O JUSTO, PELA SUA FÉ VIVERÁ.
I. As Perguntas de Habacuque (1.2—2.20)
A. Primeira Pergunta: Como DEUS Pode Permitir Que a Ímpia Judá Fique sem Castigo? (1.2-4)
B. Resposta: DEUS Usará a Babilônia para Castigar Judá (1.5-11)
C. Segunda Pergunta: Como DEUS Pode Usar uma Nação Mais Ímpia Que Judá Como Instrumento de Juízo? (1.12—2.1)
D. Resposta: DEUS Também Julgará Babilônia (2.2-20)
1. Introdução à Resposta (2.2,3)
2. Pecados de Babilônia (2.4,5)
3. Série de Cinco “Ais” contra Babilônia (2.6-19)
4. O Senhor de Toda a Terra (2.20)
II. O Cântico
de Habacuque (3.1-19)
A. A Oração de Habacuque,
Pedindo Misericórdia (3.1,2)
B. O Poder do Senhor (3.3-7)
C. Os Atos Salvíficos do Senhor (3.8-15)
D. A Fé Inabalável de Habacuque (3.16-19)
Autor: Habacuque
Tema: Viver pela Fé
Data: Cerca de 606 a.C.
Considerações Preliminares
O autor deste livro
identifica-se como “o profeta Habacuque” (1.1; 3.1). Além disso, não oferece
nenhum outro dado acerca de sua pessoa nem de sua família. Seu nome, que
significa “abraço”, não aparece em nenhum outro lugar das Escrituras. A
referência de Habacuque ao “cantor-mor sobre os meus instrumentos de música”
(3.19), sugere que ele pode ter sido um músico levita a serviço do santo templo
em Jerusalém.
Ao contrário de outros profetas, Habacuque não data a sua profecia mediante
referências aos reis que foram seus contemporâneos. Mas o fato de ficar
perplexo com o uso que DEUS faz dos babilônios (os “caldeus” de 1.6) como
instrumento de seu juízo contra Judá, sugere um período em que Babilônia já era
uma potência mundial. Portanto, a invasão de Judá era iminente (c. 608—598
a.C.). Nabucodonosor já havia derrotado os egípcios na batalha de Carquemis
(605 a.C.). O Egito, aliás, foi a última potência a se opor à expansão dos
babilônios. Se a descrição do exército babilônico em 1.6-11 refere-se à marcha
babilônica em direção à Carquemis, conforme interpreta-se, a data da profecia
de Habacuque seria entre 606e605 a.C., durante os primeiros anos do rei Joaquim
de Judá.
As consequências da ascensão de Babilônia como potência mundial foram
devastadoras à apóstata Judá (ver 2 Rs 24,25). Retornando do Egito,
Nabucodonosor invadiu Judá, e levou a Babilônia um número considerável de
cativos, entre os quais Daniel e seus três amigos (605 a.C.). Em 597 a.C., as
forças babilônicas tornaram a invadir Jerusalém, saqueando-lhe o templo, e
levando outros 10.000 cativos para Babilônia, entre os quais o profeta
Ezequiel. Quando o rei Zedequias intentou livrar Judá do controle babilônico,
onze anos mais tarde (586 a.C.), Nabucodonosor, enfurecido, sitiou Jerusalém,
incendiou o templo, destruiu totalmente a cidade, e deportou para Babilônia a
maioria dos judeus sobreviventes. É provável que Habacuque haja vivido na maior
parte deste período, onde o juízo divino revelou-se contra Judá.
Propósito
Diferentemente da maioria dos outros profetas, Habacuque não profetiza à
desviada Judá. Escreveu para ajudar o remanescente piedoso a compreender os
caminhos de DEUS no tocante à sua nação pecaminosa, e ao seu castigo iminente.
