O CATIVEIRO DE ISRAEL
Texto Biblico:
Salmos 137:1-4
A tristeza dos
judeus no cativeiro - Choram com saudades de Sião
1-
Junto aos rios de Babilônia, ali nos assentamos e nos pusemos a chorar,
recordando-nos de Sião.
2-
Nos salgueiros que há no meio dela penduramos as nossas harpas,
3-
Pois ali aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções; e os que nos
atormentavam, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos um dos cânticos de Sião.
4-
Mas como entoaremos o cântico do Senhor em terra estrangeira?
“Às margens dos
rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos...” (Sl 137:1)
CATIVEIRO
A palavra, 'cativeiro” na
Bíblia pode se referir ao cativeiro de Israel ou de outras nações (Am 1.5).
Desde épocas muito antigas, os exércitos vitoriosos seguiam a prática de
separar, entre os seus prisioneiros, aqueles que desejavam para seus escravos ou
para suas esposas (Dt 21.10ss). Essa remoção do seu território, quase sempre,
significava a destruição da existência de uma nação, e um sentimento de
separação do cuidado e da proteção do seu deus local ou nacional; de fato,
implicava na derrota daquela divindade (cf. Is 52,2-5; Jr 50.29 (refs2)). Os
assírios deram início a uma nova técnica para lidar com os prisioneiros - a
deportação. Grandes quantidades de pessoas eram capturadas na guerra,
deportadas, e estabelecidas em outra parte do império, esta prática foi seguida
também pela Babilônia, mas foi mudada pelos persas em 536 a.C.
Na história de Israel, o seu povo quase nunca esteve em casa, como um todo, na
Palestina.
Na verdade, a história de Israel começa com
a escravidão no Egito, e embora a essa escravidão não se faça referência como
sendo um cativeiro, as pessoas eram escravas, e não eram livres para partir. Há
três grandes e principais opressões ao povo de Israel, em solo estrangeiro,
mencionadas na Bíblia: no Egito, Na Assíria, e na Babilônia (cf. Is 52.3-6). O
cativeiro limitado de alguns israelitas provavelmente começou em uma época tão
antiga quanto os reinos de Roboão e Jeroboão I (aprox. 926 a.C.), quando Sisaque,
Faraó do Egito, invadiu a Palestina (1 Rs 14.25-28). Tiglate-Pileser III, da
Assíria (745-727 a.C.), capturou as cidades de Naftali (2 Rs 15,29) e levou
cativos para a Assíria (1 Cr 5.26) os habitantes da tribo de Naftali, os
rubenitas, e os gaditas, e a parte leste da tribo de Manassés (aprox. 733
a.C.). Em 722/721 a.C. a cidade de Samaria caiu sob Sargão II da Assíria e os
prisioneiros foram levados a Haia (cf. Ob 20), em Habor, junto ao rio Gozã, e
às cidades dos medos (2 Rs 17.6; 18.11 (refs2)). A inscrição de Sargão indica
que 27.290 israelitas foram deportados. Pelo seu culto a divindades pagãs, eles
tinham atraído sobre si a maldição da Aliança, proferida pelo Senhor seu DEUS
por tal desobediência (Dt 28.25,32,36,41; 2 Rs 17.7-23 (refs5)).
Com a queda do reino norte sob a Assíria, o destino do povo da Aliança ficou
sob a responsabilidade de Judá. Uma vez mais, alguns indivíduos ou pequenos
grupos foram levados cativos até que a própria Jerusalém foi destruída em 586
a.C., e muitas pessoas foram deportadas para a Babilônia por Nabucodonosor.
Três dos cinco últimos reis de Judá foram levados em cativeiro. Jeoacaz, para o
Egito; Joaquim e Zedequias, para a Babilônia. Daniel, Hananias, Misael e
Azarias também foram levados para a Babilônia. Jeremias e Baruque foram levados
para o Egito contra a sua vontade por alguns dos seus próprios compatriotas. Já
havia assentamentos judeus no Egito quando Jeremias chegou. Esses grupos de
pessoas tinham vindo como mercenários ou como refugiados das opressões da Assíria
e da Babilônia.
Aqueles levados em cativeiro para a Babilônia devem ter passado por tempos
muito difíceis. Eles foram humilhados pela memória da destruição de sua adorada
Jerusalém. Se fossem fiéis ao seu DEUS, tinham que suportar o escárnio e os
insultos dos seus captores (Sl 137). Mas a vida para a maioria dos israelitas
nascidos em cativeiro não parece ter sido muito difícil. Quando chegou a
oportunidade para os judeus retornarem à Palestina em 536 a.C., somente uma
pequena porcentagem voltou. Estima-se que, na época de CRISTO, um milhão de
judeus vivia no Egito, outro milhão vivia na Ásia Menor e na Síria, outro
milhão vivia na Babilônia, cem mil judeus viviam tia Itália e na Sicília, e
outros cem mil viviam no norte da África.
O exílio ou cativeiro de Israel no Egito produziu alguns personagens proféticos
notáveis, como Ezequiel e Daniel. Foi um período de grande atividade literária
que também deu origem às sinagogas. Foi o verdadeiro centro do entendimento
bíblico do julgamento e revelação divinos. Dicionário Bíblico Wycliffe
Deste terrível golpe o reino do norte jamais se recuperou.
