sexta-feira, 1 de agosto de 2025

TESOURO EM VASOS DE BARRO

 


TESOURO EM VASOS DE BARRO

Leitura Bíblica: 2Corintios 4:7-18


“Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2Co 4:7)

INTRODUÇÃO:

O versículo de 2 Coríntios 4:7, "Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós," é uma das passagens mais profundas e conhecidas da Bíblia. Ela resume a essência da fé cristã: a fragilidade humana e a grandiosidade divina.

O Significado do "Tesouro" e do "Vaso de Barro"

Para entender a profundidade do texto, é crucial analisar as duas metáforas principais:

  • O "Tesouro": O tesouro não é um objeto material, mas sim algo de imenso valor espiritual. Paulo, o autor da carta, usa essa imagem para se referir ao evangelho de Jesus Cristo, à luz da salvação e ao poder do Espírito Santo que habita nos crentes. É a presença de Deus e sua mensagem transformadora que trazem valor e significado à vida.
  • O "Vaso de Barro": O vaso de barro era um objeto comum e frágil na época. Facilmente quebrado, de baixo valor e feito da terra. Paulo se identifica e identifica todos os seres humanos com esse vaso. Somos frágeis, imperfeitos e limitados. Nossas fraquezas, limitações e até mesmo nossos sofrimentos são parte dessa natureza de "vasos de barro".

A Conexão entre o Tesouro e o Vaso

A genialidade do versículo está na união desses dois elementos aparentemente opostos. A excelência do poder de Deus não é colocada em algo grandioso e perfeito, mas sim em algo comum e frágil. Essa combinação serve a um propósito maior:

  1. Humildade: A fragilidade do vaso nos impede de nos orgulharmos. O poder, a transformação e a salvação não vêm de nós, mas de Deus. A ênfase é tirada da nossa própria capacidade e colocada no poder de Cristo.
  2. Testemunho do Poder de Deus: Quando a mensagem do evangelho — o tesouro — é manifestada através de uma pessoa cheia de fraquezas — o vaso de barro —, fica claro para todos que a força por trás disso não é humana. A excelência e a glória do poder pertencem somente a Deus. É um testemunho vivo de que Deus usa o que é frágil para mostrar sua força.
  3. Encorajamento na Fraqueza: A passagem oferece grande conforto. Ela nos lembra que Deus não espera que sejamos perfeitos para nos usar. Pelo contrário, é em nossa vulnerabilidade que o seu poder se manifesta de forma mais clara. Nossas lutas, dores e limitações não são um impedimento para Deus, mas podem ser o palco onde a sua glória se revela.

Em resumo, 2 Coríntios 4:7 nos ensina que o poder de Deus é manifestado através de nós, vasos de barro, para que a glória seja dada a Ele e não a nós. É uma poderosa declaração de dependência, humildade e fé na força de Deus que se aperfeiçoa em nossas fraquezas.

 

I- APRESENTA O CONTEÚDO DOS VASOS DE BARRO (4.1-6)

 1. Um conteúdo genuíno (4:1). Em 2Co 3:7-18, que estudamos no tópico III da aula anterior, Paulo faz o contraste entre a Antiga Aliança (a Lei) e a Nova Aliança (o Evangelho), e mostra que esta é superior à aquela. Nos versículos de 1 a 6 do capítulo 4, Paulo prossegue na defesa de seu ministério, e apresenta o glorioso ministério da nova aliança, o ministério que oferece às pessoas vida, salvação, justificação e tem poder para transformar vidas, a saber, o evangelho. Ao usar a figura do "vaso de barro", indica a debilidade e a pequenez de tal utensílio diante de sua riqueza interior.


O Evangelho não é produto da mente humana, mas da revelação divina. Sua origem está no Céu, não na Terra. Sua oferta é graciosa, seu poder é irresistível, sua evidência é luminosa. Paulo também nos conta como a mente de algumas pessoas ainda estão embotadas perante esse evangelho, e conclui explicando o conteúdo do seu evangelho: Cristo é Senhor. Naqueles dias, surgiram falsos apóstolos, mercadores da Palavra de Deus, que não tinham compromisso nenhum com a veracidade daquilo que pregavam. Proferiam discursos vazios com conteúdo adulterado, à semelhança dos comerciantes desonestos, que adulteram as substâncias originais de seus produtos, misturando-as com algo mais barato para enganar seus clientes.


