CAIM E ABEL - DIFERENÇAS DE ATITUDES
A história de Caim e Abel, narrada no livro de Gênesis, apresenta um contraste fundamental nos sacrifícios oferecidos a Deus, revelando diferenças cruciais em suas atitudes e na natureza de suas ofertas.
CAIM:
- Ofertou "do fruto da terra": Caim era lavrador e trouxe uma oferta
de sua colheita (Gênesis 4:3). A Escritura não especifica se eram as
primícias ou o melhor de sua produção.
- Possível
falta de fé e obediência:
Alguns estudiosos interpretam a oferta de Caim como representando um
trabalho próprio, sem o reconhecimento da necessidade de um sacrifício de
sangue para a expiação do pecado. Deus havia instruído Adão e Eva sobre a
necessidade de sacrifícios após a queda, e Abel demonstrou entender isso.
- Atitude
do coração: A Bíblia
não detalha a atitude de Caim ao oferecer, mas a reação de ira e ciúme
quando seu sacrifício foi rejeitado sugere um coração que não era
totalmente voltado para Deus.
ABEL:
- Ofertou "dos primogênitos do seu rebanho e da sua
gordura": Abel era
pastor e ofereceu o melhor de seus animais, incluindo a gordura, que era
considerada a parte mais rica e valiosa (Gênesis 4:4).
- Demonstração
de fé e obediência: A
oferta de Abel envolvia o derramamento de sangue, o que é visto como um
reconhecimento da necessidade de expiação pelo pecado, um princípio que
seria central na lei mosaica e que aponta para o sacrifício futuro de
Jesus Cristo. Hebreus 11:4 declara que Abel ofereceu um sacrifício
"pela fé", e por essa fé foi considerado justo.
- Atitude
do coração: A
Escritura indica que Deus "atentou para Abel e para a sua
oferta" (Gênesis 4:4), sugerindo que tanto o ofertante quanto a
oferta eram agradáveis a Ele. Isso implica uma atitude de reverência, fé e
obediência por parte de Abel.
As
principais diferenças podem ser resumidas em:
- Natureza da oferta: Caim
ofereceu frutos da terra (uma oferta sem derramamento de sangue), enquanto
Abel ofereceu animais (com derramamento de sangue).
- Qualidade da oferta: Abel
ofereceu o melhor do seu rebanho (os primogênitos e a gordura), enquanto
não há especificação sobre a qualidade da oferta de Caim.
- Atitude do coração: A
rejeição da oferta de Caim e a aceitação da de Abel revelam diferentes
atitudes em relação a Deus. Abel demonstrou fé e obediência, reconhecendo
a necessidade de um sacrifício melhor, enquanto a atitude de Caim parece
ter sido superficial ou até mesmo relutante.
Em
resumo, a diferença nos sacrifícios de Caim e Abel não residia meramente no
tipo de oferta, mas principalmente na atitude do coração de cada um e na
demonstração de fé e obediência a Deus. O sacrifício de Abel foi aceito porque
era oferecido com fé e representava um reconhecimento da necessidade de
expiação, enquanto o de Caim foi rejeitado, possivelmente por falta de fé,
obediência ou pela qualidade inferior da oferta e a atitude inadequada de seu
coração.
CAIM
“[...]que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do
maligno e matou a seu irmão[...]” (1João
3:11,12)
1.
A semente da mulher. “E conheceu Adão a Eva,
sua mulher, e ela concebeu, e teve a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um varão”
(Gn 4:1).
Ao
dar à luz o primogênito, Eva louvor de coração ao Senhor pela criança. Ela
disse: “... Alcancei do SENHOR um varão”. Eva
reconheceu que o nascimento de Caim ocorreu com o auxílio do Senhor. É possível
que, ao chamá-lo de Caim (“conquista”),
tenha pensado que dera à luz o filho da promessa, que Deus prometera em Gn
3:15. Nesta declaração, há pelo menos três proposições: (a) Deus é o
autor da vida; (b) o filho, que Eva agora embala, não é seu; pertence ao
Senhor; e (c) Eva coloca-se no lugar de serva e auxiliadora do Criador
no povoamento da Terra.
Alguns
estudiosos defendem a tese de que Caim e Abel podem ter sido gêmeos, uma vez
que a concepção é mencionada somente uma vez.
