"Mas o SENHOR me disse: Não digas: Eu sou uma criança;
porque, onde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás"
Jr 1.7).
JEREMIAS, O PROFETA DA ESPERANÇA
INTRODUÇÃO - Jeremias - "Vigoroso na batalha, desafiou e contestou a
injustiça, a
falsidade e a vilania". O profeta das lágrimas, como Jeremias é conhecido,
tudo fez
por reconduzir seus contemporâneos aos caminhos do Senhor.
I. A ORIGEM SACERDOTAL DO PROFETA JEREMIAS
Nascido na cidade sacerdotal de Anatote, que distava uns seis quilômetros a
nordeste de
Jerusalém, o profeta Jeremias exerceu o seu ministério entre 626 e 586 a.C.
Contemporâneo dos Reis Josias, Jeoaquim e Zedequias Jr 1.31, Jeremias
profetizou no
período mais crítico da história de Israel.
II. A VOCAÇÃO DE JEREMIAS
1. O jovem Jeremias.
2. O chamamento de Jeremias. Três coisas fez o Senhor em relação a
Jeremias: conheceu-o, santificou-o e o deu às nações.
3. A incapacidade de Jeremias. "Ah! Senhor JEOVÁ! Eis que não sei
falar; porque sou uma
criança" (Jr 1.6). O Senhor toca-lhe os lábios: "Eis que ponho as
minhas palavras na tua boca"(Jr 1.9). "A vida do cristão começa no
Calvário, mas o trabalho eficiente, no Pentecostes.
III. O ESTADO CIVIL DE JEREMIAS
Devido às urgências daquele. tempo e das tormentas que se avizinhavam,
ordenou-lhe o Senhor: “Não tomarás para ti mulher, nem terás filhos nem filhas
neste lugar. Não são poucos os ministérios arruinados em consequência de
casamentos movidos única e exclusivamente pela paixão carnal.
IV. A POSTURA PROFÉTICA DE JEREMIAS
Jeremias não fora chamado para ser homem do povo. Não era populista nem
popular; não era obcecado por índices de aceitação nem estava preocupado com o
marketing pessoal.
REFLEXÃO :Mesmo sob as mais duras e inumanas condições, Jeremias cumpriu
fielmente o seu ministério; Falou a Palavra de DEUS; combateu as iniquidades e
conclamou a nação ao arrependimento.
VERDADE PRÁTICA:
A missão do homem de DEUS é inegociável. Ele foi chamado para cuidar dos
interesses do Todo-Poderoso, e proclamar com isenção e coragem a sua Palavra.
1.1 JEREMIAS. Deus chamou Jeremias para ser profeta do Reino Sul, i.e.,
Judá. Seu ministério abrangeu os últimos quarenta anos da nação, inclusive os
dias que precederam a destruição de Jerusalém e a deportação do povo de Deus a
Babilônia (627-586 a.C.). Ministrou durante os reinados de Josias, de Joacaz,
de Jeoaquim, de Joaquim e de Zedequias. Durante esse período, a nação
manteve-se rebelde contra Deus e confiava nas alianças políticas para conseguir
livrar-se dos inimigos. Jeremias conclamou o povo a arrepender-se dos seus
pecados e os advertiu que não escapariam do castigo por rejeitarem a Deus e à
sua lei. Por causa da sua mensagem de julgamento e da sua devoção ao Senhor,
Jeremias enfrentou muita oposição e sofrimento.
1.5 ANTES QUE EU TE FORMASSE... TE SANTIFIQUEI. Antes de Jeremias
nascer, Deus já havia determinado que ele seria profeta. Assim como Deus tinha
um plano para a vida de Jeremias, Ele também tem um para cada pessoa. Seu alvo
é que o crente viva segundo a sua vontade e deixe que Ele cumpra seu plano em
sua vida. Assim como no caso de Jeremias, viver segundo o plano de Deus pode
significar sofrimento; porém Deus sempre opera visando o melhor para nós (ver
Rm 8.28).
