Texto
Bíblico: 1Co 3:11-15
“Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para
que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal”
(2Co 5:10).
O
Tribunal de Cristo, também conhecido como Tribunal do Bema, é um
conceito bíblico fundamental que se refere a um evento futuro no qual os crentes
em Jesus Cristo prestarão contas de suas vidas e obras diante Dele. É
importante ressaltar que este julgamento é diferente do Julgamento do
Grande Trono Branco, que é para os descrentes.
Reflexão: Hoje Jesus é o Advogado
Justo, Amanhã ele será o Juiz, e todos teremos que comparecer perante o seu
Tribunal para dar conta de Nossa Vida.
O
que é o Tribunal do Bema?
A
palavra grega "Bema" (βῆμα)
se refere a uma plataforma elevada onde juízes ou árbitros se sentavam para
conceder recompensas em jogos atléticos ou para proferir sentenças
judiciais. No contexto bíblico, a imagem é de um lugar onde Jesus Cristo, como
Juiz, avaliará a qualidade e os motivos das obras dos cristãos.
As
passagens bíblicas mais notáveis que falam sobre o Tribunal de Cristo são:
- Romanos 14:10-12: "Pois
todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Assim, pois, cada um de
nós dará contas de si mesmo a Deus."
- 2 Coríntios 5:10: "Porque
todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um
receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal."
- 1
Coríntios 3:10-15:
Esta passagem usa a metáfora de uma construção, onde a obra de cada um
será testada pelo fogo. Materiais como ouro, prata e pedras preciosas
(obras feitas com propósitos divinos) resistirão, enquanto madeira, feno e
palha (obras feitas com motivações egoístas ou carnais) serão consumidos.
Qual o propósito do Tribunal de Cristo?
O
propósito principal do Tribunal de Cristo não é a salvação ou a condenação.
A salvação já é garantida pela fé em Jesus Cristo. O Tribunal do Bema é para:
- Avaliação
das obras: Jesus
examinará o que cada crente fez com os recursos, talentos e oportunidades
que Deus lhe deu durante sua vida terrena. Não se trata apenas das ações
em si, mas também dos motivos e da qualidade por trás delas.
- Recompensa: Aqueles cujas obras resistirem ao
"fogo" (metaforicamente falando) receberão galardões ou coroas.
A Bíblia menciona diferentes tipos de coroas, como a coroa da justiça, a
coroa da vida, a coroa incorruptível, a coroa de glória e a coroa de
regozijo.
- Perda
de galardões: Se as
obras forem "queimadas" (consideradas sem valor eterno), o
crente sofrerá perda, mas sua salvação não será afetada. Ele será salvo
"como que por fogo", ou seja, com dificuldade, mas salvo.
Quem será julgado?
Somente
os crentes, aqueles que
depositaram sua fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador, comparecerão diante
do Tribunal de Cristo. Os incrédulos, por outro lado, enfrentarão o Julgamento
do Grande Trono Branco, onde serão julgados por suas obras e, não tendo seus
nomes escritos no Livro da Vida, serão lançados no lago de fogo.
Quando
acontecerá?
Embora
a Bíblia não especifique a data exata, a maioria dos teólogos acredita que o
Tribunal de Cristo ocorrerá logo após o Arrebatamento da Igreja, no céu,
antes do estabelecimento do Reino Milenar de Cristo na terra.
Implicações
para o crente
A
doutrina do Tribunal de Cristo serve como um lembrete importante para os
crentes:
- Viver
com propósito:
Devemos nos esforçar para viver de forma que agrade a Cristo, usando
nossos dons e talentos para o avanço do Seu Reino.
- Motivações
puras: É essencial
que nossas ações sejam impulsionadas por amor a Deus e ao próximo, e não
por reconhecimento humano ou egoísmo.
- Responsabilidade: Embora a salvação seja pela graça,
há uma responsabilidade individual sobre como administramos a vida que
Deus nos deu.
Em
suma, o Tribunal de Cristo não é um julgamento para definir a salvação, mas sim
uma avaliação das obras dos salvos, com o objetivo de recompensar a fidelidade
e o serviço a Deus. Isso nos convida a uma vida de intencionalidade e dedicação
ao Senhor.
