A GALERIA DOS HEROIS DA FÉ
TEXTO PRÁTICO: que "pela fé conquistaram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam a boca de leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram força, tornaram-se poderosos na batalha e puseram em fuga exércitos estrangeiros" Hebreus 11:33-34
A
chamada "Galeria dos Heróis da Fé" encontra-se
no capítulo 11 da Epístola aos Hebreus, e o versículo 4 é o primeiro a
apresentar um desses heróis: Abel.
Hebreus
11:4 diz: "Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício superior
ao de Caim. Pela fé ele foi reconhecido como justo, quando Deus aprovou as suas
ofertas. Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala."
Este
versículo estabelece Abel como o primeiro exemplo de fé na história, conforme
registrado nas Escrituras. Alguns pontos importantes sobre Abel neste contexto:
- Fé
como Motivadora: O
texto enfatiza que foi pela fé que Abel ofereceu seu sacrifício.
Isso sugere que sua ação não foi um mero ritual, mas uma expressão de
confiança e crença em Deus. A qualidade "superior" do sacrifício
de Abel provavelmente reside na atitude de fé com que foi oferecido, e talvez
também na natureza do sacrifício em si (um cordeiro, primogênito do seu
rebanho, possivelmente apontando para o futuro sacrifício de Cristo).
- Justiça
Reconhecida por Deus:
A fé de Abel resultou no testemunho divino de que ele era justo. Deus
aprovou suas ofertas, demonstrando Sua aceitação da fé de Abel.
- Legado
Duradouro: Mesmo após
a sua morte, Abel "ainda fala por meio da fé". Seu exemplo serve
como um testemunho perene do poder e da importância da fé para agradar a
Deus. Ele se torna um modelo para todos os que viriam depois, mostrando
que a fé genuína é o fundamento de um relacionamento correto com o
Criador.
Em
resumo, Hebreus 11:4 usa a figura de Abel para introduzir o tema da fé como a
força motriz por trás das ações que agradam a Deus. Ele é o primeiro elo de uma
longa corrente de homens e mulheres que viveram pela fé, confiando em Deus e em
Suas promessas, mesmo diante de circunstâncias desafiadoras. Os versículos
seguintes continuarão a apresentar outros heróis da fé, como Enoque e Noé, cada
um ilustrando diferentes aspectos dessa virtude essencial.
A
Bíblia menciona diversos personagens como heróis da fé, principalmente no
capítulo 11 da Epístola aos Hebreus, conhecido como a "Galeria dos Heróis
da Fé". Estes indivíduos são exemplos notáveis de confiança e obediência a
Deus em diferentes épocas e circunstâncias.
Os
principais heróis da fé mencionados nominalmente em Hebreus 11 são:
- Abel
(Hebreus 11:4):
Ofereceu a Deus um sacrifício superior por meio da fé e foi reconhecido
como justo.
- Enoque
(Hebreus 11:5-6):
Andou com Deus e foi trasladado para não ver a morte, agradando a Deus
pela sua fé.
- Noé
(Hebreus 11:7): Pela
fé, construiu a arca e salvou sua família do dilúvio, obedecendo às
advertências de Deus sobre coisas que ainda não se viam.
- Abraão
(Hebreus 11:8-19):
Obedeceu ao chamado de Deus para ir a uma terra desconhecida, viveu como
estrangeiro na terra prometida, creu na promessa de uma descendência
numerosa e ofereceu seu filho Isaque em sacrifício, confiando na
ressurreição.
- Sara
(Hebreus 11:11-12):
Pela fé, mesmo sendo estéril e avançada em idade, recebeu poder para
conceber, crendo na fidelidade de Deus.
- Isaque
(Hebreus 11:20):
Abençoou Jacó e Esaú com base na fé em promessas futuras.
- Jacó
(Hebreus 11:21):
Próximo da morte, adorou a Deus apoiado em seu bordão e abençoou os filhos
de José, demonstrando fé nas promessas divinas para o futuro de Israel.
