segunda-feira, 30 de junho de 2025

JAEL UMA MULHER DE CORAGEM

 


A CORAGEM DE JAEL

Texto Bíblico:

Juízes 4:9- Respondeu ela: Certamente irei contigo; porém não será tua a honra desta expedição, pois à mão de uma mulher o Senhor venderá a Sísera. Levantou-se, pois, Débora, e foi com Baraque a Quedes.

Jael é uma figura notável e, por vezes, controversa no Livro de Juízes da Bíblia (capítulos 4 e 5). Sua história é um exemplo poderoso de como Deus pode usar pessoas inesperadas para cumprir Seus propósitos.

Contexto da História

A narrativa de Jael se desenrola durante um período de opressão em Israel. O povo de Israel estava sendo severamente oprimido pelos cananeus, liderados pelo rei Jabim e seu comandante, Sísera, por cerca de vinte anos. Clamando a Deus por socorro, os israelitas foram levantados por Débora, uma profetisa e juíza de Israel, e Baraque, o comandante do exército israelita.

Débora profetizou que a vitória sobre Sísera viria, mas que a honra não seria de Baraque, e sim de uma mulher.

O Papel de Jael na Vitória de Israel

A batalha entre israelitas e cananeus culmina com a derrota do exército de Sísera. Em meio ao caos, Sísera foge a pé e busca refúgio na tenda de Jael, esposa de Héber, o queneu. É importante notar que havia um acordo de paz entre o rei Jabim (o inimigo de Israel) e a casa de Héber.

Jael recebe Sísera com aparente hospitalidade, convidando-o para sua tenda e oferecendo-lhe leite quando ele pede água. Sísera, exausto pela batalha e pela fuga, adormece profundamente.

É nesse momento crucial que Jael age. Ela pega uma estaca de tenda e um martelo – ferramentas que faziam parte de seu cotidiano como habitante de tendas – e crava à estaca nas têmporas de Sísera, matando-o. Quando Baraque chega à tenda de Jael procurando Sísera, ela o chama para mostrar o corpo do comandante inimigo, confirmando a profecia de Débora.

O Significado da Ação de Jael

A atitude de Jael é celebrada no "Cântico de Débora" (Juízes 5), onde ela é proclamada "bendita entre as mulheres nas tendas". Sua ação é vista como um ato de coragem e astúcia que foi fundamental para a libertação de Israel.

JUIZES 5: CÂNTICO DE DÉBORA

24- Bendita entre todas as mulheres será Jael, mulher de Heber, o queneu; bendita será entre as mulheres nômades.

25- Água pediu ele, leite lhe deu ela; em taça de príncipes lhe ofereceu coalhada.

26- Â estaca estendeu a mão esquerda, e ao martelo dos trabalhadores a direita, e matou a Sísera, rachando-lhe a cabeça; furou e traspassou-lhe as fontes.

27- Aos pés dela ele se encurvou, caiu, ficou estirado; aos pés dela se encurvou, caiu; onde se encurvou, ali caiu morto.

 28- A mãe de Sísera olhando pela janela, através da grade exclamava: Por que tarda em vir o seu carro? por que se demora o rumor das suas carruagens?

29- As mais sábias das suas damas responderam, e ela respondia a si mesma:

30- Não estão, porventura, achando e repartindo os despojos? uma ou duas donzelas a cada homem? para Sísera despojos de estofos tintos, despojos de estofos tintos bordados, bordados de várias cores, para o meu pescoço?

31- Assim ó Senhor, pereçam todos os teus inimigos! Sejam, porém, os que te amam, como o sol quando se levanta na sua força.

 32- E a terra teve sossego por quarenta anos.

Essa história levanta alguns pontos importantes:

  • Deus usa o inesperado: Jael não era uma guerreira ou uma figura de liderança proeminente em Israel. Ela era uma mulher queneia, vivendo em uma tribo que tinha relações pacíficas com os cananeus. Sua ação demonstra que Deus pode usar qualquer pessoa, independentemente de sua posição social ou origem, para cumprir Seus propósitos.
  • Coragem e determinação: Jael demonstrou uma coragem extraordinária ao enfrentar sozinha o temido comandante Sísera. Ela usou o que tinha em mãos, transformando ferramentas do dia a dia em instrumentos de libertação.
  • Quebra de expectativas: A história de Jael desafia as noções tradicionais de heroísmo e poder. A morte de um poderoso comandante militar nas mãos de uma mulher, utilizando um objeto doméstico, é um lembrete da soberania de Deus e de como Ele pode subverter as expectativas humanas para alcançar Seus objetivos.
  • Contraste com a hesitação: A coragem de Jael contrasta com a hesitação inicial de Baraque em ir para a batalha sem Débora. A profecia de que a honra seria de uma mulher se cumpriu de forma literal e surpreendente através de Jael.

A história de Jael em Juízes é um testemunho da providência divina e da capacidade de indivíduos, mesmo os mais improváveis, de desempenhar um papel vital nos planos de Deus.

 

SÍSERA FOGE E É MORTO POR JAEL, MULHER DO QUENEU HÉBER

Vemos o exército dos cananeus totalmente aniquilado. Lemos (a derrota desse exército é vista como um exemplo do que Deus fez em épocas posteriores, Salmos 88.9,10) que eles vieram a servir de estrume para a terra. Temos aqui:

A queda do seu general, Sísera, capitão do exército, em quem, possivelmente, Jabim, seu rei, depositou sua completa confiança e, portanto, não estava presente na ação. Vamos traçar os passos da queda desse homem poderoso.