O TRIBUNAL DE CRISTO E OS GALARDÕES
INTRODUÇÃO
Embora
a vida eterna seja um dom gratuito, concedido com base na graça de Deus (Ef
2:8,9), cada um de nós ainda será julgado por Cristo. Todos os crentes terão
que comparecer diante do Tribunal de Cristo para julgamento de suas obras e
atos. O Senhor nos recompensará de acordo com o nosso modo de vida aqui. O
Tribunal de Cristo não se destinará: ao julgamento dos nossos pecados (1João
1:7), pois eles foram perdoados por Jesus no Calvário; a garantir um lugar no
Céu (Ap 22:14), que foi obtido a partir do momento em que cremos em Jesus e
nosso nome foi escrito no Livro da Vida; à condenação, visto que nenhuma
condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1).
I. O TRIBUNAL DE CRISTO E OS CRENTES
A Bíblia assevera que todos os redimidos estão isentos do juízo divino para condenação (João 5:24; Rm 8:1; Hb 10:14-17). Porém, há um juízo futuro para os crentes (1João 4:17; Hb 10:30b), concernente ao grau de sua fidelidade a Deus e a graça que receberam durante esta vida na Terra(1Co 3:10; 4:2-5; 2Co 5:10). Nesse juízo, há a possibilidade do crente, embora salvo, sofrer uma grande perda: (a) perda do trabalho que fez para Deus na sua vida (1Co 3:12-15); (b) perda de glória e de honra diante de Deus (Rm 2:7); (c) perda de galardão (1Co 3:14,15); etc. Deus avaliará a qualidade da vida, da influência, do ensino e do trabalho na Igreja, de cada pessoa e, especialmente, de cada obreiro; se uma obra for julgada indigna, ele perderá o seu galardão, mas, pessoalmente será salvo - “todavia como pelo fogo” (1Co 3:15). A alusão ao “fogo” aqui, provavelmente, significa “salvo por um triz”. Como alguém que está numa casa incendiada e escapa através do fogo, só com vida. É válido ressaltar que este trecho se refere a um julgamento de obras, que se dará no Tribunal de Cristo, logo após o Arrebatamento, e não à purificação de pessoas quanto aos seus pecados. Os nossos pecados já foram purificados pelo sangue de Jesus Cristo (1João 1:7).
1. O julgamento. O
julgamento da Igreja ocorrerá logo após o Arrebatamento, antes das Bodas do
Cordeiro. Acontecerá nas regiões celestiais. Neste Tribunal, os crentes serão
julgados pelas obras que tiverem feito por meio do corpo, ou bem, ou mal (Rm
14:10; 2Co 5:10).
- Esse julgamento não envolve salvação ou perdição, pois todos os crentes que forem arrebatados estarão salvos, mas serão julgadas as obras com vistas à entrega de recompensas, de “galardão”. Nesta oportunidade, muitos serão surpreendidos, pois Deus conhece o coração do homem (1Sm 16:7) e sabe a qualidade de tudo o que está sendo feito em Sua obra, não atentando para a aparência. Diante disto, muitos que, aparentemente, terão feito muito pela obra do Senhor, nada receberão, porquanto suas obras serão consideradas como palha, como madeira, sem condição de resistir ao crivo divino; porém, outros, que, aparentemente, nada teriam feito pelo Senhor, receberão galardões, pois trabalharam em silêncio, sem alarde, mas com dedicação e real devoção. Os critérios do julgamento e o seu tratamento são descritos em 1Co 3:11-15:
“Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” (1Co 3:11-15).
- Esse julgamento será meticuloso. Levará em conta todos os nossos atos e palavras e não apenas o caráter geral da nossa vida (Gl 6:7,8).
“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna”.
-
Esse julgamento será
recompensador. O objetivo final do Tribunal de Cristo é galardoar
aqueles que trabalham na obra do Mestre. Esta é a razão que o apóstolo Paulo
nos exorta a sermos firmes na obra, pois não é vão o nosso trabalho (1Co
15:58).
“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor”.