1.8 NÃO TEMAS. Jeremias, ao iniciar seu ministério profético, era jovem.
Ele hesitou e temeu ante a extraordinária missão de falar a Palavra do Senhor
aos anciãos de Jerusalém (v. 7). Deus o assistiu com a promessa de que estaria
com ele e lhe daria poder para cumprir sua chamada. Não importa qual a tarefa
que você esteja executando para Deus, Ele sempre promete sua presença e ajuda
constante, se você permanecer firme, com sua fé posta Nele.
1.9 AS MINHAS PALAVRAS NA TUA BOCA. Deus garante a Jeremias que sua
mensagem profética seria inspirada por Ele; as palavras do profeta seriam as
palavras de Deus (cf. Rm 10.8). Convicto disso, Jeremias nunca usou de
subterfúgio com a Palavra de Deus, nem a modificou (ver 37.16,17).
1.10 PARA ARRANCARES, E PARA DERRIBARES. A mensagem de Jeremias continha
partes ligadas a juízo e também de restauração, no entanto, por causa do
período da história de Israel em que Jeremias profetizou, sua mensagem
enfocava, em primeiro plano, o castigo e a condenação. A nação desviada, de Israel,
tinha de ser derribada antes de Deus plantá-la e edificá-la de novo.
Que texto exemplifica bem a sua pregação neste período?
Jr 2,1-37. É um texto escrito em um gênero literário muito usado pelos
profetas, o rîbh (= processo). Funciona assim: parte-se do pressuposto de uma
aliança entre as duas partes em questão, Iahweh e Israel. Iahweh abre, então,
através do profeta, um processo contra Israel, motivado por sua quebra do
pacto. Como parte ofendida, Iahweh convoca a natureza como testemunha,
questiona o comportamento de Israel, relembra os benefícios passados e ameaça
com uma punição.
Neste texto, rico em imagens, à moda de Oséias, Jeremias relembra com nostalgia
a fidelidade dos primeiros tempos e a contrapõe à infidelidade atual, pois
Israel trocou Iahweh pelos ídolos que nada valem e não podem socorrê-lo na hora
do aperto.
Jeremias responsabiliza alguém pela infidelidade ao Javismo?
Sim. Em Jr 2,1-4,4 Jeremias responsabiliza quatro tipos de autoridades pela
idolatria e pela desgraça em que caiu o país: são os reis, os príncipes, os
sacerdotes e os profetas. A volta ao Javismo é possível se Israel resolver
praticar a verdade ('emeth), o direito (mishpât) e a justiça (sedhâqâh),
segundo Jr 4,2.
O que pensava Jeremias da reforma de Josias?
sta é a coisa mais estranha desta fase da pregação de Jeremias: ele não faz
nenhuma alusão à reforma social e religiosa empreendida pelo rei Josias naqueles
anos (sobre a reforma cf. 2Rs 22,1-23,27). É possível que, embora visse com
muita expectativa a ação do governo, ele tenha se decepcionado com os escassos
resultados de um movimento imposto de cima para baixo, pela força das armas.
Assim, teria preferido manter prudente silêncio a respeito.
O que fez Jeremias no tempo do rei Joaquim?
Quando Joaquim, de 25 anos de idade, assumiu a mando do faraó do Egito, o
governo de Judá em 609 a.C., Jeremias rompeu, de vez, com as instituições do
Estado. Jeremias tornou-se, então, um ferrenho adversário da classe sacerdotal
de Jerusalém, já que sob os desmandos do governo de Joaquim a reforma de seu
pai Josias se perdeu totalmente, restando um culto superestimado como garantia
da nação, consequência da centralização de todas as atividades religiosas no
Templo de Jerusalém e na mão de seus sacerdotes. Culto agora usado para
mascarar os males sociais e os crimes contra o povo.
O que fez Jeremias em sua 1a intervenção na época de Joaquim?
Um violento discurso contra o Templo, que foi conservado em duas versões: Jr
7,1-15 (texto tipo C) e Jr 26,1-24 (texto tipo B). O primeiro destaca o
conteúdo, o segundo as circunstâncias do discurso.
Entre setembro de 609 e abril de 608 a.C., talvez durante uma festa, Jeremias
coloca-se no pátio do Templo e denuncia a confiança da população judaíta no
Templo de Iahweh como falsa e promete a destruição do santuário, tal qual
outrora acontecerá com Silo.
