MOISÉS, UM
LÍDER FIEL, CHAMADO DESDE O VENTRE DE JOQUEBEDE
COMEÇANDO COM
SUA VALOROSA MÃE - JOQUEBEDE
Ah, Joquebede! Que figura
inspiradora na história bíblica! Vamos mergulhar na jornada dela desde a
concepção de Moisés até o seu nascimento, e como o plano de Deus se entrelaça
nessa narrativa.
Imagine
o cenário no Egito antigo: o faraó, temendo o crescimento do povo hebreu,
decreta um édito cruel - todo menino hebreu
recém-nascido deveria ser lançado ao Nilo. Que angústia para as mães hebreias!
É nesse contexto de opressão que Joquebede concebeu seu filho,
Moisés. A Bíblia não nos
oferece muitos detalhes sobre sua gravidez, mas podemos imaginar a mistura de
esperança e apreensão em seu coração. Cada
movimento do bebê em seu ventre era um lembrete do perigo iminente, mas também
da vida preciosa que crescia dentro dela.
Quando
chegou o momento do parto, Joquebede deu à luz um menino "formoso
aos olhos de Deus" (Êxodo 2:2). Essa beleza, que a tradição judaica
interpreta como um sinal da promessa divina, certamente fortaleceu a
determinação de Joquebede em proteger seu filho.
Diante do decreto faraônico, Joquebede tomou uma decisão
corajosa e engenhosa. Ela escondeu o bebê por três meses, desafiando a lei para
preservar a vida de seu filho. Que demonstração de amor materno e fé!
Mas
chegou um ponto em que escondê-lo se tornou impossível. Então, Joquebede arquitetou um plano. Ela pegou um cesto de junco,
impermeabilizou-o com betume e piche, colocou o menino dentro e o depositou
entre os juncos à beira do Nilo.
Essa
ação, aparentemente desesperada, foi, na verdade, um ato de profunda fé e
entrega. Joquebede confiou que, de alguma forma,
Deus proveria para seu filho. Ela não podia protegê-lo com seus próprios
braços, então o colocou nas mãos do destino, ou melhor, nas mãos de Deus.
E
o plano de Deus começou a se desenrolar de maneira surpreendente. A filha do faraó desceu para se banhar no rio, encontrou
o cesto e teve compaixão do menino que chorava. Sem saber que era um hebreu,
ela o adotou e lhe deu o nome de Moisés, que significa "tirado das
águas".
Deus
usou a própria casa do opressor para proteger e criar o libertador de seu povo. E mais um toque divino: a própria
Joquebede acabou sendo chamada para ser a ama de leite de seu filho, recebendo
um salário para cuidar daquele a quem ela havia entregado ao rio. Que
reviravolta maravilhosa!
A
história de Joquebede desde a concepção até o nascimento de Moisés é um
testemunho poderoso de coragem, fé e do plano misterioso e providencial de
Deus. Ela nos ensina que, mesmo em meio à adversidade, o amor materno, aliado à
confiança em Deus, pode gerar frutos extraordinários e mudar o curso da
história. Moisés, o bebê que ela protegeu com tanta dedicação, se tornaria o
grande líder que libertou o povo de Israel da escravidão.
Êxodo 2.2 - a mulher
concebeu, e teve um filho, e, vendo que ele era formoso, escondeu-o três meses.
O filho referido
aqui é Moisés (v. 10; 6.20). Seu nascimento, seu escape da morte e os anos da
sua juventude foram dirigidos por Deus, para que ele pudesse livrar Israel da
escravidão. Todos os crentes precisam saber que Deus também opera nas suas
vidas, usando meios apropriados para cumprir a sua vontade (ver Mt 2.13; Rm
8.28).
Êxodo 2.6 - E,
abrindo-a, viu o menino, e eis que o menino chorava; e moveu-se de compaixão
dele e disse: Dos meninos dos hebreus é este.
MENINOS DOS
HEBREUS.