2. O agricultor. “...Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra” (Gn 4:2).
Nada
mais era providenciado para Adão e Eva como antes no Jardim do Éden, onde as
tarefas diárias eram animadoras e prazerosas. Agora tinham de lutar contra os
obstáculos para conseguir comida, roupas e abrigo para si e sua família. Os
dois primeiros filhos de Adão e Eva, Caim e Abel,
tiveram destinos diferentes. Abel tornou-se pastor de ovelhas e Caim tornou-se
agricultor. Embora a terra tenha sido amaldiçoada por causa da
transgressão de Adão, não lhe negou colheita alguma. Chamamos isso de graça
comum de Deus.
3.
A apostasia de Caim. Caim
era o filho primogênito de Adão e Eva, portanto, deveria ser uma pessoa que
tivesse um relacionamento especial com Deus, vez que toda a humanidade estaria
sob sua influência e domínio. Contudo, a Bíblia nos mostra que Caim preferiu
afastar-se de Deus e toda a civilização nascida deste homem acabou por perecer.
Caim construiu
toda uma civilização alheia a Deus, um protótipo do sistema de vida que a
humanidade construiria durante a sua história, sistema de vida que a Bíblia
denomina de "mundo" e até de "Babilônia".
Caim representa a humanidade caída, pecadora e
fugitiva da presença de Deus - “E saiu Caim de
diante da face do Senhor ...” (Gn 4:16).
Caim inaugurou a galeria dos grandes
criminosos da História, tais como Herodes, Nero, Napoleão, Stalin, Hitler,
entre outros facínoras. Seus imitadores acham-se também entre os que, em nossas
igrejas, matam espiritual e moralmente o seu irmão.
1.
O sacrifício rejeitado (Gn 4:3,5).
A Bíblia relata que o modo de vida de Caim não era agradável a Deus e, por
isso, Deus não aceitou a sua oferta. A razão de Deus ter aceitado o sacrifício
de Abel e rejeitado o de Caim não foi baseado no fato de que o sacrifício de
Caim era sem sangue. Muitas das oferendas exigidas no Antigo Testamento eram
sem sangue, como as ofertas de manjares (cf. Lv 2:1-16). A diferença estava nos
corações daqueles dois ofertantes. Abel ofereceu com fé (Hb 11:4), ao passo que
Caim, não. Aliás, a Bíblia afirma que Caim era do maligno (1João 3:12), ou
seja, não tinha um coração temente e submisso a Deus e, por isso, não foi
aceita a sua oferta. Esta diferença básica entre os dois ofertantes é indicada
pelas palavras no texto sagrado: Deus “atentou para
Abel e para sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou” (Gn
4:4,5). Provérbios 21:27 diz: “O sacrifício dos
ímpios é abominação; quanto mais oferecendo-o com intenção maligna!”. Somente
quando são oferecidos com fé, os sacrifícios e o serviço dos homens agradam a
Deus (cf. Is 1:11-17; Ml 1:6-14).
Caim
irou-se com a rejeição divina
– “E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu
semblante” (Gn 4:5). O fracasso de Caim no culto, e a ira
subsequente, são fatores básicos para seu comportamento não-ético. O cristão verdadeiro e o não verdadeiro são diferenciados
por suas atitudes básicas em relação a Deus.
2. O sacrifício interior reprovado. A Bíblia nos mostra que Deus observa o coração do ofertante (Is 1:11-20; Mt 5:23-26). Deus rejeitou a oferta de Caim, porque percebeu que o coração dele não era verdadeiro e a sua oferta tinha um caráter mais material. Seu culto tornou-se legalista, cheio de obras mortas; infrutífero, sem valor espiritual. Na realidade, a chave para o fracasso de Caim se encontra nas cuidadosas descrições do texto sagrado, referentes ao tributo de Caim e Abel - “Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor” (Gn 4:3). Aqui, não há indicação que este “fruto da terra” seja o primeiro e o melhor. Abel ofertou o melhor que tinha; ele “trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura” (Gn 4:4); seu coração era sincero; seu culto, verdadeiro (Hb 11:4). Portanto, o pecado de Caim foi a superficialidade. Ele parece religioso, porém seu coração não é totalmente dependente de Deus, não é sincero nem grato.