É bom ressaltar que Jesus não galardoará o crente pelo seu título, não. Não será levado em consideração o crente pastor, diácono, evangelista, presbítero, missionário, revenrendo... O prêmio da soberana vocação (Fp 3:14) será dado aos “servos bons e fiéis” (Mt 25:21,23).
- Nesse julgamento Deus irá coroar seus filhos. Ali teremos as seguintes coroas:
- Da vida (Tg 1:12; Ap. 2:10) - para aqueles que estiverem dispostos a morrer por amor a Jesus Cristo.
-
Da justiça (2Tm 4:8)
– para todo aquele que amar a sua vinda.
-
Incorruptível (1Co 9:25) -
para aqueles que não andam fazendo a vontade da carne.
- De
glória (1Pe 5:4) – para
aqueles que trabalharam por amor na obra do Senhor e não por amor ao dinheiro.
Lembremos,
pois, do estribilho do hino 418 da Harpa cristã: “Depois da batalha Deus me coroará”
2. Quando se dará o Tribunal de Cristo? Após o Arrebatamento da igreja se dará o Tribunal de Cristo, onde os crentes serão julgados e receberão o galardão da parte do Senhor (Ap 22:12). Naquele grande Dia, todos os salvos em Cristo que serviram ao Senhor com integridade, sinceridade, fidelidade e lealdade, receberão a devida recompensa.
Paulo foi um servo fiel que sofreu muitas tribulações, as mais terríveis e insuportáveis (2Co 1:8): foi perseguido, rejeitado, esquecido, apedrejado, fustigado com varas, preso, abandonado, condenado à morte, degolado. Mas, em vez de fechar as cortinas da vida com pessimismo, amargura e ressentimento, termina erguendo ao céu um tributo de louvor ao Senhor. Na antessala do martírio, afirmou com inefável alegria: "eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu tesouro até aquele dia" (2Tm 1:12). Paulo não termina a vida com palavras de decepção, mas com um tributo de glória ao Salvador (2Tm 4:18b). A esperança da glória manteve esse bandeirante do cristianismo de pé nas lutas mais renhidas. Ele tombou na terra, pelo martírio, mas ergueu-se no céu para receber a recompensa.
Portanto, não desanimes, prezado obreiro do Senhor! Talvez o teu trabalho não esteja sendo levado em conta diante dos homens, mas Deus está vendo. Em breve, na Sua vinda, ele te recompensará (Ap 22:12). Pense nisso!
3. Onde ocorrerá o Tribunal de Cristo? Não é preciso muito esforço para perceber que o Tribunal de Cristo ocorrerá na esfera das regiões celestes. 1Tessalonicenses 4:17 diz que seremos "arrebatados [...] entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares". Visto que o Tribunal segue a translação, os "ares" devem ser o seu palco. Isso também é apoiado por 2Coríntios 5:1-8, em que Paulo descreve os acontecimentos que ocorrem quando o crente "deixar o corpo e habitar com o Senhor". Desse modo, isso deve acontecer na presença do Senhor na esfera dos "lugares celestiais".
Cremos
que não será na Terra para não ser presenciado pelos pecadores que durante sua
vida foram hostis ao povo de Deus; também não será no Céu, pois diante do
Tribunal haverá decepções (1João 2:28; 1Co 3:13-15), coisa que não haverá no
Céu, pois ele é feito de alegria no Espírito Santo.
A história de Isaque e Rebeca relatada em Gênesis 24, nos fornece uma antecipação figurativa deste fato, pois nos diz o texto que Rebeca deixou sua terra natal e empreendeu uma longa caminhada para se encontrar com Isaque. Todavia, o encontro não se deu na casa de Isaque, mas no campo, o que nos dá a ideia de que o Tribunal de Cristo será nos ares.
4. Quem será o Juiz? Conforme 2Corintios 5:10 e 2Tm 4:8 o Juiz desse Tribunal será, indubitavelmente, Jesus Cristo. João 5:22 declara que todo o julgamento foi confiado às mãos de Jesus, o Filho de Deus. O fato de esse mesmo acontecimento ser citado em Romanos 14:10 como “o Tribunal de Cristo” mostra também que Deus confiou o julgamento às mãos de Jesus. Parte da exaltação de Cristo é o direito de manifestar autoridade divina no julgamento.
