HISTÓRIA DE PEDRO
E CORNÉLIO
TEXTO BÍBLICO :
“Respondeu,
então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam
batizados estes que também receberam, como nós, o ESPÍRITO SANTO?” (At
10.47)
VERDADE PRÁTICA
O episódio da
igreja hebreia na casa do gentio Cornélio demonstra que DEUS não faz acepção de
pessoas.
LEITURAS E
CONCORDANCIAS:
Rm- 15.12- Os
gentios no plano da salvação
At- 10.34- DEUS
não faz acepção de pessoas
Mc- 16.15- A
pregação do Evangelho a todo tipo de pessoa
Jo- 3.16- O
amor de DEUS por todos
Tt- 2.11- A
graça salvadora dispensada a todos
At- 10.44- O
ESPÍRITO derramado sobre todos
LEITURA BÍBLICA -
Atos 10.1-8, 21-23, 44-48
1- E
havia em Cesareia um varão por nome Cornélio, centurião da coorte chamada
Italiana, 2- piedoso e temente a DEUS, com toda a sua casa, o qual fazia
muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a DEUS.
3-
Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de DEUS, que
se dirigia para ele e dizia: Cornélio!
4- Este,
fixando os olhos nele e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E o anjo lhe
disse: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de
DEUS.
5-
Agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome
Pedro. 6- Este está com um certo Simão, curtidor, que tem a sua casa
junto do mar. Ele te dirá o que deves fazer.
7- E,
retirando-se o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus criados e a um piedoso
soldado dos que estavam ao seu serviço. 8- E, havendo-lhes contado tudo, os
enviou a Jope.
21- E,
descendo Pedro para junto dos varões que lhe foram enviados por Cornélio,
disse: Sou eu a quem procurais; qual é a causa por que estais aqui?
22 -E
eles disseram: Cornélio, o centurião, varão justo e temente a DEUS e que tem
bom testemunho de toda a nação dos judeus, foi avisado por um santo anjo para
que te chamasse a sua casa e ouvisse as tuas palavras.
23-
Então, chamando-os para dentro, os recebeu em casa. No dia seguinte, foi Pedro
com eles, e foram com ele alguns irmãos de Jope.
44- E,
dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o ESPÍRITO SANTO sobre todos os que
ouviam a palavra.
45- E os
fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro,
maravilharam-se de que o dom do ESPÍRITO SANTO se derramasse também sobre os
gentios.
46-
Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a DEUS.
47-
Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não
sejam batizados estes que também receberam, como nós, o ESPÍRITO SANTO?
48- E
mandou que fossem batizados em nome do Senhor. Então, rogaram-lhe que ficasse
com eles por alguns dias.
Qual é a história de Pedro e Cornélio?
A
história de Pedro e Cornélio, relatada em Atos 10 da Bíblia, narra o
encontro do apóstolo Pedro com o centurião romano Cornélio, um pagão temente a
Deus, marcando a primeira vez em que os gentios (não-judeus) receberam o
Evangelho e o batismo, evidenciando que Deus não faz acepção de pessoas e que
sua salvação é para todos que o temem e praticam a justiça. A história
envolve uma visão que Pedro teve, onde Deus lhe ensinou a não considerar impuro
o que Ele purificava, e um anjo que apareceu a Cornélio, instruindo-o a chamar
Pedro.
A Visão de
Pedro
- Pedro estava em Jope, hospedado na
casa de Simão, o curtidor.
- Enquanto orava, teve uma visão de um
grande lençol descendo do céu com todos os tipos de animais, répteis e
aves.
- Uma voz lhe disse para matar e comer,
mas Pedro recusou, pois eram animais considerados impuros pela lei
judaica.
- A voz então o repreendeu, dizendo para
não chamar de impuro o que Deus havia purificado, e isso aconteceu três
vezes.
A Visão de
Cornélio
- Cornélio, um centurião romano piedoso,
temente a Deus e que praticava a caridade, recebeu a visita de um anjo.
- O anjo disse-lhe que suas orações e
esmolas haviam chegado diante de Deus e o instruiu a enviar homens a Jope
para buscar o apóstolo Pedro.
O Encontro
- Os homens enviados por Cornélio
encontraram Pedro em Jope e o convidaram para ir até Cesareia.
- O Espírito Santo instruiu Pedro a ir
com eles sem hesitação.