A morte de Josias em combate contra o faraó, o curto governo de seu filho
Joacaz (3 meses), seu exílio, a dependência do Egito sob Joaquim: tudo isso
criara um clima de incerteza e insegurança geral. O que faz o povo? Refugia-se
na crença de que a presença de Iahweh no Templo garante a cidade e a sua
liberdade.
Jeremias denuncia esta crença porque, segundo ele, só a aliança Iahweh-Israel
poderia garantir o povo. Mas esta não funcionava, pois nos tribunais não se
praticava o direito, oprimiam-se o estrangeiro residente, o órfão e a viúva,
condenava-se o inocente e, além disso, seguiam-se deuses estrangeiros.
O que acontece com Jeremias?
Conta-nos Jr 26,1-24 que Jeremias quase morre por fazer tal denúncia. Aos olhos
do pessoal do Templo, como sacerdotes e profetas, Jeremias cometera duas
blasfêmias: falara em nome de Iahweh e falara contra a casa de Iahweh. Perante
o tribunal a que é levado, ele, porém, confirma suas palavras e só não morre
porque alguém se lembrou do profeta Miquéias, que, um século antes, pregara
destino parecido para o Templo e para a cidade e nada sofrera.
O que disse Jeremias sobre o governo de Joaquim?
Denuncia o governo de Joaquim como ganancioso, assassino e violento, segundo Jr
22,13-19, um dos mais duros oráculos proféticos já pronunciados contra um rei.
Jeremias compara Joaquim ao seu pai Josias e denuncia o rei como antijavista,
pois não cumpre sua função real de exercer a justiça e o direito e de proteger
os mais fracos.
No começo de seu governo, Joaquim preocupa-se em construir um novo palácio - ou
um anexo ao antigo - exatamente quando a crise econômica se agravava.
Dependente do Egito, a quem pagava tributo, colocou a população para trabalhar
de graça na construção. Jeremias vai dizer ao rei que ele, quando morrer, nem
merece ser sepultado, mas como um jumento deverá ser jogado para fora das
muralhas de Jerusalém, pois, ao contrário de seu pai, Joaquim "não conhece
Iahweh".
O que mais ameaça Judá neste momento?
Jr 4,5-6,30 e Jr 8,13-17 falam de um "inimigo que vem do Norte”. Embora
haja várias possibilidades de identificação desse inimigo, muitos comentaristas
pensam que Jeremias está falando de Nabucodonosor, o rei babilônico, que invade
regiões da Palestina em 605/604 a.C., trazendo o terror da guerra para as
fronteiras de Judá.
Mas o que motiva tão cruel castigo de Judá?
A ruptura da aliança. Em Judá, Jeremias só vê rebeldia contra Iahweh, levando o
povo a maldades e crimes sem conta. Não há o mínimo "conhecimento de
DEUS", que só é possível através da prática do direito, da justiça, da
solidariedade. Os poderosos tramam sistematicamente contra o povo, todos buscam
desesperadamente a riqueza e não há paz. A mentira domina, desde o ensinamento
dos profetas à lei dos sacerdotes, levando o país ao caos. Todos se tornam
inimigos de todos. Impera a idolatria. O fim será trágico, segundo os capítulos
8 e 9 de Jeremias.
a 2a confissão: Jr 15,10-11.15-21
a 3a confissão: Jr 17,14-18
a 4a confissão: Jr 18,18-23
a 5a confissão: Jr 20,7-10.14-18
O que diz Jeremias em cada uma das cinco "confissões"?
Da primeira "confissão" já falamos na pergunta 5: seus conterrâneos e familiares tentam matá-lo em Anatote, quando jovem. Mas Jeremias amplia o problema, questionando por que persiste a prosperidade dos ímpios e a paz dos apóstatas. Daqueles que vivem falando em Iahweh, mas na verdade estão muito longe dele. Daqueles que têm uma fachada de piedade, mas não estão, de fato, com Iahweh. E Jeremias conclui que este é um problema para o qual ele não tem resposta...
Na segunda confissão a questão colocada por Jeremias é: vale a pena ser profeta? Jeremias confessa estar vivendo a suprema tentação profética, que é a vontade de se acomodar, de desistir, de aceitar a cooptação, de "ser normal", de passar para o lado daqueles a quem ele critica para sair da solidão a que é obrigado a viver.