II. AS OBRAS DO CRENTE E O JULGAMENTO DE CRISTO
1. A precisão do julgamento. O julgamento será preciso, pois passará pelo crivo do justo Juiz; será comparado à passagem de materiais pelo fogo (1Co 3:13-15). Este fogo é destrutivo e não purificador; destrói apenas obras e não obreiros; causa perda e não lucro; destrói apenas o que for falso e não verdadeiro; causa apenas reprovação da obra e não do obreiro. Nessa ocasião, serão julgadas as obras – aquelas realizadas em Cristo - e não o obreiro (1Co 3:11-15). E somente duas palavras serão ali pronunciadas: aprovado ou reprovado, pois o fogo divino declarará a obra de cada um, revelará qual foi a verdadeira intenção do coração de cada crente que será julgado. O apóstolo Paulo diz que cada crente dará contas a Deus de todas as obras que houverem praticado aqui (Rm 14:11,12).
Podemos até cogitar que Galardão será destinado para os salvos, mas o apóstolo Paulo afirma que tais honrarias estarão infinitamente além do que sonha ou cogita a imaginação humana - “Mas, como está escrito: as coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam” (1Co 2:9). Além da esplendorosa cidade que Jesus preparou para sua Igreja (João 14:1-3; Fp 3:20), com todos os seus indivisíveis e inimagináveis atrativos, o maior galardão do crente será a presença indelével do Senhor (João 14:3; 17:24).
2. Ouro, prata e pedras preciosas. Estes elementos representam o trabalho feito com humildade e temor, para a glória do Senhor (1Co 10:31). As obras que forem comparadas a estes três materiais serão aprovadas, e os seus praticantes serão galardoados (1Co 3:13,14). Veja a análise de cada elemento, na visão do pr. Elinaldo Renovato de Lima.
a) Obras comparadas a ouro. Na Bíblia, o ouro é símbolo das coisas de Deus, das coisas divinas (Jó 22.23-25; Ap 3.18). São obras que são feitas para a glória de Deus, feitas em comunhão com Ele, "feitas em Deus" (João 3.21), de pleno acordo com sua Palavra. O crente que glorifica a Deus com suas obras está praticando obras comparáveis a ouro (Mt 5.16). São "as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas" (Ef 2.10). Se tratamos os irmãos e os outros com o amor de Deus, isso é comparado a ouro. Quando usamos bem os talentos dados por Deus, realizamos obras "de ouro" (Mt 25.14,20). São obras que glorificam a Deus: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus" (Mt 5.16).
b) Obras comparadas a prata. Na tipologia bíblica, a prata é símbolo de redenção. No Antigo Testamento, a redenção dos filhos de Israel era paga em prata (Ex 30.11-16; Lv 5.15; 27.3). No Novo Testamento, simboliza a redenção feita por Cristo: "sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais" (1Pe 1.18; 1Co 6.20). São obras feitas em Cristo. O crente que ganha almas, que prega a Palavra, que dá bom testemunho da sua fé em Jesus, está realizando obras de prata. Os obreiros do Senhor que cuidam bem do rebanho realizam obras de prata. Visitar os enfermos, os carentes, evangelizar, podem ser obras de prata.
c) Obras comparadas a pedras preciosas. São símbolos do Espírito Santo, ou da glória de Cristo no crente (ver João 17.22). Os crentes que possuem os dons espirituais (1Co 12) têm o adorno do Espírito Santo. São obras feitas pelo poder do Espírito Santo (Fp 3.3; Tt 3.5). São obras na unção do Espírito Santo. Evangelizar, pregar, cantar na unção, podem ser pedras preciosas. É o testemunho eloquente do servo ou da serva de Deus, andando de acordo com a sã doutrina (Tt 2.10).
3. As obras que perecerão: de Madeira; de Feno; de Palha. Estes tipos de materiais não resistem ao fogo. As obras que forem comparadas a estes três tipos de materiais não ensejarão galardões - "Se a obra de alguém se queimar, sofrera detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo" (1Co 3:15).