1. Ele abandonou seu carro e fugiu a pé (vv. 15,17). Seus carros tinham sido seu orgulho e confiança; e podemos supor que ele tinha, portanto, desprezado e afrontado os exércitos do Deus vivo, porque estes estavam todos a pé e não tinham nem carro nem cavalo, como ele tinha. Portanto, de maneira legítima, ele é humilhado em relação à sua confiança e forçado a abandoná-lo, e acha que está mais seguro ao descer do seu carro, embora possamos supor que tenha sido o melhor de todos os carros. As pessoas que confiam na criatura acabam desapontadas; é semelhante a uma cana quebrada, que não só quebrará debaixo deles, mas entrará pela mão, a furará e causará muita tristeza (veja Is 36.6). O ídolo pode rapidamente se tornar um peso (Is 46.1), e aquilo que tanto nos atiçava pode nos saturar. Sísera parece tão miserável agora que está desmontado. É difícil dizer se estava mais envergonhado ou mais trêmulo. Não coloque sua confiança em príncipes, porque eles podem rapidamente ser colocados numa posição semelhante à de Sísera, esse homem que há pouco confiava em suas armas com tanta segurança e que agora não tem em quem confiar.

2. Ele fugiu buscando abrigo nas tendas dos queneus, não tendo um lugar seguro para se refugiar. Talvez tivesse desprezado e ridicularizado anteriormente a maneira de vida humilde e solitária dos queneus, ainda mais porque a religião foi conservada no meio deles; mas agora ele está feliz em colocar-se debaixo da proteção de uma dessas tendas. Ele escolhe a tenda ou canto de uma mulher, talvez para parecer menos suspeito ou porque era a tenda que estava mais próxima na sua fuga (v. 17). O que o encorajou a ir para lá era que nessa época havia paz entre seu mestre e a casa de Héber: não que houvesse qualquer aliança (ofensiva ou defensiva) entre eles, somente que naquele momento não havia indicações de hostilidade. Jabim não lhes causava mal, não os oprimia como fazia com os israelitas. A sua maneira de viver simples, quieta e inofensiva não os tornava suspeitos ou temidos. Talvez Deus permitiu que fosse dessa forma como recompensa pela sua lealdade à verdadeira religião. Por isso, Sísera achava que estaria seguro no meio deles; não considerando que, embora não estivessem sofrendo debaixo do poder de Jabim, eles se compadeciam de todo coração com o Israel de Deus por causa do sofrimento deles.

3. Jael convidou Sísera para entrar e o cumprimentou. Provavelmente, ela estava parada à porta da tenda, para receber notícias do exército e do sucesso da batalha que estava ocorrendo não longe dali. (1) Ela o convidou para entrar. Talvez ela estivesse esperando uma oportunidade para mostrar bondade a qualquer israelita aflito, se houvesse oportunidade para tal; mas ao ver Sísera vindo apressadamente, ofegante, ela o convidou para repousar na sua tenda, na qual, enquanto ela parecia propor-se a aliviar sua fadiga, talvez ela realmente tencionasse atrasar sua fuga, para que pudesse cair nas mãos de Baraque, que estava agora à caça dele (v. 18). Pode ser questionado se ela num primeiro momento teve um plano de tirar a vida dele, ou se Deus, mais tarde, colocou esse plano em seu coração. (2) Ela o tratou com muito carinho e parecia estar muito interessado em ajudá-lo, como seu hóspede convidado. Como ele estava muito cansado, ela encontrou um lugar conveniente para que ele pudesse descansar e recuperar suas forças. Como Sísera estava com sede, ela lhe oferece leite, a melhor bebida que a sua tenda podia oferecer (v. 19). Podemos supor que ele o bebeu entusiasticamente e, sendo revigorado com ele, estava pronto para dormir. Será que ele estava com frio ou com receio de pegar um resfriado, ou ele desejava se esconder dos perseguidores que poderiam revistar aquela tenda? De qualquer forma ela o cobriu com uma coberta (v. 18). Todas essas ações são expressões de cuidado pela sua segurança. Somente quando ele pediu para Jael contar uma mentira acerca dele, dizendo que ele não estava lá, ela não lhe deu resposta (v. 20). Não devemos pecar contra Deus, nem para favorecer aqueles por quem gostaríamos mostrar favor. Por último, devemos supor que ela procurou manter a sua tenda livre de barulho, para que ele pudesse adormecer o mais rapidamente possível. Na verdade, Sísera estava menos seguro quando estava mais seguro. Quão incerta e precária é a vida humana! Qual é a garantia que podemos ter dela, quando pode tão facilmente ser traída por aqueles a quem a confiamos? Qual é a segurança da vida se aqueles que esperávamos que agissem como protetores dela acabam destruindo-a? É melhor ter Deus como amigo, porque Ele não nos enganará.