O
debilitado remanescente continuou as formas de governo, embora
não mais possuísse autoridade. Apenas mais um governante, Oséias, devia
suceder a Peca. Logo o reino devia ser varrido para sempre. Mas nesse tempo
de tristeza e angústia Deus ainda foi misericordioso, deu ao povo outra
oportunidade para abandonar a idolatria.
No
terceiro ano do reinado de Oséias, o
bom rei Ezequias começou a reinar sobre Judá, e tão depressa quanto
possível instituiu importantes reformas nas cerimônias do Templo em Jerusalém.
Fizeram-se arranjos para a celebração da Páscoa, e para esta festa foram
convidados não somente as tribos de Judá e Benjamim, sobre as quais Ezequias havia
sido ungido rei, mas também todas as tribos do norte. Uma proclamação soou
"por todo o Israel, desde Berseba até Dã, para que viessem a celebrar a
Páscoa ao Senhor, Deus de Israel, a Jerusalém; porque muitos a não tinham
celebrado como estava escrito.
"Foram, pois, os correios com as cartas, da mão do rei e
dos seus príncipes, por todo o Israel e Judá", com o incisivo convite:
"Filhos de Israel, convertei-vos ao Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e
de Israel, para que Se volte para aqueles de vós que escaparam, e ficaram da
mão dos reis da Assíria... Não endureçais agora a vossa cerviz, como vossos
pais; daí a mão ao Senhor, e vinde ao Seu santuário que Ele santificou para
sempre, e servi ao Senhor vosso Deus, para que o ardor da Sua ira se desvie de
vós. Porque, em vos convertendo ao Senhor, vossos irmãos e vossos filhos
acharão misericórdia perante os que os levaram cativos, e tornarão a esta
terra; porque o Senhor vosso Deus é piedoso e misericordioso, e não desviará de
vós o Seu rosto, se vos converterdes a Ele"(2Cr 30:5-9).
E
os correios enviados por Ezequias levaram a mensagem "de cidade em cidade,
pela terra de Efraim e Manassés até Zebulom". Israel devia ter reconhecido
neste convite um apelo ao arrependimento e para que voltassem a Deus. Mas o
remanescente das dez tribos que ainda ficaram habitando o território do outrora
florescente reino do norte, tratou os mensageiros reais de Judá com
indiferença, e até mesmo com desdém. "Riram-se e zombaram deles".
Houve uns poucos, entretanto, que alegremente atenderam - "Alguns de Aser, e de Manassés, e de Zebulom, se humilharam,
e vieram a Jerusalém... para celebrar a festa dos pães asmos" (2Cr
30:10-13).
Cerca
de dois anos mais tarde Samaria
foi invadida pela Assíria, sob o comando de Salmaneser V (filho de
Tiglate-Pileser). Oséias foi preso e Samaria foi sitiada por três
anos, antes de finalmente sucumbir em 722 a.C (2Rs 17:5,6); e no
cerco, multidões pereceram miseravelmente de fome e de enfermidades bem como
pela espada. Caiu a cidade com a nação, e o humilhado remanescente das dez
tribos foi levado cativo e espalhado entre as províncias do domínio assírio. Em
seu lugar foram colocados outros povos, dando origem ao povo “samaritano”; era
a política usual do rei da Assíria aos povos conquistados. Nunca mais a nação
de Israel – reino do norte – voltou do cativeiro.
A
destruição que abateu o reino do norte foi um juízo direto do Céu. Os assírios foram meramente o
instrumento de que Deus se serviu para realizar o seu propósito. Por intermédio
de Isaías, que começou a profetizar pouco antes da queda de Samaria, o Senhor
se referiu aos assírios como "a vara da Minha ira".
Disse Ele: "A Minha indignação é como
bordão nas suas mãos" (Is 10:5).
Gravemente
havia os filhos de Israel pecado "contra o Senhor seu Deus, e fizeram coisas
ruins". "Não deram ouvidos, antes... rejeitaram os Seus estatutos, e
o Seu concerto, que fizera com seus pais, como também os Seus testemunhos, com
que protestara contra eles". Foi porque "deixaram todos os mandamentos do Senhor seu Deus, e
fizeram imagens de fundição, dois bezerros, e fizeram um ídolo do bosque, e se
prostraram perante todo o exército do céu, e serviram a Baal", e recusaram decididamente a arrepender-se,
que o Senhor "os oprimiu, e os deu nas mãos dos despojadores, até que os
tirou de diante de Sua presença", em harmonia com as claras advertências
que lhes enviara "pelo ministério de todos os Seus servos, os
profetas" (2Reis 17:7, 11, 14, 16, 20, 23).
"Assim
foi Israel transportado de sua terra à Assíria", "porque
não obedeceram à voz do Senhor seu Deus, antes traspassaram o Seu concerto; e
tudo quanto Moisés, servo do Senhor, tinha ordenado"(2Reis 18:12).
A
apostasia personificou-se
no primeiro rei de Israel, Jeroboão, que se tornou para todas as gerações
subsequentes um modelo de iniquidade e mau comportamento. Não surpreende que o
único remédio para 200 anos de infidelidade e apostasia espiritual fosse a deportação
da terra da promessa para as nações que, ironicamente, teriam de ser o alvo da
salvação proclamada por Israel.
A história do
Reino do Norte nos
ensina grandes lições
· O
reino do Norte, que iniciou mal, percorreu maus caminhos, terminou mal. Tudo o
que inicia mal e persiste no mal, termina mal. O salário do pecado é o fim da
vida, a morte, quer seja de uma nação, quer de um indivíduo. Somente o que ama
é que pode perdurar, porque só o amor garante a vida.