Habacuque, após haver considerado o intrigante problema de os caldeus, uma
nação deploravelmente ímpia, serem usados por DEUS para tragar o seu povo em
juízo (1.6-13), garante aos fiéis que DEUS lidará com toda a iniquidade no
tempo determinado. Entrementes, “o justo, pela
sua fé, viverá” (2.4), e não pelo
seu entendimento. Em seguida, o profeta afiança: “exultarei no DEUS da minha
salvação” (3.18).
1.1 HABACUQUE. Habacuque profetizou a Judá entre a derrota dos
assírios, em Nínive, e a invasão de Jerusalém pelos babilônios (605-597 a.C.).
1-
O livro é único no seu gênero por não ser uma
profecia dirigida diretamente a Israel, mas sim um diálogo entre o profeta e
DEUS. Habacuque
queria saber por que DEUS não fazia algo a respeito da iniquidade que
predominava em Judá. DEUS lhe responde, então, que enviaria os babilônios para
castigar a Judá.
2-
Esta resposta deixou o profeta ainda mais confuso: "Por que DEUS castigaria
seu povo através de uma nação mais ímpia do que ele"? No fim, Habacuque aprende a confiar em
DEUS, e a viver pela fé da maneira como DEUS o requer: independentemente das
circunstâncias.
1.2-4 ATÉ QUANDO... CLAMAREI EU? Habacuque
ora a DEUS, pedindo-lhe que pusesse fim à iniquidade que reinava entre o povo
do concerto. DEUS, no entanto, parecia nada fazer a respeito, a não ser tolerar
a violência, a injustiça e a destruição dos justos. As perguntas do profeta têm
a ver com um antiquíssimo tema: "Por que DEUS demora tanto em castigar a
iniquidade?" e "Por que nossas orações
geralmente não são prontamente atendidas?". Note, todavia, que tais
queixas vinham de um coração cheio de fé num DEUS justo.
1.5-11 REALIZO... UMA OBRA. DEUS
responde a Habacuque, e diz-lhe já ter planos para castigar Judá pelos seus
pecados. DEUS lançaria mão dos implacáveis
babilônios a fim de corrigir a Judá. O fato de DEUS usar um povo tão
ímpio e pagão para castigar o seu povo deixara o profeta atônito. Era algo que
parecia incrível ao povo de DEUS.
1.12 NÃO ÉS TU DESDE SEMPRE? Habacuque fica horrorizado pelo fato de DEUS usar uma nação tão
iníqua para atacar a Judá. Mas
ele sabe que DEUS não permitiria que os babilônios aniquilassem a nação
judaica, pois, mediante tal destruição, estaria cancelando seu propósito
redentor à raça humana.
1.13 NÃO PODES VER O MAL. Esta expressão não significa que DEUS seja incapaz de perceber o
mal, pois Ele a tudo observa. Ele é onisciente. Pelo contrário: significa que DEUS jamais contempla o mal
para tolerá-lo ou apoiá-lo. O que deixou Habacuque perplexo foi o uso que DEUS
fez dos ímpios babilônios. Tem-se a impressão de que Ele tolerava os pecados
destes enquanto castigava Judá que, a despeito de todos os seus pecados, não
deixava de ser uma nação mais justa que os filhos de Babilônia.
2.2-20 ESCREVE A VISÃO. No
capítulo 2, DEUS responde a Habacuque acerca da predominância do mal no mundo,
e do possível aniquilamento dos justos. O Senhor
declara que viria um tempo em que todos os ímpios haveriam de ser destruídos, e
que os únicos a ficarem firmes seriam os justos - os que se relacionam com DEUS
através da fé (ver v. 4).
2.3 A VISÃO... PARA O TEMPO DETERMINADO. A solução do problema de Habacuque viria
somente no "tempo determinado" por
DEUS. (1) Então, seria colocado um ponto final à iniquidade do
mundo. Os fiéis de DEUS teriam de "esperá-lo", ainda que parecesse
levar tanto tempo. (2) A semelhança de Habacuque, devemos esperar a justa
intervenção de DEUS no fim desta era. Quando CRISTO levar os justos deste
mundo, toda a iniquidade será aniquilada (ver 1 Ts 4.16-17)
2.4
O JUSTO, PELA SUA FÉ, VIVERÁ. É o "justo" que, no fim, emergirá vitorioso.