Na terceira confissão Jeremias apela a Iahweh contra os seus perseguidores que lhe cobram a realização da palavra de Iahweh por ele pregada e o profeta não sabe mais o que fazer. Jeremias se sente desacreditado perante seus ouvintes, porque as desgraças prometidas não acontecem. Vive duramente pressionado.
Na quarta confissão Jeremias denuncia nova trama contra a sua vida. Seus adversários argumentam que podem tranqüilamente eliminá-lo, já que o sacerdote, o sábio e o profeta (ligado aos interesses da corte) não lhes faltarão. Com tristeza o profeta constata: estes que querem eliminá-lo são os mesmos a quem ele tantas vezes defendeu diante de Iahweh...
Na quinta confissão,
a mais dramática e a mais conhecida de todas, usando fortes imagens, Jeremias
chega ao máximo de sua angústia. Acredita que Iahweh o enganou: o seduziu para
ser profeta e o dominou, para depois abandoná-lo. Agora todos querem sua queda,
inclusive seus amigos. Por isso, ele quer parar de ser profeta, mas o problema
é que não consegue, pois as palavras de Iahweh queimam-no como fogo. Fogo que
atinge até os ossos. Então, Jeremias amaldiçoa o dia em que nasceu:
"Maldito o dia em que eu nasci! (...) Maldito o homem que deu a meu pai a
boa nova: 'Nasceu-te um filho homem!' (...) porque ele não me matou desde o
seio materno, para que minha mãe fosse para mim o meu sepulcro e suas entranhas
estivessem grávidas para sempre. Por que saí do seio materno para ver trabalhos
e penas e terminar os meus dias na vergonha?".
E o que aconteceu com o rei Joaquim?
Em 600 a.C. Nabucodonosor tentou invadir o Egito e não conseguiu. Joaquim
rebelou-se e morreu em dezembro de 598 a.C., provavelmente assassinado,
enquanto os babilônios marchavam para tomar Jerusalém. Seu filho Joaquin, de 18
anos de idade, o substituiu, mas capitulou 3 meses depois, no dia 16 de março
de 597 a.C. O rei foi deportado para a Babilônia com a corte e a classe
dirigente.
No seu lugar, os babilônios deixaram seu tio, outro filho de Josias, de nome
Zedequias, então com 21 anos de idade, para dirigir um Judá todo arruinado. Com
várias cidades destruídas e com a economia do país desorganizada, pouco restava
ao fraco Zedequias que pudesse ser feito.
O que fez Jeremias neste 3º período, sob o governo de Zedequias?
Jeremias começa criticando as pretensões do novo governo através da visão
dos dois cestos de figos de Jr 24,1-10. Segundo o profeta, os exilados
correspondem a figos bons, enquanto o atual governo se parece com figos
estragados. É possível que o novo governo, instalado no poder sob Zedequias, se
afirmasse como a solução para o país, já que os "maus", os
governantes anteriores, tinham sido exilados, pagando por seus crimes. Jeremias
é de opinião contrária. Para ele o problema continua. Nada fora resolvido e a
sombra do Templo não garantirá ninguém.
Jeremias escreveu uma carta aos exilados?
Sim. Ainda nos primeiros anos do governo de Zedequias Jeremias escreveu aos
exilados de 597 a.C., segundo Jr 29,1-23. Ele tenta desfazer as ilusões
alimentadas por falsos profetas, durante convulsões sociais acontecidas no
império babilônico, de que o exílio estava para acabar. Segundo Jeremias, os
exilados devem aprender a viver tranquilamente entre os babilônios, pois o
exílio será longo.
O que pensa Jeremias de uma rebelião contra a Babilônia?
Em Jr 27,1-22 e Jr 28,1-17 ele se opõe radicalmente a tal aventura incitada
em Jerusalém pelos pequenos reinos da Síria-Palestina que se encontravam na
mesma situação de Judá. Colocando um jugo (= haste apoiada no pescoço e ombros
para transportar carga) sobre o próprio pescoço, Jeremias simboliza o domínio
babilônico a que estavam submetidos (Jr 27,2-3). Confrontando-se com o profeta
Hananias, que, ao quebrar o jugo de Jeremias, simbolicamente prega a
necessidade da rebelião e a libertação fácil, Jeremias consegue convencer o
governo a se manter quieto.