- José
(Hebreus 11:22): Ao
morrer, mencionou a saída dos israelitas do Egito e deu ordens sobre seus
ossos, crendo no cumprimento da promessa da Terra Prometida.
- Moisés
(Hebreus 11:23-28):
Foi escondido por seus pais pela fé, recusou ser chamado filho de Faraó,
escolheu ser maltratado com o povo de Deus, perseverou como quem vê o
invisível e instituiu a Páscoa pela fé.
- Raabe
(Hebreus 11:31): A
prostituta de Jericó que, pela fé, acolheu os espias israelitas e não
pereceu com os incrédulos.
Além
desses mencionados nominalmente, o autor de Hebreus também se refere a outros
heróis da fé de forma mais genérica, que "pela
fé conquistaram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam a
boca de leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da
fraqueza tiraram força, tornaram-se poderosos na batalha e puseram em fuga
exércitos estrangeiros" (Hebreus 11:33-34). Embora seus nomes não
sejam especificados aqui, podemos inferir que se trata de figuras como Gideão,
Baraque, Sansão, Jefté, Davi e Samuel, mencionados no versículo 32.
Esses
heróis da fé, com suas vidas e ações, ilustram a natureza da fé como confiança
em Deus e em Suas promessas, mesmo diante de desafios e incertezas. Eles servem
como exemplos inspiradores para os cristãos de todas as épocas.
OS GIGANTES DA FÉ E O SEU LEGADO
TEXTO BÍBLICO: Hebreus 11:1-8, 22-26,30-34
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e
a prova das coisas que se não veem" (Hb.11:1).
INTRODUÇÃO
Dando
continuidade ao estudo da Epístola aos Hebreus, estudaremos nesta Aula a
respeito dos heróis da fé - descritos no capítulo 11 - e o seu legado para a
Igreja. Trataremos a respeito da jornada de fé desses homens e mulheres de
Deus, e como isso deveria ser tomado como exemplo para os cristãos da Nova
Aliança (cf.Hb.11:1-40). A fé demonstrada por esses
gigantes da fé em diferentes momentos da história, e em diferentes situações,
foi o que garantiu as suas inserções na galeria dos heróis bíblicos. Esses
heróis e heroínas eram pessoas comuns, sujeitos às intempéries da vida, mas a
fé deles em Deus fez com que superassem grandes obstáculos, fazendo com que o
nome do Senhor fosse exaltado. Eles deixaram, sem dúvida alguma, um legado
extraordinário, o qual deve ser considerado pela igreja durante a sua jornada
rumo à Pátria celestial. É válido ressaltar que esses heróis da fé não tinham
as Escrituras Sagradas como temos hoje, o que tornava o conhecimento deles a
respeito de Deus limitado, se comparado a nós hoje. Essa mesma fé, que
garantiu que eles sempre avançassem e nunca recuassem, é a que devemos imitar.
I.
A FÉ QUE GERA CONFIANÇA EM DEUS
1. O sacrifício de Abel. “Pela fé, Abel ofereceu a
Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser
justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também
mesmo depois de morto, ainda fala” (Hb.11:4).
Caim
e Abel foram os dos primeiros filhos e Adão e Eva (cf. Gn.4:2-5). Caim
tornou-se lavrador e Abel tornou-se pastor de ovelhas. Ao fim de algum tempo,
ambos resolveram oferecer um sacrifício a Deus. Caim levou alguns frutos do
solo, mas Abel ofereceu o melhor dos seus carneiros. Deus se agradou da oferta
de Abel, mas não a de Caim (Gn.4:4,5) - "Pela
fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim" (Hb.11:4).
Por
que Deus rejeitou a oferta de Caim? A razão de Deus
ter aceitado o sacrifício de Abel e rejeitado o de Caim não foi baseado no fato
de que o sacrifício de Caim era sem sangue; muitas das oferendas exigidas no
Antigo Testamento eram sem sangue, como as ofertas de manjares (cf.