Destacamos aqui dois pontos importantes acerca do evangelho genuíno

Em primeiro lugar, o Evangelho é concedido pela misericórdia divina, e não pelo mérito humano – “Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita[...]” (4:1). Paulo foi um implacável perseguidor da Igreja. Respirava ameaça contra os discípulos de Cristo. Ele não buscava a Cristo, mas Cristo o buscou, transformou-o, capacitou-o, comissionou e o fez ministro da nova aliança (1Tm 1:12-17). Jesus demonstrou a ele misericórdia não levando em conta suas misérias, mas oferecendo a ele sua graça.


Em segundo lugar, o Evangelho nos dá forças para enfrentar o sofrimento – “[...] não desfalecemos” (4:1b). Paulo não desfaleceu. Não agiu com covardia, mas, sim, com coragem, diante de obstáculos aparentemente intransponíveis. Ele enfrentou toda sorte de sofrimento: perseguição, rejeição, oposição, abandono, apedrejamento, açoites, prisão, acusação, naufrágio e a própria morte. Mas esses sofrimentos todos, além da preocupação que tinha com todas as igrejas, não puderam demovê-lo nem o desencorajar, porque o chamado divino é sempre acompanhado da capacitação divina. Paulo jamais desistiu de pregar.
Sem dúvida, há motivos de sobra para desânimo e depressão no serviço cristão, mas o Senhor concede misericórdia e graça em todos os momentos de necessidade. Assim, não obstante os desânimos, os encorajamentos são sempre maiores.


2. Um conteúdo que rejeitava coisas falsificadas (v. 2). “Antes, rejeitamos as coisas que, por vergonha, se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade” (2Co 4:2). Aqui, Paulo está pensando, mais uma vez, nos falsos mestres que se haviam infiltrados na igreja de Corinto. Seus métodos eram os mesmos usados pelas forças do mal, a saber, a vergonhosa sedução ao pecado, a astuta distorção da verdade, o uso de argumentos ardilosos e a falsificação da Palavra de Deus.
Os falsos obreiros que estavam invadindo a igreja de Corinto e fazendo oposição a Paulo buscavam a promoção pessoal, e não a glória de Cristo. Eles estavam interessados no dinheiro do povo, e não na salvação do povo. Eles estavam envoltos em densas trevas do engano, e não na refulgente luz da verdade. Eles buscavam resultados, e não fidelidade. Queriam mais os aplausos dos homens do que a aprovação de Deus. Então, Paulo disse: “rejeitamos” ...


Os falsos obreiros em Corinto estavam usando astúcias e truques para pregar. Eles usavam atrativos enganosos para atrair as pessoas. Esses falsos obreiros estavam imitando a astúcia da serpente que enganou Eva no Éden (2Co 11:3,14,15). Esses falsos obreiros astuciosamente usavam manobras psicológicas, táticas para impressionar e apelos emocionais para seduzir as pessoas com as suas falsas mensagens. Mas, Paulo diz: “rejeitamos” ...


Os falsos obreiros, como mascates espirituais, estavam falsificando(adulterando) a Palavra de Deus, ministrando suas ideias heterodoxas ao evangelho, adicionando a palha de seus ritos ao trigo da verdade. Quando Paulo diz “nem falsificando a palavra de Deus”, ele certamente está se referindo ao passatempo preferido desses indivíduos, a saber, tentar misturar a lei com a graça. Hoje muitos pregadores estão adulterando a Palavra de Deus, pregando ao povo o que ele quer ouvir, e não o que ele precisa ouvir. Mas, Paulo diz: “rejeitamos” ...


3. Um conteúdo de coisas espirituais transparentes. Paulo diz: “e assim nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade” (2Co 4:2b). O cristão verdadeiro vive de forma transparente na presença de Deus e dos homens. Os cristãos judaizantes, opositores de Paulo, acusavam-no de haver distorcido a mensagem, todavia, a vida do apóstolo é um mapa aberto. Não tem nada a esconder. Está pronto a submeter-se ao escrutínio dos homens, uma vez que vive na presença de Deus. Contudo, seu propósito não é apenas receber o aval dos homens, mas ser aprovado por Deus (1Co 4:3,4). O ministério de Paulo tem como alvo “a manifestação da verdade”. A verdade, tal como revelada em Jesus, é tão universal e essencial à vida humana que não há necessidade de expedientes psicológicos para elevá-la ou torná-la mais eficiente e interessante.