- Pedro foi à casa de Cornélio,
encontrando-a cheia de parentes e amigos.
- Ao se encontrarem, Cornélio se
prostrou, mas Pedro o fez levantar, e explicou que Deus havia mostrado que
não deveria considerar nenhum homem impuro.
As
Consequências
- Pedro percebeu que Deus não é parcial
e aceita a todos que o temem.
- Ele pregou o Evangelho de Jesus a
todos, e Cornélio e sua família creram e foram batizados.
- Este evento foi um marco na expansão
do cristianismo, mostrando que a salvação por meio de Jesus não era
restrita aos judeus, mas para todos os que tivessem fé.
1. INTRODUÇÃO
Neste Estudo
estudaremos um dos momentos mais marcantes da história da Igreja: a visita do
apóstolo Pedro à casa do centurião Cornélio. Esse episódio revela que o plano
de salvação em CRISTO não está restrito a um povo ou cultura, mas se estende a
todas as nações. Através da ação do ESPÍRITO SANTO, DEUS rompe barreiras
étnicas e culturais, mostrando que não faz acepção de pessoas. Veremos como a
mensagem do Evangelho alcançou os gentios com poder, a partir da igreja em
Jerusalém.
2. APRESENTAÇÃO DA
LIÇÃO
A) Objetivos da
Lição:
I) Mostrar que
DEUS incluiu os gentios em seu plano de salvação; II) Ressaltar que a salvação
é oferecida a todos os que creem em JESUS, independentemente de sua origem
étnica ou cultural; III) Enfatizar a obra do ESPÍRITO SANTO como confirmação do
agir de DEUS entre os gentios, demonstrando que o Pentecostes não foi exclusivo
dos judeus.
B) Motivação: A
lição de hoje nos mostra que o Evangelho rompe barreiras e convida a Igreja a
viver a missão com abertura, compaixão e obediência ao ESPÍRITO. Que nossos
corações estejam sensíveis à voz de DEUS e prontos a levar sua salvação a
todos.
C) Sugestão de
Método: Para reforçar o ensino do Tópico III – O ESPÍRITO
Derramado sobre os Gentios, você pode aplicar o método comparativo reflexivo.
Sugerimos que utilize um quadro ou cartolina com duas colunas: uma para o
Pentecostes entre os judeus (Atos 2) e outra para o Pentecostes entre os
gentios (Atos 10). Peça que os alunos apontem elementos em comum, como o
derramamento do ESPÍRITO, o falar em línguas e a manifestação da presença de
DEUS. Após essa análise, promova um momento de reflexão em grupo: “O que essa
igualdade espiritual entre judeus e gentios nos ensina sobre o agir de DEUS
hoje?” Isso fortalecerá a compreensão doutrinária e despertará a aplicação
pessoal do ensino.
A) Aplicação: A presente lição nos convida a que tenhamos corações abertos à direção do ESPÍRITO e dispostos a acolher todos aqueles que DEUS chama para o seu Reino.
COMENTÁRIO – INTRODUÇÃO
Nesta semana,
estudaremos sobre como a igreja judaica de Jerusalém deu um passo gigantesco
quando foi chamada por DEUS para compartilhar sua fé com pessoas de outras
nações. O apóstolo Pedro foi escolhido divinamente para pregar as Boas-Novas da
salvação aos gentios, o que na época não era aceitável. Atos 10 é uma das mais
impressionantes histórias da Bíblia, onde fica evidente o grande amor e graça
de DEUS em salvar a todos aqueles que demonstrem fé na pessoa do seu bendito
Filho, JESUS CRISTO .Lucas destaca em seu livro que os gentios foram salvos e
receberam o dom do ESPÍRITO da mesma forma que os judeus no Pentecostes.
I – A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS
1. A visão de
Cornélio
Cornélio, um
centurião romano da cidade de Cesareia, orava por volta das três horas da tarde
quando teve uma revelação de DEUS. Ele viu um anjo de DEUS (At 10.3). Não é
incomum, nas páginas das Escrituras, DEUS se revelar por meio de anjos.
Contudo, essa revelação se distingue de outras por conta de seu propósito: a
inclusão dos gentios à Igreja do Senhor. Cornélio era um homem que tinha desejo
de salvação, pois mesmo sendo um gentio, era piedoso e temente a DEUS com toda
a sua casa (At 10.2). No entanto, isso não era suficiente para salvá-lo. Ele precisava ouvir acerca da mensagem da cruz e o anjo
de DEUS estava ali para instruí-lo a como fazer. Não sendo a pregação do
Evangelho missão para um anjo, Cornélio foi instruído a chamar o apóstolo Pedro
para fazer isso (At 10.22).
