente o que significa a vida do crente enquanto
estamos aqui nesta Terra. Nosso trabalho é realizar as obras do dono que se
ausentou fisicamente. Desde o momento em que Jesus foi ocultado da visão física
dos discípulos (At.1:9), eles não podiam ficar inertes ou perplexos, mas deviam
fazer o que o Senhor estava acostumando fazer até a sua volta (At.1:11-14;
20:24).
Este
período de ausência física do dono é o período da dispensação da graça (Ef.3:2,9-11), o período em que cabe
à Igreja fazer aquilo que Jesus fazia, ter as mesmas atitudes que Jesus tinha
enquanto esteve entre nós, isto é, anunciar o evangelho da Salvação da graça.
5. O trabalho dos Servos (Mt.25:15-18). Na Parábola está bem claro que não
houve doação. Os bens continuaram sendo do dono da casa, ou seja, do homem que
partiu “para fora da terra”, o qual “muito tempo depois, veio o Senhor daqueles
servos, e ajustou contas com eles”. Perceba que “muito tempo depois”, quando
ele retornou, ele continuava sendo o Senhor e continuava sendo o dono dos bens
“entregues” aos seus servos. Também os servos tinham consciência de que não
eram donos daqueles bens. Servo não pode considerar nada como sendo seu. Tudo
que estiver em seu poder é propriedade de seu Senhor, até mesmo seus filhos,
aliás, até ele próprio. Pelo exposto na Parábola, os servos entenderam que os
talentos recebidos eram bens do seu Senhor. Como servos fiéis que eram,
procuraram trabalhar da melhor maneira, possível. É assim que fazem os servos
fiéis, ainda hoje.
Quanto
ao servo negligente, ou o “mau servo”, também tinha consciência de que aquele
talento não era seu, e que, no futuro, teria que prestar contas ao seu Senhor.
Por isto, “cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor”.
Nenhum
deles entendeu que tinha recebido um prêmio pelos serviços prestados, ou um
presente pessoal. Sabiam ter recebido os talentos para trabalharem com eles;
sabiam ter em mãos um instrumento de trabalho que lhes fora entregue por seu
senhor.
6.
A prestação de contas (Mt.25:19) –
“E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com
eles”. Aqui, Jesus nos ensina que teremos de prestar contas quando o Senhor
voltar. Sua volta é certa, demorará, conforme se depreende da Parábola, mas
acontecerá de forma inevitável. Quando o Senhor chegar, deveremos nos
apresentar com os talentos que nos foram confiados, pois, na eternidade, apenas
as nossas obras nos seguirão (Ap.14:13). Estas obras serão manifestadas a todos
e, no Tribunal de Cristo, passarão pelo teste do fogo, pela prova divina e,
então, o trabalho que cada um fez por meio do corpo se revelará de forma
inapelável diante daquele em que tudo está nu e patente (Hb.4:13).
II.
USANDO A NOSSA CAPACIDADE PARA O REINO DE DEUS
1. O Senhor reparte seus talentos segundo a nossa capacidade
(Mt.25:15). O Homem da
Parábola é um Homem sábio, pois antes de entregar “os seus bens”, procurou
conhecer os seus servos e determinou a capacidade de cada um. Para este
conhecimento ele não necessitou de informações de terceiros; não mandou
“grampear” o telefone de ninguém; não espalhou “espiões”, ou agentes secretos
no meio do povo; não incentivou e não apoiou o dedurismo. Ele era um homem
sábio. Sobre “este homem”, declarou Davi: “... tu me sondas, e me conheces. Tu
conheces o meu assentar e o meu se levantar; de longe entendes o meu pensamento”
(Salmo 139:1,2). Podemos afirmar que Deus quer intercessores, não
“informantes”. Ele sabe e conhece tudo sobre cada um dos seus servos, por isto
pode dar “a cada um segundo a sua capacidade”.
