JESUS
CRISTO NOS RECONCILIOU COM DEUS
Texto Bíblico: Efésios 2:14-19
“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e,
derribando a parede de separação que estava no meio” (Ef.2:14).
Efésios
2:
14.Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos
os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio,
15.na sua carne, desfez a inimizade, isto é, a
lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos
dois um novo homem, fazendo a paz,
16.e, pela cruz, reconciliar ambos com Deus em
um corpo, matando com ela as inimizades.
17.E, vindo, ele evangelizou a paz a vós que
estáveis longe e aos que estavam perto;
18.porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai
em um mesmo Espírito.
19.Assim que já não sois estrangeiros, nem
forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus.
Em Romanos 5:10, a Bíblia nos diz: "Se, quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!"
Este
versículo explica de forma simples e direta o processo de reconciliação que
Jesus Cristo nos proporcionou. Antes de Cristo, a humanidade estava separada de
Deus por causa do pecado. Esse estado de separação, ou inimizade, significava
que não tínhamos acesso direto a Deus.
A reconciliação é o ato de restaurar um relacionamento quebrado,
e Jesus Cristo foi o único que pôde fazer isso.
1. A Necessidade da Reconciliação
O
pecado de Adão e Eva no Jardim do Éden introduziu uma barreira entre Deus e a
humanidade. A Bíblia ensina que "todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus" (Romanos 3:23). O pecado não é apenas uma série de atos
errados, mas uma condição que nos afasta da santidade de Deus. A santidade de
Deus não pode conviver com o pecado, e a consequência final do pecado é a morte
e a separação eterna.
2. O Preço da Reconciliação
A
reconciliação não poderia ser feita por meio de rituais ou boas obras humanas.
Era necessário um sacrifício perfeito para cobrir o pecado de toda a
humanidade. Jesus Cristo, sendo o Filho de Deus, era o único ser puro e sem
pecado que poderia fazer isso. Sua morte na cruz não foi um evento acidental,
mas o cumprimento do plano de Deus para a salvação. Ao derramar seu sangue e
morrer, Jesus pagou o preço total pelo nosso pecado. A Bíblia nos diz em 2
Coríntios 5:21: "Aquele que não conheceu
pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de
Deus."
3. O Resultado da Reconciliação
A
ressurreição de Jesus é a prova final de que o sacrifício foi aceito por Deus.
Sua morte nos reconciliou com Deus e sua ressurreição nos deu a esperança de
uma nova vida. Por meio de Jesus, a barreira do pecado é removida e somos
restaurados à comunhão com Deus. Não somos mais inimigos, mas sim filhos e
amigos de Deus. Isso nos dá a oportunidade de ter um relacionamento pessoal com
ele, ter paz interior, e a promessa da vida eterna.
Em
resumo, a reconciliação com Deus não é algo que podemos conquistar por nossos
próprios esforços, mas um presente gratuito que recebemos pela fé em Jesus
Cristo. Sua morte e ressurreição não apenas pagaram por nossos pecados, mas
também nos trouxeram de volta para o relacionamento íntimo e amoroso que Deus
sempre desejou ter conosco.
CRISTO É A NOSSA RECONCILIAÇÃO COM DEUS
INTRODUÇÃO
Neste
Estudo trataremos da grande verdade revelada: a nossa reconciliação com Deus,
que teve sua consumação no Calvário por meio do sacrifício redentor de Cristo.
O preço dessa reconciliação foi “o sangue de
Cristo” (Ef.2:13). Ao morrer por
todos nós, Jesus agiu como nosso Representante; quando Ele morreu, todos
morreram Nele. Assim como o pecado de Adão se tornou o pecado de seus
descendentes, também a morte de Cristo se tornou a morte daqueles que Nele
creem (Rm.5:12-21; 1Co.15:21,22). Por causa de seu sacrifício vicário somos
agora novas criaturas (2Co.5:17), ou seja, temos uma nova posição em relação a
Deus e ao mundo. Temos agora uma nova forma de viver, na qual desaparece a vida
pregressa e os velhos costumes. Por ocasião da conversão, não apenas viramos
uma página de nossa vida velha, começamos um novo estilo de vida sob o controle
do Espírito Santo. Esse novo estilo de vida é consequência lógica da conversão,
pois o amor de Deus pela humanidade (João 3:16) constrange-nos a viver
integralmente para Ele.