2. A experiência espiritual de Pedro
Assim como
Cornélio, Pedro também teve uma revelação (At 10.10). Pedro teve uma
experiência espiritual com visão e revelação divina, que o deixou perplexo (At
10.11,12). DEUS sabia do impacto que a missão na casa do gentio Cornélio teria
sobre as convicções de Pedro e, por isso, por meio dessa experiência
espiritual, o prepara para o que viria pela frente. Pedro levaria as Boas-Novas
do Evangelho a um povo que, para ele, estava excluído do plano salvífico de
DEUS. Ele sentiu o caráter excepcional dessa revelação e achou por bem levar
consigo outros seis irmãos judeus naquela missão (At 10.23, 11.12;
15.7).
3. A urgência da pregação do Evangelho
DEUS ainda pode
revelar a alguém o seu plano salvífico de forma excepcional, inclusive usando
anjos eleitos, como fez na casa de Cornélio. Contudo, essa não é a maneira
usual do Senhor trabalhar. A partir da verdade bíblica de que DEUS quer salvar
a todos (1 Tm 2.4), a igreja deve levar adiante a grandiosa missão de pregar o
Evangelho a toda criatura (Mc 16.15). Paulo afirmou que DEUS achou por bem
salvar os que creem por meio da pregação (1 Co 1.21). Devemos, portanto,
pregar. Não é preciso ninguém ficar esperando um anjo comissioná-lo a pregar o
Evangelho. DEUS já fez isso.
SINÓPSE I - DEUS
revelou seu plano de salvação a Cornélio e preparou Pedro para anunciar o
Evangelho aos gentios.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO - CORNÉLIO E PEDRO
Vejamos
com mais detalhe a conversão de Cornélio e sua família.
Cornélio
era um oficial militar romano.
Como centurião, comandava cerca de cem homens e fazia parte da coorte chamada
Italiana. O que mais chama a atenção, porém, não é sua proeminência militar, e,
sim, sua piedade. Era um homem piedoso e temente a Deus que fazia muitas
esmolas ao povo judeu necessitado e orava com frequência (Atos 10:1,2).
Um dia, por volta das quinze horas, Cornélio teve uma visão clara na qual um
anjo de Deus se aproximava dele e chamou-o pelo nome. Uma vez que era gentio, o
centurião provavelmente não tinha conhecimento do ministério dos anjos como um
judeu teria, de modo que se encheu de temor e pensou que o anjo era o Senhor. O
anjo o tranquilizou, falou do reconhecimento de Deus por suas orações e esmolas
e disse-lhe que enviasse mensageiros a Jope (que distava de Cesaréia cerca de
50 quilômetros) e mandasse chamar Pedro que estava hospedado com um homem
chamado Simão, curtidor, à beira mar. Cornélio obedeceu sem questionar e enviou
dois dos seus servos domésticos e dos seus assistentes, um soldado que também
era temente a Deus (cf Atos 10:3-8).
No dia seguinte, por volta do meio-dia, subiu Pedro ao terraço da casa
de Simão em Jope a fim de orar. O apostolo sentiu fome e quis comer, mas a
refeição ainda estava sendo preparada no piso inferior da casa. Sem dúvida, sua
fome foi um prelúdio adequado para o que sucederia. Sobreveio-lhe
um êxtase, e ele viu o céu aberto e descendo um lençol, o qual era baixado à
terra pelas quatro pontas. O lençol continha
toda sorte de quadrúpedes, répteis e aves, limpos e imundos. Uma voz do
céu disse ao apóstolo faminto: “Levanta-te [...]
mata e come”. Lembrando-se da lei de Moisés que proibia o judeu de
ingerir qualquer criatura imunda, Pedro proferiu as famosas palavras de recusa:
“De modo nenhum, Senhor!” (cf Atos 10:9-14).
Quando Pedro explicou seu histórico de observância fiel às leis alimentares, a
voz do céu disse: “Ao que Deus purificou não considere comum”. Esse diálogo se
repetiu três vezes, e, em seguida, o lençol foi recolhido ao céu (cf Atos
10:15,16).