Gn
14.13 ABRÃO, O HEBREU. O termo hebreu pode inicialmente ter sido aplicado a
qualquer povo que vivia peregrinando de um lugar para outro, vivendo em terras
diferentes, como nômades. Posteriormente, veio a referir-se especificamente a
Abraão e aos seus descendentes (Êx 3.18; 5.3).
A LEI DO
PROCESSO: MOISÉS E O TESTE DO TEMPO - (Êx 2.1—4.31)
Como
Deus preparou Moisés para ser o homem que tiraria os hebreus da escravidão
egípcia? Deus não o preparou no espaço de um dia, mas ao longo do tempo; não
através de um acontecimento, mas com um processo. Obviamente, outras pessoas
antes de Moisés esperaram durante anos para que Deus cumprisse o seu processo
de desenvolvimento de liderança:
• Noé - esperou 120
anos antes que o dilúvio predito chegasse.
• Abraão - esperou 25
anos pelo filho prometido.
• Isaque -esperou 20
anos por Esaú e Jacó.
• José - esperou 13
anos na prisão por um crime não-cometido.
• Jó - esperou talvez
a vida toda, 60-70 anos, pela justiça de Deus.
Deus prepara líderes num pote de barro, não num forno
micro-ondas. Mais importante
do que a esperada meta é o trabalho que Deus realiza em nós enquanto esperamos.
A espera nos aprofunda e amadurece, nivela a nossa perspectiva e amplia o nosso
entendimento. Testes de tempo determinam se podemos suportar períodos de preparação
aparentemente infrutíferos e indica se podemos reconhecer e aproveitar as
oportunidades que se apresentarão em nosso caminho.
QUANDO
DEUS ESCOLHE UM LÍDER - (Êx
2.11—4.20)
Moisés fornece um
maravilhoso estudo de caso de como Deus chama um líder dentre uma multidão para
realizar uma tarefa.
1.Deus dá ao
líder um investimento emocional no trabalho.
Moisés
alimentava a ideia de libertar os hebreus da escravidão mesmo antes de Deus
chamá-lo para a tarefa.
2. Deus afirma
o líder através de outros.
Quando Moisés
contou a Jetro a respeito do encontro que teve com Deus na sarça ardente, seu
sogro o afirmou.
3. Deus dá
mentores ao líder.
Moisés
pediu e recebeu ajuda de Jetro, Arão e outros.
4. Deus
constrói sobre os pontos fortes, as experiências e o histórico do líder.
Deus
usou tudo que se encontrava no histórico de Moisés para ajudá-lo a cumprir a
sua vocação: a educação refinada que recebera no Egito; seu conhecimento de
Faraó; sua compreensão do Egito; e o tempo que passou no deserto.
5. Deus, muitas
vezes, purifica o caráter do líder no anonimato.
Moisés recebeu
"educação teológica" de sua mãe e durante 40 anos no deserto.
6. Deus instila
no líder o valor do trabalho duro.
Moisés pode não
ter trabalhado muito no palácio do Egito, mas aprendeu o valor do trabalho no
deserto!
7. Deus ampara
o líder com uma visão poderosa.
Moisés captou a
visão da Terra Prometida muito antes do que os escravos hebreus.
8. Deus traz
outros na companhia do líder para compensar as fraquezas dele.
Moisés contou com
a ajuda de Arão como seu porta-voz, de Josué como general e de Hur como
apoiador de batalhas.
O Nascimento de
Moisés - Com. Bíblico -
Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Êxodo 2. 1-4
Moisés era um levita, tanto por parte de pai como de mãe. Jacó deixou Levi sob marcas de desgraça (Gn 49.5). No entanto, logo depois, Moisés aparece como um descendente dele, para que pudesse tipificar a Cristo, que veio em semelhança de carne de pecado e se fez maldição por nós. Esta tribo começou a se distinguir das demais pelo nascimento de Moisés, como depois se tornou notável em muitos outros casos. Observe, a respeito deste recém-nascido:
I
- Como ele foi escondido.