· O
Reino do Norte resultou de insatisfação por erros cometidos da parte de Salomão
e seu filho, Roboão. No Norte, Jeroboão I (primeiro rei) resolveu afastar um
povo do outro instituindo um sistema de adoração misto - idolatria misturada
com a adoração ao Criador. Assim é a grande parte do cristianismo hoje:
paganismo, misticismo, com princípios bíblicos, e isto é prostituição.
· Vemos
a paciência de Deus, que enviou profetas; permitiu que fatos ocorressem, como
seca, fome, crises, guerras, mortes terríveis de nobres, desastres, opressão.
Deus mostrava nisso, pelas mensagens dos profetas, quão grande era o seu
esforço por salvar a nação. Foram cerca de 200 anos de tentativas, todas
frustradas, mas Deus não desistia; Ele é longânime.
· Os
profetas, durante o tempo do Reino do Norte, fizeram um trabalho intenso, e ali
passaram os mais poderosos homens de Deus, como Elias e Eliseu; por certo, os
mensageiros de maior credibilidade divina, que nos causam admiração até os dias
de hoje.
· Houve,
ao todo, 9 dinastias, ou seja, 9 famílias se revezaram no
poder no Reino do Norte, sendo que no do Sul, sempre foi a dinastia de Davi que
esteve no poder, exceto por um breve tempo em que reinou Atalia, mas o rei
estava à espera para a posse.
· Essa
sucessão de famílias no poder, com 20 reis ao todo, envolveram sete
assassinatos pela conquista do poder, portanto, das nove famílias, sete foram
destituídas por esse modo. Esse modo de sucessão, por si já denuncia que
Deus não estava aprovando o que eles faziam.
· Alguns
dos reis do Norte foram tão maus que nem sequer faziam ao menos um sucessor da
família no trono, isso ocorreu mais para o final do Reino do Norte, denunciando
que tudo estava indo para uma situação tão ruim e que o fim se
aproximava.
· Os
reis fizeram o que não era permitido por Deus, eles insistiram o tempo todo em
promover a idolatria, aquilo que Deus abomina.
· O
Reino do Norte insistiu contra Deus durante todos os reinados dos 20 reis. Por
fim, chegou a uma situação insustentável, e eles se separaram definitivamente
de Deus, daquele que os podia proteger, e a saga desse reino terminou em
completa ruína.
Deus
é muito paciente. Jesus ainda não voltou em razão dessa paciência. Assim como
Ele esperou por dois séculos para que o Reino do Norte se decidisse - por Deus
ou por Baal -, pela adoração ao Criador ou à criatura -, assim Ele espera hoje.
Mas os dias de espera não são ilimitados. Chega o tempo em que a situação se
torna insustentável, então, a intervenção é certa. Esses dias estão chegando,
eles culminarão com a imposição, pela força de lei, de uma adoração ao que não
é o Criador, a saber, o Anticristo. Então, como no Reino do Norte, a paciência
de Deus também se esgota. Façamos a nossa parte enquanto é dia.
2. O
cativeiro de Judá - Reino do Sul.
Cronologia
A
queda de Samaria e a deportação de sua população foram o claro resultado dos
pecados cometidos contra Jeová (2Rs 17:7). O povo de Deus tornou-se infiel para
com o Senhor que os livrara do Egito, adorando e servindo a outros deuses (2Rs
17:15-17). E fizeram isto apesar dos constantes avisos dos profetas de Deus de
que tal atitude consistia em grave traição. O resultado inevitável foi o
julgamento de Deus, um juízo que se manifestou na forma de exílio, expulsando
os israelitas de sua terra prometida.
Mas,
Judá não estava melhor. Depois
de ver seus irmãos levados para o exílio, o povo de Judá ainda cai em pecado.
Ezequias e Josias começaram muitas reformas, mas isto não foi o bastante para
converter permanentemente a nação a Deus. Judá é derrotada pelos babilônios,
que enviam muitos deles para o exílio, mas não são espalhados, e a terra não é
repovoada - “Até Judá não guardou os mandamentos do SENHOR, seu Deus;
antes, andaram nos estatutos que Israel fizera” (2Rs 17:19). Às
vezes não aprendemos com os exemplos de pecado e tolice que ocorrem à nossa
volta.
Compreendendo
melhor...
Nabopolassar, governador da região do Golfo
Pérsico, libertou Babilônia dos assírios e em 626 a. C. foi proclamado
rei. Continuou a obter vitórias sobre os assírios até que finalmente em 612 a.
C., os Babilônicos e os Medos tomaram Nínive, a capital da Assíria. Não se
concentraram em dominar a Assíria propriamente dita, mas partiram para a
conquista de todo o império Assírio. Os egípcios temendo pela
sua segurança marcharam para o norte a fim de ajudar os Assírios. O rei
Josias de Judá tentou interceptá-los em Megido, mas na batalha que se
travou foi morto e Judá foi subjugada ao Egito (2Rs
23:29-33).