Evidentemente, o significado da visão ia além da questão de ingerir alimentos
limpos ou imundos. Com o nascimento da fé cristã, as leis alimentares haviam
sido revogadas, mas a tônica da visão era outra: Deus estava prestes a abrir as
portas da fé para os gentios. Pedro, como judeu, ao longo de toda a sua vida
havia considerado os gentios impuros, estrangeiros, forasteiros, distantes e
ímpios. Agora, Deus faria algo novo. Os gentios (representados pelos animais
imundos) receberiam o Espírito Santo da mesma forma que os judeus (animais
limpos) já o haviam recebido. Distinções nacionais e religiosas seriam extintas
e todos aqueles que cressem no Senhor Jesus estariam, em pé de igualdade dentro
da comunhão cristã.
Enquanto Pedro meditava sobre a visão, os servos de Cornélio chegaram à porta e
perguntaram pelo apóstolo. Ao descobrir o propósito da visita dos homens, Pedro
convidou-os a entrar e hospedou-os até o dia seguinte. Os servos demonstraram
grande respeito por seu senhor, referindo-se a ele como homem reto e temente a
Deus e tendo bom testemunho de toda a nação judaica (cf Atos 10:17-23).
No dia seguinte, Pedro partiu para Cesaréia com três servos de Cornélio e
alguns irmãos dos que habitavam em Jope. Ao que parece, o grupo viajou o dia
todo, pois só no dia imediato chegou a Cesaréia.
Em preparação para a chegada do apóstolo, Cornélio havia reunido seus parentes
e amigos íntimos. Quando Pedro chegou, Cornélio prostrou-se aos pés dele em
sinal de reverencia. O apóstolo recusou essa adoração e disse que também era
apenas homem. Seria bom os “sucessores” autodesignados de Pedro imitarem sua
humildade e proibirem as pessoas de se prostrarem diante deles!
Ao encontrar toda aquela gente reunida na casa, Pedro explicou que os judeus
não costumavam entrar na casa de gentios, mas Deus havia lhe revelado que não
devia mais pensar nos gentios como párias. Em seguida, perguntou por que razão
haviam mandado chamá-lo.
Cornélio descreveu prontamente a visão que havia tido quatro dias antes, na
qual um anjo lhe assegurou que sua oração fora ouvida e o instruiu a mandar
chamar Pedro. Esse homem gentio demonstra anseio louvável pela palavra de Deus:
“Agora, pois, estamos todos aqui, na presença de
Deus, prontos para ouvir tudo o que te foi ordenado da parte do Senhor” (cf
Atos 10:30-33). O espírito aberto e receptivo ao ensino é sempre recompensado
com instrução divina.
Antes de iniciar sua mensagem, Pedro reconheceu honestamente que, até então, a
seu ver, o favor de Deus estava limitado à nação de Israel. Naquele momento,
porém, percebeu que “Deus não faz acepção de
pessoas” em razão de nacionalidade, mas busca quem tem o coração honesto
e contrito, seja judeu, seja gentio. Em qualquer nação, aquele que teme e faz o
que é justo lhe é aceitável (cf Atos 10:34-35). Entretanto, mesmo que uma
pessoa tema a Deus e realize obras de justiça, não será salva em razão disso. A
salvação se dá somente pela fé no Senhor Jesus Cristo.
Atos 10:44-48 diz que Pedro ainda estava pregando quando caiu o Espírito
Santo sobre os gentios. Todos falaram em línguas, louvando a Deus. Esse dom foi
um sinal de que Cornélio e sua casa havia, de fato, recebido o Espírito Santo.
Os visitantes judeus vindos de Jope admiraram-se ao ver que gentios podiam
receber o Espírito Santo sem se tornar prosélitos do judaísmo. Uma vez que
Pedro não se encontrava mais tão preso aos seus preconceitos judaicos,
percebeu, no mesmo instante, que Deus não fazia distinção entre judeus e
gentios e, assim, propôs que os membros da família de Cornélio fossem
batizados.
Esses gentios haviam sido salvos da mesma forma que os judeus, a saber, pela
fé. Não há nenhuma indicação da necessidade de guardar a lei, ser circuncidado
ou de seguir qualquer outra prática ou ritual.