A manifestação da verdade pode ser entendida de duas formas. Manifestamos a verdade quando a declaramos de forma explícita e compreensível. Também a manifestamos quando a colocamos em prática em nossa vida diante de outros, para que eles a vejam em nosso exemplo. Paulo usava os dois métodos. Pregava o evangelho e o obedecia em sua própria vida. Ao fazê-lo, procurava recomendar-se à consciência de todo homem, na presença de Deus.


No versículo 3 do capítulo 4, Paulo fala de sua extrema dedicação à tarefa de manifestar a verdade de Deus, tanto em preceito quanto na prática. Ele diz: “Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto”. Se o evangelho ainda está encoberto para alguns, não é por culpa de Deus, e Paulo não deseja que seja por sua própria culpa. No entanto, enquanto escreve essas palavras, o apóstolo está ciente da existência de indivíduos que simplesmente não conseguem compreendê-lo. Quem são eles? São os que se perdem. Por que estão cegos desse modo? A resposta se encontra no versículo 4: “nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”. Satanás é culpado. Aqui, ele é chamado de deus deste século (“era”, “época” ou “tempo”). O inimigo conseguiu colocar um véu sobre a mente dos incrédulos. Seu desejo é mantê-los em escuridão perpétua, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo e não sejam salvos.
No universo físico, o sol está sempre brilhando. Quando não o vemos brilhar é porque há algo entre nós e ele. O mesmo pode ser dito do evangelho. A luz do evangelho está sempre brilhando. Deus procura o tempo todo fazê-la resplandecer no coração dos homens. Satanás, porém, levanta várias barreiras entre os incrédulos e Deus. Podem ser nuvens de orgulho, rebelião, justiça própria ou várias outras coisas. Todas elas, porém, conseguem impedir que a luz do evangelho brilhe no coração dessas pessoas. Satanás simplesmente não deseja que os homens sejam salvos.


II. PAULO EXPÕE A FRAGILIDADE DOS VASOS DE BARRO (4.7-12)

1. A metáfora do vaso de barro (4:7). Paulo, apontando a si mesmo e aos coríntios como um vaso de barro, deixa claro que não tem a intenção de estar em evidência, como se fosse uma pessoa de extrema importância. Ele coloca a mensagem que traz consigo como a verdadeira coisa importante em sua vida. O vaso em si mesmo pode ter pouco valor, mas o conteúdo é precioso demais para ser desprezado. Quem poderia imaginar que um bem precioso pudesse ser guardado em um recipiente facilmente quebrável e de pouca importância? Paulo encanta-se diante do contraste entre o glorioso Evangelho e a indignidade e fragilidade de seus proclamadores.


Que extraordinário é um tesouro tão valioso ser confiado a um recipiente tão frágil como um vaso de barro! O homem é apenas um vaso de barro, frágil, quebradiço e barato, mas dentro desse vaso existe um tesouro de inestimável valor: o evangelho. Mesmo sendo fracos, Deus nos usa para transmitir suas Boas Novas e nos dá poder para fazer a sua obra. Saber que o poder é de Deus, e não nosso, deve nos afastar do orgulho e nos motivar a manter nosso contato diário com Ele, nossa fonte de poder. Deus é glorificado por meio de vasos frágeis. A fraqueza do vaso ressalta a excelência do poder de Deus. Por isso, o vaso não pode se orgulhar por ser portador de um tesouro. A glória não está no vaso, mas no tesouro. É preciso concentrar-se no tesouro, não no vaso, ou seja, o foco não deve estar no instrumento que prega a mensagem, mas no conteúdo da mensagem. O vaso é perecível, mas o evangelho é indestrutível. O vaso é frágil, mas o evangelho é poderoso. O vaso não tem beleza em si mesmo, mas o evangelho traz o fulgor da glória de Deus na face de Cristo. O vaso se quebra e precisa ser substituído, mas o evangelho é eterno e jamais pode ser mudado.