Lv.2:1-16). A diferença estava nos corações daqueles dois ofertantes. A Bíblia
relata que o modo de vida de Caim não era agradável a Deus e, por isso, Deus
não aceitou a sua oferta. Abel ofereceu com fé (Hb.11:4), ao passo que Caim,
não. Aliás, a Bíblia afirma que Caim era do maligno (1João 3:12), ou seja, não
tinha um coração temente e submisso a Deus e, por isso, não foi aceita a sua
oferta. Esta diferença básica entre os dois ofertantes é indicada pelas
palavras no texto sagrado: Deus “atentou para Abel e para sua oferta. Mas para
Caim e para a sua oferta não atentou” (Gn.4:4,5). Provérbios 21:27 diz: “O
sacrifício dos ímpios é abominação; quanto mais oferecendo-o com intenção
maligna!”. Somente quando são oferecidos com fé, os sacrifícios e o serviço dos
homens agradam a Deus (cf.Is.1:11-17; Ml.1:6-14).
Na
realidade, a chave para o fracasso de Caim se encontra nas cuidadosas
descrições do texto sagrado, referentes ao tributo de Caim e Abel - “Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor” (Gn.4:3).
Aqui, não há indicação que este “fruto da terra” seja o primeiro e o melhor.
Abel ofertou o melhor que tinha; ele “trouxe dos
primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura” (Gn.4:4); seu coração
era sincero; seu culto era verdadeiro (Hb.11:4). Portanto,
o pecado de Caim foi a superficialidade. Ele parecia religioso, porém seu
coração não era totalmente dependente de Deus, não era sincero nem grato.
Hoje,
o que oferecemos ao Senhor no culto?
Nossas ofertas demonstram a atitude real de nossos corações? (Sl.51:17). Deus
se agrada do gesto de gratidão e reconhecimento, do que está no coração do
homem, não do que está sendo apresentado em termos materiais. Tanto assim é
que, ao indagar Caim sobre sua oferta, Deus diz que ele deveria ter feito bem,
ou seja, não como um mero formalismo, não como um mero ritual, mas como algo
espontâneo e que proviesse do fundo da alma, pois, somente neste caso é que
haverá aceitação por parte do Senhor (Gn.4:7).
2. O testemunho de Enoque. “Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte e não foi achado, porque Deus o trasladara, visto como, antes da sua trasladação, alcançou testemunho de que agradara a Deus” (Hb.11:5).
Enoque
é a sétima personagem mencionada na descendência de Adão pela linhagem piedosa
de Sete. Dentre todos os homens antediluvianos é o que mais se destaca, pois,
ao contrário dos demais, não provou a morte, pois, diz
a Bíblia, andou com Deus trezentos anos e Deus para Si o tomou
(Gn.5:22). Com relação ao tempo de vida à época, ele morreu muito cedo - “Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e
cinco anos” (Gn.5:23). Quando ele tinha 65 anos nasceu seu filho Matusalém
(Gn.5:21), que foi o homem mais longevo da terra – “novecentos e sessenta e
nove anos; e morreu” (Gn.5:27). Entretanto, quando Matusalém morreu, sobreveio
o dilúvio. “...É melhor viver menos tempo como Enoque, andar com Deus e ser
levado por Ele, do que viver muitos anos como Matusalém e morrer na lama do
dilúvio..." (Osmar José da SILVA. Reflexões filosóficas de eternidade a
eternidade, v.3, p.24).