O que disse Jeremias a Zedequias quando Jerusalém foi sitiada?
Quando Jerusalém foi cercada pelas tropas babilônicas em janeiro de 587 a.C.,
Jeremias disse ao rei Zedequias que a vitória de Nabucodonosor era inevitável,
pois Iahweh entregara a cidade nas mãos do inimigo, já que não houve conversão
(Jr 34,1-7).
Por que Jeremias é preso nesta época?
Já segundo Jr 38,1-13, Jeremias é preso, acusado de traição pelos nobres, ministros de Zedequias, porque estaria exortando o povo à rendição. É provável que temos aqui dois relatos diferentes do mesmo episódio.
Mas há alguma mensagem de esperança em Jeremias?
"Para arrancar e para destruir": esta foi a principal missão de Jeremias. Mas também para "construir e para plantar", como diz Jr 1,10. Na verdade, espalhados pelo livro de Jeremias, encontramos poucos textos que manifestam alguma esperança. Jr 31,31-34, o famoso texto que fala da nova aliança, é um destes.
Em geral, sua autenticidade tem sido contestada. Argumenta-se, por exemplo, que Jeremias nunca chegou a tais alturas teológicas, porque o texto é perfeito, completo e assim por diante. Porém, alguns pensam que Jeremias pode ter tido tal ideia no começo de sua pregação e a aplicado ao reino do norte, tendo depois, nestes últimos dias, adaptado a fala a Judá. Claro que o texto final, redigido em prosa, tem a mão de algum redator posterior, talvez deuteronomista. Mas isto não é suficiente para negar a paternidade da idéia a Jeremias.
O que diz Jr 31,31-34?
Faz uma contraposição entre a antiga aliança, feita após o êxodo, e a nova aliança, a ser feita no futuro. Enquanto a antiga aliança precisava de intermediários, a nova não precisará, pois a lei será colocada no íntimo (= coração, seio) do povo de Israel. Se a antiga aliança foi rompida pelos pais de Israel, a nova não o será jamais, porque haverá perfeita sintonia entre Iahweh e Israel.
O objetivo desta nova aliança: conhecer Iahweh. É o repetido tema do conhecimento de Iahweh que aqui volta. É um tema da maior importância e explica muitas das atitudes e palavras de Jeremias.
Jeremias chegou mais perto do que ninguém da compreensão do verdadeiro problema de Israel de sua época, que era a estrutura tributária do Estado. Sua rejeição de instituições como o Templo e seu aparelho cultual ou a corte e sua administração é, na verdade, a denúncia dos aparelhos do Estado tributário como antijavistas e perniciosos para o povo.
A proclamação de uma nova aliança, onde o Javismo não precisaria de mediações para ser vivido, é a radicalização utópica de sua pregação. É o sonho de Jeremias.
E o 4º período da atuação de Jeremias?
Após a queda de Jerusalém em 19.07.586 a.C., assistimos ao crepúsculo do profeta. Deixado livre pelos babilônios, Jeremias escolheu ficar com o governador Godolias, neto de Safã, escriba chefe da reforma de Josias, membro de uma família que sempre apoiara Jeremias em Jerusalém. Assim, junto ao resto do povo pobre que ficou no país, Jeremias certamente alimenta ainda a esperança de "construir e plantar", como conta o texto que fala de sua vocação em Jr 1,10.
E como Jeremias terminou seus dias?
A situação em Judá se complicou rapidamente, quando um príncipe davídico chamado Ismael, que escapara para Amon, voltou e assassinou Godolias, provavelmente em outubro de 586 a.C., segundo Jr 41,1-18. Os sobreviventes, entre eles Jeremias, fogem para o Egito, temendo uma represália babilônica (Jr 42,1-43,7).
Lá no Egito, em Táfnis, cidade situada a leste do delta do Nilo, o incansável profeta, que já devia ter uns 70 anos de idade, passa a repreender a idolatria que seus conterrâneos ali praticavam, segundo Jr 44,1-30.
Depois disso, nada mais sabemos sobre Jeremias. Diz a lenda que o profeta de Anatote foi apedrejado e morto por seus conterrâneos, lá no Egito. Esta lenda está
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