(1)
Os retos são contrastados com os orgulhosos e ímpios. Os corações dos justos voltam-se a
DEUS, pois o têm como Pai. Possuem estreita comunhão com Ele, e lhe obedecem a
vontade.
(2)
Os justos devem viver neste mundo mediante a sua fé em DEUS. "Fé", aqui, significa firme confiança em DEUS e na
retidão dos seus caminhos. É uma lealdade pessoal a Ele como Salvador e Senhor.
É também a perseverança moral para seguir os seus caminhos. Paulo desenvolve
este tema em Rm 1.17 e Gl 3.11 (cf. Hb 10.38.
2.6-20 AI DAQUELE. Estes
versículos pronunciam os ais do juízo contra todo aquele cuja "alma... não é reta nele" (v. 4). Tais
pessoas serão condenadas por causa de sua agressão (vv. 6-8), injustiça (vv.
9-11), violência e crime (vv. 12-14), imoralidade (vv. 15-17) e idolatria (vv.
18-20).
3.1-19 ORAÇÃO. Este
capítulo retrata o modo pelo qual Habacuque reage à resposta que DEUS lhe dera
no capítulo dois. Entre o pecado do mundo e o juízo divino, o profeta aprendera
a viver pela fé em DEUS, e a confiar na sabedoria dos seus caminhos.
3.2 AVIVA, Ó SENHOR, A TUA OBRA NO MEIO DOS ANOS. Habacuque sabia que o povo de DEUS havia
pecado, e, consequentemente, seria submetido ao juízo divino. Nestas
circunstâncias, faz duas petições:
1-Pede
a DEUS que apareça entre o seu povo com nova manifestação de poder.
Habacuque está ciente de que
o povo não sobreviveria se o Senhor não interviesse com um derramamento de sua
graça e de seu ESPÍRITO. Somente assim haveria verdadeira vida espiritual entre
os fiéis.
2-
Habacuque ora para que DEUS se lembre da misericórdia em tempos de aflição e
angústia. Sem a sua
misericórdia, o povo haveria de perecer. Hoje, com os alicerces da igreja sendo
abalados, quando há aflição por todos os lados, imploremos ao Senhor que torne
a manifestar sua misericórdia e poder para que haja vida e renovação entre o seu
povo.
3.3-16 DEUS VEIO. Nestes
versículos, Habacuque refere-se à ocasião em que DEUS livrou o seu povo do
Egito (ver Êx 14). O mesmo DEUS que viera com salvação no passado, voltaria em
toda a sua glória. Todos quantos esperavam sua vinda, viveriam e veriam seu
triunfo sobre impérios e nações.
3.18-19 EU ME ALEGRAREI NO SENHOR.
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Habacuque testifica que servia a DEUS não por causa das suas
dádivas, mas porque o Senhor é DEUS. Mesmo em meio ao castigo divino derramado
sobre Judá (v. 16), o profeta opta por regozijar-se no Senhor. DEUS seria a sua
salvação e o manancial inesgotável de suas forças. Ele sabia que um
remanescente fiel haveria de sobreviver à invasão babilônica, por isso proclama
com confiança a derradeira vitória dos que vivem pela fé em DEUS (cf. 2.4).
1-
Habacuque - seu contexto e personalidade
São
poucas, porém preciosas, as informações históricas fornecidas neste tópico.
Algumas foram extraídas de fontes comuns a qualquer estudante; outras dos
livros dos Reis e das Crônicas; o profeta Jeremias também contribuiu, e é
claro, o próprio livro de Habacuque. Leia-as atentamente. Elas oferecem
subsídios para o estudo da lição.
a)
Em 722 a.C, o território de Israel foi tomado e sua população levada em
cativeiro para a Assíria.
