sexta-feira, 4 de julho de 2025

O JUSTO, PELA SUA FÉ VIVERÁ.

 


 O JUSTO, PELA SUA FÉ VIVERÁ.
 
I. As Perguntas de Habacuque (1.2—2.20)
A.
Primeira Pergunta: Como DEUS Pode Permitir Que a Ímpia Judá Fique sem Castigo? (1.2-4)
B. Resposta: DEUS Usará a Babilônia para Castigar Judá (1.5-11)
C. Segunda Pergunta: Como DEUS Pode Usar uma Nação Mais Ímpia Que Judá Como Instrumento de Juízo? (1.12—2.1)
D. Resposta: DEUS Também Julgará Babilônia (2.2-20)
1. Introdução à Resposta (2.2,3)
2. Pecados de Babilônia (2.4,5)
3. Série de Cinco “Ais” contra Babilônia (2.6-19)
4. O Senhor de Toda a Terra (2.20)

II. O Cântico de Habacuque (3.1-19)
A.
A Oração de Habacuque, Pedindo Misericórdia (3.1,2)
B. O Poder do Senhor (3.3-7)
C. Os Atos Salvíficos do Senhor (3.8-15)
D. A Fé Inabalável de Habacuque (3.16-19)
Autor: Habacuque
Tema: Viver pela Fé
Data: Cerca de 606 a.C. 


Considerações Preliminares


O autor deste livro identifica-se como “o profeta Habacuque” (1.1; 3.1). Além disso, não oferece nenhum outro dado acerca de sua pessoa nem de sua família. Seu nome, que significa “abraço”, não aparece em nenhum outro lugar das Escrituras. A referência de Habacuque ao “cantor-mor sobre os meus instrumentos de música” (3.19), sugere que ele pode ter sido um músico levita a serviço do santo templo em Jerusalém.


Ao contrário de outros profetas, Habacuque não data a sua profecia mediante referências aos reis que foram seus contemporâneos. Mas o fato de ficar perplexo com o uso que DEUS faz dos babilônios (os “caldeus” de 1.6) como instrumento de seu juízo contra Judá, sugere um período em que Babilônia já era uma potência mundial. Portanto, a invasão de Judá era iminente (c. 608—598 a.C.). Nabucodonosor já havia derrotado os egípcios na batalha de Carquemis (605 a.C.). O Egito, aliás, foi a última potência a se opor à expansão dos babilônios. Se a descrição do exército babilônico em 1.6-11 refere-se à marcha babilônica em direção à Carquemis, conforme interpreta-se, a data da profecia de Habacuque seria entre 606e605 a.C., durante os primeiros anos do rei Joaquim de Judá.


As consequências da ascensão de Babilônia como potência mundial foram devastadoras à apóstata Judá (ver 2 Rs 24,25). Retornando do Egito, Nabucodonosor invadiu Judá, e levou a Babilônia um número considerável de cativos, entre os quais Daniel e seus três amigos (605 a.C.). Em 597 a.C., as forças babilônicas tornaram a invadir Jerusalém, saqueando-lhe o templo, e levando outros 10.000 cativos para Babilônia, entre os quais o profeta Ezequiel. Quando o rei Zedequias intentou livrar Judá do controle babilônico, onze anos mais tarde (586 a.C.), Nabucodonosor, enfurecido, sitiou Jerusalém, incendiou o templo, destruiu totalmente a cidade, e deportou para Babilônia a maioria dos judeus sobreviventes. É provável que Habacuque haja vivido na maior parte deste período, onde o juízo divino revelou-se contra Judá.