“Enoque foi trasladado para não ver a morte e não foi achado,
porque Deus o trasladara”. Veja que
a credencial para que Enoque fosse trasladado para não ver a morte foi andar com
Deus (Gn.5:22). Deus chamou Enoque para perto de si por causa do seu andar na
fé. Sem fé ninguém agrada a Deus. Assim como Enoque foi trasladado para não ver
a morte, a Igreja será arrebatada para viver eternamente com o Senhor
(1Ts.4:13-18; 1Co.15:51-58). Somente os verdadeiros e sinceros servos do
Senhor, que andam com Deus, têm a consciência do arrebatamento e, por causa
disto, mantêm-se vigilantes, aguardando o Senhor a qualquer momento
(Mt.24:43,44; Mc.13:29-37; Lc.21:34-36).
Enoque,
apesar de andar com Deus, não abandonou a vida social nem familiar, pois é dito
que teve filhos e filhas (Gn.5:23). Andava com Deus num ambiente de maldade e
de infidelidade. Enoque tinha comunhão com Deus levando uma vida de fé e
pureza, não separado dos seus, mas como chefe de uma família. Isto nos mostra
que para servir a Deus não há necessidade de se isolar do mundo. Aliás, a
santidade nada tem a ver com o isolamento físico, como bem nos mostrou Jesus
(Lc.7:31-35). Para o homem andar com Deus, é preciso que esteja de acordo com a
Sua Palavra (Am.3:3). A Igreja que será arrebatada é aquela que não se misturou
com o mundo nem com o pecado, que preferiu seguir o seu Senhor (Ap.3:8-10;
Ef.5:25-27).
Andar
com Deus significa
renunciar a si mesmo e aceitar viver única e exclusivamente para fazer a
vontade divina (Mt.10:37-39; 16:24-27; Mc.8:34-38; Lc.9:23-26; Ef.5:15-17).
Andar
com Deus significa
renunciar ao pecado e à impiedade (Sl.1:1,2; Tt.2:11-14).
Andar
com Deus significa
tomar o caminho estreito e apertado, mas que conduz à salvação. Significa
submeter-se ao Senhor Jesus (Mt.7:13,14; João 14:5,6; 15:14).
Para
andar com Deus, portanto, devemos andar como Cristo andou, e assim seremos
vitoriosos (1João2:6; 1Co.11:1; Ef.5:1; Fp.3:17; 1Pd.2:21).
A
Igreja primitiva tinha tanta preocupação em andar com Deus que era conhecida
como o Caminho (At.18:26; 19:9; 22:4; 24:14).
3. A confiança de Noé. “Pela fé, Noé, divinamente
avisado das coisas que ainda não se viam, temeu, e, para salvação da sua
família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da
justiça que é segundo a fé” (Hb.11:7).
A
Bíblia descreve Noé como sendo um homem reto e justo e que andava com Deus.
Escolhido por Deus para preservar a humanidade e os animais do Dilúvio que
havia de vir, Noé viveu numa época parecida com a nossa: violenta, má e
corrupta. Os homens viviam alienados de Deus, sem padrões éticos e morais, sem
amor, presunçosos, violentos... Sua maldade e degeneração eram tais que o
Senhor decidiu destruir toda a humanidade
(Gn.6.7,13). Entretanto, Noé escolheu ser um homem temente a
Deus, a tal ponto que achou graças aos seus olhos (Gn.6:8) em um mundo caído.
Diz
o escritor aos hebreus que Noé construiu a arca pela fé, porque confiou no
aviso divino da destruição. Foi a fé de Noé que o fez pregar durante cem anos,
sem que ninguém tivesse crido. A fé de Noé deve ser imitada por nós. Noé creu
em algo que nunca havia visto, a chuva; construiu algo que nunca imaginara
fazer, a Arca; durante um ano cuidou de animais que jamais tinha sequer
conhecido. Tudo fez por fé e, por isso, foi poupado da destruição, abençoado e
se tornado uma bênção para toda a humanidade. De igual modo, todos aqueles que,
nos dias anteriores à vinda de Cristo, Nele confiarem, também serão guardados
da hora da tentação que há de vir sobre o mundo (Ap.3:10,11).