Após
Caim ter o seu sacrifício rejeitado, Deus lhe deu a chance de corrigir o seu
erro e fazer uma nova tentativa. Deus até mesmo o encorajou a fazer isto (cf.
Gn 4:7), mas Caim se recusou e o resto da sua vida é um exemplo assustador do
que acontece com os que se recusam a admitir os erros.
Qual
a sua reação quando alguém insinua que você fez algo errado? Você corrige o
erro ou nega que precisa corrigi-lo? Sugiro que se alguém insinuar que você
está errado, faça uma profunda reflexão e escolha o caminho de Deus, não o de
Caim.
I. A IRA DE CAIM SE TORNA EM AÇÃO
1.
O crime (Gn 4:8). O
primeiro ato de violência relaciona-se com o culto religioso. A ira de Caim se
torna em ação; ele matou seu irmão Abel – “E falou
Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou
Caim contra o seu irmão Abel e o matou”. Infelizmente, a história da
humanidade está repleta de lutas, brutalidades e guerras motivadas pelo zelo
religioso. O que devia unir os homens, infelizmente os separa.
A
desobediência de Adão e Eva trouxe o pecado para a raça humana. Talvez eles
pensassem que seu pecado – comer um pedaço de fruta – não era tão mal, mas note
a rapidez com que a natureza pecaminosa se desenvolve em seus filhos. O simples
ato da desobediência degenerou-se rapidamente em violento assassinato. Este é o
primeiro assassinato da história humana – uma vida tirada pelo derramamento de
sangue humano. Adão e Eva agiram apenas contra Deus, mas Caim agiu contra Deus
e outras pessoas. Um pequeno pecado pode crescer fora de controle. Permita que
Deus o ajude com seus “pequenos” pecados antes que se tornem grandes tragédias.
2. O álibi. Segundo o dicionário Aurélio, álibi é o “meio de defesa que o réu apresenta provando sua presença, no momento do crime ou do delito, em lugar diferente daquele em que este foi cometido”.
Após
ter assassinado Abel, Caim retoma à sua vida laboral como se nada tivesse
acontecido. Vem o Senhor, então e pergunta-lhe:
"Onde está Abel, teu irmão?" (Gn 4:9). Caim desculpa-se,
como se estivesse noutro lugar: “... E ele
disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4:9). Caim matou seu
irmão no campo, sem testemunhas. Seria o crime perfeito, caso não houvesse
havido o testemunho de Deus. Deus é o supremo e reto juiz e crime algum ficar
impune aos Seus olhos. Não há como fugir deste juízo (Sl 139:1-12).
É bem provável que Caim, ao ser arguido de forma tão direta pelo Autor e Conservador da vida, haja sido tomado pela surpresa. Afinal, o seu crime fora executado com requinte, astúcia e muita discrição. Ninguém viu nada; nem o pai, nem a mãe. Talvez ele não soubesse ainda que Deus é tanto Onisciente quanto Onipresente. Mas, agora, sabe que nada poderá escondê-lo do Juiz de toda a Terra.
Caim,
a exemplo de seus pais, procura esquivar-se de suas responsabilidades, não
assumindo sua culpa. O pecado faz obscurecer a responsabilidade e a autocrítica
do ser humano, que está com seu entendimento cegado pelo mal (cf. 2Co
4:3,4).
Em
virtude do pecado de Caim contra o seu irmão, Deus o amaldiçoa em toda a terra,
retira a sua habilidade para o cultivo da terra e o sentencia a uma vida como
fugitivo e errante (Gn 4:12).
3.
A marca do crime. Em
virtude do pecado horrendo de Caim houve uma consequência, a saber: “Agora maldito és desde a terra, que abriu sua boca para
receber das tuas mãos o sangue do teu irmão. Quando lavrares o solo, não te
dará mais a sua força: fugitivo e errante serás pela terra. O Senhor, porém,
lhe disse: Portanto qualquer que matar a Caim será vingado sete vezes. E
pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse quem quer que
o encontrasse" (Gn 4:11,12,15).