I. CRISTO DESFEZ A INIMIZADE ENTRE OS HOMENS
“Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um e
destruiu a barreira, o muro de inimizade” (Ef.2:14 - NVI).
Paulo
descreve aqui a maior missão de paz da história. Jesus não apenas reconciliou
judeus e gentios, mas também desfez a inimizade entre eles e os pôs em um
corpo: a Igreja (Ef.2:14).
1.
A parede de separação entre os homens (Ef.2:14)
“...a parede de separação que estava no meio” (ARC).
Pela
morte sacrificial por nossos pecados na cruz, Cristo nos reconciliou com Deus e
uns com os outros. Embora os dois grupos – judeus e gentios - estivessem
reconciliados em Cristo, havia outro aspecto: “o muro de inimizade”, ou “parede de separação”, que simbolizava que os
gentios estavam alienados de Deus, como também de Israel.
Evidentemente
não era uma parede física propriamente dito, mas uma barreira invisível criada
pela lei de Moisés, como mandamentos na forma de ordenanças. Isso separou o
povo de Israel de todas os demais povos. Para ilustrar esse fato, muitos usam
como exemplo a parede que existia no Templo judaico e que restringia o acesso
de quem não fosse judeu, limitando a permanência dessas pessoas ao Átrio dos
gentios. O historiador judeu Flavo Josefo escreveu que nessa parede havia a
seguinte inscrição, em grego e latim: “nenhum estrangeiro pode adentrar a
barreira que circunda o santuário e a parte interna. Quem for apanhado fazendo
isso será culpado de sua própria morte, que se seguirá” (veja Atos 21:28,29).
Isto retratava o exclusivismo religioso do judaísmo. Cristo, porém, veio para
desfazer tal inimizade e exclusivismo (Ef.2:14).
2.
A derrubada da parede da separação (Ef.2:14)
Outro
aspecto da obra de Cristo pode ser chamado demolição: “... e, derribando a parede de separação que estava no
meio”. Cristo Jesus através da sua morte, destruiu a parede
que separava judeus de gentios, estabelecendo a paz entre os dois grupos.
Embora a parede que cercava o templo, e ainda excluía os gentios, estivesse de
pé quando Paulo escreveu a Epístola aos Efésios, espiritualmente ele já havia
sido destruído quando Jesus morreu na cruz. Mais do que estabelecer a paz,
Cristo reconciliou a ambos com Deus. Aqueles que criam Nele tornar-se-iam único
povo – a Igreja.
Em
outras palavras, os crentes, tanto judeus como gentios, antes separados pela
parede da inimizade, agora se aproximam, uma vez que Deus fez de “ambos um” em
Cristo, a saber, de crentes judeus e gentios. Agora eles não são mais judeus ou
gentios, mas cristãos. Rigorosamente falando, não é certo referir-se a eles
como cristãos judeus ou cristãos gentios; todas as distinções ligadas ao corpo,
como, por exemplo, a nacionalidade, foram cravadas na cruz. Infelizmente, ainda
há muros que separam uma pessoa da outra; os muros do preconceito, das
ideologias e do racismo.
“A proximidade de Deus que todos os cristãos desfrutam por meio
de Cristo é um privilégio que frequentemente tomamos como certo. Deus não
mantém distância nem insistem em rituais ou protocolos complicados. Pelo
contrário, por meio de Jesus Cristo e pelo Espírito Santo, temos acesso
imediato a Ele como nosso Pai (Ef.2:18). Precisamos exortar uns aos outros para
que aproveitemos esse privilégio” (Jon
Stout. Lendo Efésios).
3.
A revogação da lei dos mandamentos (Ef.2:15)
“no seu corpo, desfez a inimizade, isto é, a lei dos
mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um
novo homem, fazendo a paz”.
A
causa da inimizade que existia entre os judeus e os gentios, e também entre o
homem e Deus, era “a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças”. Segundo
William Macdonald, a Lei de Moisés era um simples código legal, porém consistia
em dogmas ou decretos que cobriam quase todas as áreas da vida. A Lei em si era
santa, justa e boa (Rm.7:12), porém, a natureza pecaminosa se serviu dela para
expressar revolta e ódio. Como a Lei colocava Israel num pedestal,
dignificando-o como o povo escolhido de Deus, muitos dentre os judeus se
tornaram arrogantes e desprezaram os gentios. Os gentios por sua vez respondiam
com profunda hostilidade, hoje conhecida na forma de antissemitismo.