4. Quando ele estava dormindo profundamente ela atravessou uma estaca comprida nas têmporas dele, prendendo sua cabeça na terra, e o matou (v. 21). E, embora o serviço estivesse terminado, para assegurar-se do seu trabalho (se formos fiéis à tradução, 5.26), ela cortou sua cabeça e a deixou ali presa ao chão. Se tinha planejado isso ou não quando o convidou para entrar na sua tenda não está claro. Provavelmente, esse pensamento ocorreu a ela quando o viu deitado tão convenientemente para receber um golpe fatal; e, sem dúvida, existe evidência suficiente para assegurar que esse pensamento não veio de Satanás, como matador e destruidor, mas de Deus, como um juiz justo e vingador. Ela teve a percepção de que isso honraria a Deus e traria libertação a Israel. Não havia nela a escuridão da malícia, ódio ou vingança pessoal. (1) Foi o poder divino que a capacitou a fazê-lo e a inspirou com uma coragem varonil. E se a sua mão tremesse, e se errasse o golpe? O que aconteceria se ele acordasse quando ela estava prestes a fazê-lo? Ou, suponha que alguns dos seus próprios serventes o seguissem e a surpreendessem no ato, quão caro seria o preço que ela e todos os seus pagariam por isso? No entanto, obtendo a ajuda de Deus, ela o fez com eficácia. (2) Foi uma ordem divina que a inocentou para fazê-lo; consequentemente, visto que nenhuma comissão tão extraordinária como essa pode agora ser aspirada, esse ato não deve ser imitado sob hipótese alguma. As leis de amizade e hospitalidade devem ser observadas religiosamente, e devemos abominar o pensamento de trair alguém que convidamos e encorajamos para colocar sua confiança em nós. E, em relação a esse ato de Jael (semelhante ao de Eúde no capítulo anterior), temos motivos para pensar que ela estava consciente de um impulso divino sobre o seu espírito para fazê-lo, que a satisfez plenamente (e deveria, portanto, satisfazer a nós) de que tinha sido bem-feito. O instrumento da execução foi uma estaca da tenda, isto é, um grande pino ou cravo, com o qual a tenda era fixada. Pelo fato de removerem as tendas com frequência, ela estava acostumada a cravar essas estacas e, portanto, soube como fazê-lo com toda habilidade nessa grande ocasião. Aquele que tinha a intenção de destruir Israel com seus muitos carros de ferro é destruído com uma estaca de ferro. Assim, as coisas fracas deste mundo confundem os fortes (veja 1 Co 1.17). Observe aqui a glória de Jael e a vergonha de Sísera.

1 Esse grande comandante morre em seu profundo sono e cansaço. Ficamos impressionados porque ele não se mexeu ou oferecesse algum tipo de resistência. Na verdade, ele estava tão preso às correntes do sono que não conseguiu movimentar suas mãos. Assim, os que são ousados de coração são despojados à tua repreensão, ó Deus de Jacó... Eles são lançados num sono profundo e assim são preparados para dormir seu sono derradeiro (Sl 76.5,6). Que o forte não se glories na sua força; por que no seu sono onde fica a sua força? Ela é frágil e ele nada pode fazer; uma criança pode insultá-lo e roubar a vida dele; no entanto, quando não dorme, ele logo está exausto e fatigado e não pode fazer coisa alguma. Essas palavras estando ele já cansado (v. 21) não são encontradas dessa forma nas outras versões antigas. As versões siríaca e arábica trazem: ele debateu-se (ou fez um movimento brusco, como costumamos dizer) e morreu. A versão caldaica traz: Exagitans sese mortuus est. Ele desfaleceu e morreu. A LXX diz: Ele foi obscurecido e morreu. O latim comum traz: consocians morte soporem, unindo o sono e a morte, reconhecendo que eles são tão parecidos. Ele desfaleceu e morreu. [2] Ele morre com sua cabeça cravada ao solo, um símbolo da sua inclinação terrena. O curve in terram animæ! Sua orelha (diz o bispo Hall) estava presa à terra, como se seu corpo estivesse ouvindo o que tinha acontecido com a sua alma. [3] Ele morre pela mão de uma mulher. Isso aumentava sua vergonha diante dos homens; e se tivesse tomado conhecimento desse fato, como ocorreu com Abimeleque (Jz 9.54), podemos imaginar quanto maior seria a sua vergonha.

 

 A GLÓRIA E ALEGRIA DE ISRAEL.

1. Baraque, seu líder, encontra seu inimigo morto (v. 22) e, sem dúvida, ele estava muito satisfeito em ver o “serviço” tão bem-feito, para a glória de Deus e para a perplexidade e vergonha dos seus inimigos. Se Baraque tivesse pensado somente na sua própria honra, teria ficado ressentido e consideraria uma afronta ver o general morto por qualquer outra mão senão a sua. Mas agora ele deve ter se lembrado que essa diminuição da sua honra, para a qual ele tinha sido sentenciado, ocorreu pelo fato de insistir na presença da Débora com ele (à mão de uma mulher o SENHOR venderá a Sísera). Dificilmente alguém poderia imaginar que a predição se cumpriria dessa forma.