a)
O que recebeu cinco talentos (Mt.25:16,19-21). Este foi o que recebeu mais talentos,
dentre os três. Nota-se que era o mais capacitado, tanto que logo após a saída
do seu senhor, foi imediatamente aplicar os talentos que recebera, sabendo que
o tempo é curto e não sabia quando o seu senhor voltaria. O seu esforço foi
100% recompensador, pois produziu mais 05(cinco) talentos (Mt.25:16,20). Isto
significa que o verdadeiro cristão se esmera em aplicar os seus talentos,
procurando produzir o máximo que puder para o Senhor Jesus, sabendo que o seu
galardão é certo (1Co.15:10).
b)
O que recebeu dois talentos (Mt.25:17,22,23). Este servo recebeu com bom grado os dois talentos, e não
demonstrou nenhuma inveja ou ciúmes do que recebera cinco, pois sabia de sua
capacidade de produção. O Senhor sabe perfeitamente quantos talentos ou dons
podemos administrar. Ele conhece a estrutura de cada indivíduo (Sl.103:14),
pois Ele fez a cada um de nós e nos acompanhou desde a nossa geração
(Sl.139:13-16). Sendo assim, tem condições plenas para dar os talentos segundo
a capacidade de cada um, sem qualquer condição de errar, pois é o único que nos
conhece perfeitamente. Este servo não quis saber por que recebeu apenas dois
talentos, pelo contrário, trabalhou com máxima dedicação e o incremento foi
igual ao do primeiro servo, ou seja, 100%.
c)
O que recebeu apenas um talento (Mt.25:18,24,25). Esse servo, que na Parábola é chamado
de servo mau, recebeu um talento apenas; mas, não é por isso que foi
considerado mau. Ele gozava da plena confiança do seu senhor, tanto quanto os
outros dois, a ponto de também lhe ser confiado um talento. A confiança do
senhor era igual para todos os servos. O servo que recebeu um talento só tinha
recebido um talento em virtude de sua capacidade, de sua aptidão. Portanto, em
nada era diferente dos demais servos. Isto é importante deixar bem claro: o
senhor não fez acepção de pessoas, mas foi justo na distribuição.
Entretanto,
ao contrário dos outros dois servos, este, ao receber o talento, traiu a
confiança do seu senhor, não negociando. Isto caracteriza desobediência ao
mandamento do senhor, pois, a ordem de negociar, embora não tenha sido
explícita por Jesus na Parábola, está inferida, na medida em que o senhor, na
prestação de contas, chama o servo de infiel.
A
infidelidade é consequência da desobediência. O senhor havia se ausentado, mas
continuava sendo o senhor, e o servo, mesmo tendo recebido o talento,
continuava sendo servo e, portanto, lhe era necessário a obediência.
A
manutenção de nossa comunhão com o Senhor, mesmo estando ele ausente, depende
da obediência. Obedecer é se manter em posição de vigilância, é se credenciar
para o reino dos céus.
2.
O Senhor confia nos seus Servos. Na
Parábola, o homem é capaz de confiar nos seus servos.
“...
chamou os seus servos, entregou-lhes os seus bens... e ausentou-se logo para
longe” (Mt.25:4,15).
Para
agir desta maneira é preciso ter confiança. O Senhor confiava e continua
confiando nos seus servos. Não se diz que ele chamou os parentes, ou mesmo os
amigos mais chegados, mas que “chamou os seus servos”.
Consideremos
ainda que ele entregou bens de grande valor. Não exigiu qualquer garantia. Não
determinou como deveriam aplicar “os seus bens”. Não contratou “fiscais” para
vigiar os passos dos seus servos e estarem atentos para que não houvesse má
administração de seus talentos. Não fez qualquer tipo de ameaça. Ao partir, não
marcou a data de seu retorno.
Para
fazer o que ele fez era preciso confiar, e ele confiou. Com esse procedimento
ímpar ele estabeleceu aos seus servos, como forma de servi-lo, o princípio da
responsabilidade pessoal.
Ele
concedeu-lhes plena liberdade de ação. Ele quer ser servido com temor, nunca
por medo; com alegria, e não com tristeza; de forma voluntária, nunca como que
por obrigação. Ele ama seus servos e quer ser amado por eles. É assim que ele
quer ser servido.
Todos
nós conhecemos este Homem; seu nome é Jesus. Com efeito, “este homem” tratava
seus servos de uma forma diferente de todos os demais senhores. Certa feita Ele
disse aos seus servos: “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o
que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos” (João 15:15).