-
Cerca de cem anos após, Jeremias chamou aquele evento de
"libelo de divórcio", dado por DEUS aos israelitas por causa
de sua idolatria (Jr 3.8). Judá não tomou isto como aviso, antes, tornou-se
pior que sua irmã do norte. Por causa da grandeza das suas prostituições, sua
fama correu entre as nações (Jr 3.9).
b)
Habacuque (621-609), foi contemporâneo de Jeremias, e seu ministério ocorreu
durante a reforma religiosa de Josias
- Percebeu, contudo, que a conversão do povo
era falsa (Jr 3.11), e as palavras da profetiza Hulda ao rei: "... eis que trarei mal sobre este lugar..."(2Rs
22.16), faziam-no temer pelo destino do seu povo: pois se a crescente onda de
corrupção não fosse imediatamente freada, seria o fim. E, onde está DEUS, que
não vê? Que não ouve? Será que Ele desistiu de Judá (1.2)?
C)
Pelo seu próprio livro, ficamos sabendo que
Habacuque pertencia a uma escola de profetas {Hc 1.1)
- Lemos também, que ele era compositor
e músico profissional (Hc 3.19), a esta informação pode-se acrescentar sua
origem levítica, pertencendo a uma das famílias designadas para o ministério de
louvor (2Cr 20.19). Estamos, portanto diante de uma pessoa susceptível a
conflitos íntimos pela sua notável sensibilidade e grande capacidade de
apreensão das coisas da alma e do espírito.
2- Habacuque viveu em meio à crise moral do seu país
"Até quando, Senhor, clamarei eu, e Tu não me escutarás?
Gritarei: Violência! E não salvarás?". Estas são expressões de desespero e de angústia, de um cidadão
que assiste, impotente, seu povo caindo no abismo profundo da impiedade. Seu
único refúgio é o Senhor, o Justo e SANTO Juiz. Mas, onde está Ele? Onde estás
meu SANTO (Hc 1.12)? São palavras proferidas em meio à agonia de um crente
inconformado, íntegro, e intercessor, ansioso pela resposta de DEUS.
a) Inconformado
- Em Judá, o afastamento nacional de
DEUS dera origem à violência física e de direitos (Hc 1.2), a provocação de
demandas judiciais com o fim levar vantagem (Hc 1.3c), e a juízes que adiavam
as sentenças para fazer perecer o direito do litigante mais fraco (Hc 1.4). O
profeta não se conformava àquela situação, antes, de contínuo orava a DEUS para
que Ele subjugasse a impiedade do seu povo.
b) íntegro
- A maioria das pessoas sentem-se incomodadas
com situações de violência e injustiça, mas se são expostas a elas durante
algum tempo, logo se acostumam, e algumas até passam a praticar aquilo que
antes lhes causavam repulsa. E a política que todo mundo faz, por que não eu? Habacuque, ao contrário, mantinha a sua integridade em
tempo de crise. Não usava a corrupção generalizada como desculpa para também
transgredir.
c) Intercessor
- Habacuque intercedeu pela cura de
Judá para evitar que ela tivesse o mesmo fim de Israel, o cativeiro. Diante da
resposta de DEUS, que usaria no Reino do Sul, os mesmos métodos curativos que
usara no Reino do Norte, variando apenas no instrumento, a Babilônia, ele
intensificou a intercessão a ponto de apresentar-se ao Senhor com uma apelação
a favor de Judá (Hc 1 1? -17)
3- Habacuque viveu em meio à crise de sua própria fé
Pessoas
íntegras, tementes ao Senhor e conhecedoras do Seu caráter não se conformam com
a aparente vitória do mal sobre o bem, do injusto sobre o justo, do mau sobre o
bom, da imoralidade sobre a pureza, do profano sobre o santo. Muitos entram em
crise de fé. Habacuque foi um deles. Obteve, entretanto a vitória por meio de
três recursos infalíveis:
a) Recorreu à DEUS em oração
A
fé de Habacuque entrou em crise com o silêncio de DEUS diante do mal, e pela
falta de resposta às suas constantes orações. Mas, ao invés de abandonar o
posto de intercessor, seus rogos se intensificaram dia a dia, até que se
tornaram em gritos de agonia perante a face de DEUS.