Propósito
Diferentemente da maioria dos outros profetas, Habacuque não profetiza à desviada Judá. Escreveu para ajudar o remanescente piedoso a compreender os caminhos de DEUS no tocante à sua nação pecaminosa, e ao seu castigo iminente. Habacuque, após haver considerado o intrigante problema de os caldeus, uma nação deploravelmente ímpia, serem usados por DEUS para tragar o seu povo em juízo (1.6-13), garante aos fiéis que DEUS lidará com toda a iniquidade no tempo determinado. Entrementes, “o justo, pela sua fé, viverá” (2.4), e não pelo seu entendimento. Em seguida, o profeta afiança: “exultarei no DEUS da minha salvação” (3.18).

1.1 HABACUQUE. Habacuque profetizou a Judá entre a derrota dos assírios, em Nínive, e a invasão de Jerusalém pelos babilônios (605-597 a.C.).

1- O livro é único no seu gênero por não ser uma profecia dirigida diretamente a Israel, mas sim um diálogo entre o profeta e DEUS. Habacuque queria saber por que DEUS não fazia algo a respeito da iniquidade que predominava em Judá. DEUS lhe responde, então, que enviaria os babilônios para castigar a Judá.

2- Esta resposta deixou o profeta ainda mais confuso"Por que DEUS castigaria seu povo através de uma nação mais ímpia do que ele"? No fim, Habacuque aprende a confiar em DEUS, e a viver pela fé da maneira como DEUS o requer: independentemente das circunstâncias.


1.2-4 ATÉ QUANDO... CLAMAREI EU? 
Habacuque ora a DEUS, pedindo-lhe que pusesse fim à iniquidade que reinava entre o povo do concerto. DEUS, no entanto, parecia nada fazer a respeito, a não ser tolerar a violência, a injustiça e a destruição dos justos. As perguntas do profeta têm a ver com um antiquíssimo tema: "Por que DEUS demora tanto em castigar a iniquidade?" e "Por que nossas orações geralmente não são prontamente atendidas?". Note, todavia, que tais queixas vinham de um coração cheio de fé num DEUS justo.


1.5-11 REALIZO... UMA OBRA. 
DEUS responde a Habacuque, e diz-lhe já ter planos para castigar Judá pelos seus pecados. DEUS lançaria mão dos implacáveis babilônios a fim de corrigir a Judá. O fato de DEUS usar um povo tão ímpio e pagão para castigar o seu povo deixara o profeta atônito. Era algo que parecia incrível ao povo de DEUS.


1.12 NÃO ÉS TU DESDE SEMPRE? 
Habacuque fica horrorizado pelo fato de DEUS usar uma nação tão iníqua para atacar a Judá. Mas ele sabe que DEUS não permitiria que os babilônios aniquilassem a nação judaica, pois, mediante tal destruição, estaria cancelando seu propósito redentor à raça humana.


1.13 NÃO PODES VER O MAL. 
Esta expressão não significa que DEUS seja incapaz de perceber o mal, pois Ele a tudo observa. Ele é onisciente. Pelo contrário: significa que DEUS jamais contempla o mal para tolerá-lo ou apoiá-lo. O que deixou Habacuque perplexo foi o uso que DEUS fez dos ímpios babilônios. Tem-se a impressão de que Ele tolerava os pecados destes enquanto castigava Judá que, a despeito de todos os seus pecados, não deixava de ser uma nação mais justa que os filhos de Babilônia.


2.2-20 ESCREVE A VISÃO.
No capítulo 2, DEUS responde a Habacuque acerca da predominância do mal no mundo, e do possível aniquilamento dos justos. O Senhor declara que viria um tempo em que todos os ímpios haveriam de ser destruídos, e que os únicos a ficarem firmes seriam os justos - os que se relacionam com DEUS através da fé (ver v. 4).