2. O paradoxo dos sofrimentos (4:8,9). “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos”. O princípio geral enunciado no verso 7 é ilustrado aqui numa série de quatro declarações paradoxais. Elas refletem, de um lado, a vulnerabilidade de Paulo e de seus companheiros, e, de outro lado, o poder de Deus que os sustenta.
Não há ministério indolor. A vida cristã não é uma estufa espiritual nem uma sala vip. Ser cristão não é pisar tapetes aveludados, mas cruzar desertos abrasadores. Ser cristão não é ser aplaudido pelas pessoas, mas carregar no corpo as marcas de Jesus Cristo. Paulo faz aqui quatro contrastes:


a) Atribulados, mas não angustiados (4:8
). A tribulação é uma prova externa, enquanto a angústia é um sentimento interno. A tribulação produz angústia (Sl 116:3), mas Paulo mesmo enfrentando circunstâncias tão adversas era fortalecido pelo Senhor. As tribulações de Paulo foram muitas. Citamos algumas, tais como: foi perseguido em Damasco; rejeitado em Jerusalém; esquecido em Tarso; apedrejado em Listra; açoitado em Filipos; escorraçado de Tessalônica e Beréia; chamado de impostor em Corinto; enfrentou feras em Éfeso; foi preso em Jerusalém; acusado em Cesaréia; enfrentou um naufrágio a caminho de Roma; foi picado por uma cobra em Malta; sofreu prisões, açoites, apedrejamento, fome, frio e pressões de todos os lados. Contudo, Deus o assistiu não o deixando sucumbir diante de tantas adversidades.


b) Perplexos, mas não desanimados (4:8). Do ponto de vista humano, Paulo muitas vezes não sabia se suas dificuldades teriam solução, mas o Senhor jamais permitiu que ele perdesse todas as esperanças. Jamais foi colocado em um lugar estreito do qual não havia saída.


c) Perseguidos, mas não desamparados (4:9). Paulo sofreu duras perseguições desde o começo de sua conversão até o último dia da sua vida na terra. Não teve folga nem alívio. Foi perseguido pelos judeus e pelos gentios, pelo poder religioso e pelo poder civil. No entanto, jamais se sentiu desamparado. Quando foi apedrejado em Listra, levantou-se para prosseguir o projeto missionário. Quando foi preso em Filipos, cantou e orou à meia-noite. Quando foi preso em Jerusalém, deu testemunho diante do Sinédrio. Quando foi levado para Roma como prisioneiro de Cristo, testemunhou ousadamente aos membros da guarda pretoriana. Mesmo quando ficou só em sua primeira defesa, em Roma, foi assistido pelo Senhor (2Tm 4:16-18). Deus jamais o desamparou.


d) Abatidos, mas não destruídos (4:9). Paulo enfrentou circunstâncias desesperadoras, acima de suas forças (1:8). Foi acusado, perseguido, açoitado, aprisionado, mas jamais sucumbiu. Mesmo quando foi levado à guilhotina romana e teve seu pescoço decepado pelo verdugo, não foi destruído (2Tm 4:17,18), porque sabia que sua morte não era uma derrota, mas uma vitória, uma vez que morrer é lucro, é deixar o corpo e habitar com o Senhor, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1:23).


Talvez nos perguntemos por que o Senhor permitiu que seu servo passasse por tantas provas e tribulações? Talvez nos pareça que o apóstolo Paulo poderia ter servido ao Senhor com mais eficiência se seu caminho não estivesse tão repleto de obstáculos. Mas as Escrituras Sagradas ensinam justamente o contrário. Em sua sabedoria maravilhosa, Deus julga mais apropriado permitir que seus servos sofram enfermidades, aflições, perseguições, dificuldades e angústias. As tribulações têm por objetivo quebrar os vasos de barro para que a luz do evangelho possa brilhar mais intensamente.


3. Sofrer pela Igreja (4:10-12). “Trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos. E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós, a vida”.


Se sofremos, é por amor a Jesus. Se morremos para o nosso ego, é para que a vida de Cristo seja revelada em nós. Se passamos por tribulações, é para que Cristo seja glorificado. Ao servir a Cristo, a morte opera em nós, mas a vida opera naqueles para os quais é ministrado a Palavra.


No versículo 12, Paulo resumo tudo o que disse até aqui, lembrando aos coríntios que foi por meio do seu sofrimento constante que a vida chegou até eles. Paulo teve de enfrentar inúmeras dificuldades para levar o evangelho a Corinto, mas valeu a pena, pois os coríntios aceitaram Cristo e receberam a vida eterna.