Veja, a seguir, uma nálise destes três elementos, conforme entendimento do pr. Elinaldo Renovato de Lima.
a) de Madeira. Na Bíblia, madeira é símbolo das coisas humanas. É uma figura da árvore, que cresce por si mesma. Há crentes que fazem muitas coisas, mas buscando a glória humana. No fogo do julgamento, elas vão desaparecer. Há quem trabalha muito nas igrejas, mas não o fazem para a glória de Deus. Logo, não terão o reconhecimento por parte do Senhor.
b) de Feno. Feno é capim, é erva seca. São obras aparentes, mas sem consistência, como erva seca (Is 15.6). É coisa perecível (Is 51.12). Representam obras de crentes que fazem muita coisa para aparecer. A preocupação deles é com a quantidade e não com a qualidade. Um monte de feno pode ser muito grande, mas, no fogo, desaparece em segundos. Não haverá galardão para esse tipo de obra. Pregar para aparecer; pregar por dinheiro; cantar para aparecer, para ter a glória dos homens, buscando o aplauso das multidões, sem dúvida alguma, são obras de feno; aparecem muito, mas não têm consistência, e já receberam seu galardão, em termos de dinheiro; nada terão lá no Céu, pois "já receberam o seu galardão" aqui mesmo (cf. Mt 6.2,5,16).
c)
de Palha. A madeira
tem certa consistência, mas a palha é muito fraca. Não resiste à força do fogo.
O vento leva com facilidade (Sl 1.4; Jó 21.18; os 13.3). É instável. Não pode
se misturar com o trigo (Jr 23.28). Palha representa obras sem firmeza. Há
crentes que não sabem o que querem na vida cristã. Vivem mudando o tempo todo.
Mudam de cargo, mudam de igreja com facilidade. São levados por "todo
vento de doutrina" (Ef 4.14).
- "Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo" (1Co 3.15).
“Este texto mostra que haverá crentes cujas obras não serão aprovadas no julgamento de Deus, no Tribunal de Cristo. São obras mortas, obras que não têm valor diante de Deus. São obras que alguns crentes praticam, para sua própria glória, mas não glorificam a Deus. São obras feitas por muitos de modo relaxado, sem o zelo necessário a quem serve a Deus. As obras não serão recompensadas, mas "o tal será salvo, todavia como pelo fogo"; isto quer dizer que, como não se trata de julgamento de pecados, quem pratica tais obras poderão ser salvo, mas sem recompensas ou galardões. Não haverá inveja ou tristeza, pois tais sentimentos são carnais e não entrarão no Céu. Só o fato de chegar lá já será motivo de grande alegria. Mas é melhor fazer o melhor para Deus” (Elinaldo Renovato de Lima. O Final de Todas as Coisas. CPAD).
III. A PRESTAÇÃO DE CONTAS DO CRENTE E OS GALARDÕES
1. Os pastores darão conta dos seus rebanhos (Hb 13:17) – “...porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas...”.
As ovelhas do Senhor devem ser bem cuidadas, adequadamente alimentadas e diligentemente protegidas. Elas foram compradas com o próprio sangue de Cristo. Desta feita, elas são de imensurável valor, e não podem ficar expostas a nenhum capricho ou descuidos de quem quer que seja. O apóstolo Paulo adverte a todos os pastores que lideram o rebanho do Senhor: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (Atos 20:28).
No período do Antigo Testamento, todos os que tinham responsabilidades de liderança, como os profetas, os sacerdotes e os reis, eram considerados pastores do povo de Israel. Quanto ao rei, a sua missão era aconselhar e guiar o povo de Deus (1Sm 9:16; ler Dt 17:14-20); quanto ao sacerdote, sua missão era santificar o povo, oferecer sacrifícios pelo povo e interceder pelos transgressores (Hb 5:1-3; ler Lv 10:8-11; 16; 21:1-24); quanto ao profeta, sua missão era preservar o conhecimento e manifestar a vontade do único e verdadeiro Deus (Ez 2:1-10; ler Dt 18:20-22).