2.3 A VISÃO... PARA O TEMPO DETERMINADO. 
A solução do problema de Habacuque viria somente no "tempo determinado" por DEUS. (1) Então, seria colocado um ponto final à iniquidade do mundo. Os fiéis de DEUS teriam de "esperá-lo", ainda que parecesse levar tanto tempo. (2) A semelhança de Habacuque, devemos esperar a justa intervenção de DEUS no fim desta era. Quando CRISTO levar os justos deste mundo, toda a iniquidade será aniquilada (ver 1 Ts 4.16-17)

2.4 O JUSTO, PELA SUA FÉ, VIVERÁ. É o "justo" que, no fim, emergirá vitorioso.

(1) Os retos são contrastados com os orgulhosos e ímpios. Os corações dos justos voltam-se a DEUS, pois o têm como Pai. Possuem estreita comunhão com Ele, e lhe obedecem a vontade.

(2) Os justos devem viver neste mundo mediante a sua fé em DEUS. "Fé", aqui, significa firme confiança em DEUS e na retidão dos seus caminhos. É uma lealdade pessoal a Ele como Salvador e Senhor. É também a perseverança moral para seguir os seus caminhos. Paulo desenvolve este tema em Rm 1.17 e Gl 3.11 (cf. Hb 10.38.


2.6-20 AI DAQUELE. 
Estes versículos pronunciam os ais do juízo contra todo aquele cuja "alma... não é reta nele" (v. 4). Tais pessoas serão condenadas por causa de sua agressão (vv. 6-8), injustiça (vv. 9-11), violência e crime (vv. 12-14), imoralidade (vv. 15-17) e idolatria (vv. 18-20).


3.1-19 ORAÇÃO. 
Este capítulo retrata o modo pelo qual Habacuque reage à resposta que DEUS lhe dera no capítulo dois. Entre o pecado do mundo e o juízo divino, o profeta aprendera a viver pela fé em DEUS, e a confiar na sabedoria dos seus caminhos.


3.2 AVIVA, Ó SENHOR, A TUA OBRA NO MEIO DOS ANOS. 
Habacuque sabia que o povo de DEUS havia pecado, e, consequentemente, seria submetido ao juízo divino. Nestas circunstâncias, faz duas petições:

1-Pede a DEUS que apareça entre o seu povo com nova manifestação de poder. 

Habacuque está ciente de que o povo não sobreviveria se o Senhor não interviesse com um derramamento de sua graça e de seu ESPÍRITO. Somente assim haveria verdadeira vida espiritual entre os fiéis.

2- Habacuque ora para que DEUS se lembre da misericórdia em tempos de aflição e angústia. Sem a sua misericórdia, o povo haveria de perecer. Hoje, com os alicerces da igreja sendo abalados, quando há aflição por todos os lados, imploremos ao Senhor que torne a manifestar sua misericórdia e poder para que haja vida e renovação entre o seu povo.


3.3-16 DEUS VEIO. 
Nestes versículos, Habacuque refere-se à ocasião em que DEUS livrou o seu povo do Egito (ver Êx 14). O mesmo DEUS que viera com salvação no passado, voltaria em toda a sua glória. Todos quantos esperavam sua vinda, viveriam e veriam seu triunfo sobre impérios e nações.


3.18-19 EU ME ALEGRAREI NO SENHOR. 

Habacuque testifica que servia a DEUS não por causa das suas dádivas, mas porque o Senhor é DEUS. Mesmo em meio ao castigo divino derramado sobre Judá (v. 16), o profeta opta por regozijar-se no Senhor. DEUS seria a sua salvação e o manancial inesgotável de suas forças. Ele sabia que um remanescente fiel haveria de sobreviver à invasão babilônica, por isso proclama com confiança a derradeira vitória dos que vivem pela fé em DEUS (cf. 2.4).

 

1- Habacuque - seu contexto e personalidade

São poucas, porém preciosas, as informações históricas fornecidas neste tópico. Algumas foram extraídas de fontes comuns a qualquer estudante; outras dos livros dos Reis e das Crônicas; o profeta Jeremias também contribuiu, e é claro, o próprio livro de Habacuque. Leia-as atentamente. Elas oferecem subsídios para o estudo da lição.