Nossa tendência é sempre clamar ao Senhor em meio a uma enfermidade e pedir que Ele nos cure a fim de podermos servi-lo melhor. Algumas vezes, porém, talvez devamos agradecer a Deus essas aflições em nossa vida e gloriar-nos em nossas fraquezas para que o poder de Cristo repouse sobre nós.


III. PAULO FALA DA GLORIFICAÇÃO FINAL DESSES VASOS DE BARRO (4.13-18)


1. O poder que transformará os vasos de barro (4:13,14). “E temos, portanto, o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri; por isso, falei. Nós cremos também; por isso, também falamos, sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus e nos apresentará convosco”.


As aflições e perseguições da vida de Paulo não selaram seus lábios. A fé lhe permite prosseguir com a pregação do evangelho, pois ele sabe que glórias indescritíveis o aguardam além dos sofrimentos desta vida. Paulo fundamenta sua fé não nas suas ricas experiências, mas na eterna Palavra de Deus. Ele cita o salmo 116:10 para firmar sua fé: “Eu cri; por isso é que falei”. Ele creu no Senhor e suas palavras nasceram dessa fé com raízes profundas. Paulo se identifica com as palavras e a fé do salmista ao proferi-las e, portanto, declara: “Também nós cremos; por isso, também falamos” (4:13).


O versículo 14 do capítulo 4 revela o segredo da fé de Paulo e do seu destemor ao proclamar o evangelho de Cristo Jesus. Ele sabia que esta vida não é tudo. Sabia que o cristão tem a certeza da ressurreição. O mesmo Deus que ressuscitou o Senhor Jesus também ressuscitaria o apóstolo Paulo e o apresentaria com os coríntios.


A ressurreição de Cristo é um conforto na aflição. O fato é certo: Cristo levantou-se da morte pelo poder de Deus. Também, Deus nos ressuscitará e nos apresentará em glória. A conclusão é inevitável: Deus nos libertará de todas as nossas aflições. Portanto, a esperança que dominava o coração de Paulo é a mesma que abrange todos os crentes em Cristo: a glorificação do corpo mortal. Nossos corpos transitórios e corruptíveis serão transformados em corpos gloriosos.


2. A esperança capaz de superar os sofrimentos (4:5,16). “Porque tudo isso é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, torne abundante a ação de graças, para glória de Deus. Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia”.
Paulo explica que sua disposição de suportar sofrimentos e perigos era motivada pela inabalável esperança da ressurreição. Por isso ele não desanimava. Por um lado, o processo de deterioração física, do homem exterior, estava sempre em andamento; por outro, havia uma renovação espiritual que lhe permitia prosseguir apesar de todas as circunstâncias adversas. Paulo sabia que um dia os sofrimentos, aflições e a angústia ao pregar o evangelho, terminariam e que ele obteria o descanso e as recompensas de Deus.
Quando enfrentamos grandes dificuldades, é fácil enfocarmos a dor em vez de nossa meta final (a vida eterna). Da mesma maneira que os atletas se concentram na linha de chegada e ignoram seu desconforto, nós também devemos enfocar a recompensa por nossa fé e a alegria que dura para sempre. Não importa o que nos aconteça nesta vida, temos a garantia da vida eterna, quando todo o sofrimento terminar e toda a tristeza desaparecer.


3. Tribulação temporária e glória eterna (4:17,18). “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas”.


I. OBREIROS APROVADOS POR DEUS

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2:15).

A palavra grega parastesai, traduzida por “apresentar-te”, significa apresentar-se para o serviço. Dá a ideia de utilidade para e no serviço. Já a palavra dokimos, traduzida por “aprovado”, era usada para indicar o ouro e a prata purificados de toda a escória. Fazia referência ao dinheiro genuíno e não adulterado. Também era empregada para aludir a uma pedra lavrada, cortada e provada a fim de ser usada adequadamente na construção de um edifício.

 

O obreiro precisa apresentar-se primeiro a Deus como aprovado, para depois apresentar-se diante dos homens com eficácia. Seu papel não é torcer as Escrituras, mas manejá-la bem. Precisa expô-la integralmente, fielmente, corretamente. Enquanto os falsos mestres desvirtuam as Escrituras (1Tm 1:6; 6:21; 2Tm 2:18), o obreiro fiel deve manejá-la bem, ou seja, pregá-la com fidelidade.