Todavia,
na cruz do calvário, Jesus aboliu a Lei da inimizade (Ef.2:15; Hb.7:18). De que
modo Cristo removeu essa Lei? Em primeiro lugar, ele morreu para sofrer a
penalidade da Lei transgredida; assim, Ele satisfez perfeitamente as justas
exigências de Deus. Agora a Lei nada tem para apontar contra os que estão “em
Cristo”. A penalidade foi paga completamente em favor deles. Os crentes não
estão mais sob a Lei, mas debaixo da graça. Isso não significa que podem viver
a seu bel prazer, mas que servem a Lei de Cristo e devem fazer o que lhe
agrada.
Alguém
pode indagar: “como o apóstolo Paulo pode declarar
que Cristo anulou a Lei, quando o próprio Cristo, no Sermão do Monte, declarou
especificamente que não tinha vindo para abolir a lei, mas para cumpri-la
(Mt.5:17)”? Concordo com John Stout que, no Sermão do Monte, Jesus
estava se referindo à Lei moral – o Decálogo. Jesus não aboliu a Lei moral como
um padrão de comportamento, mas a aboliu como um meio de salvação.
Portanto,
a principal referência de Paulo em Efésios 2:15 é concernente à “lei cerimonial dos mandamentos expressa em ordenanças”,
isto é, a circuncisão, os sacrifícios materiais, as leis dietéticas, as
regras sobre pureza e impureza, festas, sábado (Cl.2:11,16-21), rituais estes
que governavam as relações sociais. Se a vida das pessoas e as relações sociais
estão sob essa luz, a Lei só faz dividir, pois não podemos obedecer
completamente a ela, por mais que tentemos. Assim, ela nos separa de Deus e uns
dos outros. Mas, Jesus eliminou toda essa dimensão cerimonial, e Ele o fez “em
seu corpo”, ou seja, através de sua morte física; na cruz Ele cumpriu todo o
sistema cerimonial do Antigo Testamento. Jesus obedeceu perfeitamente à Lei em
sua vida e, em sua morte, suportou as consequências de nossa desobediência.
II.
PELA PAZ, CRISTO FEZ UM “NOVO HOMEM”
“Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um e
destruiu a barreira, o muro de inimizade” (Ef.2:14 - NVI).
A
Paz aos que estavam longe (os gentios) e aos que estavam perto (os judeus)
(Ef.2:13), que tinha sido proclamada por Isaias (Is.57:19), foi estabelecida em
Jesus Cristo. É por meio da Paz em Cristo (Rm.5:1) que alcançamos paz com o
próximo e abrimos caminho para a amizade cristã (Ef.2:14). Precisamos fazer uso
desse privilégio. Assim sendo, fica liberado o nosso acesso a Deus, visto que a
parede de separação foi derrubada (Ef.2:14; Hb.10:22; Tg.4:8).
1.
O conceito bíblico de Paz
Paz,
na língua hebraica (língua em que se escreveu a quase totalidade do Antigo
Testamento), é “shalom”, que, muito
provavelmente, é a palavra hebraica mais conhecida no mundo. A ideia israelita de “shalom” é diferente da ideia que se
disseminou posteriormente entre os povos, principalmente entre os gregos, cuja
cultura foi determinante para a formação do pensamento ocidental. Para eles, a
paz era chamada de “eirene”, sendo
concebida como um estado de ausência de conflitos.
Entre
os Judeus, principalmente em Israel, Shalom é usada como cumprimento usual.
Embora shalom seja uma palavra plena de significado, é um cumprimento como
qualquer outro: olá, adeus e outros tantos entre povos e costumes. No entanto,
se esta palavra for tomada pelo seu significado, expressa o melhor desejo que
se pode ter em relação a uma pessoa: estima-se a paz, a harmonia - o melhor que
se pode desejar a alguém.