 

a) Em 722 a.C, o território de Israel foi tomado e sua população levada em cativeiro para a Assíria.

- Cerca de cem anos após, Jeremias chamou aquele evento de "libelo de divórcio", dado por DEUS aos israelitas por causa de sua idolatria (Jr 3.8). Judá não tomou isto como aviso, antes, tornou-se pior que sua irmã do norte. Por causa da grandeza das suas prostituições, sua fama correu entre as nações (Jr 3.9).

 

b) Habacuque (621-609), foi contemporâneo de Jeremias, e seu ministério ocorreu durante a reforma religiosa de Josias

Percebeu, contudo, que a conversão do povo era falsa (Jr 3.11), e as palavras da profetiza Hulda ao rei: "... eis que trarei mal sobre este lugar..."(2Rs 22.16), faziam-no temer pelo destino do seu povo: pois se a crescente onda de corrupção não fosse imediatamente freada, seria o fim. E, onde está DEUS, que não vê? Que não ouve? Será que Ele desistiu de Judá (1.2)?

 

C) Pelo seu próprio livro, ficamos sabendo que Habacuque pertencia a uma escola de profetas {Hc 1.1)

- Lemos também, que ele era compositor e músico profissional (Hc 3.19), a esta informação pode-se acrescentar sua origem levítica, pertencendo a uma das famílias designadas para o ministério de louvor (2Cr 20.19). Estamos, portanto diante de uma pessoa susceptível a conflitos íntimos pela sua notável sensibilidade e grande capacidade de apreensão das coisas da alma e do espírito.

2- Habacuque viveu em meio à crise moral do seu país

"Até quando, Senhor, clamarei eu, e Tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não salvarás?". Estas são expressões de desespero e de angústia, de um cidadão que assiste, impotente, seu povo caindo no abismo profundo da impiedade. Seu único refúgio é o Senhor, o Justo e SANTO Juiz. Mas, onde está Ele? Onde estás meu SANTO (Hc 1.12)? São palavras proferidas em meio à agonia de um crente inconformado, íntegro, e intercessor, ansioso pela resposta de DEUS.

a) Inconformado

- Em Judá, o afastamento nacional de DEUS dera origem à violência física e de direitos (Hc 1.2), a provocação de demandas judiciais com o fim levar vantagem (Hc 1.3c), e a juízes que adiavam as sentenças para fazer perecer o direito do litigante mais fraco (Hc 1.4). O profeta não se conformava àquela situação, antes, de contínuo orava a DEUS para que Ele subjugasse a impiedade do seu povo.

b) íntegro

A maioria das pessoas sentem-se incomodadas com situações de violência e injustiça, mas se são expostas a elas durante algum tempo, logo se acostumam, e algumas até passam a praticar aquilo que antes lhes causavam repulsa. E a política que todo mundo faz, por que não eu? Habacuque, ao contrário, mantinha a sua integridade em tempo de crise. Não usava a corrupção generalizada como desculpa para também transgredir.

c) Intercessor

- Habacuque intercedeu pela cura de Judá para evitar que ela tivesse o mesmo fim de Israel, o cativeiro. Diante da resposta de DEUS, que usaria no Reino do Sul, os mesmos métodos curativos que usara no Reino do Norte, variando apenas no instrumento, a Babilônia, ele intensificou a intercessão a ponto de apresentar-se ao Senhor com uma apelação a favor de Judá (Hc 1 1? -17)

3- Habacuque viveu em meio à crise de sua própria fé

Pessoas íntegras, tementes ao Senhor e conhecedoras do Seu caráter não se conformam com a aparente vitória do mal sobre o bem, do injusto sobre o justo, do mau sobre o bom, da imoralidade sobre a pureza, do profano sobre o santo. Muitos entram em crise de fé. Habacuque foi um deles. Obteve, entretanto a vitória por meio de três recursos infalíveis:

a) Recorreu à DEUS em oração

A fé de Habacuque entrou em crise com o silêncio de DEUS diante do mal, e pela falta de resposta às suas constantes orações. Mas, ao invés de abandonar o posto de intercessor, seus rogos se intensificaram dia a dia, até que se tornaram em gritos de agonia perante a face de DEUS. "Até quando, Senhor, clamarei e tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não salvarás" (1.2)?