Parece ter sido exatamente na época de seu nascimento que a lei cruel foi feita
para o assassinato de todos os meninos dos hebreus. E muitos, sem dúvida,
pereceram pela execução dela. Os pais de Moisés tiveram Miriã e Arão, ambos
mais velhos que ele, nascidos antes deste decreto ser emitido, e os tinham
criado sem este perigo. Mas aqueles que começam a sua jornada no mundo em paz
não sabem que dificuldades poderão enfrentar. Provavelmente a mãe de Moisés
estivesse extremamente ansiosa pela expectativa de seu nascimento, agora que
este decreto estava em vigor, e estivesse pronta para dizer: Bem-aventuradas as
estéreis, e os ventres que não geraram, Lucas 23.29. Melhor assim do que gerar
filhos para o matador, Oséias 9.13. No entanto, esta criança prova a glória da
casa de seu pai. Dessa maneira, Deus mostra que é capaz de transformar aquilo
que mais tememos em nossa maior alegria. Observe a beleza da providência:
exatamente na época em que a crueldade do Faraó se levantou na sua máxima
intensidade, o libertador nasceu, embora só tenha se manifestado muitos anos
mais tarde. Note que quando os homens estão planejando a ruína da igreja, Deus
está preparando a sua salvação. Moisés, que depois disso tiraria Israel desta
casa de servidão, estava correndo o risco de ser sacrificado pela fúria do
opressor. Ao dispor a situação desta forma, o Senhor Deus estaria trazendo um
grande incentivo a Moisés: quando este fosse, mais tarde, informado da maneira
como foi guardado pelo Deus bondoso, ele poderia estar mais animado com um zelo
santo pela libertação de seus irmãos das mãos de homens tão sanguinários.
1.
Seus pais observaram que ele era uma criança formosa, tendo uma beleza superior à beleza comum.
Ele era mui formoso para Deus, Atos 7.20. Eles julgavam que Moisés tinha um
brilho no semblante que era algo mais que humano. Era uma amostra do brilho que
o seu rosto teria mais tarde, Ex 34.29. Observe que Deus às vezes concede
demonstrações prévias dos seus dons, e se manifesta cedo na vida daqueles para
quem e por quem Ele planeja fazer grandes coisas. Assim o Senhor colocou uma
força prévia em Sansão (Jz 13.24,25), uma prontidão prévia em Samuel (1 Sm 2.18),
operou uma libertação prévia para Davi (1 Sm 17.37), e começou a trabalhar cedo
na vida de Timóteo, 1 Timóteo 3.15. 2. Portanto, eles eram os mais solícitos
para a sua preservação, porque consideravam isto como uma indicação de algum
propósito bondoso de Deus em relação a ele, e um feliz prognóstico de algo
grande. Observe que uma fé viva e ativa pode obter os seus estímulos a partir
da menor sugestão do favor divino. Uma pista misericordiosa da Providência
encorajará aqueles cujos espíritos fazem uma busca diligente. Durante três
meses eles o esconderam em algum cômodo privado de sua própria casa, embora
provavelmente sob o risco de suas próprias vidas, se o menino fosse descoberto.
Nisto Moisés tipificava Cristo, que, em sua infância, foi forçado a fugir para
se esconder, também no Egito (Mt 2.13), e foi extraordinariamente preservado,
enquanto muitos inocentes foram mortos. Foi dito (Hb 11.23) que os pais de
Moisés o esconderam pela fé. Alguns acham que eles tiveram uma revelação
especial de que o libertador deveria vir de seus lombos. Porém, eles tinham a
promessa geral da preservação de Israel, pela qual tinham fé, e nesta fé
esconderam o seu filho, não tendo medo da penalidade que acompanhava o decreto
do rei. Observe que a fé na promessa de Deus está tão longe de ser suplantada,
que ela, antes, estimula e promove o uso de meios legítimos para a obtenção da
misericórdia. O dever é nosso, porém os resultados são de Deus. Além disso, a
fé em Deus nos colocará acima do temor das armadilhas dos homens.