"Até quando, Senhor, clamarei e tu não me escutarás? Gritarei: Violência!
E não salvarás" (1.2)?
b) Persistiu até a dúvida dar lugar a fé
- Depois de um longo e constrangedor
silêncio, finalmente Habacuque ouviu a voz de DEUS, mas a resposta que ela
trouxe (Hc 1.5-11) encheu sua alma de apreensão. Ele mergulhou numa nova crise
que o levou a interrogar a DEUS mais uma vez: "Por
que, Senhor, Tuas providências para purificar Judá, parecem estar em desacordo
com aquilo que eu conheço acerca do Teu caráter?" (Hc 1.12,13). "Não importa quanto tempo, eu esperarei para
ouvir o que Tu tens a dizer-me" (Hc 2.1).
c) Permaneceu a sós com DEUS, vigiando, enquanto esperava pela resposta dele
- Para não pôr tudo a perder, o profeta
decidiu guardar silêncio a respeito daquela questão - não murmuraria, não
reclamaria, nem faria coisa alguma até obter resposta ao que perguntara ao
Senhor. Habacuque sabia que precisava estar com olhos e ouvidos bem abertos e
atentos. É isto que significa: "Ficarei de
guarda, e no meu posto de sentinela, vigiarei..." (Hc 2.1).
DEUS
promete exercer juízo sobre Babilônia depois e isso alivia um pouco a angústia
do profeta e sua compreensão dos planos de DEUS que são muito mais altos do que
os do homem.
INTERAÇÃO
"O justo viverá pela fé". Esta sentença tornou-se uma das mais
importantes temáticas do Novo Testamento. Foi um dos lemas da Reforma
Protestante. O apóstolo Paulo é um dos que descrevem a graça de DEUS de maneira
mais intensa e bela: "Porque pela graça sois
salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de DEUS" (Ef
2.8). Tal perspectiva da graça de DEUS foi precedida pelo profeta Habacuque,
quando ele declarou: "O justo, pela sua fé, viverá" (2.4).
TEXTO
BIBLICO:
“Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo pela
sua fé viverá.” Habacuque
2.4
VERDADE
APLICADA
O
discípulo de CRISTO vem se perseverando em oração, confiando e esperando no
agir do Senhor, enquanto cultiva o viver para a glória de DEUS.
TEXTOS DE REFERÊNCIA - HABACUQUE 1.1-5
1-
O peso que viu o profeta Habacuque.
2- Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei:
Violência! E não me salvarás?
3- Por que razão me fazes ver a iniquidade e ver a vexação? Porque a
destruição e a violência estão diante de mim; há também quem suscite a contenda
e o litígio.
4- Por esta causa, a lei se afrouxa, e a sentença nunca sai; porque o
ímpio cerca o justo, e sai o juízo pervertido.
5- Vede entre as nações, e olhai, e maravilha-vos, e admirai-vos; porque
realizo em vossos dias uma obra, que vós não crereis, quando vos for contada.
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore
a DEUS pedindo para olhar para Ele e não para as circunstâncias.
INTRODUÇÃO
O
profeta Habacuque, além de trazer encorajamento para tempos difíceis, ensina o
cristão a alegrar-se no Senhor também nos tempos de dificuldades.
PONTO DE PARTIDA: Devemos confiar na justiça de DEUS.
1- CONHECENDO O CENÁRIO DO PROFETA HABACUQUE
O
profeta Habacuque viveu no reino de Judá, aproximadamente 600 a.C. Nessa
época havia uma desordem interna entre o povo, foi um período de grandes
incertezas morais e espirituais. Ao mesmo tempo, as nações ao redor de Judá
estavam em guerra. A Babilônia estava se fortalecendo cada vez mais sobre as
grandes potências que eram a Assíria e o Egito.
1.1.