Todavia, a maioria dos líderes de Israel foi infiel à missão que Deus lhes entregou. Maltrataram, em vez de cuidarem das ovelhas do Senhor. Deus repudiava esses pastores relapsos e pedia-lhes severas contas pelo sofrimento que infligiam às ovelhas que lhes confiou.
Veja o que Deus diz através do profeta Ezequiel contra os pastores infiéis de Israel (Ez 34:2-6):
“2. Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Jeová: Aí dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? 3. Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. 4. A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. 5. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam. 6. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque”.
"Ai dos pastores de Israel". Nota-se que as palavras do Senhor dirigidas aos líderes de Israel são de condenação absoluta. Aqueles homens achavam que as posições que ocupavam eram tão dignificadas que os tornavam, automaticamente, isentos e imunes a toda e qualquer forma de crítica. Não entendiam que as posições que ocupavam, bem como as funções executadas por eles, realmente, não os isentavam de ter que admitir seus erros, de ter que confessar seus pecados e de sofrer as graves consequências dos juízos de Deus, caso não se arrependessem. Estas palavras, realmente duras da parte do Senhor, são motivadas pelo fato de que os pastores não são "donos" do rebanho de Deus e por este motivo não podem tratar o rebanho de Deus de qualquer maneira e de forma abusiva. Pastores, como diz o apóstolo Pedro, não passam de cooperadores submetidos ao Senhor Jesus, o Supremo Pastor (ver 1Pedro 5:4).
- Deus também acusa os pastores de estarem cuidando de si mesmos em vez de estarem cuidando das ovelhas: "Ai dos pastores que se apascentam a si mesmos!". Como se não fosse terrível o bastante ignorarem as necessidades das ovelhas por estarem por demais ocupados consigo mesmos, esses pastores ainda tratavam as ovelhas com extrema brutalidade, pois o profeta diz: “Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas" e "dominais sobre elas com rigor e dureza". O interesse daqueles pastores estava muito mais nos benefícios materiais que poderiam receber das ovelhas: carne, gordura, lã, do que nos benefícios espirituais que poderiam e deveriam repartir no cuidado do rebanho. Para Ezequiel, o interesse daqueles pastores não estava centrado no chamado de Deus e no pastoreio e sim no poder e no controle que exerciam sobre as ovelhas.
- O resultado direto deste descaso e ignorância não demora a ser sentido. Ovelhas sem cuidados pastorais e maltratadas tendem a se espalhar, por não haver pastor, e acabam por tornar-se pasto para todas as feras do campo. Este é o triste fim de todas as situações de abuso espiritual que encontramos, mesmo nos dias de hoje: ovelhas dispersas, abandonadas e sendo devoradas por todos os tipos de "feras". O profeta constata está triste realidade ao dizer: “As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro”. Ovelhas abusadas só conseguem resistir até certo ponto. Algumas chegam mesmo a morrer dentro do próprio redil - a comunidade local que chamamos de igreja. Outras, não aguentando mais os abusos, preferem abandonar o redil. E os pastores demonstram algum tipo de preocupação? As palavras de Ezequiel estão repletas de desconsolo neste quesito: "as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a terra, sem haver quem as procure ou quem as busque".
Todavia, Deus tratará com firmeza aqueles que não viverem à altura dos compromissos assumidos como pastores e servos a serviço do povo de Deus. Ele diz: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor” (Jr 23:1). Porque somos ovelhas do pasto do Senhor, e Ele se mostra aborrecido quando somos maltratados por aqueles que deveriam realmente cuidar de nós.
CONCLUSÃO
Que
possamos, no momento da prestação de contas no Tribunal de Cristo, sermos
achados fiéis e diligentes, e não servos negligentes.
“Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo
assim” (Mt 24:46). Que possamos estar sempre prontos
trabalhando na obra do Senhor, e aproveitando todo o tempo dispensado a nós,
usando todos os nossos talentos na obra de Cristo, para que naquele Dia, no
Tribunal de Cristo, não sejamos envergonhados na presença do justo Juiz, mas
que possamos ouvir a célebre palavra dele proferida a nós: “foste fiel no pouco sobre o muito te colocarei entra no
gozo do teu Senhor” (Mt 25:21).
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