A
ideia de paz como completude, como integridade, somente veio depois da tradução
das Escrituras para o grego (a chamada Septuaginta), quando, então, a “eirene”
passou a se dar a ideia de “shalom”, até porque “shalom” foi traduzida por “eirene” naquela
versão do Antigo Testamento.
Jesus,
ao falar da paz, fez uma distinção entre estes dois conceitos. Nas suas últimas
instruções aos discípulos, afirmou que lhes deixava a sua paz, que não era a
paz do mundo (João 14:27). A paz do mundo, conforme inferimos dos ensinos do
Senhor, era uma paz precária, insegura e sujeita a temores constantes, porque
era apenas a ausência de conflitos, uma ausência que não era garantida por
coisa alguma. Era a situação vivida pelos contemporâneos de Cristo, que viviam
a chamada “pax romana” (paz romana), que
era o período de ausência de guerras e de conflitos nas regiões que estavam sob
o domínio romano, nos governos dos imperadores César Augusto e Tibério, que
logo passaria, pois se tratava de apenas uma acomodação política instável e que
dependia, fundamentalmente, da eficiência dos exércitos e dos órgãos de
controle do poder romano.
A paz de Cristo é “shalom”, ou seja, o sentimento de comunhão, de estar completo com a
habitação divina em nosso espírito, o que se obtém somente se alcançar a
salvação em Cristo Jesus; esta é a paz descrita nas Escrituras, vivida pelos
crentes e que emana das atitudes do salvo; é a paz como virtude do Fruto do
Espírito (Gl.5:22).
Embora
o sentido bíblico da paz seja o de integridade, o de completude, as Escrituras
nos falam, de três aspectos da paz, a saber:
a) Paz
com Deus - “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com
Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”
(Rm.5:1) A paz com Deus é a reconciliação entre o homem e Deus, a união
de Deus com o homem mediante o perdão dos pecados por intermédio da aceitação
de Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador.
Esta
paz, quebrada lá no Paraíso, por causa do pecado, só se tornaria possível
através da morte expiatória de Jesus, na Cruz do Calvário, pela qual alcançamos
a nossa Redenção – “Em quem temos a
redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados... Porque foi do
agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse e que, havendo por ele feito
a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas
as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus”(Cl.1:14,19,20).
O
restabelecimento da paz entre o homem e o seu Criador foi uma obra de Deus. Ele
quis que a paz fosse restabelecida. Para nós custou tão pouco, mas, para Ele
teve um preço muito elevado. Adão, antes de pecar, tinha paz com Deus; nós,
depois da remissão ou perdão de nossos pecados, temos paz com Deus.
A
Paz, assim como o Amor, faz parte da própria natureza de Deus. Sendo assim, ela
faz parte, também, da natureza de seus filhos - “Pelas
quais nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas
fiqueis participantes da natureza divina...” (2Pd.1:4).
b) Paz
de Deus. A paz de
Deus é diferente da paz que o mundo dá. Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não
se turbe o vosso coração, nem se atemorize”
(João 14:27).
Cada
um só pode dar o que tem, e o mundo só pode dar a sua “paz”, e a sua paz pode
ser passageira, é fraca e não resiste diante das adversidades: ela pode durar
enquanto dura o efeito das drogas; ela pode durar enquanto o homem está bem
empregado; ela pode durar enquanto se goza de uma perfeita saúde; ela pode
durar enquanto dura um bom relacionamento amoroso; ela pode durar enquanto dura
a glória do poder; ela pode durar enquanto não aparece a primeira ruga como
sinal da velhice; ela pode durar enquanto dura o sucesso de uma carreira; ela
pode durar enquanto uma crise financeira não bater à porta; ela pode durar
enquanto um micro vírus, como o covid-19, não aparece ameaçando vidas
independentemente da classe social, econômica ou credo religioso.
A
Paz que o Senhor Jesus dá não se abala diante das circunstâncias adversas.
Conta-se que certo rei ofereceu um prêmio ao artista que pintasse o melhor
quadro sobre a paz. Muitos artistas tentaram. O rei examinou todos os quadros,
mas havia apenas dois dos quais ele realmente gostou, e teve que escolher entre
eles:
-Um
quadro era de um lago tranquilo. O lago era um espelho perfeito para pacíficas
torres de montanhas ao redor dele. No alto estava um céu azul com nuvens
brancas. Todos que viam este quadro consideravam-no um quadro perfeito da paz.