II.
A FÉ QUE FAZ VER O INVISÍVEL
1. A obediência de Abraão. “Pela fé,
Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por
herança; e saiu, sem saber para onde ia” (Hb.11:8).
Abraão
provavelmente era um idólatra que vivia em Ur dos caldeus quando Deus lhe
apareceu dizendo que se mudasse. Com a obediência da fé, ele deixou sua casa,
sem saber o destino. Sem dúvida, seus amigos o ridicularizaram por tal loucura,
mas esta foi sua atitude, em obediência ao chamado de Deus. A caminhada da fé
muitas vezes dá aos outros a impressão de imprudência e insensatez, mas o homem
que conhece a Deus está contente em ser guiado com os olhos da fé, porque é com
os olhos da fé que o crente enxerga o desconhecido e acredita no futuro
prometido por Deus à sua amada Igreja.
A
Epístola aos Hebreus explica que “pela fé Abraão
obedeceu”, e descreve três atos
resultantes da fé de Abraão: (a) ele mudou-se para uma nova terra
(Hb.11:8); (b) ele foi pai na sua velhice (Hb.11:11); (c) ele estava
disposto a obedecer à ordem de Deus de sacrificar o seu único filho (Hb.11:17).
Abraão demonstrava a sua fé por meio dos seus atos. A sua fé o justificou
diante de Deus.
A
fé de Abraão é vista, em primeiro lugar, na sua obediência em sair de sua terra
e ir para um lugar que havia de receber de Deus por herança. Abraão partiu com
base na promessa de Deus, sem saber para onde ia (vide Gn.12:1-9). Abraão
confiou nas promessas que Deus lhe fez, de bênçãos ainda maiores no futuro. A
vida de Abraão era cheia de fé.
Os
crentes podem se sentir encorajados com o exemplo de fé de Abraão. Deus pode
nos pedir para abandonarmos um ambiente seguro e familiar para realizar a sua
vontade; Ele pode nos pedir para realizarmos tarefas difíceis. Mas nós podemos
ter a certeza de que o resultado será sempre para o nosso bem e nos levará para
mais perto dele. Pense nisso!
2. A fidelidade de José. “Pela fé, José, próximo da
morte, fez menção da saída dos filhos de Israel e deu ordem acerca de seus
ossos” (Hb.11:22).
A
Escritura testemunha sobre a fidelidade de José. Ele foi fiel a Deus em todas
as circunstâncias. Foi fiel a Deus, temeu ao Senhor, não importando o que lhe
aconteceria ao longo da vida: foi fiel a Deus na casa de seu pai, como filho;
como escravo, em terra estranha; na casa do cárcere, como preso injustiçado e;
no palácio de Faraó, como governador do Egito. Esta firmeza e constância é algo
que devemos reproduzir no nosso andar com Cristo até que o Senhor volte ou que
nos chame para a sua glória. O Senhor é bem claro em sua carta à igreja de
Esmirna: “…Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa
da vida” (Ap.2:10).
Devido
à fidelidade de José a Deus, ele foi promovido para um alto posto no Egito. O
diácono Estevão, em seu grande discurso diante dos seus algozes, ratificou este
fato - “E livrou-o de todas as suas tribulações
e lhe deu graça e sabedoria ante Faraó, rei do Egito, que o constituiu
governador sobre o Egito e toda a sua casa” (Atos 7:10). Mas, embora
José pudesse ter usado a sua posição para construir um império pessoal, ele
lembrou-se da promessa de Deus a Abraão. José creu na promessa de Deus de que
os filhos de Israel iriam sair do Egito e retornar a Canaã. Ele tinha tanta
certeza disso, que lhes recomendou, quando estava próximo da morte (Hb.11:22),
que levassem os seus ossos consigo quando partissem, para que ele pudesse ser
sepultado na Terra Prometida (Gn.50:24,25; Ex.13:19; Js.24:32). Mesmo no seu
leito de morte, José perseverou na sua fé, esperando desejosamente as promessas
que Deus tinha feito. É essa fé, que nos faz enxergar o desconhecido e
acreditar no futuro.