II- Como
ele foi exposto. No final
de três meses, provavelmente quando os investigadores chegaram às redondezas
procurando crianças escondidas, como os pais já não podiam escondê-lo por mais
tempo (a fé deles talvez começasse agora a esmorecer), colocaram-no em uma arca
de juncos à borda do rio (v. 3) e posicionaram sua irmã a certa distância para
observar o que aconteceria com ele, e em mãos de quem cairia, v. 4. Deus
colocou esta atitude em seus corações para cumprir os Seus próprios propósitos,
para que Moisés pudesse por meio disto ser levado para as mãos da filha do
Faraó, e que esta libertação do perigo iminente servisse como uma figura da
libertação da igreja de Deus, que agora está assim exposta. Observe que:
1. Deus tem um cuidado especial pelos dispersos de Israel (Sl 147.2). Eles são os seus desterrados,
Isaías 16.4. Moisés parecia bastante abandonado pelos seus amigos, e nem mesmo
a sua própria mãe ousou reconhecê-lo. Mas agora o Senhor o tomou e o protegeu,
Salmos 27.10.
2. Em tempos de extrema dificuldade é bom depositarmos toda a
nossa confiança na providência de Deus. Desse
modo, se tivessem exposto o seu filho, enquanto poderiam tê-lo preservado,
teriam tentado a Providência. Mas, quando não puderam, confiaram na
Providência. “Quem não arrisca, não pode ganhar”. “Se eu perecer, pereço”.
O Livramento de
Moisés - Êxodo 2. 5-10
Aqui temos:
I- Moisés salvo da morte.
Venha
ver o lugar onde o grande homem jazia quando era pequeno. Ele jazia em um cesto
de junco à margem do rio. Se ele tivesse permanecido ali, em pouco tempo teria
morrido de fome, se não tivesse sido, antes disso, submerso pela água ou
devorado por um crocodilo. Se ele tivesse caído nas mãos de qualquer outra
pessoa que não fossem as de quem ele caiu, não fariam, ou não ousariam fazer
outra coisa a não ser lançá-lo diretamente para dentro do rio. Mas a
Providência trouxe para ali não menos que a filha do Faraó, exatamente para
aquela junção, dirigindo-a até o lugar onde estava este menino abandonado,
levando-a a se compadecer dele em seu coração, o que ela ousa fazer quando
ninguém mais ousaria. Jamais uma criança chorou em um momento tão oportuno como
este: O menino chorava. Este choro, aliado à formosura do menino, despertou a
compaixão da princesa, vv. 5,6. Observe:
1. Certamente têm o coração endurecido,
aqueles que não sentem uma terna compaixão por uma criança desamparada. De que
forma bela e comovente o Senhor Deus representa a sua compaixão pelos
israelitas em geral, a despeito do estado deplorável em que se encontram!
Ezequiel 16.5,6.
2. É muito louvável que as pessoas que
possuem qualidades reconheçam as aflições dos desafortunados, e sejam
prestativas e caridosas para com eles.
3. O cuidado que o Deus bondoso teve para
conosco em nossa infância deveria ser frequentemente mencionado por nós, para o
seu louvor. Embora não estivéssemos assim expostos (e isto pela misericórdia de
Deus), muitos foram os perigos pelos quais estivemos cercados na nossa
infância, dos quais o Senhor nos livrou, Salmos 22.9,10.
4. Deus frequentemente levanta amigos para o
seu povo, mesmo entre os seus inimigos. O Faraó cruelmente busca a destruição
de Israel, mas a sua própria filha caridosamente se compadece de um menino
hebreu, e não apenas isso, mas, sem ter esta intenção, preserva o libertador de
Israel. O Senhor, quão maravilhosos são os teus conselhos!