-O
outro quadro também tinha montanhas. Mas estas eram acidentadas e nuas. Acima
estava um céu irado de onde caía a chuva, e relâmpagos eram vistos. Lá embaixo,
ao lado da montanha, caía uma cascata espumante. Isto não parecia de forma
alguma um quadro da paz. Só que o rei escolheu este segundo quadro. Sabe por
quê? Quando o rei olhou, atrás da cascata viu um minúsculo arbusto crescendo
numa rachadura na rocha. No arbusto um pássaro-mãe havia construído seu ninho.
Ali, no meio da fúria das águas correntes, deitou-se o pássaro-mãe em seu
ninho, em paz perfeita. O rei explicou: "Paz não quer dizer estar num
lugar onde não há qualquer barulho, problema, ou trabalho duro. Paz quer dizer
estar no meio de todas essas coisas e ainda assim estar tranquilo no seu
coração”. Este é o significado da paz de Deus.
Por
isso, a Paz de Deus é uma das virtudes do Fruto do Espírito Santo (Gl.5:22),
pois ela permanece mesmo em meio ao perigo e circunstâncias contrárias. Isaías
declara: “Tu conservarás em perfeita paz aquele cuja mente está firme em Ti;
porque ele confia em Ti” (Is.26:3). Portanto, se sua mente e coração estão em
Deus, então você desfrutará a genuína Paz do Senhor, mesmo em um mundo de
aflições. Na Bíblia está registrada a expressão
“não temais” 365 vezes, uma para cada dia do ano, precisamente para que os
salvos não tenham medo, não se deixem abalar, mas desfrutem da Paz de Deus.
c) Paz
com as pessoas, como o próximo. A
paz de Deus é consequência direta e inevitável da paz com Deus. Quem tem paz
com Deus, transmite às outras pessoas e a si mesmo a paz de Deus, ou seja, um
sentimento de tranquilidade e confiança que é gerado em nós pelo Espírito
Santo, mediante o qual, mesmo nas maiores aflições e dificuldades, não somos
abalados, não perdemos a nossa confiança em Deus, nem muito menos a direção que
devemos seguir.
As
igrejas locais dos tempos apostólicos tinham esta paz e era nela que eram
edificadas (Ef.2:19,20). Mas, Satanás sempre procurou destruir esta paz entre
os irmãos da igreja primitiva e, ainda hoje, este é um dos seus principais
trabalhos (Rm.16:17;1Co.11:18). Devemos ter discernimento espiritual e, sabendo
que a origem da dissensão nunca é divina, mas carnal e diabólica (1Co.3:3;
Gl.5:20; Tg.3:14-16; Jd.19), devemos sempre nos desviar de todo e qualquer
movimento contrário à paz na igreja local. A exortação contundente do Espírito
Santo é esta: “Segui a paz com todos...” (Hb.12:14).
“Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom
trato, as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja e
sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a
verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e
diabólica” (Tg.3:14-16).
2.
Cristo é o motivo da nossa Paz
“Porque ele é a nossa Paz...”. Aqui é dito que Cristo
é a nossa Paz. Ou seja, Cristo não é somente o Autor da nossa paz, mas é
literalmente a “nossa paz”. Como
o homem Jesus Cristo é a nossa paz? A resposta é a seguinte: quando um judeu
crê no Senhor Jesus, ele perde a sua identidade nacional, daí em diante passa a
estar em Cristo; o mesmo sucede quando uma pessoa não judia recebe o Salvador,
a partir desse momento ela está “em Cristo”. Em outras palavras, os crentes,
tanto judeus como gentios, antes separados pela inimizade, agora se aproximam,
uma vez que Deus fez de “ambos um” em Cristo. Visto que são unidos com Cristo,
forçosamente são unidos uns aos outros; chamamos isso de comunhão espiritual.
Se há comunhão espiritual, então há comunhão com Deus, pois está escrito que
“onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”
(Mt.18:20). Por isso é coreto dizer que o homem Jesus Cristo “é a paz”, conforme profetizou Miqueias (Mq.5:5) –
“E este será a nossa paz... “.