2. Israel é completamente liberto das mãos de Jabim, rei de Canaã (vv. 23,24). Eles não somente se livraram do seu jugo nesse dia de vitória, mas, posteriormente, deram continuidade à guerra contra ele, até que o destruíram completamente. Ele e sua nação tinham sido entregues à ruína por decreto divino e não deveriam ser poupados. Os israelitas, tendo sofrido por causa da sua piedade tola por não o ter feito antes, percebem agora que está no seu poder não os tolerar mais, mas livrar-se completamente deles, como um povo a quem mostrar misericórdia era contra o próprio interesse deles, bem como contra a ordem divina. Provavelmente para lembrá-los da sentença sob a qual estavam, esse inimigo é citado três vezes nestes dois últimos versículos. Ele é chamado de rei de Canaã e, como tal, precisava ser destruído. Ele foi destruído de forma tão cabal que não me lembro ler a respeito de reis de Canaã depois desse episódio. Os filhos de Israel teriam evitado muita dor e tristeza, se tivessem destruído os cananeus mais cedo, como Deus lhes tinha ordenado e capacitado. Mas, é melhor ser sábio tarde, e adquirir sabedoria por experiência, do que nunca ser sábio.

 

CONCLUSÃO:

Deus levanta Débora, uma Juíza e Profetiza para liderar Israel, Ela convoca Baraque para guerrear contra os Cananeus, A Vitoria é garantida por uma Palavra Profética “O Senhor Entregara Sísera nas mãos de uma Mulher. (Juízes 4:9).

Esta profecia se cumpre de forma surpreendente não nas Mãos de Débora a Juíza, mas Nas Mãos de JAEL uma mulher do povo Queneu, um grupo aliado dos Cananeus,

JAEL não era Guerreira, nem profetiza, mas se tornou instrumento da Justiça Divina, uma Mulher sem Espada, sem Exército sem título de Liderança, mudou o Destino de uma Nação com o que tinha nas mãos e ousadia no coração.

Deus não está limitado a Hierarquia, nem estrutura de poder, nem aparência Exterior, Ele Usa quem ele quer, que tenha coragem para servir no momento certo.

O Agir silencioso de Deus, quando ninguém espera, por meio de que ninguém imagina, não precisa ser num Palco mais numa Tenda.  OS ENTENDORES ENTENDERÃO!!!!

sexta-feira, 27 de junho de 2025

SAUL E A PERSEGUIÇÃO A DAVI

 



SAUL E A PERSEGUIÇÃO A  DAVI - 

Eu estava lendo recentemente como Saul se tornou Rei. Tudo ocorreu dentro de um espaço de tempo muito curto. Antes que ele mesmo entendesse o que estava acontecendo, ele se viu como Rei. Ele não tinha o perfil, ele não tinha as qualidades necessárias.

Ele era um homem humilde no princípio. Ele nem sequer se atreveu a sair quando seu nome foi chamado (1 Samuel 10:22). Mas os filhos de Israel clamavam por um Rei. Eu aposto que eles não podiam esperar mais.

Eles queriam um Rei e eles o queriam agora! Não admiro que Saul tenha terminado como terminou. A maioria de nós terminaria do mesmo jeito. Não saberíamos o que fazer, nosso orgulho se elevaria, e faríamos uma confusão ao redor não tendo os perfis e as qualidades necessárias.

Não é questão de não saber o que fazer, mas ter o caráter de esperar e encontrar o que fazer. Parece a mim que Saul foi vítima da teimosia dos Israelitas. Mas quando Davi veio. Davi não veio como Rei. Ele tinha a palavra de Deus desde o início, mas então muitos anos se passaram e parecia que esta palavra nunca se cumpriria. Ele estava lutando nos desertos e nas montanhas e parecia que aquela palavra apenas lhe havia trazido problemas.

Ele tinha perdido seus amigos, sua paz e seu contato com a família e tudo por causa da Palavra de Deus. Por que Deus disse aquilo a ele? Por que Deus não apressou em fazê-lo Rei? Por que Deus o tratou tão mal? Se alguém tinha perguntas sem respostas certamente era Davi.

Mas então o dia escolhido chegou. Saul morreu e Davi tornou-se Rei. Ele levou muitos anos. Ele teve muitas frustrações. Ele teve muitas perguntas sem respostas. Ele teve muitos problemas nesse tempo. Ele podia ter morrido nesses anos. Sua vida foi continuamente ameaçada. Não foi certamente o que ele tinha sonhado sobre Deus, sobre sua vida e sobre o que Deus tinha lhe falado. E ainda assim seu propósito estava claro: após tudo isto, Davi está agora pronto para ser Rei.

Ele não poria a perder. Pois ele foi treinado nos anos que esteve no deserto. Ele havia amadurecido. Seus desejos foram sujeitados à vontade de Deus e colocados nas mãos de Deus. Foi assustador tudo porque ele passou, mas também foi encorajador. Isto pode também ter acontecido em nossas vidas. Apenas questionamos por que isto, por que aquilo. Por que Deus não fez isso desde o princípio?

Mas Deus quer nos fazer iguais a Davi para que possamos nos alegrar com o que ele nos oferece. Saul tinha o direito no início, porém ele o perdeu. Eu amo os caminhos de Deus, mesmo que às vezes seja doloroso, parecido com um deserto. Pois o deserto terá fim e uma nova vida há de se iniciar.

A história de Saul e Davi na Bíblia é uma das mais fascinantes e complexas do Antigo Testamento, narrada principalmente nos livros de 1 Samuel e 2 Samuel. Ela aborda temas como a escolha divina, a obediência, a desobediência, a inveja, a amizade e a soberania de Deus.