II- Moisés é deixado com uma boa ama,
nada menos que a sua própria e querida mãe, vv. 7-9. A filha de Faraó acha
conveniente que ele tenha uma ama hebreia (considerando que este seria um gesto
de compaixão, que a criança fosse amamentada por uma mulher de seu próprio
povo), e a irmã de Moisés, com habilidade e bom trato, apresenta a mãe para a
função de ama, para grande benefício do menino. Porque não há ninguém melhor do
que a própria mãe para cuidar de seu filho. E aquelas que recebem bênçãos tanto
para os seios como para o ventre não serão justas se não as dedicarem às
crianças por amor às quais recebem estas bênçãos. Tudo isto também foi uma
satisfação indescritível para a mãe, que recebeu o seu filho como se tivesse
ressuscitado da morte. E agora ela poderia desfrutá-lo sem medo. Podemos supor
que a alegria desta mãe diante desta feliz reviravolta dos acontecimentos tenha
sido suficiente para revelar que ela era a mãe verdadeira (se houvesse qualquer
suspeita disso) até mesmo para um olhar menos discernidor do que o de Salomão,
1 Reis 3.27.
III- Moisés é honrado como filho da filha de Faraó
(v. 10). Parece que os seus pais não tinham em vista apenas a necessidade, ao cuidarem dele para a filha do Faraó, mas estavam muito felizes pela honra feita, desse modo, ao seu filho. Porque os sorrisos do mundo são tentações mais fortes do que as suas caras fechadas, e mais difíceis de resistir. A tradição dos judeus diz que a filha de Faraó não tinha filhos, e que era a filha única de seu pai, de forma que quando ele foi adotado como seu filho, passou a ter direito à coroa. Embora seja certo que ele estivesse destinado a desfrutar tudo o que a corte tivesse de melhor no momento devido, neste ínterim Moisés teve a vantagem de receber a melhor educação e o melhor desenvolvimento que a corte poderia oferecer. Este preparo, aliado a uma grande capacidade pessoal, fez com que Moisés se tornasse mestre em todo o conhecimento legítimo dos egípcios, Atos 7.22. Observe:
1.
A Providência às vezes se
alegra ao levantar os pobres do pó para colocá-los entre os príncipes, Salmos
113.7,8. Muitos que, por seu nascimento, parecem marcados para a obscuridade e
a pobreza, através de eventos surpreendentes da Providência são trazidos para
se sentarem na extremidade superior do mundo. Assim os homens passam a saber
que o Céu governa todas as coisas.
2. O precioso Deus sempre conhece a maneira
mais adequada para qualificar e preparar com antecedência aqueles que Ele
nomeia para lhe prestar grandes serviços. Moisés, sendo educado em uma corte, é
o homem mais adequado para ser um príncipe e rei em Jesurum. Tendo recebido a
sua educação em uma corte instruída (pois assim era a corte egípcia naquela
época), Moisés era o homem mais capacitado para ser um historiador. E pelo fato
de ter sido educado na corte egípcia, Moisés é o homem mais adequado para ser
empregado, em nome de Deus, como um embaixador para esta corte.
IV-
Moisés recebe o seu nome.
Os judeus nos contam que seu pai, em sua circuncisão, o chamou de Joaquim, mas a
filha do Faraó o chamou de Moisés, que significa “Tirado
das Águas”. Este é o significado do seu nome no idioma egípcio. O fato
de o legislador judeu ser chamado por um nome egípcio é um feliz presságio para
o mundo gentílico, e dá esperança daquele dia em que será dito: Bendito seja o
Egito, meu povo, Isaías 19.25. E a sua educação na corte foi um cumprimento
parcial desta promessa, como um adiantamento, Isaías 49.23: E os reis serão os
teus aios, e as suas princesas, as tuas amas.
O
AGENTE DE LIBERTAÇÃO (2:
1-4: 31) - Comentário Bíblico Wesleyana
1.
O nascimento de Moisés (2:
1-10)
Esboço da Lição
1- MOISÉS, UM
HEBREU NO EGITO
1-1- Salvo das
águas
1-2- Instruído em
toda sabedoria e ciência do Egito
2- MOISÉS, UM
HEBREU PELOS HEBREUS
2-1- O grande
líder não rejeita suas origens
2-2- O grande
líder é forjado pelo Senhor
2-2-1- O chamado
2-2-2- O retorno
2-3- O grande
líder é comparável ao Líder dos líderes, JESUS
TEXTO BÍBLICO: Êxodo
2.1-10
1
- E foi-se um varão da casa de Levi e se casou com uma filha de Levi.