3. A determinação de Moisés. “Pela fé, Moisés, sendo já
grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser
maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo, ter o gozo do
pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros
do Egito; porque tinha em vista a recompensa” (Hb.11:24-26).
Moisés foi o grande líder do povo de Israel, escolhido pelo Senhor não só para libertar o seu povo da escravidão no Egito, mas para construir a nação israelita nos moldes desejados por Deus. Não é à toa que Moisés, até hoje, é tido e havido pelos israelitas como o mais importante integrante da nação de todos os tempos.
A
grande fé de Moisés foi revelada por meio de sua difícil determinação. A
Epístola aos Hebreus apresenta Moisés como um homem que soube fazer escolhas:
escolheu deixar um nome de glória passageira – filho da filha de Faraó – e as
benesses do título, para sofrer conduzindo um grupo de escravos recém libertos
para uma terra prometida, que no momento estava plenamente ocupada por nações
altamente experimentadas em guerras e sem um mínimo de temor a Deus. Caso
optasse em permanecer no Egito, se tornaria certamente um grande rei com toda a
formação que recebeu, e seria também mais um corpo mumificado a ser descoberto
por arqueólogos. Para Deus não teria nenhum valor. Mas por renunciar a seu
título e da glória inerente a ele, Deus cuidou de Moises em toda a sua vida,
inclusive do seu sepultamento (Dt.34:4-7). Moisés sabia que não poderia tomar
parte em um modo de vida fácil e confortável enquanto seus companheiros hebreus
estavam escravizados. Devido à sua fé, Moisés sabia que o conforto terreno não
era o objetivo final de sua vida.
Moisés
é um exemplo de que a fé exige que as pessoas deixem seus próprios desejos de
lado por Cristo. Ele era motivado porque tinha em vista a recompensa que Deus
lhe daria (Hb.11:26). Embora Moisés não conhecesse pessoalmente Jesus Cristo,
ele sofreu para realizar a vontade de Deus e para proclamar o caminho da
redenção de Deus para os hebreus. Em lugar de fazer do Egito e deste mundo o
seu lar, Moisés deixou o Egito e foi adiante, “porque ficou firme, como vendo o
invisível (Hb.11:27). Pela fé, ele estava certo daquilo que não podia ver
(Hb.11:1). Que possamos seguir o exemplo de fé de Moisés na nossa jornada
espiritual!
III.
A FÉ QUE DÁ PODER PARA AVANÇAR
1. A ousadia de Josué. “Pela fé, caíram os muros de Jericó, sendo rodeados durante sete dias” (Hb.11:30).
Josué era conhecido pela profunda confiança em Deus, como um homem cheio do Espírito Santo (Nm.27:18). Na península do Sinai, foi Josué quem comandou as tropas de Israel na vitória sobre os amalequitas (Êx.17:8-13). Somente ele teve permissão de subir com Moisés ao monte santo, onde foram outorgadas as tábuas da lei (Êx.24:13,14). E foi ele quem ficou de vigia na provisória tenda de encontro, que Moisés levantou antes de erigir o tabernáculo (Êx.33:11). Certamente, dentre os nomes mais importantes da história de Israel, Josué destaca-se como um personagem que tem servido de modelo de liderança. Escolhido por Deus, ele foi um líder moldado por Moisés ao longo da peregrinação de Israel, especialmente a partir da saída dos israelitas da terra do Egito em sua peregrinação no deserto.