Cristo
estabeleceu a paz, pois Ele é a nossa paz (Ef.2:14); Ele fez a paz (Ef.2:15) e
Ele proclamou a paz (Ef.2:17). Quando Ele proclamou a Paz? Em primeiro lugar,
aconteceu na sua ressurreição. A palavra paz foi a primeira que Jesus falou aos
discípulos depois da ressurreição (Lc.24:36; João 20:19,21,26). Em segundo
lugar, aconteceu quando capacitou os discípulos com o Espírito Santo. Ele
enviou os seus discípulos no poder do Espírito Santo os quais anunciaram o
evangelho da paz (Atos 10:36). As boas novas da paz foram apresentadas “a vós
outros que estáveis longe” (os gentios) e “aos que estavam perto” (os judeus)
em cumprimento gracioso da promessa de Deus em Isaias 57:19.
3.
A nova humanidade formada pela Paz
Em Cristo uma nova humanidade foi criada - “Pois ele é a
nossa paz, o qual de ambos os povos fez um...” (Ef.2:14).
Como vimos acima, a “barreira” da inimizade foi desfeita por
Cristo através de sua morte vicária, e a paz foi estabelecida entre judeus e
gentios. Mais do que
estabelecer a paz, Cristo reconciliou ambos os povos com Deus. Em Jesus Cristo,
judeus e gentios se tornaram um só povo: a Igreja.
Judeus
e gentios estavam alienados e em inimizade uns com os outros, mas uma vez que a
Lei que dividia foi posta de lado, não havia nada para manter separadas essas
duas partes da humanidade; em vez disso, Cristo
criou “um novo homem”, fazendo a paz”. Cristo segura com uma das mãos o povo
judeu e com a outra o gentio, e os une em Si mesmo.
Essa
nova humanidade vem à existência e cresce somente por meio da união pessoal com
Cristo. Enquanto forem incrédulos, continuarão inimigos. Somente unindo-se a
Cristo encontrarão a harmonia que o Senhor requer. De fato, Cristo abole
qualquer diferença entre os seres humanos (Cl.3:11; Gl.3:28). Nele há uma
unidade plena e perfeita. Isso leva os crentes a compartilharem a mesma vida, a
mesma glória e a mesma herança que Cristo.
“Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há
macho nem fêmea; porque todas vós sois um em Cristo Jesus” (Gl.3:28).
III.
PELA CRUZ, RECONCILIADOS COM DEUS NUM CORPO
“E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo
por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava
em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e
pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co.5:18,19).
Muitos
desastres de proporções gigantescas a história já registrou, mas o maior
desastre cósmico foi a Queda de nossos primeiros pais; ela afetou toda a
criação e jogou toda a raça humana no abismo do pecado.
O
pecado divide, desintegra e separa. O pecado provocou um abismo espiritual,
pois separou o homem de Deus; provocou um abismo social, pois separou o homem
de seu próximo; provocou um abismo psicológico, pois separou o homem de si
mesmo; e provocou também um abismo ecológico, pois separou o homem da natureza,
fazendo dele um depredador ou um adorador dessa mesma natureza.
Enfim,
o ser humano está em guerra com Deus, consigo, com o próximo e com a natureza.
Nesse mundo cheio de ódio, ferido pelo pecado e distante de Deus, a
reconciliação é uma necessidade imperiosa. A Bíblia não fala de Deus tendo
necessidade de reconciliar-se com o ser humano, é o ser humano que precisa se
reconciliar com Deus. Nós mudamos, porém, Deus nunca mudou (Ml.3:6); seu amou
por nós é eterno e incessante.
A
reconciliação é iniciativa divina - “E tudo
isso provém de Deus[...]” (2Co.5:18). O homem é o
ofensor, e Deus é o ofendido. A reconciliação deveria ter partido de nós, a
parte ofensora, mas partiu de Deus, a parte ofendida. É a parte ofendida que
toma a iniciativa da reconciliação. Deus restaurou o relacionamento entre si
mesmo e nós. O Evangelho não é o homem buscando a Deus, mas Deus buscando o
homem. Foi o homem quem caiu, afastou-se e rebelou-se, mas é Deus quem o busca,
é Deus quem corre para abraçar - “Com amor
eterno eu te amei e com benignidade eu te atraí” (Jr.31:3).
1.
Cristo se fez maldição por nós
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por
nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (G.3:13).