Conhecendo um pouco mais o profeta
Pouco
se sabe sobre a vida pessoal de Habacuque. Segundo os estudiosos, o profeta foi
contemporâneo de Jeremias, possivelmente presenciou a morte do rei Josias,
passou pelo impiedoso reinado de Jeoaquim, pelo exílio de Daniel na
Babilônia, pela deportação do rei Joaquim, e, também, pode ter testemunhado a
destruição de Jerusalém, evento sobre o qual profetizou com 20 anos de
antecedência.
Comentário
Beacon: “Embora Habacuque seja chamado profeta
(Nabi), não é um mensageiro no sentido tradicional. A função do profeta era
falar com o povo em nome de DEUS para proclamar a vontade divina que foi
recebida em revelação especial. No caso dele, vemos justamente o inverso: Fala
com o Senhor em nome do povo. Mantém um discurso com DEUS e o faz de maneira
tal que quase chegamos a classificá-lo de cético em vez de profeta.”
1.2.
A mensagem do profeta
Habacuque
difere de outros profetas no que diz respeito ao seu comissionamento. Ele é que
se dirigiu a DEUS com seus muitos questionamentos, por causa disso ele teve uma
visão da parte do Senhor e recebe uma profecia que ele deveria anunciar aos
seus compatriotas: “Então o Senhor me respondeu, e disse: Escreve a visão e
torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa.”
[Hc 2.2]. Em suma, a mensagem de Habacuque foi uma mensagem de conserto para o
povo da Aliança, mas também de esperança, quando DEUS finalmente restaurasse o
remanescente de Judá.
PENSO QUE: A exortação de Habacuque é que ainda que o fim da dor e a promessa demorem a se cumprir, certamente o melhor a ser feito é esperar – porque isso acontecerá e não haverá atraso algum em seu cumprimento.
2- O SILÊNCIO DE DEUS
Por
que DEUS fica em silêncio quando mais precisamos ouvir a Sua voz? Por vezes,
por mais contraditório que pareça, são em situações assim como a vivida pelo
profeta Habacuque é que há um verdadeiro encontro entre o homem e DEUS. O
silêncio de DEUS também é pedagógico e pode trazer respostas que não se
consegue perceber se a aflição superar a fé.
2.1. Até quando?
A
pergunta feita por Habacuque com a expressão “até quando” continua sendo feita
por diferentes pessoas e em diferentes ocasiões. “Até quando?” é o desabafo
daquele que busca uma resposta que o ajude a continuar firme independente das
circunstâncias. Somente DEUS tem e é a resposta que todos precisam, seja qual
for a pergunta. Por isso é imprescindível que num ato de fé e confiança na
soberania, no amor e na misericórdia de DEUS, entreguemos a Ele, sem reservas,
todo e qualquer questionamento que insista em perturbar o coração e fragilizar
a fé.
2.2. Por que DEUS não intervém?
Ao
ler o livro de Habacuque, é possível perceber pouco a pouco o quanto esse
profeta, corajosamente, expôs sua humanidade. Muitas perguntas e pouco
entendimento da ação de DEUS sobre questões em que as pessoas O afrontam com
seu estilo de vida: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a
vexação não podes contemplar.” [Hc 1.13]. Diante dos acontecimentos que fogem
ao entendimento humano e parecem claramente injustos e sem sentido, a
impotência aflora e surge naturalmente a pergunta sobre como DEUS pode permitir
que o mal se alastre. Por que DEUS não intervém? A limitação humana é um
obstáculo à clara compreensão dos planos de DEUS em toda a sua extensão.