Foi
líder guerreiro desde a juventude. É chamado de moço (Êx.33:11) poucos
meses após sair de Egito, provavelmente tendo mais ou menos trinta anos de
idade. Perante os ataques dos amalequitas, Moisés lhe diz: “Escolhe alguns de nossos homens e lute contra os
amalequitas. Amanhã tomarei posição no alto da colina, com a vara de Deus
em minhas mãos” (Êx.17:9). Apesar de ser tão jovem, foi escolhido entre
os 40.500 homens de guerra de sua tribo, Efraim (Nm.2:18,19), como o melhor
para espiar a terra de Canaã (Nm.13:2,8).
Josué
foi o grande líder escolhido por Deus para suceder a Moisés na condução do povo
à Terra Prometida. Após a travessia do Jordão, o primeiro desafio de Josué foi
conquistar a fortificada Jericó. O ingresso na Terra Prometida não poderia ser
feito enquanto Jericó permanecesse de pé. Essa não era uma tarefa fácil.
Exigiria dos israelitas confiança e fé em Deus para derrotar uma cidade de
grandes fortalezas e muros muito altos que escondiam tudo o que havia em seu
interior (Js.6:1).
Jericó
tinha uma característica importante: quando era ameaçada e o medo surgia, seus
habitantes se recolhiam dentro dos seus muros, fechando-se. Conquistar aquela
cidade era estratégico por duas razões: primeiro, porque nada do que nela havia
agradava a Deus; segundo, porque aquela fortaleza deveria exercer certa
influência de insegurança e medo no povo de Deus (parece-me que Josué olhava
para ela com certo temor – Js.5:13,14). Conquistá-la e destruí-la liberaria o
povo de Deus da contaminação de Jericó e da insegurança que ela trazia.
Deus
fala a Josué dando as instruções de como deveria proceder à conquista: a cidade
deveria ser cercada por seis dias; sete sacerdotes levariam sete buzinas; no
sétimo dia rodeariam a cidade sete vezes e os sacerdotes tocariam as buzinas;
quando o povo ouvisse as buzinas, gritaria e assim o muro cairia. Assim
aconteceu. Os israelitas entraram na cidade e destruíram totalmente o que havia
na cidade ao fio da espada, poupando somente Raabe e sua família. A cidade e
tudo o que havia na cidade foi queimado.
A
conquista de Jericó aconteceu quase 3.500 anos atrás, mas a conquista serve
como um exemplo importante para nós instruirmos. Paulo disse que os exemplos do
Antigo Testamento servem para nos instruir (1Co.10:6) e para demonstrar a
fidelidade de Deus em cumprir as suas promessas (Rm.15:4).
Fé
em Deus, obediência aos seus desígnios e ousadia são requisitos indispensáveis
para aqueles que almejam superar todos os obstáculos da vida espiritual e
destruir as fortalezas do inimigo – “Porque as
armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para
destruição das fortalezas” (2Co.10:4). Nossa luta é contra as hostes
espirituais da maldade (Ef.6:12). Por isso, as armas carnais e humanas, tais
como, habilidade, riqueza, capacidade organizacional, eloquência, persuasão,
influência e personalidade, são em si mesmas inadequadas para destruir as
fortalezas de Satanás. As únicas armas adequadas para desmantelar os arraiais
de Satanás, a injustiça e os falsos ensinos são as que Deus nos dá. Paulo
alista algumas dessas armas: a dedicação à verdade, uma vida de retidão, a
proclamação do evangelho, a fé, o amor, a certeza da salvação, a Palavra de
Deus e a oração perseverante (Ef.6:11-19; 1Ts.5:8). Mediante o emprego dessas
armas contra o inimigo, a igreja sairá vitoriosa.
2. A coragem de Raabe. “Pela fé, Raabe, a meretriz,
não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias” (Hb.11:31).