Não podemos fazer a obra de Deus relaxadamente. Aquele que ensina deve esmerar-se no fazê-lo. Quem prega a Palavra precisa ser um mestre da Palavra. Aquele que cessa de aprender cessa de ensinar. Quem não abastece sua própria alma com a Palavra não pode alimentar os outros com a Palavra. Não podemos ensinar os outros a partir da plenitude das nossas emoções e do vazio da nossa mente.

 

OS OBREIROS APROVADOS POR DEUS:

1. Pregam e ensinam sem engano. “Paulo nunca usou de engano em suas pregações. Diferente de alguns falsos mestres de sua época que pregavam e ensinavam com argumentos falsos e logro. É preciso ter muito cuidado com os “lobos” vestidos de ovelhas, que andam a enganar os crentes incautos”.

2. Pregam com pureza. Paulo pregava por amor a Cristo. Jesus era o seu alvo. Atualmente, há muitos falsos obreiros que só visam lucro e bens financeiros. O falso mostra-se tão bem-vestido de verdadeiro, que, se possível fosse, enganaria até mesmo os escolhidos. São falsos milagres, falsos milagreiros, falsos ensinos, falsos mestres, falsas profecias e falsos profetas. As igrejas locais estão proliferadas de obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os mestres da lei de Deus, nos dias de Jesus (Mt 24:11-24), e o crente precisa estar informado sobre este fato.

Jesus adverte que nem toda pessoa que professa a Cristo é um crente verdadeiro e que, hoje, nem todo escritor evangélico, missionário, pastor, evangelista, professor, diácono e outros obreiros são aquilo que dizem ser. Muitos desses obreiros “exteriormente pareceis justos aos homens”  (Mt 23:28). Aparecem “vestidos como ovelhas” (Mt 7:15). Podem até ter uma mensagem firmemente baseada na Palavra de Deus e expor altos padrões de retidão. Podem parecer sinceramente empenhados na obra de Deus e no seu reino, demonstrar serem grandes ministros de Deus, líderes espirituais de renome, ungidos pelo Espírito Santo. Poderão realizar milagres, ter grande sucesso e multidões de seguidores (ver Mt 7:21-23; 2Co 11:13-15). Todavia, esses homens são semelhantes aos falsos profetas dos tempos antigos (ver Dt 13:3; 1Rs 18:40; Ne 6:12; Jr 14:14; Oséias 4:15), e aos fariseus do Novo Testamento, cujas vidas eram “cheias de iniquidade e de hipocrisia” (Mt 23:28).

Na época de Jeremias, o reino de Judá foi destruído por causa de falsos profetas que diziam às pessoas coisas que Deus não havia falado. A mesma coisa acontece hoje. Na sua falsidade eles ensinam rebelião contra a palavra verdadeira de Deus. Na sua interpretação errada da Palavra de Deus eles caminham para a condenação, levando juntos àqueles que acreditam nos seus falsos ensinamentos. Portanto, tenhamos cautela e não sejamos ignorantes! Os nossos olhos podem ver o pregador mais poderoso do mundo, mas isto não significa nada.

No tempo de Jeremias havia falsos profetas, que pregavam mensagens “bonitas”, que vendiam ilusões, que enganavam o povo. Mas o profeta de Deus os advertiu dizendo: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: não deis ouvidos às palavras dos falsos profetas, que entre vós profetizam; ensinam-vos vaidades; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor” (Jr 23:16). Esses falsos profetas, esses profissionais da religião, enganavam o povo, para tirar proveito pessoal. Não foram chamados, não tinham compromisso com Deus, não conheciam Sua Palavra. Falavam aquilo que o povo queria ouvir, e eram aplaudidos. Pregavam abundância de bênçãos materiais para um povo afundado no pecado e na idolatria (Jr 5:12; 8:11; 14:13,15).

 

Não devemos ficar impressionados quando o pregador só fala o que o povo quer ouvir: promessas de paz, promessas de prosperidade, promessas de milagres e curas. Numa época de crise e desemprego, muitos se aproveitam, pregando prosperidade e bênçãos, enganando até multidões. Que o povo de Deus não se engane! Que o povo de Deus não seja ignorante, mas conheça as Escrituras Sagradas! Importa ouvirmos a pura e verdadeira Palavra de Deus, a qual nos orienta sobre os nossos pecados e sobre as nossas transgressões. Sejamos como os crentes de Beréia: “Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (Atos 17:11).