A ESCOLHA DE SAUL COMO REI

O povo de Israel, cansado do sistema de juízes e querendo ser "como as outras nações", clamou por um rei. Samuel, o profeta, inicialmente não se agradou dessa ideia, pois isso significava rejeitar a Deus como seu rei. No entanto, Deus instruiu Samuel a atender ao pedido do povo, mas advertiu sobre as consequências de ter um rei terreno.

Saul, filho de Quis, da tribo de Benjamim, foi o homem que Deus escolheu para ser o primeiro rei de Israel. Ele era um homem de notável beleza e estatura, descrito como o mais alto e formoso entre todos os israelitas (1 Samuel 9:2). Sua escolha se deu da seguinte forma:

  1. Unção Secreta: Samuel, sob a direção de Deus, encontrou Saul enquanto ele procurava as jumentas de seu pai. Samuel o ungiu secretamente com óleo, declarando-o príncipe sobre a herança do Senhor (1 Samuel 10:1).
  2. Confirmação Pública: Posteriormente, Samuel convocou todo o povo em Mispa para a escolha oficial do rei por sorteio. A tribo de Benjamim foi sorteada, depois a família de Matri, e finalmente, Saul, filho de Quis, foi escolhido. Inicialmente, Saul se escondeu em meio à bagagem, demonstrando certa humildade ou timidez. Contudo, ele foi encontrado e apresentado ao povo, que o aclamou com o grito de "Viva o rei!" (1 Samuel 10:17-24).
  3. Vitória Militar: Para consolidar sua posição, Saul liderou os israelitas em uma vitória decisiva contra os Amonitas, o que fortaleceu sua popularidade e o confirmou como rei perante todo o Israel (1 Samuel 11).

O reinado de Saul começou promissor, e ele foi agraciado com o Espírito de Deus. No entanto, sua desobediência a Deus em ocasiões cruciais, como oferecer um sacrifício sem esperar por Samuel (1 Samuel 13) e não destruir completamente os amalequitas, poupando o rei e o melhor do gado (1 Samuel 15), levou Deus a rejeitá-lo como rei.

A LUTA CONTRA DAVI

Após a desobediência de Saul, Deus enviou Samuel para ungir um novo rei, desta vez um jovem pastor chamado Davi, filho de Jessé, da tribo de Judá. Embora Davi fosse o "menor" entre seus irmãos e de aparência humilde, Deus olhou para o seu coração (1 Samuel 16).

A ascensão de Davi ao reconhecimento público começou com sua famosa vitória sobre o gigante Golias. Após esse feito heroico, Davi foi levado à corte de Saul, onde se tornou um dos seus oficiais e um músico que acalmava o rei quando um espírito maligno o atormentava.

No entanto, a popularidade de Davi rapidamente superou a de Saul. As mulheres de Israel cantavam: "Saul feriu seus milhares, mas Davi os seus dez milhares" (1 Samuel 18:7). Isso despertou uma profunda inveja e ciúme no coração de Saul, que começou a ver Davi como uma ameaça ao seu trono.

A partir desse ponto, a relação entre Saul e Davi se transformou em uma perseguição implacável por parte de Saul:

  • Tentativas de Assassinato: Saul tentou matar Davi diversas vezes, atirando sua lança contra ele enquanto Davi tocava harpa (1 Samuel 18:10-11).
  • Armadilhas e Casamento: Saul prometeu sua filha Mical em casamento a Davi, esperando que ele morresse em batalha contra os filisteus, mas Davi sobreviveu e se casou com Mical.
  • Perseguição no Deserto: Davi foi forçado a fugir e viver como fugitivo, com Saul e seu exército o perseguindo incansavelmente por todo o Israel. Mesmo em duas ocasiões em que Davi teve a oportunidade de matar Saul (na caverna de En-Gedi e no acampamento de Saul), ele se recusou a fazê-lo, mostrando respeito pelo "ungido do Senhor" (1 Samuel 24 e 26).

A luta entre Saul e Davi é um contraste marcante entre a obediência e a desobediência, a humildade e o orgulho. Enquanto Saul se afundava em sua obsessão e desobediência, perdendo o favor de Deus, Davi, apesar de suas próprias falhas futuras, continuava a confiar no Senhor e a ser fortalecido por Ele.

O clímax dessa rivalidade se deu na Batalha do Monte Gilboa, onde Saul e seus filhos, incluindo Jônatas (o fiel amigo de Davi), morreram em combate contra os filisteus (1 Samuel 31). Com a morte de Saul, o caminho ficou livre para Davi assumir o trono de Israel, marcando o início de uma das maiores e mais significativas monarquias da história bíblica.

Essa passagem nos ensina sobre as consequências da desobediência a Deus, a importância de um coração voltado para Ele, e a maneira como Deus trabalha em Seus próprios propósitos, mesmo em meio a conflitos humanos. 

A INSTITUIÇÃO DA MONARQUIA EM ISRAEL

Texto Bíblico: 1Samuel 8:4-7; 2Samuel 10:1-7

“Então, todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações” (1Sm.8:4,5).

1 Samuel 8:

4-Então, todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá,

5-E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.

6-Porém essa palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao SENHOR.

7-E disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te disser, pois não te tem rejeitado a ti; antes, a mim me tem rejeitado, para eu não reinar sobre ele.

1 Samuel 10:

1-Então, tomou Samuel um vaso de azeite, e lhe derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Porventura, te não tem ungido o SENHOR por capitão sobre a sua herdade?