Ao chegar em Jerusalém, Pedro teve de se justificar diante da igreja por ter
batizado os gentios. E seu depoimento só foi aceito porque o apóstolo disse que
o Espírito Santo veio sobre os gentios e os encheu, como encheu os crentes
israelitas no Pentecostes. Não fosse a atuação do Espírito Santo, que interveio
de forma sobrenatural, provavelmente os judeus demorariam mais a entender a
ordem do Senhor, de pregar o Evangelho por todo o mundo.
III. JUDEUS E GENTIOS UNIDOS POR DEUS MEDIANTE A CRUZ
“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um;
e, derribando a parede de separação que estava no meio, na sua carne, desfez a
inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para
criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e, pela cruz,
reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades”(Ef 2:14-16).
Até os tempos do Novo Testamento, o mundo estava dividido em duas
classes de pessoas – o judeu e o gentio. Nosso Salvador criou uma terceira
classe – a igreja de Deus (1Co 10:32). Nos versículos supracitados o apóstolo
Paulo diz que os crentes judeus e gentios são feitos um só em Cristo e são
inseridos numa nova comunidade, onde não há judeu nem gentio.
Em Ef 2:14, o apostolo Paulo diz que Cristo é a nossa paz – “Porque ele é a nossa paz”. Como pode ser isso? A
resposta é a seguinte: quando um judeu crê no Senhor Jesus, ele perde a sua
identidade nacional. Daí em diante passa a esta em Cristo. Ele sucede quando um
gentio recebe o Salvador. A partir desse momento ele está “em Cristo”. Em
outras palavras, os crentes, tanto judeus como gentios, antes separados pela
inimizade, agora se aproximam, uma vez que Deus fez de “ambos um” em Cristo.
Visto que são unidos com Cristo, forçosamente são unidos uns aos outros. Por
isso é correto dizer que o homem Jesus Cristo “é a paz”, conforme profetizou Miquéias
(Mq 5:5).
a) A obra da união: “de ambos fez um” – a saber, de
crentes judeus e gentios”. Agora eles não são mais judeus ou gentios,
mas cristãos. Rigorosamente falando, não é certo referir-se a eles como
cristãos judeus ou cristãos gentios. Todas as distinções ligadas à carne, como,
por exemplo, a nacionalidade, foram cravadas na cruz.
b) A obra de demolição: “e, derribando a parede de separação que estava
no meio”. Evidentemente não era uma parede, mas uma barreira invisível
criada pela lei de Moises, com mandamentos na forma de ordenanças. Isso separou
o povo de Israel de todas as demais nações. Para ilustrar esse fato, muitos
usam como exemplo a parede que existia no templo judaico e que restringia o
acesso de quem não fosse judeu, limitando a permanência dessas pessoas ao átrio
dos gentios. Nessa parede havia um letreiro que dizia: “Ninguém
das demais nações ouse ultrapassar a barreira ao redor do Lugar Santo. Quem o
fizer será responsável pela morte que a seguir lhe será aplicada”.
c) O terceiro aspecto da obra de Cristo foi a abolição da “inimizade” que
existia entre os judeus e os gentios e também entre o homem e Deus: “desfez a
inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças”
(Ef 2:15). Paulo identifica a causa da “inimizade”,
a saber, a “a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças”. A Lei
de Moisés era um simples código legal. Porém consistia em dogmas ou decretos
que cobriam quase todas as áreas da vida. A lei em si era santa, justa e boa (Rm
7:12), porém a natureza pecaminosa se serviu dela para expressar revolta e
ódio. Como a lei colocava Israel num pedestal, dignificando-o como povo
escolhido de Deus, muitos dentre os judeus se tornaram arrogantes e desprezaram
os gentios. Os gentios por sua vez responderam com profunda hostilidade, hoje
conhecida na forma de antissemitismo. De que modo Cristo removeu a lei como
causa de inimizade? Em primeiro lugar ele morreu para sofrer a penalidade da
lei transgredida. Assim, Ele satisfez perfeitamente as justas exigências de
Deus. Agora a lei nada tem para apontar contra os que estão “em Cristo”. A penalidade foi paga
completamente em favor deles. Os crentes não estão mais sob a lei, mas debaixo
da graça (Rm 6:14). Isso não significa que podem viver a seu bel-prazer, mas
que servem a lei de Cristo e devem fazer o que lhe agrada.
2. O alcance da Obra de Cristo: a criação de “um novo homem”
- a Igreja (Ef 2:15). Como resultado da abolição da
hostilidade levantada pela Lei de Moisés, o Senhor pôde iniciar uma nova
criação. “Dos dois”, ou seja, dos judeus e gentios crentes, criou em si mesmo “um
novo homem”: a Igreja.