 

3. Não buscam a glória de homens. “E, não buscamos glória dos homens…” (1Ts 2:6). Paulo não pregava para alcançar glória e prestígio humano, não andava atrás de lisonja humanas. Ele não buscava prestígio pessoal nem glória de homens. Ele não dependia desse reprovável expediente, pois sabia quem era e o que devia fazer. Ele não precisava bajular nem receber bajulação. Sua realização pessoal não procedia da opinião das pessoas, mas da aprovação de Deus. É digno observar que em 1Tessalonicenses 1:5 Paulo não tenha dito: “Eu cheguei até vós”, mas disse: “O nosso evangelho chegou até vós”. O foco não estava no homem, mas no evangelho. Paulo procurava a aprovação exclusivamente de Deus. O culto à personalidade é um pecado. Toda a glória que não é dada a Deus é vanglória, é glória vazia.

 

II. OS DOIS TIPOS DE VASOS (2Tm 2:20,21)

Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de madeira e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra”.

Segundo Hendriksen, aqui, Paulo está comparando os crentes fiéis com os hipócritas dentro da igreja. A igreja visível abriga tanto os verdadeiros crentes (alguns muito fiéis, comparáveis ao ouro; outros menos fiéis, comparados à prata) quanto os hipócritas (Mt 13:24-30), estes os vasos de desonra.

Algumas frases merecem esclarecimento:

- “grande casa” – se refere ao cristianismo em geral. No sentido amplo, cristianismo inclui os cristãos verdadeiros e os que assim se declaram, ou seja, aqueles que são realmente nascidos de novo e os que são apenas chamados cristãos.

- “vasos de ouro e de prata” – se refere aos cristãos de fato.

- “vasos de madeira e de barro” – não se refere aos não-cristãos em geral, mas àqueles em particular que eram obreiros perversos e que ensinaram falsas doutrinas, como Himineu e Fileto (2Tm 2:17).

1. Vasos de honra (2Tm 2:21). “De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra”.

O vaso de honra é alguém que se aparta do erro doutrinário e moral dos falsos mestres. Ou seja, devemos evitar não apenas os falsos mestres, mas também seus erros e maldades, expurgando da nossa mente a falsidade de seus ensinos e do nosso coração suas perversidades morais. Os vasos de honra precisam buscar a pureza doutrinária, bem como a pureza moral. Aqueles que assim procedem são santificados para toda boa obra.

Não existe honra mais elevada do que ser um instrumento na mão de Jesus Cristo, estar à disposição dele para o cumprimento de seus propósitos, achar-se pronto para seu serviço sempre que solicitado. Que possamos dizer como Isaías: “... eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6:8), ou como Maria: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1:38).

2. Vaso de desonra. Quem são estes? São os réprobos que se misturam com os salvos na igreja. Podemos igualmente afirmar que são os crentes infiéis, que causam problemas e escândalos na igreja. São o “joio” a que se referiu Jesus na parábola de Mateus 13:24-30.

Veja a expressão em 2Tm 2:21: “se purificar destas coisas”. A expressão “destas coisas” se refere aos vasos de desonra. Timóteo é instruído a se separar dos homens pecaminosos, especialmente dos mestres perversos, como Himineu e Fileto, que Paulo menciona em 2Tm 2:17.

Timóteo não é instruído a deixar a igreja, nem a deixar o cristianismo. Seria impossível para ele fazer tal coisa sem desistir também de sua confissão de fé, uma vez que o cristianismo inclui todos os que professam ser cristãos. Ele deveria se separar dos malfeitores e evitar a contaminação por doutrinas pervertidas. Se um homem se mantém livre de más associações, será vaso para honra. Deus usa apenas os vasos limpos para o santo serviço: “...purificai-vos, os que levais os vasos do SENHOR” (Is 52:11).

 

III. REJEITANDO AS DISSENSÕES E QUSTÕES LOUCAS

1. Rejeitando “questões loucas”. “E rejeita as questões loucas e sem instrução, sabendo que produzem contendas” (2Tm 2:23).