No
Calvário, Jesus foi pendurado na cruz (Atos 5:30; 1Pd.2:24). A lei mosaica
ensinava que, quando um criminoso era pendurado numa árvore, esse era sinal de
ele estar debaixo da maldição de Deus (Dt.21:23) –
“Quando também em alguém houver pecado, digno do juízo de morte, e haja de
morrer, e o pendurares num madeiro, o seu cadáver não permanecerá
no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia, porquanto o
pendurado é maldito de Deus...” (Dt.21:22,23).
Cristo
resgatou o ser humano, morrendo em seu lugar, padecendo a terrível ira de Deus
contra o pecado. A maldição de Deus caiu sobre Ele como o substituto do ser
humano. Não se tornou pecaminoso em si próprio, mas os pecados do ser humano
foram lançados sobre Ele. Ao ser pendurado no madeiro (na cruz) o nosso
Salvador levou a maldição do ser humano; ficou pendurado entre os céus e a
terra como se não fosse digno nem de um nem de outro. Mas, se Jesus não tivesse
subido à cruz, certamente, todos nós desceríamos a inferno eternamente, “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus” (Rm.3:23).
Na
cruz, a ira de Deus contra o pecado caiu sobre Cristo (Is.53:6,10). Todo o
juízo e o pagamento do pecado (“o salário do pecado
é a morte” – Romanos 6:23) recaíram em Cristo, pois esse foi o
plano que Ele criou para nos salvar da condenação. Como bem diz Hernandes
Dias Lopes: “Ele morreu a nossa morte, para que
vivêssemos a Sua vida”.
Você
compreende o grande amor demonstrado na cruz do Calvário? Compreende a
grandiosidade do problema do pecado e a maravilha do amor de Deus? Tudo isso
descobrimos ao olhar o Personagem maravilhoso da cruz – Jesus Cristo (1João
4:8-10; Fp.2:5-10; 1Pd. 2:22-25). O que devemos fazer hoje? Aceitar o Seu
sacrifício na cruz e o Seu convite de salvação (Mt.11:28-30; Pv.23:26).
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos
aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu
jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt.11:28-30).
2.
Reconciliados pela cruz de Cristo
A
cruz faz parte dos desígnios de Deus para a salvação do pecador perdido, para o
julgamento do pecado, da morte e do diabo com seus anjos, e para a manifestação
de Sua glória. Não havia outra forma de reconciliação do ser humano pecador com
Deus senão através da cruz de Cristo.
A
cruz de Cristo é atemporal, isto é, ela precede o tempo e tem valor eterno. Há
muitos anos antes do advento do Messias prometido, Isaias profetizou acerca do
sacrifício do Redentor: “Mas ele foi ferido
por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o
castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo
seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi
oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao
matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não
abriu a sua boca. Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da
sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu
povo ele foi atingido” (Is.53:5-8).
A
cruz, portanto, não era a derrota, como os inimigos do Senhor imaginavam, mas a
chave do plano divino - “A este que vos foi
entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes,
crucificastes e matastes pelas mãos de injustos”; “Saiba, pois com
certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus
o fez Senhor e Cristo” (Atos 2:23; Atos 2:36).
A
visão retrospectiva de Pedro também nos remete a essa realidade pretérita,
presente e futura - “Sabendo que não foi
com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã
maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas com o
precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, O
qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do
mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós; E por ele credes
em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos, e lhe deu glória, para que a vossa
fé e esperança estivessem em Deus” (1Pd.1:18-21).
O
escritor aos Hebreus enfatiza a eficácia eterna do sangue de Cristo que redimiu
tanto os santos da Antiga Aliança, quanto os da Nova Aliança. Isto implica que
o sacrifício de Cristo na cruz não se repete, mas é perfeito e eficaz para
sempre - “Porque, se o sangue dos touros e
bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica,
quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo
Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas
consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? E por isso é
Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das
transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a
promessa da herança eterna” (Hb.9:13-15).
Deus
nunca precisou ser reconciliado conosco, pois nunca nos odiou (João 3:16). Nós,
porém, precisávamos ser reconciliados com Ele. A cruz de Cristo foi o preço que
Deus pagou para nos reconciliar Consigo. A obra do nosso Senhor sobre a cruz
criou uma base justa sobre a qual podemos ser apresentados a Deus como amigos e
não como inimigos.