Deus, apesar de aplicar uma pena dura a Caim, qual seja, a de que não poderia mais lavrar a terra e que fugitivo e vagabundo seria na terra (Gn 4:12), ao contrário da conclusão precipitada de Caim (Gn 4:13,14), deixa-lhe aberta, ainda, a possibilidade de salvação, mantendo-o protegido por um “sinal” (Gn 4:15), revelando, assim, Sua misericórdia. Jeremias bem disse que “as misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm 3:22).
O
sinal tratava-se duma
proteção para Caim e mostrava o incrível amor de Deus até mesmo pelos pecadores
impenitentes. Caim não sofreu pena de morte nesse tempo. Posteriormente, quando
a iniquidade e a violência da raça humana se tornaram extrema na terra, a pena
de morte foi instituída (Gn 9:5,6).
O
sinal colocado em Caim deveria
ser aquele que, quem o visse ficasse com medo. Todos, ao vê-lo, teriam
de ter medo dele, para que não fosse morto. Deus não iria sair avisando a todos
que o homem de tais características não deveria ser morto. Deus pôs algo em
Caim que amedrontaria a todos pela aparência; o
objetivo desse sinal era: “... para que o não ferisse qualquer que o
achasse" (Gn 4:15).
Será
que Deus transformou
Caim num gigante, para que todos ao vê-lo ficassem atemorizados e com
medo, não tentando dessa forma matá-lo? A característica de gigante era colocar
medo em quem os encontrasse. Em 1Sm 17:11, observamos que a reação do povo de
Israel ao ver o Gigante Golias foi de espanto e temor, exatamente o que Caim
precisava para não ser morto quando alguém o encontrasse (Gn 4:15).
CONCLUSÃO
O
escritor da epístola de Judas adverte quanto a falsos irmãos: "Ai deles! Porque entraram pelo caminho de
Caim" (Judas 11). Parece que o
"caminho de Caim" inclui prestar culto segundo as inclinações
do homem natural, perseguir os crentes verdadeiros, recusar arrepender-se, e
excluir Deus de sua própria vida. O castigo de tais pessoas se traduz em
habitar espiritualmente na terra de Node (errante), sem paz nem sossego, como o
mar, cujas "águas lançam de si lama e lodo" (Is 57:20).
“O
caminho de Caim é muito fácil de trilhar. Basta dar vazão ao ódio, à inveja, ao
rancor, à raiva e a tudo que não esteja de acordo com o nosso interesse. O
caminho de Caim está a cada dia próximo de nós, quando rejeitamos considerar o
nosso próximo superior a nós mesmos. O caminho de Caim está mais próximo das
nossas vidas, quando procuramos fugir da realidade inventando desculpas para
não fazermos a nossa parte com retidão” (Ensinador Cristão, nº 64. CPAD).
ABEL, EXEMPLO DE CARÁTER QUE AGRADA A DEUS
Texto
Bíblico: Gênesis 4:8-16
"Pela fé, Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que
Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos
seus dons, e, por ela, depois de morto, ainda fala" (Hb.11:4).
Desde o princípio da humanidade, o ser humano apresenta culto a Deus. Na família de Adão e Eva o culto a Deus era realizado sob a forma de sacrifícios e orações, apresentação de ofertas e consagração a Deus do melhor que havia (Gn.4:3,4). A Escritura não nos fala como esses sacrifícios eram oferecidos, mas o que é claro é que aqueles primeiros sacrifícios tiveram origem no senso de dependência de Deus e de gratidão a Ele. Seu objetivo era expressar a consagração humana e sua entrega a Deus. A questão não era propriamente a oferta, mas a disposição do ofertante expressa na oferta. Tanto quanto à disposição quanto à oferta, Abel trouxe um sacrifício melhor do que o de Caim (Hb.11:4), e foi recompensado com o favor do Senhor.
1. Uma oferta agradável a Deus. Caim e Abel tiveram destinos diferentes. Caim tornou-se lavrador e Abel tornou-se pastor de ovelhas. Ao fim de algum tempo, ambos resolveram oferecer um sacrifício a Deus. Caim levou alguns frutos do solo, mas Abel ofereceu o melhor dos seus carneiros. Deus se agradou da oferta de Abel, mas não a de Caim (Gn.4:4,5) - "Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício" (Hb.11:4).