Na
queda de Jericó, Raabe escapou com vida. Josué ordena o rasgaste de Raabe e sua
família (Js.6:17,25). Raabe e sua casa foram poupadas porque ela teve fé em
Deus e ajudou os espias israelitas (Hb.11:31). Tiago também faz menção à fé
dessa mulher quando diz: “E de igual modo não foi a
meretriz Raabe também justificada pelas obras, quando acolheu os espias, e os
fez sair por outro caminho?” (Tg.2:25). Embora fosse uma mulher pagã,
com atitudes totalmente repreensíveis, Raabe reconheceu o poderio e a grandeza
do Deus de Israel. Ela creu que o Senhor era poderoso para subjugar a cidade de
Jericó, apesar de sua fortaleza e fama; por isso tornou-se o elo da vitória de
Israel sobre o restante de Canaã.
Raabe
tornou-se uma pessoa muito especial, porque, depois de ter constituído um
piedoso lar com Salmom, e ter gerado a Boaz (Rt.4:21), bisavô de Davi, passou a
integrar a genealogia de Davi e de Jesus (Mt.1:5,6). Isto ilustra o fato que
Deus aceita qualquer pessoa “que em qualquer nação, o teme e faz o que é justo”
(At.10:35). A fé de Raabe deve servir de inspiração e motivação para quem está
na jornada rumo à Canaã celestial.
3. O heroísmo de Gideão. O autor fecha a sua lista dos heróis da fé citando
vários personagens bíblicos. O autor apresentou uma lista imponente de homens e
mulheres que demonstraram fé e perseverança no período do Antigo Testamento.
“E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de
Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel, e dos profetas, os
quais, pela fé, venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas,
fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da
espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida
os exércitos dos estranhos” (Hb.11:32-34).
Observe que o autor faz uma pergunta retórica: “e que mais direi?” (Hb.11:32). O que mais ele teria de apresentar para deixar claro o que pensa? Não lhe faltavam exemplos, mas tempo. Levaria muito tempo para entrar em detalhes, então ele se satisfaria em nomear alguns e dar uma breve lista de triunfos e provas de fé.
A
lista é encabeçada por Gideão, um dos juízes durante o regime tribal israelita.
Ele foi um dos juízes de Israel escolhido por Deus para livrar o povo de Israel
dos seus inimigos. Gideão foi desafiado por Deus a buscar o livramento do seu
povo por meio da fé. O exército comandado por ele foi reduzido de trinta e dois
mil para trezentos. Primeiro foram mandados para casa os covardes e depois os
que pensavam demais no próprio conforto. Com um time ferrenho de verdadeiros
discípulos, Gideão derrotou os midianitas (cf. Juízes 6:11-8:35). Gideão venceu
os midianitas pela fé; ele confiou na Palavra do Senhor que lhe daria a
vitória. Deus não conta com número, Ele conta com quem tem fé. Nós também
podemos obter a vitória pela fé em Cristo.
CONCLUSÃO
A lista dos gigantes da fé que estudamos não é exaustiva, e o próprio autor deixa essa impressão. Todavia, ela é suficiente para nos incentivar a seguir com fé o desconhecido futuro prometido, independentemente das circunstâncias. A nossa vida pode não incluir o tipo de acontecimentos dramáticos registrados no capítulo dos heróis da fé, que foi estudado, mas certamente inclui momentos em que a nossa fé é posta à prova. Devemos dar testemunho nesses momentos, publicamente e honestamente, e, desta forma, incentivar a fé de outras pessoas. A fé nos leva a suportar a perseguição (Hb.11:27) e nos leva a sofrer por amor a Deus (Hb.11:25,35-38). A única forma de não retroceder é caminhar com fé. A fé derruba o obstáculo, abate o inimigo e se levanta o abatido. A fé deve ter como fundamento alguma revelação de Deus, alguma promessa de Deus. Não é um tatear no escuro. Ela exige a evidência mais segura no universo, que é encontrada na Palavra de Deus. Ela não está limitada a possibilidades; ela invade o reino da possibilidade. Alguém disse: “A fé começa onde terminam as possibilidades. Se é possível, não há nisso glória para Deus”.
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