2.3. Oração como via de intimidade com DEUS
Diante
do quadro da iminente invasão babilônica, um povo injusto e
cruel, Habacuque questiona por que DEUS nada fizera [Hc 1.13,17]. Sem
obter qualquer resposta, o profeta decide subir a uma fortaleza (torre de
vigia) para aguardar uma resposta de DEUS, agora, em oração: “Pôr-me-ei na
minha torre de vigia…para ver o que me dirá o Senhor.” [Hc 2.1]. Essa atitude
foi um verdadeiro exercício de fé. Finalmente o profeta supera seu estado de
perplexidade e angústias e toma uma decisão que, de fato, pode mudar todo
aquele quadro de expectativas não correspondidas. Ele encontrou na oração uma
via de intimidade com DEUS. Só então DEUS o responde e o convida a aguardar a
promessa com esperança, ainda que demore. A resposta de DEUS é um convite a
viver pela fé [Hc 2.4], até que o livramento de Sua parte chegasse.
PENSO QUE: Ser íntimo do Senhor é apresentar-se ou estar diante dele despojado de si mesmo; é desvelar- -se, tirar as máscaras; esvaziar-se totalmente; apresentar-se como dependente unicamente dele, do Seu amor, graça e misericórdia.
3- HABACUQUE PARA HOJE
Embora,
inicialmente, Habacuque não conseguisse encontrar qualquer explicação que o
ajudasse na compreensão da continuidade da opressão e da prosperidade dos seus
inimigos sobre o seu povo, apesar de suas queixas e inconformismo, ele foi
capaz de aprender lições que o fizeram ressignificar seu relacionamento com
DEUS.
3.1. Contentamento apesar do sofrimento
Conviver
com infortúnios, sofrimentos e provações, apesar de fazer parte da caminhada de
todo ser humano, pode levar qualquer pessoa à armadilha da murmuração e da
amargura. Habacuque ensina que duas importantes atitudes ajudam a escapar desse
caminho de desânimo e desesperança: “…ainda que… Todavia eu me alegrarei no
Senhor; exultarei no DEUS da minha salvação.” [Hc 3.17-18]. Eis aí a receita:
alegria no Senhor e louvor a DEUS (exultar). Olhar para DEUS e não para as
circunstâncias é o segredo de encontrar contentamento apesar do sofrimento.
3.2. O cântico de Habacuque
Finalmente,
Habacuque caminha em direção ao reconhecimento da soberania de DEUS. O profeta
não recebeu uma resposta direta sobre os problemas mencionados por ele, assim
como aconteceu também com Jó. O cântico de Habacuque foi escrito mesmo que as
mudanças almejadas por ele não tivessem acontecido. As questões sociais que lhe
trouxeram tanto incômodo não desapareceram, o nível espiritual do povo não se
elevou, as crises socioeconômicas não deixaram de existir, nem a opressão do
povo babilônico enfraqueceu ou acabou. Nada naquele cenário foi mudado, a não
ser o próprio profeta. Habacuque clama por misericórdia, pelo avivamento da
obra do Senhor e sua manutenção ao longo dos anos [Hc 3.2], Foi ele quem
experimentou a maior e melhor de todas as mudanças: deixou de ser um homem
movido pela angústia e tornou-se um homem confiante na soberania de DEUS.
3.3.
O justo viverá da sua fé
“Eis
que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” [Hc
2.4]. Duas características importantes se encontram nesta declaração. A
primeira é que o soberbo confia em si, e a segunda é que o justo vive pela sua
fé, ou seja ele afirma a necessidade de o cristão permanecer fiel e viver
diferentemente dos padrões impostos pelo mundo. Os servos de DEUS não devem
promover ou compactuar com a maldade, com a violência, com a ganância, com a
libertinagem ou com a idolatria. Ao final de tudo o ímpio será condenado e o
justo será preservado por causa da sua confiança no Senhor
PENSO QUE: Apesar de os tempos de sofrimento parecerem não ter fim, o importante é saber que o Senhor sempre está atento a tudo que acontece e, por isso, podemos descansar seguros de Sua providência.
CONCLUSÃO
Diante
das mazelas que nos cercam, muitos tendem a perder a esperança e a fé em DEUS,
que tem o controle de todos os acontecimentos. A mensagem do profeta Habacuque
nos serve de advertência a sempre mantermos nossa fé na Palavra de DEUS, jamais
nas circunstâncias.



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