Quatro
anos mais tarde, em 605 a. C.,
o exército babilônico, comandado por Nabucodonosor, derrotou os egípcios em
Carquêmis (Jr 46:1,2), ampliando o império da Babilônia. Neste mesmo ano, pela
primeira vez, Jerusalém submeteu-se ao poderio de Babilônia, período esse
considerado o marco inicial para contagem dos setenta anos preditos pelo
profeta Jeremias. Um período encerrado com a queda e rendição da cidade de
Babilônia em 538 a.C.
Os
longos anos em que a elite política, militar e religiosa de Judá esteve longe
de sua terra são popularmente conhecidos como o exílio na
literatura moderna, um termo singularmente apropriado, uma vez que não apenas
sugere a remoção forçada da população de judeus para a Babilônia, como
também comunica a ausência de Jeová durante o processo.
A
tragédia do exílio não pode ser interpretada como apenas a deportação de um povo para outra terra, ou
a destruição de uma cidade e seu santuário central. Na verdade, Deus
havia se retirado do meio de seu povo, uma ausência simbolizada por uma das
visões de Ezequiel, na qual a Shekinah movia-se
do Templo (Ezequiel - cap 1). De certa forma, portanto, o fim do cativeiro dos
judeus em 539/538 não pode ser sinônimo do fim do exílio, porque Jeová
não retornou na ocasião para habitar no Templo. Pelo contrário, os
profetas predisseram que seu retorno aconteceria apenas na era escatológica,
quando o próprio Messias seria a glória de Deus (Ag 2:7-9).
A
deportação de Judá para a Babilônia deu-se em três fases. Assim como Israel foi atacado pelos
assírios três vezes, Judá também foi invadido pelos babilônios de igual modo
(2Rs 24:10; 25:1). Mais uma vez, Deus demonstrou sua misericórdia diante do
julgamento merecido e concedeu ao povo repetidas oportunidades de
arrependimento.
-
A primeira fase foi
simultânea com a ascensão de Nabucodonosor (605-562) ao trono de Babilônia.
Esse jovem príncipe, derrotando os egípcios na batalha de Carquêmis em 605 (Jr
46:1,2), foi, mediante a inesperada morte de seu pai, obrigado a abandonar o
propósito de expulsar os egípcios de suas terras. Mesmo assim, no caminho de
retorno, Nabucodonosor saqueou Jerusalém, conduzindo muitos judeus em cativeiro
para a capital do império, dentre esses judeus estavam Daniel e seus
três companheiros (2Cr 36:5,6; Dn 1:1-6). Deixou no trono de Judá o rei
Jeoaquim, que veio a rebelar-se, forçando o retorno de Nabucodonosor em 601.
-
O Egito encorajou Jeoaquim, rei de Judá, a se rebelar contra a Babilônia em 600 a. C., provocando
outra invasão babilônica em 598. Joaquim o sucedeu no trono de
Judá e entregou Jerusalém à Babilônia em 597. Ele e muitos judeus
proeminentes foram deportados para a Babilônia, dentre eles estava Ezequiel
(2Rs 24:14-16).
-
Enquanto isso, Zedequias,
irmão de Joaquim, foi estabelecido no trono de Judá (2Rs 24:18). Também esta
ação foi malsucedida, pois Zedequias era instável e de pouca confiança. Judá
foi persuadido a rebelar-se mais uma vez. Desta feita, Nabucodonosor decidiu
retornar para Jerusalém, desta vez para destruí-la completamente, em 586
a.C. Os babilônios invadiram Judá e sitiaram Jerusalém; o assédio durou
dezoito meses. Finalmente, abriram uma brecha nos muros e Jerusalém foi
tomada. Zedequias foi feito prisioneiro e teve os olhos furados. Os
objetos de valor do Templo foram levados para Babilônia. Também, o
Templo foi destruído e a maior parte do povo restante foram levados
para a Babilônia. Só foram deixadas as pessoas mais pobres para cultivar a
terra (2Rs 25:1-21).
Os judeus na Babilônia
Os
judeus que sobreviveram à longa jornada para a Babilônia certamente foram
colocados em assentamentos separados dos babilônios e receberam permissão de se
dedicar à agricultura e trabalhar para sobreviver (Ez 3:15; Ed 2:59; 8:17; Jr
29:5), mas o trauma do exílio é expresso claramente pelo salmista: “às margens dos rios da Babilônia, nós nos
assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião. Nos salgueiros que lá havia,
pendurávamos as nossas harpas, pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam
canções, e os nossos opressores, que fossemos alegres, dizendo: entoai-nos
algum dos cânticos de Sião. Como, porém, haveríamos de entoar o canto do Senhor
em terra estranha?” (Sl 137:1-4).
Ciro, o grande dominador do novel império
Medo-persa, tratou bem os babilônios. Na verdade, ele procurou tratar com
respeito todos os seus súditos leais, inclusive os judeus.
Daniel, ciente da profecia de Jeremias,
segundo a qual a desolação de Jerusalém duraria setenta anos, ele pediu a Deus
para intervir (Dn 9:2,18b,19). As orações de Daniel foram respondidas
prontamente. Em 538 a. C., Ciro fez uma grande proclamação, registrada no final
de 2Crônicas: “Assim diz Ciro, rei da
Pérsia: o Senhor, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra e me
encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá; quem entre
vós é de todo o seu povo, que suba, e o senhor, seu Deus, seja com ele” (2Cr
36:23; Ed 1:2-3a). O salmo 126 é um cântico de louvor a
Deus porque fez retirar do cativeiro o seu povo. Cumpriu-se, desse modo, a
predição feita pelo profeta Isaías há, aproximadamente, 160 anos antes acerca
de Ciro, o ungido do Senhor (Is 44:28).