A
cruz de Cristo é a ponte entre a terra e o Céu. Nenhuma pessoa pode chegar até
Deus a não ser por meio dessa ponte. Deus nos amou e nos deu o Seu Filho (João
3:16). Deus nos amou, e Cristo sofreu em nosso lugar. Deus nos amou e Cristo
morreu por nós. Na verdade, não foi a cruz de Cristo que gerou o amor de Deus,
foi o amor de Deus que gerou a cruz (Rm.5:8;8:32). A cruz é o maior arauto do
amor de Deus por nós. A cruz é a prova cabal de que Deus está de braços abertos
para nos receber de volta ao lar.
3.
Reconciliados na Cruz em um Corpo
A
Cruz de Cristo fez a Paz entre o judeu e o gentio; na cruz, Deus removeu a
causa da hostilidade, dando uma nova natureza aos nascidos de novo e criando
uma nova união. A cruz é a resposta de Deus para a discriminação racial, a
segregação, o antissemitismo, a intolerância e todas as demais formas de
divisão entre os homens.
Tendo reconciliado o judeu com o gentio, Cristo ainda
reconciliou “ambos [...] com Deus”. Paulo diz:” [...] Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo[...]” (2Co.5:19). A palavra “reconciliação”, do
grego katallagē, é caracteristicamente a palavra que expressa a
ideia de unir duas partes que estavam em conflito. No Novo Testamento, a
palavra katallagē é usada especialmente para descrever o
restabelecimento das relações entre o homem e Deus.
Embora
fossem amargamente opostos entre si, os judeus e os gentios estavam unidos num
aspecto: estavam unidos na sua hostilidade contra Deus. A causa dessa
hostilidade era o pecado. Por sua morte na cruz, o Senhor Jesus removeu a
inimizade e assim anulou a sua causa. Os que agora O recebem são considerados
justos, perdoados, redimidos, resgatados e libertos do poder do pecado. A
inimizade desaparece. Agora há paz com Deus. O Senhor Jesus uniu “em um só
Corpo” os judeus e os gentios crentes, formando a Igreja e apresentando esse
Corpo a Deus, eliminando então todos os vestígios de antagonismo.
Deus
poderia ter nos tratados como tratou os anjos rebeldes; eles foram conservados
em prisões (Jd.6:13) e em permanente estado de perdição. Mas Deus providenciou,
para nós, um caminho de volta para Ele. Cristo é esse caminho (João 14:6). Em
resumo, veja o quadro a seguir.
|
Antes
da reconciliação |
Bênçãos
decorrentes da reconciliação |
Referências |
|
Ruína |
Salvação |
Rm.5:8,9 |
|
Pecado |
Justiça |
Rm.5:12,15,18,21 |
|
Morte |
Vida
Eterna |
Rm.5:12,16,17,21 |
|
Separação
de Deus |
Relacionamento
com Deus |
Rm.5:11,19 |
|
Desobediência |
Obediência |
Rm.5:12,19 |
|
Morte
do corpo e da alma |
Corpo
incorruptível, vida eterna |
1Co.15:42-52 |
CONCLUSÃO
Deus,
através da morte vicária de Jesus Cristo na cruz do calvário, não só
reconciliou o mundo consigo mesmo, mas também comissionou mensageiros para
proclamar essas boas novas. Todos quantos derem ouvidos ao chamado para o
arrependimento e a fé, experimentarão a alegria da reconciliação com Deus.
Antes nós éramos inimigos de Deus, agora somos embaixadores da reconciliação.
Antes estávamos perdidos, agora buscamos os perdidos.
Neste
mundo marcado pelo ódio, pela guerra e por relacionamentos quebrados entre o
homem e Deus, e entre o homem e seu próximo, temos um glorioso ministério: o
ministério da reconciliação - “[...]e nos
deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da
reconciliação” (2Co.5:18,19).
Por
sermos reconciliados com Deus, temos o privilégio de encorajar outros a fazerem
o mesmo. Essa incumbência não foi dada aos anjos, mas a pessoas frágeis e
insignificantes. Temos o privilégio maravilhoso de levar essa mensagem gloriosa
a todas as pessoas, em toda parte.


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