2-Partindo-te hoje de mim, acharás dois homens junto ao sepulcro de Raquel, no termo de Benjamim, em Zelza, os quais te dirão: Acharam-se as jumentas que foste buscar, e eis que já o teu pai deixou o negócio das jumentas e anda aflito por causa de vós, dizendo: Que farei eu por meu filho?

3-E, quando dali passares mais adiante e chegares ao carvalho de Tabor, ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus a Betel: um levando três cabritos, o outro, três bolos de pão, e o outro, um odre de vinho.

4-E te perguntarão como estás e te darão dois pães, que tomarás da sua mão.

5-Então, virás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando ali na cidade, encontrarás um rancho de profetas que descem do alto e trazem diante de si saltérios, e tambores, e flautas, e harpas; e profetizará

6-E o Espírito do SENHOR se apoderará de ti, e profetizarás com eles e te mudarás em outro homem.

7-E há de ser que, quando estes sinais te vierem, faze o que achar a tua mão, porque Deus é contigo.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo do “Governo Divino em Mãos Humanas”, tendo como base os Livros de Samuel, trataremos nesta Aula da Instituição da Monarquia em Israel. Desde os dias de Moisés, Deus governou Israel através de sacerdotes e juízes dotados com poder e habilidade. Quando Samuel, o último dos juízes, envelheceu, o povo pediu um rei para que eles fossem como as nações que estavam ao seu redor.

Aquele não era o momento apropriado para pedir um rei, mas Deus ordenou a Samuel que atendesse o pedido do povo. A partir de então, Israel deixou de ser uma teocracia, ou seja, uma nação governada por Deus, que era o seu rei (1Sm.8:7), para ser uma monarquia, ou seja, uma nação governada por um rei humano, como ocorria com todas as nações circunvizinhas (1Sm.8:5).

Todavia, como profeta e último dos juízes, Samuel alertou o povo que a instituição da monarquia em Israel traria mais malefícios que benefícios para eles. Mesmo assim, o povo quis um rei. Eles pediram um rei porque criam, erroneamente, que a razão das suas derrotas vinha da incompetência do governo em vigor, quando, na realidade, o problema era o pecado deles. Daí, eles conformarem-se com o modo de vida dos povos ímpios ao seu redor, ao invés de confiarem em Deus.

Outrora, Deus levantava juízes em diversas regiões, mas agora Ele levantaria uma monarquia em Israel. Embora a monarquia fosse um desejo nacional, Deus interveio e, segundo a sua vontade, estabeleceu essa forma de governo. Incialmente, Saul, da tribo de Benjamim, fora escolhido como o primeiro rei de Israel.

Deus, na sua presciência, sabia que um dia o seu povo ficaria descontente com o governo direto de Deus, e ordenou a Moisés que incluísse em sua Lei as diretrizes a serem seguidas pelo rei, quando isso acontecesse (cf. Dt.17:14-17).

Quando entrares na terra que te dá o SENHOR, teu Deus, e a possuíres, e nela habitares, e disseres: Porei sobre mim um rei, assim como têm todas as nações que estão em redor de mim, porás, certamente, sobre ti como rei aquele que escolher o SENHOR, teu Deus; dentre teus irmãos porás rei sobre ti; não poderás pôr homem estranho sobre ti, que não seja de teus irmãos.

Porém não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito, para multiplicar cavalos; pois o SENHOR vos tem dito: Nunca mais voltareis por este caminho.

Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem prata nem ouro multiplicará muito para si.

Embora aquele momento, para eles terem um rei, não fosse o momento de Deus, e fosse injusta a sua motivação, Deus os atendeu no que pediram. Apesar de tudo, Deus se propôs a guiar o povo, apesar dos fracassos do governo monárquico de Israel (cf. 1Sm.12:14,15;19-25). Isso revela o amor de Deus e a Sua paciência com a fraqueza humana.

I. POR QUE A MONARQUIA?

1. Porque o povo queria ser como as nações vizinhas (1Sm.8:5,20)

Esta posição era exatamente o que Deus não desejava. Ter um rei facilitaria o esquecimento de que o Senhor era o Seu verdadeiro Líder. Entretanto, não era errado Israel querer um rei; Deus mencionou esta possibilidade em Deuteronômio 17:14-20. Mas, na realidade, o povo rejeitava a Deus como seu verdadeiro Líder. Os israelitas queriam leis, um exército e um monarca no lugar do Senhor. Eles desejavam governar a nação através da força humana, embora somente a de Deus pudesse fazê-los prosperar na terra de Canaã.

O povo não viu nenhuma preparação nos filhos de Israel para assumir tal responsabilidade como eles exigiam. Além do mais, as 12 tribos viviam desunidas, pois cada uma possuía sua própria liderança e território, ou seja, não existia uma unidade entre as tribos que pudesse qualificar Israel como uma nação perante os povos vizinhos. Eles desejavam um rei que unisse as tribos em uma única nação e um só exército; eles queriam ter o orgulho de ser uma nação no seu stricto sensu: com um rei soberano, um exército e um comando que impusesse respeito e ordem. Isto significava rejeitar a liderança divina representada por Samuel. Dessa forma, os israelitas escolheram uma política meramente humana, fugindo de sua real vocação sacerdotal e profética.