Entretanto,
a maioria dos judeus da dispersão preferiu permanecer em suas casas,
especialmente os que moravam em Babilônia, mas aqueles que tinham seus olhos
voltados para o propósito eterno de Deus viram no cativeiro um instrumento de
correção. E o retorno à pátria era o sinal de que ainda tinham um papel
redentor a desempenhar.
II. LÍDERES -
PROFETAS DO CATIVEIRO BABILÔNICO
O
reino terreno de Judá estava absolutamente destruído. Mas através de profetas,
como Ezequiel e Daniel, que também eram exilados, Deus pôde manter seu reino
espiritual vivo nos corações dos muitos judeus.
1. Profeta Daniel.
Levado
à Babilônia no primeiro cativeiro dos judeus, por volta de 605 a.C., na
primeira campanha de Nabucodonosor, Daniel e outros príncipes judeus foram
escolhidos, por serem de linhagem nobre e de boa formação, para o serviço
governamental.
Os
19 anos iniciais do cativeiro de Daniel também foram os últimos do reino de
Judá, sob domínio da Babilônia. A resistência judia ao jugo babilônico causou
muitas represálias por parte do reino dominante.
Daniel
e seus amigos (Hananias, Misael e Azarias) receberam, durante anos, uma nova
educação babilônica, a fim de melhor servirem ao governo. Chegaram a compor o
chamado grupo dos sábios do reino, servindo ao rei como conselheiros. Por
isso, Daniel teve a chance de interpretar os sonhos que atormentavam o confuso
rei Nabucodonosor e de expressar suas próprias visões. Daniel ficou no cargo
por décadas (Dn 1:21; 6:28), o que lhe permitiu fazer com que os reis
babilônicos conhecessem o poder do verdadeiro Deus, O temessem e respeitassem.
Daniel
testemunhou vários reis no trono da Babilônia e chegou a ver o fim daquele
império em 538 a.C., tomado por Ciro, que, influenciado pelo conselheiro judeu,
libertou seu povo judeu e o devolveu à terra de origem.
2. Profeta Jeremias.
Jeremias, certamente, foi a maior e mais
informativa voz dentre todos os profetas da geração pré-exílica de Judá. A
Palavra de Deus lhe veio no décimo terceiro ano do reinado de Josias, ou seja,
em 627 a.C (Jr 1:2). Seu ministério público continuou por todos os reinados de
Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias, alcançando o fim do reino em 586 a.C.,
e até mesmo além disto. Portanto, ele foi testemunha dos principais
acontecimentos da nação de Judá em seus quarenta anos finais. Sabe-se que
Jeremias continuou a profetizar mesmo depois do cataclísmico julgamento de
Jerusalém, pois foi lhe oferecida a condição de permanecer em Judá, ao invés de
ir em cativeiro junto com os demais habitantes da cidade para a Babilônia. Uma
vez que sua escolha foi permanecer em Jerusalém por um tempo, ele foi para o
Egito, indubitavelmente contra sua vontade.
Deus
nunca age antes de comunicar suas ações aos seus profetas. O profeta Jeremias
foi enviado para mostrar os pecados do povo e caso eles não se arrependessem
seriam destruídos. Jeremias detalhou como seria essa punição, mas o povo não
deu ouvido e as profecias se cumpriram. Seu ofício profético ampliou-se por
mais de quarenta anos.
Jeremias
recebeu a desagradável tarefa de advertir sobre os envolvimentos e destruições
que um poderoso inimigo, que não dava quartel, haveria de impor. Os falsos
profetas, porém, eram sempre otimistas, predizendo o bem, embora falsamente,
para a nação de Judá. Jeremias por sua vez anunciava a terrível verdade. A
exatidão de suas predições era tão grande que seus compatriotas sentiam que, de
algum modo, ele era responsável pelos acontecimentos adverso, perseguindo-o
como se fosse traidor. Porém Jeremias nunca se esquivou da tarefa, mesmo diante
de falsas acusações e de ameaças de morte. Seu senso de missão era muito forte
e ele serviu com grande zelo até o fim, um fim que, segundo alguns, foi a morte
de um mártir, às mãos de sua própria gente.
O
intuito de Jeremias era conclamar o povo de Judá ao arrependimento, visto que
ele via a potência do norte, Babilônia, erguer-se, pela providência divina,
para castigar uma nação desobediente como era Judá. Ele exortou os habitantes
de Jerusalém a abandonarem sua idolatria e apostasia. Jeremias via um cativeiro
de setenta anos no horizonte (Jr. 25:1-14). Ele via que o conflito entre três
potências mundiais – o Egito, a Assíria e a Babilônia -, terminaria em triunfo
desta última. E advertiu os judeus acerca dos pactos firmados com o Egito, que
redundariam em desastre a longo prazo.