2
- A mulher concebeu, e teve um filho, e, vendo que ele era formoso, escondeu-o
três meses.
3
- Não podendo, porém, mais escondê-lo, tomou uma arca de juncos e a betumou com
betume e pez; e, pondo nela o menino, a pôs nos juncos à borda do rio.
4
- E a irmã do menino postou-se de longe, para saber o que lhe havia de
acontecer.
5
- E a filha de Faraó desceu a lavar-se no rio, e as suas donzelas passeavam
pela borda do rio; e ela viu a arca no meio dos juncos, e enviou a sua criada,
e a tomou.
6
- E, abrindo-a, viu o menino, e eis que o menino chorava; e moveu-se de
compaixão dele e disse: Dos meninos dos hebreus é este.
7
- Então, disse sua irmã à filha de Faraó: Irei eu a chamar uma ama das
hebreias, que crie este menino para ti?
8
- E a filha de Faraó disse-lhe: Vai. E foi-se a moça e chamou a mãe do menino.
9
- Então, lhe disse a filha de Faraó: Leva este menino e cria-o; eu te darei teu
salário. E a mulher tomou o menino e criou-o.
10
- E, sendo o menino já grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou;
e chamou o seu nome Moisés e disse: Porque das águas o tenho tirado.
TEXTO ÁUREO
Sendo fiel ao
que o constituiu, como também o foi
Moisés
em toda a sua casa. Hebreus
3.2
1- MOISÉS, UM
HEBREU NO EGITO
A história de
Moisés, um homem que viveu 120 anos,
é conhecida por
cristãos e não cristãos em todo o mundo. Do nascimento à morte, esta é, sem
dúvida, uma das biografias mais amplas de toda a Escritura. Quando se estuda
sobre um personagem, cuja vida é apresentada com riqueza de detalhes, é
possível encadear os acontecimentos de modo cênico.
1-1- Salvo das
águas
Faraó não queria que os hebreus se multiplicassem no Egito,
visto que eram muito numerosos; por isso, deu ordem às parteiras que matassem
todo nascituro do sexo masculino. O mesmo espírito atuou sobre Herodes nos dias
do nascimento de Jesus: informado pelos magos do Oriente sobre o nascimento do
novo rei de Israel, Herodes mandou matar todos os meninos de até dois anos de
idade (Mt 2.16). Diante de tamanha crueldade, as parteiras preferiam mentir
para o rei, dizendo que, quando chegavam, as mulheres hebreias, muito mais
espertas que as Egípcias, já haviam feito seus próprios partos (Êx 1.15-17).
Joquebede, mãe do recém-nascido Moisés, temendo ter o filho tomado de seus
braços, colocou-o em um cesto e depositou-o sobre as águas do Nilo. Miriã, sua
irmã, seguiu o trajeto das águas até assistir o Momento em que a filha de
Faraó, que se banhava no rio, viu o cesto, abriu-o e reconheceu que o bebê
tinha características hebreias (Êx 2.6b). A filha de Faraó decidiu tomar o
menino para si. Mirian, então, rapidamente prontificou-se a arranjar uma ama
para a criança. A princesa aceitou a oferta. Assim, sem que a filha de Faraó
soubesse, Miriã apresentou sua própria mãe para cuidar do menino até, pelo
menos, o fim do seu alactamento (aos quatro ou cinco anos de idade).
1-2-
Instruído em toda sabedoria e ciência do Egito
De
volta aos braços da mãe, o menino estava seguro — e financeiramente garantido
pela coroa real (eu te darei teu salário; Êx 2.9). Com o dinheiro que
Receberia, Joquebede e sua família teriam suas necessidades materiais supridas.