3. O acerto de contas (Mt.25:19) – “E, muito tempo depois, veio o
senhor daqueles servos e ajustou contas com eles”.
É
interessante notar, em primeiro lugar, que Jesus fala em “muito tempo depois”.
A Parábola, portanto, indica que a dispensação da graça, o tempo destinado para
os servos negociarem, seria extenso.
Tudo
parecia indicar que nada aconteceria, que a desobediência ficaria impune e que
o labor dos servos obedientes tinha sido em vão, um zelo dispensável e
desnecessário. Mas, sem que alguém esperasse, chegou o dia do retorno do senhor
e, com ele, a prestação de contas. Mais uma vez, Jesus mostra que chegará o Dia
em que prestaremos contas pelos nossos atos – “Assim, pois, cada um de
nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm.14:12).
a) O acerto de contas dos Servos Fiéis (Mt.25:20-23). Os servos apresentaram as suas obras
e, em tendo sido elas aprovadas, tiveram a oportunidade de serem reconhecidos
pelo senhor e de serem convidados a entrar no seu gozo. Este julgamento
mostra-nos a realidade do Tribunal de Cristo, o local onde os servos do Senhor
serão julgados pelas suas obras. O Tribunal de Cristo é exclusivo para os
servos bons e fiéis e terá lugar depois do arrebatamento da Igreja e antes da
Ceia das Bodas do Cordeiro. Nele, os salvos serão julgados pelo que tiverem
feito por meio do corpo, ou bem, ou mal (2Co.5:10). O Senhor, ali, verificará o
que foi dado ao servo e o que ele granjeou com o que lhe foi dado.
A
mensagem dada ao servo que recebeu cinco talentos é absolutamente idêntica ao
que recebeu dois talentos, uma vez que o trabalho de ambos fora, também, igual
- “Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te
colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt.25:21,23).
Ambos
os servos duplicaram os talentos que receberam, ambos exerceram a plenitude de
sua capacidade na obra do Senhor, ambos tiveram dedicação integral, de sorte
que ambos tiveram o mesmo galardão. Não foi, porém, pelas obras que cada um
chegou ao gozo do Senhor, mas pela sua fidelidade e obediência.
b) O acerto de contas do Servo Mau (Mt.25:24-30). O julgamento do Servo Mau não será
realizado no Tribunal de Cristo. Refere-se o Senhor, aqui, ao Juízo Final ou
Juízo do Trono Branco, já que os ímpios serão julgados nesta oportunidade, onde
haverá, sim, condenação, ao contrário do Tribunal de Cristo, onde os que forem
julgados jamais perderão a salvação, ainda que sejam salvos como que pelo fogo
(1Co.3:15).
O
Servo Mau surge com desculpas, num comportamento bem diferente daquele que foi
apresentado pelos servos fiéis. Assim procede o homem no pecado: tenta sempre
encontrar uma justificativa para o seu erro, mas a Bíblia diz que os pecadores
são inescusáveis, ou seja, não têm quaisquer desculpas diante de Deus
(Rm.1:20).
Veja
algumas particularidades desse Servo Mau:
· Em
primeiro lugar, ele mentiu, pois alegou que conhecia o senhor (Mt.25:24).
Se conhecesse mesmo o senhor, teria se empenhado em negociar os talentos. Quem
o diz é o próprio senhor, na parábola, que afirma que, pelo menos, o Servo Mau
deveria ter se preocupado em não causar a perda do poder aquisitivo do
patrimônio que lhe fora confiado (Mt.25:26).
· Em
segundo lugar, ele acusou o senhor de “homem duro”, que ceifava onde não
semeara e ajuntava onde não espalhara (Mt.25:24). Vemos, aqui, a
segunda particularidade do pecador: ele sempre culpa Deus pelas suas próprias
faltas. Quantos, nos nossos dias, não têm culpado Deus, negado até a existência
de Deus? Quantos não acusam Deus de ser impiedoso e cruel porque mandará
pessoas à perdição eterna? Ao mesmo tempo em que vociferam palavras de acusação
contra Deus, pecam desmedidamente, escandalizam o evangelho, muitas vezes até,
sob a paciência deste mesmo Deus injustamente acusado.