Após ensinar sobre o que Timóteo deveria cultivar e obedecer, e também rejeitar, Paulo acrescenta que ele deve rejeitar questionamentos que não produzem nem agregam valor espiritual ou moral, e nem valoriza o conhecimento e a vida cristã. As questões loucas eram as questões e proposições levantadas pelos falsos mestres ou hereges, que assediavam os irmãos na igreja de Éfeso. Os hereges, julgando-se "doutores da lei", não entendiam o que diziam ou afirmavam, mas produziam enormes contendas, lançando uns contra outros, provocando desunião e intrigas entre os próprios crentes.

“... sabendo que produzem contendas”. Certamente, os irmãos deveriam viver unidos, em harmonia, mas muitas vezes eles vivem em guerra. Os próprios discípulos geraram tensões entre si, perguntando para Jesus quem era o maior entre eles. Às vezes, os membros da igreja de Corinto entravam em contendas e levavam essas guerras para os tribunais do mundo (1Co 6:1-8). Na igreja da Galácia, os crentes estavam se mordendo e se devorando (Gl 5:15). Paulo escreveu aos crentes de Éfeso, exortando-os a preservarem a unidade no vínculo da paz (Ef 4:3). Na igreja de Filipos, duas mulheres, colaboradoras do apóstolo Paulo, estavam em desacordo (Fp 4:1-3).

Que sentimentos são estes? Mundano, claro! O mundo vê essas guerras dentro das denominações, dentro das igrejas, dentro das famílias, e isso é uma pedra de tropeço para a evangelização. Como podemos estar em guerra uns contra os outros se pertencemos à mesma família, se confiamos no mesmo Salvador, se somos habitados pelo mesmo Espírito? Tiago responde que temos uma guerra dentro de nós (Tg 4:1). O nosso coração é o laboratório onde as guerras são criadas, a estufa onde elas germinam e crescem, o campo onde elas dão o seu fruto maldito.

2. Não entrando em contenda. “E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor”.

Paulo exorta a Timóteo a fim de que ele não contendesse com os falsos mestres, pois isso levaria somente a escandalizar e envergonhar o evangelho e a igreja do Senhor. O servo de Deus é um indivíduo que edifica vidas, em vez de destruir relacionamentos. A contenda abre fendas, em vez de cicatrizá-las. Mas, é válido ressaltar que Paulo não está aqui proibindo todo tipo de controvérsia. Quando a verdade do evangelho estava sendo cruelmente atacada, o próprio Paulo se tornou um ardoroso apologista (2Tm 4:7; Cl 2:11-14) e ordenou que Timóteo fizesse o mesmo (1Tm 6:12). Porém, a combinação de especulações não bíblicas com polêmicas despidas de amor tem causado grandes danos à causa de Cristo.

“... ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor”. O ministro do evangelho deve instruir com brandura o povo, orientando todos com paciência e mansidão. O ministro não pode ser arrogante. Uma coisa é amar a pregação; outra coisa é amar as pessoas a quem se prega. O ministro cuida não apenas de um conceito doutrinário; cuida de vidas. Por isso, precisa falar a verdade em amor. Ele deve ser apto para ensinar. Ao mesmo tempo em que condena o erro, promove a verdade; na mesma medida em que denuncia as falsas doutrinas, transmite a sã doutrina. Esse ensino da verdade, tanto no aspecto negativo quanto no aspecto positivo, deve ser feito da forma certa, com a motivação adequada. “Pregamos e ensinamos, mas só o Espírito Santo pode convencer a pessoa de seus erros”.

CONCLUSÃO

Na administração de muitas igrejas locais, surgem conflitos de ordem espiritual, doutrinária ou humana. Daí por que há necessidade de preparo e capacitação de líderes, que saibam não só ministrar o ensino, mas, com o uso adequado dos princípios bíblicos, resolver questões diversas que podem desestabilizar o ministério e a própria liderança.

Faz parte do ministério não apenas instruir, mas também disciplinar os faltosos. A disciplina, porém, não pode ser feita com arrogância e dureza, mas com espírito de brandura (Gl 6:1). A disciplina tem dois propósitos: preventivo e curativo. Ela previne a igreja e restaura o faltoso. Aqueles que tropeçam e caem precisam se arrepender, uma vez que o pecado priva as pessoas da verdade e as desvia da sensatez. Paulo é categórico ao dizer que tanto o erro doutrinário quanto o mal moral são laços do diabo, dos quais as pessoas precisam ser libertadas. Por outro lado, tanto o arrependimento, que leva as pessoas de volta à sensatez, quanto a libertação do poder de Satanás são obra de Deus.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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