Concordo com o Pr. Oziel Gomes quando diz que “há perigo quando o povo de Deus deixa a sua verdadeira vocação para imitar as instituições terrenas. Embora seja bíblico cumprir nossas obrigações políticas e sociais, a vocação da Igreja é espiritual, como afirmou Jesus: ‘O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui”’ (João 8:36).

2. Porque os filhos de Samuel fracassaram

Os israelitas estavam passando por um momento de turbulência espiritual e governamental, não por causa de Deus, que queria ser o Seu rei, mas por causa da rejeição do povo ao próprio Deus. O povo estava envolvido numa verdadeira idolatria; tenha uma noção disso em 1Sm.7:3,4. Além do mais, a Arca da Aliança tinha sido sequestrada pelos filisteus; havia ameaças constantes destes inimigos e os filhos de Samuel não andavam em caminhos retos.

Tendo Samuel envelhecido, procurou colocar seus dois filhos, Joel e Ábias, como sucessores para julgar Israel, mas eles não andavam pelos caminhos de Samuel; antes, se inclinaram à avareza, se corromperam e “perverteram o juízo” (1Sm.8:3); eles foram corruptos qual os filhos de Eli (1Sm.2:12). Joel e abiãs eram corruptos, portanto, não serviam a Deus e o povo se indignou tanto contra eles que pediu a mudança da forma de governo, rejeitando ao próprio Deus como rei sobre si (1Sm.8:4-7).

É impossível saber se Samuel foi um mau pai. Seus filhos eram adultos o suficiente para serem responsáveis pelos seus próprios atos. Todavia, os maus caminhos que eles andavam não foram bem-vistos pelos anciãos de Israel, e por causa disto foram rejeitados para suceder a Samuel na liderança do povo de Deus. Embora fosse duro ouvir essa rejeição dos representantes principais do povo, os anciãos, Samuel era cônscio de que eles falavam a verdade. Como um líder fiel, sincero, autêntico, que só queria o bem maior do povo de Deus, aceitou essa rejeição sem nenhuma reserva. Para ele, a obra de Deus era muito mais importante do que as benesses empregatícias da família.

“Então, todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações” (1Sm.8:4,5).

Contudo, Samuel, ao contrário de Moisés, esqueceu-se que o povo era de Deus e não dele. Assim, ao constituir seus filhos como juízes, tomou uma deliberação precipitada, sendo, aliás, este o seu grande erro. Samuel deveria ter pedido a Deus que escolhesse um sucessor e não fazer dos seus filhos sucessores.

Temos de admitir que, na atualidade, vivemos uma verdadeira “síndrome de Samuel”. Homens de Deus dedicados, exemplares e irrepreensíveis, em seu profundo zelo pela obra do Senhor, têm caído na armadilha em que caiu o profeta Samuel, e tem procurado resolver a sua sucessão em família, sem qualquer consulta a Deus. Que eles possam ver os prejuízos causados por este gesto de Samuel antes que o povo de Deus se indigne e passe a querer copiar o mundo, escolhendo formas de governo que signifiquem a rejeição do Senhor, como, aliás, infelizmente, já está ocorrendo.

Sem dúvida, faltou a Samuel, e falta aos líderes atuais que vivem essa síndrome, a convicção de que Deus é o principal responsável pela Sua obra e que, portanto, devemos nos cercar da orientação e sabedoria divina para tomarmos decisão a este respeito, não nos esquecendo de que a obra é do Senhor e que, portanto, nenhum líder tem a prerrogativa de ditar, por sua própria conta, o futuro do povo de Deus. Somente Deus sabe, de antemão, o que está para acontecer e, portanto, sabe muito bem quem deve liderar o povo nos anos que estão por vir.

Observação:

Devemos ter cuidado para não culparmos a nós mesmos pelos pecados de nossos filhos. Por outro lado, a paternidade é uma incrível responsabilidade, e nada é mais importante do que moldar e formar a vida de nossos filhos.

Se os seus filhos adultos não seguem a Deus, perceba que você não pode mais controlá-los. Não culpe a si mesmo por algo que não está mais sob sua responsabilidade. Mas, caso eles ainda estejam sob os seus cuidados, saiba que o que você faz e ensina pode afetar profundamente seus filhos e durar para toda a vida (Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal).

3. Rejeitando os planos de Deus (1Sm.8:6-22)

Diante das circunstâncias adversas em que vivia o povo de Israel, naquela época, com uma espiritualidade e um padrão moral totalmente desvirtuado daqueles estabelecidos por Deus, e os inimigos apertando cada vez mais o povo, sem dúvida, o Senhor desejava ser, Ele próprio, o único defensor e governador de Israel. O Senhor desejava que seu povo fosse santo e diferente de todas as outras nações da terra.

Deus tinha os seus planos no futuro para Israel no tocante ao governo do seu povo; Ele já tinha previsto que estabeleceria uma monarquia sobre o seu povo. É tanto que muito tempo antes, à época de Moisés, ele indicou as regras a serem seguidas pelo futuro rei. Ele sabia que esse momento chegaria (Dt.17:14). Assim, no tempo certo, o próprio Deus daria um rei com as qualidades necessárias. Entretanto, os israelitas exigiram um rei fora do tempo, fora dos planos de Deus; não quiseram ser diferentes, preferiram se conformar ao mundo (1Sm.8:20). Samuel se entristeceu com o pedido, mas o Senhor o instruíra a atendê-lo. Afinal, não rejeitaram ao profeta, mas, sim, ao Senhor (1Sm.8:7). Deus permitiu isto, porém, a sua vontade perfeita era que Ele próprio governasse o Seu povo (1Sm.8:7; 12:12).