Através da união com Ele,
os antigos combatentes são unidos uns aos outros numa nova comunhão. A Igreja é
nova no sentido de que é uma espécie de organismo que nunca existiu antes. É
importante entender isso. A Igreja do Novo Testamento não é a continuação do
povo de Israel do Antigo Testamento. É distinta de tudo o que a precedeu ou que
ainda vai surgir. Isso é evidente pelo seguinte:
a) É novidade os gentios desfrutarem dos mesmos
direitos e privilégios que os judeus.
b) É novidade tanto os judeus quanto os gentios perderem a sua identidade
nacional ao se tornarem cristãos.
c)
É novidade os judeus e gentios serem membros unidos do
Corpo de Cristo.
d)
É novidade um judeu ter a esperança de reinar com Cristo em vez de ser um
simples súdito de Cristo.
e) É novidade um judeu não estar sob a lei.
É evidente que a igreja é uma nova criação com vocação e destino distintos,
ocupando um lugar excepcional nos propósitos de Deus. Porém, o alcance da obra
de Cristo não termina aí. Ele também fez a paz entre judeu e o gentio –
“fazendo a paz” (Ef 2:15, final). Obteve isso removendo a causa da hostilidade,
dando uma nova natureza aos crentes e criando uma união. A cruz é a resposta de
Deus para a discriminação racial, a segregação, o antissemitismo, a
intolerância e todas as demais formas de divisão entre os homens.
3. Tendo reconciliado o judeu com o gentio, Cristo ainda
reconciliou ambos com Deus – “e, pela cruz, reconciliar ambos com Deus em um corpo” (Ef 2:16). Embora fossem amargamente
opostos entre si, os judeus e os gentios estavam unidos num aspecto: estavam
unidos na sua hostilidade contra Deus. A causa dessa hostilidade era o pecado.
Por sua morte na cruz, o Senhor Jesus removeu a inimizade e assim anulou sua
causa. Os que o recebem são considerados justos, perdoados, redimidos,
resgatados e libertos do poder do pecado. A inimizade desapareceu. Agora têm
paz com Deus. O Senhor Jesus uniu em um só corpo os judeus e os gentios
crentes, formando a Igreja.
II – A SALVAÇÃO
DOS GENTIOS
1. Pregação aos
gentios
Pedro recebeu a
missão de pregar para Cornélio e sua casa (At 11.14). Sua pregação é totalmente
cristocêntrica, sempre apontando para a cruz de CRISTO. Assim, podemos perceber
alguns eixos principais que sua mensagem percorria. Primeiramente, DEUS ama a todos
(At 10.34). Todas as pessoas, quer judeus quer gentios, são objeto do amor de
DEUS. Em segundo lugar, DEUS quer salvar a todos (At 10.35). DEUS não somente
ama a todos, mas quer salvar a todos. Pedro agora reconhece que a salvação não
é apenas para os judeus que guardam a Lei, mas também para todo aquele que em
qualquer nação o “teme”. Em terceiro lugar, CRISTO é o Senhor de todos (At
10.36). CRISTO é o centro do Evangelho. Ele é o eixo em torno do qual todas as
bênçãos espirituais se encontram. Estar em CRISTO é estar salvo; não estar em
CRISTO é não estar salvo!
2. A conversão dos gentios
A mensagem da cruz
é um chamado ao arrependimento (At 10.43). Todos os que, arrependidos, creem em
CRISTO, serão perdoados, e, portanto, salvos. Na sua soberania e graça, DEUS
havia incluído no seu plano de salvação todos os não judeus que, arrependidos,
professariam o nome do Senhor JESUS. Ninguém é salvo à força; é preciso crer em
CRISTO para receber a salvação. Tanto judeus quanto gentios necessitam se
arrepender para ser salvos. Os judeus acreditavam que o privilégio da salvação
era exclusividade deles e que, portanto, os gentios estavam excluídos. O
Criador havia mostrado que isso era um erro. Posteriormente, os judeus
convertidos reconheceram maravilhados que DEUS, por meio do arrependimento,
abriu a porta da fé para os gentios (At 11.18). Portanto, Ele salvou os gentios
que demonstraram fé em JESUS e se arrependeram de seus pecados.