Visto
que Jeremias viu um resultado desfavorável para Judá, que era um pequeno reino,
entalado em meio de lutas de poderes gigantescos, esse profeta acabou merecendo
a desconfiança de seu próprio povo e foi desprezado. Suas profecias de
condenação soavam estranhas, quando comparadas com as palavras consoladoras dos
profetas falsos. Todavia a esperança messiânica resplandece em seus escritos,
onde é prometida a restauração e a glória finais, para Israel e para Judá
juntamente (Jr 23:5; 30:4-11; 31:31-34; 33:15-18).
a)
No governo do rei Josias, Jeremias
foi de grande importância, pois auxiliou esse rei no estabelecimento de uma
cuidadosa reforma espiritual da nação. Com a envolvência dessa reforma
religiosa, notadamente o povo prometeu obedecer à lei do Senhor e com isto o
povo passou a remover do templo os vestígios do paganismo. Josias destruiu
também o ídolo Tofete, utilizado para sacrifício humano (2Rs. 23:10). Retirou
os altares pagãos do monte das oliveiras, que estava infestada de ídolos. A
purificação nacional abrangeu a eliminação de médiuns espíritas, falsos
sacerdotes e terafins (ídolos domésticos) (2Rs. 23:24). Num confronto fatídico,
na Batalha de Carquêmis, quando fora a caminho do Egito em 609 a.C. para
impedir que o rei do Egito agisse contra a babilônia, inesperadamente morre. Quatro
anos após sua morte, Babilônia invade ao Egito e leva a primeira leva de
cativos em 605 a.C.
Observação:
Josias reinou por um período de 31 anos em Jerusalém e fez o que era reto
perante o Senhor. É considerado um dos reis mais justos e devotados a Deus. As
consequências do reinado de seu pai e de seu avô influenciaram muito sua vida,
para que odiasse o pecado. Foi coroado aos oito anos de idade e buscou a face
do Senhor desde o início. Aos vinte anos de idade ele liderou uma reforma
religiosa nacional, e aos 26 iniciou a reforma do Templo. É considerado como um
rei bom (2Rs 23:25), destruiu os focos de idolatria em Judá, reconstruindo o
Templo de Deus. Na reconstrução foi achado o Livro da Lei (2Cr 34:15), que tudo
indica era a réplica ou cópia fiel escrita por Moisés. Ao ouvir as palavras do
livro, Josias, chorou seus pecados e os de seu povo, e se humilhou perante
Deus. Com esta atitude o Senhor protelou a Josias de ver o castigo daquela
geração (2Rs 22:19-20).
b)
No governo de Jeoaquim (de
608 a 597 a.C), Jeremias era o principal representante do grupo que favorecia a
supremacia dos caldeus. Isso o expôs a um grande perigo, por isso foi
aprisionado. Chegou a ser proposto a pena de morte (Jr. 26:11). Alguns dos
príncipes de Judá tentaram protegê-lo, apelando para o precedente estabelecido
por Miquéias, que havia profetizado tempos antes de Jeremias. Os oráculos de
Jeremias contra o Egito (Jr 46:3-12) atraíram muitas perturbações contra ele;
mas ele estava apenas denunciando os pecados do povo judeu, e isso servia para
aumentar o ódio por ele.
c) No governo
de Joaquim (sucessor de Jeoaquim), Jeremias vaticinou a sorte desse monarca, que o profeta
lamentou (Jr. 22:24-30).
Observação: Em
Jr 22:24,28 e 24:1 o nome Joaquim aparece como Jeconias. Ele sucedeu o trono de
seu pai Jeoaquim e colheu a péssima colheita que fora semeada por Judá e seus
governantes anteriores. Tinha apenas dezoito anos de idade quando assumiu o
trono e ficou ali durante três meses (2Rs 24:8). Jerusalém se rendeu em 597
a.C. e Joaquim e muita gente de Judá foram levados para o cativeiro. Trinta e
seis anos mais tarde Joaquim foi libertado, pelo filho e sucessor de
Nabucodonozor (2Rs 25:27-30).
d)
No governo de Zedequias,
Jeremias foi mais incisivo em suas profecias. Esse rei começou a ouvir mais a
Jeremias do que seus antecessores; porém era tarde demais para isso fazer
qualquer diferença.
Observação: Nabucodonosor nomeou para o trono a Zedequias.
Ele era o filho mais novo de Josias, e foi o último rei de Judá. Foi um
governante fraco, que procurava contrabalançar as facções adversárias que
lutavam pelo poder, em Judá. Zedequias governou por dez anos, pagando tributos
a Babilônia. Quando Zedequias deixou de pagar tributo e firmou um acordo com o
Egito, Nabucodonozor perdeu a paciência e mandou um exército para destruir a
cidade de Jerusalém.
3. Profeta
Ezequiel
A
melhor percepção da
vida no exílio da Babilônia é encontrada em Ezequiel, que passou todos
os anos de seu ministério público no local. Como Jeremias, ele era sacerdote,
conforme atesta seu testemunho (Ez 1:3) e seu grande interesse pelo culto.
O
profeta inicia o relato definindo o cenário – ele estava com os exilados
próximo do rio Quebar, no décimo terceiro ano. O Quebar é
o nar kabari mencionado pelos registros babilônicos, um
canal que forma uma extensão do rio Eufrates. O
“décimo terceiro ano” provavelmente é uma referência ao seu décimo
terceiro ano. Era 593 a.C, o décimo quinto ano do cativeiro de Joaquim, como
informa o profeta (Ez 1:2). O hábito de datar os acontecimentos baseado no
cativeiro de Joaquim corrobora a opinião de que Joaquim, e não Zedequias, era
considerado o verdadeiro herdeiro do trono de Davi.