b) Persistiu até a dúvida dar lugar a fé

Depois de um longo e constrangedor silêncio, finalmente Habacuque ouviu a voz de DEUS, mas a resposta que ela trouxe (Hc 1.5-11) encheu sua alma de apreensão. Ele mergulhou numa nova crise que o levou a interrogar a DEUS mais uma vez: "Por que, Senhor, Tuas providências para purificar Judá, parecem estar em desacordo com aquilo que eu conheço acerca do Teu caráter?" (Hc 1.12,13). "Não importa quanto tempo, eu esperarei para ouvir o que Tu tens a dizer-me" (Hc 2.1).

c) Permaneceu a sós com DEUS, vigiando, enquanto esperava pela resposta dele

Para não pôr tudo a perder, o profeta decidiu guardar silêncio a respeito daquela questão - não murmuraria, não reclamaria, nem faria coisa alguma até obter resposta ao que perguntara ao Senhor. Habacuque sabia que precisava estar com olhos e ouvidos bem abertos e atentos. É isto que significa: "Ficarei de guarda, e no meu posto de sentinela, vigiarei..." (Hc 2.1).

DEUS promete exercer juízo sobre Babilônia depois e isso alivia um pouco a angústia do profeta e sua compreensão dos planos de DEUS que são muito mais altos do que os do homem.

 

INTERAÇÃO

"O justo viverá pela fé". Esta sentença tornou-se uma das mais importantes temáticas do Novo Testamento. Foi um dos lemas da Reforma Protestante. O apóstolo Paulo é um dos que descrevem a graça de DEUS de maneira mais intensa e bela: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de DEUS" (Ef 2.8). Tal perspectiva da graça de DEUS foi precedida pelo profeta Habacuque, quando ele declarou: "O justo, pela sua fé, viverá" (2.4).  

 TEXTO BIBLICO:

“Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” Habacuque 2.4

VERDADE APLICADA

O discípulo de CRISTO vem se perseverando em oração, confiando e esperando no agir do Senhor, enquanto cultiva o viver para a glória de DEUS.

TEXTOS DE REFERÊNCIA - HABACUQUE 1.1-5

1- O peso que viu o profeta Habacuque.

2- Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não me salvarás?

3- Por que razão me fazes ver a iniquidade e ver a vexação? Porque a destruição e a violência estão diante de mim; há também quem suscite a contenda e o litígio.

4- Por esta causa, a lei se afrouxa, e a sentença nunca sai; porque o ímpio cerca o justo, e sai o juízo pervertido.

5- Vede entre as nações, e olhai, e maravilha-vos, e admirai-vos; porque realizo em vossos dias uma obra, que vós não crereis, quando vos for contada.

 

MOTIVO DE ORAÇÃO  



Ore a DEUS pedindo para olhar para Ele e não para as circunstâncias.

INTRODUÇÃO

O profeta Habacuque, além de trazer encorajamento para tempos difíceis, ensina o cristão a alegrar-se no Senhor também nos tempos de dificuldades.

PONTO DE PARTIDA:  Devemos confiar na justiça de DEUS.

1- CONHECENDO O CENÁRIO DO PROFETA HABACUQUE

O profeta Habacuque viveu no reino de Judá, aproximadamente 600 a.C. Nessa época havia uma desordem interna entre o povo, foi um período de grandes incertezas morais e espirituais. Ao mesmo tempo, as nações ao redor de Judá estavam em guerra. A Babilônia estava se fortalecendo cada vez mais sobre as grandes potências que eram a Assíria e o Egito.