Caim
irou-se com a rejeição de sua oferta – “E
irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante” (Gn.4:5). O fracasso de Caim no culto, e a ira
subsequente, são fatores básicos para seu comportamento não-ético. O cristão
verdadeiro e o não verdadeiro são diferenciados por suas atitudes básicas em
relação a Deus.
Por
que Deus rejeitou a oferta de Caim? A razão de Deus ter aceitado o
sacrifício de Abel e rejeitado o de Caim não foi baseado no fato de que o
sacrifício de Caim era sem sangue. Muitas das oferendas exigidas no Antigo
Testamento eram sem sangue, como as ofertas de manjares (cf. Lv.2:1-16). A
diferença estava nos corações daqueles dois ofertantes. A Bíblia relata que o modo de vida de Caim não era agradável a Deus e,
por isso, Deus não aceitou a sua oferta. Abel ofereceu com fé (Hb.11:4),
ao passo que Caim, não. Aliás, a Bíblia afirma que Caim era do maligno (1João
3:12), ou seja, não tinha um coração temente e submisso a Deus e, por isso, não
foi aceita a sua oferta. Esta diferença básica entre os dois ofertantes é
indicada pelas palavras no texto sagrado: Deus “atentou para Abel e para sua
oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou” (Gn.4:4,5).
Provérbios 21:27 diz: “O sacrifício dos ímpios é
abominação; quanto mais oferecendo-o com intenção maligna!”. Somente
quando são oferecidos com fé, os sacrifícios e o serviço dos homens agradam a
Deus (cf.Is.1:11-17; Ml.1:6-14).
Na
realidade, a chave para o fracasso de Caim se encontra nas cuidadosas
descrições do texto sagrado, referentes ao tributo de Caim e Abel - “Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor” (Gn.4:3).
Aqui, não há indicação que este “fruto da terra” seja o primeiro e o melhor.
Abel ofertou o melhor que tinha; ele “trouxe dos
primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura” (Gn.4:4); seu coração
era sincero; seu culto era verdadeiro (Hb.11:4). Portanto, o pecado de Caim
foi a superficialidade; ele parece religioso, porém seu coração não é
totalmente dependente de Deus, não é sincero nem grato.
2. Uma oferta profética. O sacrifício que Abel ofertou é considerado o primeiro
registrado na Bíblia de que Deus se agradou. Abel deve ter recebido alguma
revelação de que o pecador podia se aproximar de Deus com base somente no
sangue derramado. Talvez ele tenha aprendido isso de seus pais, que foram
reconduzidos à comunhão com Deus somente depois de ele os ter vestido com peles
de animais (Gn.3:21). De qualquer modo, ele revelou fé ao se aproximar de Deus
com o sangue de um sacrifício. Deus se agradou da sua oferta, e o próprio Jesus
reconheceu quão elevado era o caráter santo de Abel (Mt.23:35). Certamente, a
morte do cordeiro ou de uma ovelha, dos primogénitos do rebanho de Abel,
prefigurava o sacrifício de Cristo, que se ofereceu a si mesmo imaculado em
nosso lugar (Hb.9:14), como o "Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo" (João 1:29).
3. Uma oferta valiosa. Abel adorou a Deus
oferecendo o melhor de seu rebanho. Ele não ofereceu um sacrifício
qualquer, mas dentre as primícias do seu rebanho. Afirma o texto sagrado: “Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu
rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de
sua oferta” (Gn.4:4). Notemos que Deus “agradou-se” primeiro
de Abel e, depois, de sua oferta. Deus olha a atitude do ofertante, a qual é
mais importante do que sua oferta.
II. A INJUSTIÇA CONTRA ABEL
1. Abel era um homem justo. Diz o texto sagrado: "Pela fé,
Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou
testemunho de que era justo" (Hb.11:4). O sacrifício de
Abel (um animal substituto) foi um sacrifício perfeito e sincero, por isso teve
a aprovação de Deus e foi considerado justo; o próprio Jesus testemunhou que
Abel era justo (cf. Mt.23:35). Não foi a excelência pessoal de Abel que Deus
olhou ao considerá-lo justo, mas a excelência do sacrifício que ele trouxe e a
fé nele, Deus. E assim também é conosco: não somos justificados por causa de
nossas boas obras, mas apenas por causa da excelência do sacrifício de Jesus e
o fato de o aceitarmos.