Moisés aprendera com sua mãe segredos que precisaria levar para a vida: um
deles era que ele pertencia ao povo hebreu. De acordo com o historiador Flávio
Josefo, Moisés teria sido levado à presença de Faraó aos dois anos de idade;
quando o rei o viu, ele teria colocado sua coroa sobre a cabeça do menino. No
palácio, Moisés comia a melhor comida, vestia as melhores roupas e recebia a
melhor educação. De acordo com Flávio Josefo, quando saía pelas ruas, montado
em uma carruagem puxada por belos cavalos, as pessoas o aplaudiam. Quando
atravessava o Nilo em uma chalupa — embarcação pequena com um ou dois mastros
—, ao som de música e danças, todos paravam para assistir. Moisés foi instruído
em toda a ciência dos egípcios (At 7.22). Ressalte-se que os egípcios detinham
grande saber científico à época: faziam cirurgias no estômago e no cérebro com
muita eficiência; conheciam a arte da mumificação (embalsamavam corpos de
homens, aves e animais, encontrados intactos ainda hoje) etc. Todos esses
métodos causam espanto na comunidade científica ainda hoje. Na engenharia,
arquitetura e artes, eram imbatíveis. Aliás, como as pirâmides foram
construídas? Como transportavam imensos blocos de pedras por longa distância,
se não havia pedreiras a menos de 15 Km de distância delas? Certamente, os filósofos
e sacerdotes egípcios tentaram incutir na mente de Moisés suas crenças
religiosas, mas as instruções que recebera de sua mãe ficaram impregnadas na
sua alma.
2-
MOISÉS, UM HEBREU PELOS HEBREUS
Ao presenciar a briga entre um egípcio e um escravo
hebreu,
Moisés assumiu o lado do hebreu, ferindo o egípcio, imaginando que ninguém
tivesse testemunhado o ocorrido (Êx 2.11,12). No dia seguinte, presenciou uma
cena parecida e, ao tentar salvar o hebreu, ouviu o egípcio falar: Quem te tem
posto a ti por maioral e juiz sobre nós? Pensas matar-me, como mataste o
egípcio (Êx 2.13,14a)? Diante de tal interpelação, Moisés entendeu que fora
visto e que não ficaria impune. Sua infidelidade ao Egito custaria sua própria
vida. Temendo por isso, o filho de Joquebede deixou o Egito e fugiu para o
deserto de Midiã (Êx 2.14b,15).
SUBSÍDIO
2
Moisés
viveu aquilo que Jesus enuncia: o discipulado requer renúncia até mesmo dos
familiares mais próximos, como mulher, pai, mãe e irmãos (Mt 19.29). A
fidelidade de Moisés à sua casa (Hb 3.2 ARC), ou à casa de Deus (Hb 3.2 NTLH),
é demonstrada em seu apreço pelos escravizados hebreus, em cuja defesa se
colocou.
2-1-
O grande líder não rejeita suas origens
Todo
ato de fidelidade requer uma renúncia. Quando aceitamos a Cristo como nosso
Salvador, declaramos fidelidade a Ele, renunciando ao mundo e ao pecado. Quando
um homem jura fidelidade à sua esposa, ele está renunciando ao amor de qualquer
outra mulher, e vice-versa. A fidelidade impõe abdicação. Certamente, não foi
fácil para Moisés renunciar uma família, sobretudo uma mãe. Embora ele soubesse
que a filha do Faraó não era sua mãe biológica, é impossível pensar que não
havia afeto entre ambos; afinal, foram muitos anos vividos dentro de um mesmo
palácio. Pode-se afirmar, com certa propriedade, que, se Moisés quisesse
manter-se fiel à casa do Egito, em vez de ser fiel à casa de Deus, ele seria o
sucessor do trono de Faraó. No entanto, o texto bíblico dá-nos ciência de que
Moisés renunciou às benesses advindas da condição de membro da família real.
Diz o escritor de Hebreus que, pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser
chamado filho da filha de Faraó (Hb 11.24). Sim o grande líder prefere
manter-se fiel à sua própria casa a rejeitar suas origens.