  

1.1. Conhecendo um pouco mais o profeta 

Pouco se sabe sobre a vida pessoal de Habacuque. Segundo os estudiosos, o profeta foi contemporâneo de Jeremias, possivelmente presenciou a morte do rei Josias, passou pelo impiedoso reinado de Jeoaquim, pelo exílio de Daniel na Babilônia, pela deportação do rei Joaquim, e, também, pode ter testemunhado a destruição de Jerusalém, evento sobre o qual profetizou com 20 anos de antecedência.

  

Comentário Beacon: “Embora Habacuque seja chamado profeta (Nabi), não é um mensageiro no sentido tradicional. A função do profeta era falar com o povo em nome de DEUS para proclamar a vontade divina que foi recebida em revelação especial. No caso dele, vemos justamente o inverso: Fala com o Senhor em nome do povo. Mantém um discurso com DEUS e o faz de maneira tal que quase chegamos a classificá-lo de cético em vez de profeta.”

  

1.2. A mensagem do profeta 

Habacuque difere de outros profetas no que diz respeito ao seu comissionamento. Ele é que se dirigiu a DEUS com seus muitos questionamentos, por causa disso ele teve uma visão da parte do Senhor e recebe uma profecia que ele deveria anunciar aos seus compatriotas: “Então o Senhor me respondeu, e disse: Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa.” [Hc 2.2]. Em suma, a mensagem de Habacuque foi uma mensagem de conserto para o povo da Aliança, mas também de esperança, quando DEUS finalmente restaurasse o remanescente de Judá.

PENSO QUE: A exortação de Habacuque é que ainda que o fim da dor e a promessa demorem a se cumprir, certamente o melhor a ser feito é esperar – porque isso acontecerá e não haverá atraso algum em seu cumprimento.

2- O SILÊNCIO DE DEUS

Por que DEUS fica em silêncio quando mais precisamos ouvir a Sua voz? Por vezes, por mais contraditório que pareça, são em situações assim como a vivida pelo profeta Habacuque é que há um verdadeiro encontro entre o homem e DEUS. O silêncio de DEUS também é pedagógico e pode trazer respostas que não se consegue perceber se a aflição superar a fé.

2.1. Até quando? 

A pergunta feita por Habacuque com a expressão “até quando” continua sendo feita por diferentes pessoas e em diferentes ocasiões. “Até quando?” é o desabafo daquele que busca uma resposta que o ajude a continuar firme independente das circunstâncias. Somente DEUS tem e é a resposta que todos precisam, seja qual for a pergunta. Por isso é imprescindível que num ato de fé e confiança na soberania, no amor e na misericórdia de DEUS, entreguemos a Ele, sem reservas, todo e qualquer questionamento que insista em perturbar o coração e fragilizar a fé.

2.2. Por que DEUS não intervém? 

Ao ler o livro de Habacuque, é possível perceber pouco a pouco o quanto esse profeta, corajosamente, expôs sua humanidade. Muitas perguntas e pouco entendimento da ação de DEUS sobre questões em que as pessoas O afrontam com seu estilo de vida: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a vexação não podes contem­plar.” [Hc 1.13]. Diante dos acontecimentos que fogem ao entendimento humano e parecem claramente injustos e sem sentido, a impotência aflora e surge naturalmente a pergunta sobre como DEUS pode permitir que o mal se alastre. Por que DEUS não intervém? A limitação humana é um obstáculo à clara compreensão dos planos de DEUS em toda a sua extensão.