· Em
terceiro lugar, o servo negligente chama o Senhor de Ladrão (Mt.25:24) – “...que
ceifas onde não semeaste...”. Ceifar onde não se semeou é invadir
terreno alheio, é apropriar-se do alheio, é chamar o Senhor de ladrão.
· Em
quarto lugar, o servo mau chama o senhor de cobiçoso (Mt.25:24) - “que
ajuntas onde não espalhaste”. Ajuntar onde não se espalhou é uma
expressão proverbial que indica um desejo ilegítimo de crescimento, uma
ganância. O Servo Mau, entretanto, ao assim se referir ao senhor, denuncia a
sua própria ganância. Ele havia se apropriado indevidamente do talento recebido
e o enterrara porque sabia que tudo que granjeasse seria do senhor e não dele.
· Em
quinto lugar, o servo mau diz que teve medo do Senhor (Mt.25:25) - “atemorizado,
escondi na terra o teu talento...”. Não adianta ter medo de Deus. É
preciso ter respeito, reverência, não medo. O servo mau alegou ter medo de
Deus, por isso não lhe obedeceu. É assim mesmo: quem tem medo, não obedece.
Pode até fazer o que se manda, mas isto não é obedecer, pois a obediência é uma
ação voluntária, não forçada. Não podemos mostrar aos homens um Deus irado,
cruel e pronto a castigar. O medo de Deus não resolve. Na Grande Tribulação, os
homens terão medo de Deus, que derramará terríveis juízos sobre a Terra, mas
não se arrependerão de seus pecados, pois medo não transforma, não torna
ninguém obediente.
· Em
sexto lugar, o servo mau não devolveu corretamente o que havia recebido do
Senhor (Mt.25:25) – “...aqui tens o que é teu”. Ele mentiu
mais uma vez, ao dizer ao senhor: “aqui tens o que é teu”. Diante do longo
tempo decorrido, o talento devolvido não tinha o mesmo valor do talento que
havia sido entregue. O tempo passou e, como a vida é dinâmica, o patrimônio
recebido se desvalorizou, tanto que o senhor diz que, se o servo mau quisesse
mesmo apenas devolver o que lhe havia sido dado, teria entregado o talento ao
banqueiro para que este o negociasse e, assim, não haveria perda de valor. O
servo mal se apropriou de parte do valor do talento ilegitimamente.
Assim
ocorre com aquele que não usa o Dom que Deus lhe deu. Ele retém ilegitimamente
e o Dom não será simplesmente devolvido ao Senhor, pois haverá um prejuízo
irreparável, pois o bem que deveria ter sido feito com aquele Dom, a glória que
deveria ter sido dada a Deus através daquele Dom nunca terá sido concretizada
e, como sabemos, quatro coisas não voltar atrás: o tempo passado, a
oportunidade perdida, a palavra ditam e a pedra atirada.
O
Servo Mau, portanto, não teria mais condições de repor o valor perdido e, por
isso, era praticante de uma injustiça, de uma iniquidade.
Que
possamos, no momento da prestação de contas, sermos achados fiéis e diligentes,
e não servos negligentes - “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor,
quando vier, achar servindo assim” (Mt.24:46).
CONCLUSÃO
Se
por um lado devemos esperar, ou aguardar a Vinda do Senhor, por outro lado,
enquanto isso não acontece, é nosso dever trabalhar na causa do Mestre, levando
a Palavra do Evangelho a todo o mundo (Mt.28:19,20). É justamente isso que o
Senhor Jesus Cristo ensinou com a Parábola dos Talentos. Vimos que fazer tal
trabalho não se trata de uma opção, mas de algo obrigatório, posto que tal
ordem foi dada pelo Senhor. Precisamos desenvolver os talentos que recebemos de
Deus, e precisamos estar cônscios de que Jesus pode vir a qualquer momento para
prestar contas dos talentos ou do talento que Ele nos confiou (Mt.24:36;
Mc.13:32; At.1:7). Portanto, cada "um" deve administrar "aos
outros o dom como recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de
Deus" (1Pd.4:10).
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