2. Abel, o primeiro mártir. Como afirma o pr. Elinaldo Renovato,
“Abel foi o primeiro pastor de ovelhas; o primeiro
a oferecer sacrifício de animais no culto a Deus; foi o primeiro homem justo e
também o primeiro mártir. Ele foi o primeiro a entrar para a galeria dos
mártires por causa de sua fé e também o primeiro a ter seu nome registrado na
galeria dos heróis da fé (Hb.11:4). O primeiro homem a ser morto por seu
próprio irmão”.
O
simples ato da desobediência de Adão e Eva degenerou-se rapidamente em violento
assassinato. Caim matou o seu irmão Abel. Este foi o primeiro assassinato da
história humana – uma vida tirada pelo derramamento de sangue humano. Caim, ao
invés de buscar a Deus, deu lugar ao Diabo, por isso, seu caráter foi
deformado. Diz o texto sagrado: "Não como
Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque
as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas" (1João 3:12).
Segundo William Macdonald, “Abel foi morto por Caim porque a lei odeia a graça.
O homem que se acha justo odeia a verdade de que ele não pode se salvar e que
deve se lançar ao amor e à misericórdia de Deus”.
A
história bíblica continua relatando o terrível crime que nasceu do ódio e da
inveja. Da mesma forma que Jesus, Abel foi morto
por inveja (Mc.15:10). Para Caim
sujeitar o pecado que estava prestes a atacar e destruir a sua vida e a de seus
descendentes, ele teria de expulsar o ódio e a inveja doentia que inundavam o
seu coração. Desse modo, o pecado não encontraria lugar em sua vida. Infelizmente,
isso não ocorreu. Após ter o seu sacrifício rejeitado, Deus lhe deu a chance de
corrigir o seu erro e fazer uma nova tentativa. Deus até mesmo o encorajou a
fazer isto (cf. Gn.4:7), mas Caim se recusou e o resto da sua vida é um exemplo
assustador do que acontece com os que se recusam a admitir os seus erros.
Semelhante a Caim seremos, vítimas do pecado, caso não o vençamos. Porém, o pecado não pode ser evitado através de nossas próprias forças. Nós precisamos buscar a Deus para receber fé e procurar outros irmãos em Cristo para que nos ajudem a ter força e coragem. O Espírito Santo nos ajuda a vencer o pecado. Esta será uma batalha para toda a vida, a qual não será vencida até que estejamos com Cristo num estado glorificado.
3. O sangue de Abel. Caim matou seu irmão no campo, sem testemunhas. Seria o crime perfeito, caso não tivesse havido o testemunho de Deus. Deus é o supremo e reto juiz e nenhum crime ficar impune aos Seus olhos. Não há como fugir deste juízo (Sl.139:1-12). Jesus disse: "Porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto" (Mc.4:22).
Vem o Senhor e pergunta-lhe: "Onde está Abel, teu irmão?" (Gn.4:9). Caim desculpa-se, como se estivesse noutro lugar: “... E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?” (Gn.4:9). Caim teve a audácia de mentir diante de Deus e ainda de o afrontar sobre a guarda do irmão. Mas o sangue de Abel clamava por justiça - "E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra" (Gn.4:10).
É bem provável que Caim, ao ser arguido de forma tão direta pelo Autor e Conservador da vida, haja sido tomado pela surpresa. Afinal, o seu crime fora executado com requinte, astúcia e muita discrição. Ninguém viu nada; nem o pai, nem a mãe. Talvez ele não soubesse ainda que Deus é tanto Onisciente quanto Onipresente. Mas, agora, sabe que nada poderá escondê-lo do Juiz de toda a Terra. Caim, a exemplo de seus pais, procura esquivar-se de suas responsabilidades, não assumindo sua culpa. O pecado faz obscurecer a responsabilidade e a autocrítica do ser humano, que está com seu entendimento cegado pelo mal (cf. 2Co.4:3,4).
Em virtude do pecado de Caim contra o seu irmão, Deus o amaldiçoa em toda a terra, retira a sua habilidade para o cultivo da terra e o sentencia a uma vida como fugitivo e errante (Gn.4:12). Deus reconhece a pessoa inocente e, cedo ou tarde, Ele punirá o culpado.