Ezequiel
fora comissionado por
Jeová para ministrar à comunidade exilada que vivia próxima ao Quebar, especialmente
os que estavam nos acampamentos de Tel Abibe (Ez 3:15). Sua
mensagem para o povo centrava-se na iminente destruição de Jerusalém. Sem
dúvida eles pensavam que a cidade santa sobreviveria, ainda que de lá fossem
deportados. Eles precisavam entender, porém, que Jerusalém era invencível
apenas enquanto o povo fosse fiel para com Deus. E de acordo com os fatos, eles
falharam em permanecer fiéis. Como consequência, viria sobre Jerusalém o
iminente e irremediável julgamento. Através de uma série de ilustrações –
representando o cerco a Jerusalém (Ez 4:1-3), raspando sua cabeça (Ez 5:1-4) e
preparando algemas (Ez 7:23-27) – Ezequiel preconiza a iminente destruição de
Sião.
No
sexto ano, 592 a.C.,
Ezequiel estava em sua própria casa justamente com um concilio de anciãos de
Judá, quando repentinamente o Senhor conduziu-o em visão até Jerusalém, onde
ele testemunhou uma série de abominações cometidas pelos líderes de Judá no
santo Templo de Deus (Ez cap. 8). O resultado foi a partida dos querubins e da
glória de Deus do Templo, ficando suspensos sobre o monte das Oliveiras. Isto
significava que a aniquilação da cidade estava próxima. Mas, antes que a glória
de Deus se afastasse do Santo Templo, o profeta ouviu a mesma promessa que
todos os seus antecessores ouviram: o povo de Deus passaria por um amargo
cativeiro e escravidão por causa de seus pecados,
mas Ele mesmo iria dar-lhes um coração novo, para que
verdadeiramente o adorassem e servissem, de modo que retornariam para sua
terra. Como ossos secos que foram trazidos à vida, eles rejuvenesceriam e se
uniriam novamente – Israel e Judá – e o próprio Davi reinaria sobre ambos (Ez
11:4-21; cap. 37). (1)
4. Ester – Hadassa (Et 2:7)
Ester
era filha adotiva e prima de Mordecai ou Mardoqueu. Sendo judia, fora criada e
instruída nas tradições judaicas. Tornou-se rainha de Xerxes – conhecido também
como Assuero - e foi a responsável pela preservação dos judeus.
Apesar
da permissão de Ciro para
retornarem à sua terra de origem, muitos judeus preferiram continuar vivendo
nas terras estrangeiras, haja vista a vida estruturada que levavam; fazendo,
assim, surgir os “judeus da diáspora”, ou seja, os judeus que andam dispersos
pelo mundo, fora da Terra Prometida.
Mesmo
hoje, após 65 anos de
restauração do Estado de Israel, ainda há mais judeus vivendo fora da Terra
Prometida do que dentro dela. Estima-se que, dos 14 milhões de judeus que há no
mundo, 8 milhões morem fora de Israel na atualidade. Este era o caso de Mardoqueu
(ou Mordecai), que vivia na fortaleza de Susã, cidade persa que foi escolhida
como capital do reino da Pérsia por Dario I, em 529 a.C.
Hadassa,
ou Ester, surge no
texto sagrado como uma menina judia órfã, sem pai nem mãe, que precisou ser
acolhida por seu primo Mardoqueu. Apesar de ser apresentada como sendo chamada
“Hadassa” em Et.2:7, é a única vez em que Ester é assim denominada, sendo,
então, dali por diante chamada de “Ester”, nome também hebraico, que significa
“estrela” e que dá a entender que a pessoa que tem tal nome é uma “pessoa cativante, charmosa e sensual”. O
texto sagrado não diz o motivo destes dois nomes, mas entendem os estudiosos da
Bíblia que o nome de Ester deve ter sido dado a Hadassa pelos funcionários do
rei quando a levaram para a casa do rei da Pérsia. Por ser moça bela de parecer
e formosa à vista, foi-lhe dado o nome de “Ester”,
que é, certamente, a versão hebraica do nome persa que se lhe deu e cujo
significado era “estrela”.
A
miraculosa história da rainha Ester inicia-se no terceiro ano do reinado de
Assuero, em 483 a.C.
- 103 anos após Nabucodonozor ter levado cativos os judeus (2Rs 25), 54 anos
após Zorobabel ter guiado os primeiros grupos de exilados de volta a Jerusalém
(Ed. 1:2), e 25 anos antes de Esdras guiar o segundo grupo para Jerusalém (Ed
7).
Ester
viveu no reinado da Pérsia,
o reino dominante do Oriente Médio após a queda da Babilônia em 539 a. C. Os
parentes de Ester deveriam estar entre os exilados que preferiram não voltar
para Jerusalém, embora Ciro, o rei da Pérsia, tenha expedido um decreto
permitindo que eles voltassem. Os exilados judeus desfrutavam de uma grande
liberdade na Pérsia, e muitos permaneceram porque haviam se estabelecido ali ou
temiam a perigosa jornada de volta à sua terra
natal.
A
beleza e o caráter de Ester conquistaram
o coração de Assuero (ou Xerxes), e assim o rei fez de Ester sua rainha. Mesmo
em sua posição tão favorecida, ela arriscou a própria vida, entrando à presença
do rei sem ser chamada. Não havia sequer a garantia de que o rei a receberia.
Embora fosse a rainha, não estava completamente segura. Mas, com cautela e
coragem, Ester decidiu arriscar sua vida, abordando o rei a favor de seu povo.