SINÓPSE II - A mensagem de Pedro mostrou que todos, judeus e gentios, são chamados à salvação pela fé em CRISTO.
III – O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS
1. O ESPÍRITO
prometido
O batismo com o
ESPÍRITO SANTO experimentado pelos gentios na casa de Cornélio (At 10.44-46)
foi um dos fatos mais marcantes que aconteceu nos dias da Igreja Primitiva.
Anos mais tarde, durante o primeiro Concílio da Igreja em Jerusalém, Pedro faz
referência a esse fato como sendo uma das promessas feitas por DEUS aos gentios
(At 15.16). Assim, o recebimento do ESPÍRITO SANTO, incluindo a experiência
pentecostal do batismo com o ESPÍRITO SANTO, era a “bênção de Abraão” feita aos
gentios (Gl 3.14). Pedro já havia dito, citando a profecia do profeta Joel (Jl
2.28), que o batismo com o ESPÍRITO SANTO era uma promessa de DEUS a “toda
carne” (At 2.17). A promessa, portanto, não se limitava mais aos judeus, nem
tampouco a uma classe especial (reis, profetas e sacerdotes), mas a todos
quantos nosso DEUS chamar (At 2.39). Eu, você e
todos os que creem em CRISTO somos contemplados com essa promessa de DEUS.
2. O ESPÍRITO recebido
Como vimos, logo
após os gentios terem “recebido a Palavra de DEUS” (At
11.1), isto é, se convertido a fé cristã, o ESPÍRITO SANTO foi derramado sobre
os crentes gentios de Cesareia: “E os fiéis que
eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de
que o dom do ESPÍRITO SANTO se derramasse também sobre os gentios” (At
10.45). Esse derramamento do ESPÍRITO veio acompanhado pela evidência física do
falar em outras línguas e expressões de louvor, que aparece aqui como um padrão
já aceito pela comunidade cristã: “Porque os ouviam
falar em línguas e magnificar a DEUS” (At 10.46).
3. Um pentecoste “visto” e “ouvido”
Posteriormente,
quando questionado e censurado por outros judeus por ter ido à casa de um
gentio em Cesareia, Pedro usou a experiência pentecostal ocorrida na casa de
Cornélio como argumento a favor da autenticidade da fé gentílica. Na
argumentação de Pedro, os gentios haviam recebido a mesma experiência
pentecostal que eles haviam recebido no dia de Pentecostes (At 2.4), inclusive
com a manifestação do fenômeno das línguas (At 11.15-18). Em outras palavras, o Pentecostes gentílico, assim como o
Pentecostes judaico, foi marcado pela experiência do ESPÍRITO. Em ambos os
casos, foi um Pentecostes “visto” e “ouvido”.
SINÓPSE III - O ESPÍRITO SANTO foi derramado sobre os gentios como confirmação divina de que eles também fazem parte da Igreja.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO - “DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS
‘DEUS mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo.
Reconheço por verdade que DEUS não faz acepção de pessoas’. Há pessoas de
certas nações que consideram os habitantes de todas as outras um amontoado de
raças inferiores. Outras, até crentes, pensam que seu pequeno grupo é a esfera
limitada do favor de DEUS. O racismo, ou preconceito racial, não pode
ser adotado por crentes. Ninguém foi consultado, antes de nascer, quanto à raça
à qual gostaria de pertencer. Portanto, não é base para alguém se orgulhar ou
desprezar seu próximo. DEUS ‘de um só fez toda a geração dos homens, para
habitar sobre toda a face da terra’ (At 17.26). Nenhum cientista verá diferença
entre amostras de sangue de pessoas de todas as raças. CRISTO veio oferecer a
salvação a todos aqueles que creem, independentemente de raça (Gl 3.28). A
Igreja é uma fraternidade espiritual em que não se reconhecem distinções dessa
natureza. Todos somos um em CRISTO” (PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do
Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. Rio de Janeiro:
CPAD, 2023, p.126).
CONCLUSÃO
A graça de DEUS se
manifestou trazendo salvação a todas as pessoas (Tt 2.11). A missão da igreja
na casa do gentio Cornélio mostra como o amor de DEUS pode alcançar todas a
pessoas, independentemente de cor e raça, que abrem o seu coração à poderosa
mensagem da cruz. Aqui também vemos que a fé evangélica não é algo subjetivo,
mas marcada pela ação e presença real do ESPÍRITO SANTO na vida daquele que
crer.
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