2-2-
O grande líder é forjado pelo Senhor
Moisés
viveu duas experiências contrastantes: uma no palácio, como príncipe; e outra
no deserto, como beduíno, pastoreando ovelhas, subindo montanhas e caminhando
entre as pedras debaixo de um sol causticante. No palácio, Moisés aspirava as
fragrâncias dos mais caros perfumes; no deserto, o mau cheiro das fezes de
animais. No palácio, trajava vestes reais; no deserto, roupas sujas de um
nômade. Tais experiências, aparentemente colidentes e imiscíveis, foram, na
realidade, complementares: ambas serviram, cada uma a seu tempo, para forjar o
caráter do grande líder da nação hebraica. O menino que fora salvo da morte
pelas mãos de uma egípcia voltaria à terra do Faraó para libertar o seu povo da
escravidão.
2-2-1-
O chamado
No
deserto, Moisés encontrou-se com Deus. No solo pedregoso do alto do monte
Horebe, ele foi atraído pelo fogo que não destruía um pequeno arbusto solitário
(Êx 3.2). Ao aproximar-se daquela sarça ardente, de repente, ele ouviu: Não te
chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu
estás é terra santa (Êx 3.5). Deus, então, incumbiu-o de voltar para o Egito e
liderar o Seu povo rumo a Canaã, terra que havia jurado dar ao patriarca Abraão
(Êx 3.6-10).
2-2-2-
O retorno
Após
muito relutar, Moisés partiu em missão para o Egito, em obediência a Jeová (Êx
3.11—4.18). Muitos foram os embates com Faraó (Êx 5.1—12.30).
Cada
vez que Moisés reunia-se com o rei do Egito, a situação piorava para os
hebreus, a ponto de eles pedirem a Moisés que não voltasse mais ao palácio (Êx
5.6-21). Todavia, os planos eternos do Soberano de Israel viriam a se cumprir —
e se cumpriram — na vida do povo da aliança, conforme Ele mesmo prometera (Êx
12.31).
2-3-
O grande líder é comparável ao Líder dos líderes, JESUS
O
escritor sagrado inicia o terceiro capítulo da epístola
aos
Hebreus falando da fidelidade de Jesus; para ressaltar a importância desse
aspecto, ele destaca Moisés como exemplo maior de fidelidade no antigo pacto:
Meus irmãos na fé, vocês que também foram chamados por Deus, olhem para JESUS
(...) Pois ele foi fiel a Deus, que o escolheu para esse serviço,
assim
como Moisés foi fiel no seu trabalho em toda a casa de Deus (Hb 3.1,2 NTLH).
Quando presenciou o conflito entre um hebreu e um egípcio, Moisés poderia
apenas ter ignorado a situação, mesmo porque tais conflitos deveriam ser
recorrentes, mas o seu sangue clamava. O sangue fala alto. Moisés desfrutava de
todo o conforto que o palácio lhe conferia, mas, na hora de posicionar-se, ele
não tinha dúvida de que deveria ficar do lado dos escravos hebreus.
A
fidelidade tem um custo: assim como Jesus não hesitou em entregar Sua vida para
o resgate de muitos, Moisés decidiu pagar o preço para o resgate dos seus
irmãos. O filho de Joquebede não teve dúvidas quando precisou escolher entre os
hebreus e os egípcios; ele sabia bem quem era cada povo.
CONCLUSÃO
Moisés
foi o maior líder do Antigo Testamento. Este homem foi chamado por Deus e usado
por Ele para libertar o Seu povo da escravidão egípcia, que já se estendia por
400 anos.
Moisés
passou por um longo processo de preparação. Os anos de capacitação de Moisés —
desde a casa de sua mãe, sua vida no palácio, sua instrução em toda a sabedoria
do Egito, o incidente que o forçou a fugir para Midiã, os anos vividos no
deserto até a incumbência de liderar um êxodo rumo à terra de Canaã — forjaram
um homem forte, capaz de renunciar às riquezas deste mundo.
O filho de
Joquebede conviveu com os extremos da sociedade humana: sua vida orbitou entre
a glória de um palácio real e as agruras de um deserto cáustico. Ainda muito
cedo, ele teve de escolher entre viver os prazeres e as riquezas desta vida, ou
padecer com a sua casa até que ela se tornasse uma nação.
Moisés
fez a melhor escolha.
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