III. UM HOMEM QUE AGRADOU A DEUS
1. Abel soube agradar a Deus. A Bíblia
demonstra que pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim. Ao
ofertar, Abel alcançou testemunho de Deus que era justo, ou seja, foi
justificado por Deus. Deus justificou (alcançou testemunho) Abel, e
então, ele foi aceito por Deus e, consequentemente, a sua oferta (Hb.11:4).
Abel sabia da existência de Deus por intermédio de seus pais, e ao aproximar-se
para ofertar, tinha plena certeza de que Deus é galardoador daqueles que O
buscam. Deus é galardoador dos que O buscam, e não daqueles que ofertam ou
sacrificam, quer animais ou cereais (Hb.11:6).
É
bom enfatizar que não é a oferta de bois, bodes e ovelhas que tornam o homem
agradável a Deus. Também não é a presença de sangue proveniente de animais que
redime o homem "porque é impossível que o
sangue dos touros e dos bodes tire os pecados" (Hb.10:4). Se
não é o sangue dos touros e bodes que tira o pecado, é certo que não foi o fato
de Abel ter ofertado uma ovelha que o tornou aceito diante de Deus. Muitos
anunciam que Abel foi aceito por oferecer uma ovelha, o que deixa subentendido
ter havido sangue na oferta, sendo aceito pelo tipo e modo de sacrifício. Mas,
o correto é a declaração do escritor aos Hebreus, que dá conta que Abel foi
aceito pela fé, pois sem fé é impossível agradar a Deus.
O que ocorreu com Abel, também ocorreu com Abraão, conforme afirma as Escrituras Sagradas - “Creu Abrão no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça” (Gn.15:6). Deus aceitou Abel e Abraão porque os justificou, pois, jamais Deus aceita o ímpio (Ex.23:7). Antes de ser justificado, Abel e Abraão eram ímpios do mesmo modo que Caim, pois foram gerados em pecado. Abraão e Abel foram justificados por Deus, o que demonstra que eles também não contrariam a afirmação bíblica de que não há um justo se quer (cf.Rm.3:10).
2. Abel, buscou a Deus. O relato bíblico nos autoriza afirmar que Abel buscou a Deus com fé e sinceridade. Ele entendeu que seu sacrifício deveria ser do melhor do que possuía. Deus se alegrou com a entrega que Abel fez a Ele. Aquela oferta não foi valorizada pelo que ela representava financeiramente, mas pela honra que o rapaz deu ao Senhor. Abel buscou a Deus. Diz o texto sagrado: “Abel, por sua vez, trouxe as partes gordas das primeiras crias do seu rebanho. O Senhor aceitou com agrado Abel e sua oferta” (Gn.4:4). Muitos só se lembram de buscar a Deus quando estão cercados pelas dificuldades. Não deixe para buscar a Deus somente nos tempos de crise; busque-o continuamente, Ele se agradará disso. Deus está clamando: “busque a minha face!” (Am.5:4). Como? Buscar através da comunhão, através da leitura da Palavra, da oração e da decisão de obedecê-lo – “Quando tu disseste: Buscai o meu rosto, o meu coração te disse a ti: o teu rosto, SENHOR, buscarei” (Sl.27:8).
Busquemos
a Deus em todo tempo, para que estejamos protegidos da ira que está por vir
sobre a face da terra; busquemos a Deus, para compreendermos o amor que Ele tem
por nós; busquemos a Deus enquanto há tempo. Que Deus nos guarde, e nos dê
sabedoria e amor para oferecermos a Ele, continuamente, "sacrifício de louvor" (Sl.50:14).
CONCLUSÃO
Adão
e Eva pecaram, pois desobedeceram a Deus dando ouvidos ao Diabo. A
desobediência deles trouxe o pecado para a raça humana. Talvez eles pensassem
que seu pecado – comer uma fruta – não era tão mal, mas note a rapidez com que
a natureza pecaminosa se desenvolveu em seus filhos. Toda a tragédia humana
decorre daquele gesto de desobediência. Caim, também, preferiu desobedecer ao
Criador. Mas, nem tudo está perdido, Abel optou em dedicar-se a adorar a Deus e
servi-lo com lealdade e sinceridade; ele teve um caráter que agradara a Deus;
sigamos, pois, o seu exemplo.
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