Ela elaborou seus planos cuidadosamente. Pediu aos judeus que jejuassem e
orassem com ela antes de entrar à presença do rei. Então, no dia escolhido,
Ester foi à presença de Assuero, e este lhe pediu que se aproximasse e falasse.
Porém, em vez de expressar seu pedido de forma direta, Ester convidou o rei e
Hamã para um banquete. Assuero era suficientemente sagaz para perceber que a
rainha tinha algo em mente; no entanto, ela transmitiu a importância da
questão, insistindo em um segundo banquete. Nesse ínterim, Deus estava
trabalhando “nos bastidores”. O Senhor fez com que o rei lesse os registros
históricos do reino à noite, e descobrisse que Mardoqueu certa vez salvou a sua
vida. Assuero não perdeu tempo para honrar Mardoqueu por tal ato (ver Et 6:1-
13). Durante o segundo banquete, Ester revelou ao rei a conspiração de Hamã
contra os judeus, e este foi sentenciado (Et 7).
Existe
uma rigorosa justiça na morte de Hamã na forca que ele mesmo havia construído
para Mardoqueu, e parece muito adequado que o dia em que os judeus deveriam ser
assassinados tenha se tornado o dia da morte de seus inimigos. O risco que
Ester correu confirmou que Deus era a fonte de segurança.
Lições
que podemos tirar: a)
Servir a Deus frequentemente exige que arrisquemos a nossa própria segurança;
b) Deus tem sempre um propósito para as situações em que nos coloca; c) Embora
a coragem seja sempre uma qualidade vital, ela não substitui o cuidadoso
planejamento.
III. RESULTADOS
DO CATIVEIRO
Embora
Judá continuasse sendo o local geográfico do povo da aliança, Babilônia
tornara-se histórica e intelectualmente o seu lar. E isto era verdade não
apenas nos anos de exílio, mas por séculos depois. De fato, nos primeiros
séculos da era cristã, Babilônia era um centro religioso judaico que
desenvolvera uma tradição completamente separada de Jerusalém. Foi lá que os
judeus mais devotos criaram o conhecido Talmude Babilônico, e uma escola de massoretas
(dedicava a copiar e transmitir o texto da Bíblia Hebraica) da Babilônia
produziu sua própria família de textos bíblicos e manuscritos.
1. Cura da idolatria. Este foi um dos grandes benefícios espirituais de Israel
durante o cativeiro. Com o transcorrer dos dias no exílio, a idolatria que
tenazmente assediava os judeus não mais tinha atração alguma para eles. Na
verdade, engendrou um despertar antagônico com relação a idolatria, por suas
associações de caráter nacional (ver Sl 137), bem como por suas profundas
convicções, nascidas da grandeza e divindade de sua antiga religião, que não
podia se comparar com a dos babilônios. Eles amavam intensamente o seu culto,
sendo mais forte do que até aí tinha sido a crença de que Jeová era o Senhor de
toda a Terra. Desta forma os judeus se transformaram em testemunhas do poder e
amor do Deus Jeová perante os babilônios, e exerceram sobre aqueles com os
quais mais conviviam uma forte influência moral.
2.
Maior liberdade de culto. No
cativeiro os seus princípios e crenças se consolidaram. O próprio fato de terem
sido destituídos do Templo, altar e dos sacrifícios gerou neles uma retomada
aos princípios fundamentais da fé judaica. Por este motivo foram formadas no
exílio escolas de teologia judaica (precursoras das sinagogas – lugar de
reunião e adoração – Mt 4:23) e, portanto, quando enfim, chegou o dia da
restauração, não eram fracas as suas convicções, nem desordenado o seu sistema
doutrinário e possuíam uma austera crença monoteísta e um credo religioso
distinto, não podendo efetuar domínio na sua alma as fascinações da idolatria.
3. Remanescente fiel. O cativeiro revelou um remanescente fiel, preservado de
modo sobrenatural por Deus, para que retornassem a Jerusalém. Esse remanescente
fiel não foi absorvido no meio da terra do seu cativeiro, como havia sucedido a
outros povos conquistados. Certamente o tempo do exílio foi um período de
grande atividade literária entre os judeus no sentido de coligir, preservar e
editar antigas narrações. Por conseguinte, podemos atribuir ao povo judeu a
preparação do caminho para a vinda do cristianismo, uma vez que forneceu, por
meio desta preservação literária, ao povo da nova aliança – a Igreja de Cristo
-, sua mensagem, a saber, o Antigo Testamento.
CONCLUSÃO
Os
pecados de Israel- Reino do Norte e Reino do Sul – os alcançaram. Deus suscitou
dois impérios mundiais – Assírio e Babilônio – e permitiu que eles derrotassem
e dispersassem o seu povo. O povo do Reino do Norte foi levado em cativeiro e
absorvido pelo poderoso e mau império Assírio. Como eu disse anteriormente, às
vezes não aprendemos com os exemplos de pecado e tolice que ocorrem à nossa
volta. A iniquidade saturara o Reino do Sul, e a ira de Deus inflamou-se
contra os judeus. A Babilônia conquistou a Assíria e tornou-se a nova potência
mundial. O exército caldeu marchou contra Jerusalém, queimou o Templo, derrubou
os grandes muros da cidade e levou o povo cativo para a Babilônia. O pecado
sempre traz disciplina e as suas consequências são às vezes irreversíveis.
Pense nisso!
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