2.3. Oração como via de intimidade com DEUS

Diante do quadro da iminente invasão babilônica, um povo injusto e cruel, Habacuque questiona por que DEUS nada fizera [Hc 1.13,17]. Sem obter qualquer resposta, o profeta decide subir a uma fortaleza (torre de vigia) para aguardar uma resposta de DEUS, agora, em oração: “Pôr-me-ei na minha torre de vigia…para ver o que me dirá o Senhor.” [Hc 2.1]. Essa atitude foi um verdadeiro exercício de fé. Finalmente o profeta supera seu estado de perplexidade e angústias e toma uma decisão que, de fato, pode mudar todo aquele quadro de expectativas não correspondidas. Ele encontrou na oração uma via de intimidade com DEUS. Só então DEUS o responde e o convida a aguardar a promessa com esperança, ainda que demore. A resposta de DEUS é um convite a viver pela fé [Hc 2.4], até que o livramento de Sua parte chegasse.

PENSO QUE: Ser íntimo do Senhor é apresentar-se ou estar diante dele despojado de si mesmo; é desvelar- -se, tirar as máscaras; esvaziar-se totalmente; apresentar-se como dependente unicamente dele, do Seu amor, graça e misericórdia.

3- HABACUQUE PARA HOJE

Embora, inicialmente, Habacuque não conseguisse encontrar qualquer explicação que o ajudasse na compreensão da continuidade da opressão e da prosperidade dos seus inimigos sobre o seu povo, apesar de suas queixas e inconformismo, ele foi capaz de aprender lições que o fizeram ressignificar seu relacionamento com DEUS.

3.1. Contentamento apesar do sofrimento 

Conviver com infortúnios, sofrimentos e provações, apesar de fazer parte da caminhada de todo ser humano, pode levar qualquer pessoa à armadilha da murmuração e da amargura. Habacuque ensina que duas importantes atitudes ajudam a escapar desse caminho de desânimo e desesperança: “…ainda que… Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no DEUS da minha salvação.” [Hc 3.17-18]. Eis aí a receita: alegria no Senhor e louvor a DEUS (exultar). Olhar para DEUS e não para as circunstâncias é o segredo de encontrar contentamento apesar do sofrimento.

3.2. O cântico de Habacuque 

Finalmente, Habacuque caminha em direção ao reconhecimento da soberania de DEUS. O profeta não recebeu uma resposta direta sobre os problemas mencionados por ele, assim como aconteceu também com Jó. O cântico de Habacuque foi escrito mesmo que as mudanças almejadas por ele não tivessem acontecido. As questões sociais que lhe trouxeram tanto incômodo não desapareceram, o nível espiritual do povo não se elevou, as crises socioeconômicas não deixaram de existir, nem a opressão do povo babilônico enfraqueceu ou acabou. Nada naquele cenário foi mudado, a não ser o próprio profeta. Habacuque clama por misericórdia, pelo avivamento da obra do Senhor e sua manutenção ao longo dos anos [Hc 3.2], Foi ele quem experimentou a maior e melhor de todas as mudanças: deixou de ser um homem movido pela angústia e tornou-se um homem confiante na soberania de DEUS.

  

3.3. O justo viverá da sua fé 

“Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” [Hc 2.4]. Duas características importantes se encontram nesta declaração. A primeira é que o soberbo confia em si, e a segunda é que o justo vive pela sua fé, ou seja ele afirma a necessidade de o cristão permanecer fiel e viver diferentemente dos padrões impostos pelo mundo. Os servos de DEUS não devem promover ou compactuar com a maldade, com a violência, com a ganância, com a libertinagem ou com a idolatria. Ao final de tudo o ímpio será condenado e o justo será preservado por causa da sua confiança no Senhor

PENSO QUE: Apesar de os tempos de sofrimento parecerem não ter fim, o importante é saber que o Senhor sempre está atento a tudo que acontece e, por isso, podemos descansar seguros de Sua providência.

CONCLUSÃO

Diante das mazelas que nos cercam, muitos tendem a perder a esperança e a fé em DEUS, que tem o controle de todos os acontecimentos. A mensagem do profeta Habacuque nos serve de advertência a sempre mantermos nossa fé na Palavra de DEUS, jamais nas circunstâncias.

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