“Porém essa palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao SENHOR. E disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te disser, pois não te tem rejeitado a ti; antes, a mim me tem rejeitado, para eu não reinar sobre ele” (1Sm.8:6,7).

Diante do pedido insistente do povo, Samuel teve que protestar solenemente e explicar o direito do rei. Ele disse que o monarca enriqueceria a si mesmo à custa dos súditos, convocaria rapazes e moças para o serviço militar e doméstico, e praticamente os transformaria em escravos. Samuel, certamente, disse isto com fulcro nos textos sagrados exarados no Livro de Deuteronômio (cf. Dt.17:14-20). As regras em Deuteronômio visavam a conter os males que, sem dúvida, resultariam da monarquia.

A Igreja não pode cometer o mesmo erro de Israel do passado, fazendo escolhas erradas quer na esfera espiritual, quer na esfera humana; para tanto ela deve lançar-se à oração, jejum, consagração e viver uma vida de constante santificação porque sem a qual ninguém verá a Deus.

A Igreja tem de pedir a direção divina para que, através de uma vida santa, Deus estabeleça homens segundo o Seu coração, cheios do Espírito Santo, homens que conhecem a vontade de Deus e que governem bem a Igreja de Jesus Cristo, sendo Ele mesmo a Cabeça da Igreja.

Jesus é a Cabeça da Igreja porque Ele a amou e por ela morreu. Jesus tem o direito de guiar a Igreja por causa de Seu grande sacrifício. Ver Cristo como a Cabeça da Igreja dá segurança àqueles que são membros da Igreja de Cristo, pois os faz lembrar a perfeita direção que dele. recebem. Esta também deve ser uma razão para os não cristãos quererem entrar na Igreja - para que venham submeter-se à liderança infalível de Cristo.

II. A ESCOLHA DE SAUL COMO REI


1. Por que Saul?

Saul foi escolhido para atender uma exigência, a destempo, do povo – “... porque tenho olhado para o meu povo, porque o clamor chegou a mim (1Sm.9:16). Ele foi escolhido (1Sm.9:15-17), mas o contexto de 1Samuel deixa transparecer que o foco principal era outra pessoa: Davi. Deus, que conhece o interior do ser humano, sabia que Saul não era a pessoa certa para liderar o Seu povo. Saul foi escolhido porque o povo rejeitou o Senhor, e Deus queria mostrar ao povo o quanto era precipitada essa atitude. Deus, naquele momento, atendeu o desejo do povo, mas não correspondia a Sua vontade ter Saul como líder máximo da nação. Na Sua presciência, Ele sabia que Saul era orgulhoso, precipitado, não se arrependia quando era reprendido pelo Senhor, tinha um instinto vingativo, era inconsistente e inconsequente. Na verdade, profundamente analisando, foi o povo que elegeu Saul, e não Deus; Samuel afirmou isso (1Sm.12:12,13).

“E, vendo vós que Naás, rei dos filhos de Amom, vinha contra vós, me dissestes: Não, mas reinará sobre nós um rei; sendo, porém, o SENHOR, vosso Deus, o vosso Rei. Agora, pois, vedes aí o rei que elegestes e que pedistes; e eis que o SENHOR tem posto sobre vós um rei”.

Com dois anos de reinado o Senhor rejeitou a Saul (1Sm.13:14), e disse, inclusive, que seria ele sucedido por alguém escolhido por Ele mesmo; seria escolhido um homem segundo o Seu coração. Para Saul, isto tornou-se um tormento, porquanto o Senhor confirmava que o sucessor ao trono seria alguém escolhido por Deus e não por Saul. Davi foi ungido, e Saul percebeu logo que a sucessão ao trono não viria da sua linhagem. Saul ficou obcecado para matar Davi, pois sabia que este o haveria de suceder, pondo em risco a sua própria casa.

Mesmo depois da morte de Saul, o grande ressentimento que se teve na sua casa foi sempre a circunstância de ter sido retirada do poder em favor de Davi e sua descendência (2Sm.6:20-23; 16:5-8), o que, inclusive, refletiu até mesmo na tribo de Saul (Benjamim), igualmente preterida em favor de Judá (2Sm.20:1), até porque frustrada foi a tentativa de Abner fazer continuar reinando o único filho sobrevivente da casa de Saul, Isbosete (2Sm.2:8; 3:6; 4:1,7,8), apesar de ele bem como Isbosete saberem que isto era contrário à vontade de Deus, o qual tinha ordenado ungir Davi para suceder a Saul.

2. A Unção de Saul por Samuel (1Sm.10:1)

“então, tomou Samuel um vaso de azeite, e lhe derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Acaso o Senhor não te ungiu como governador sobre o povo dele, Israel?”.

Quando um rei israelita tomava posse, ele não era apenas coroado, mas ungido também. Primeiramente, vinha a unção. A coroação era o ato político de estabelecer o rei como governador; a unção era o ato religioso de fazer do rei o representante de Deus para o povo.

Um rei era sempre ungido por um sacerdote ou profeta. O óleo especial da unção era uma mistura de óleo de oliva, mirra e outras especiarias. Era despejado sobre a cabeça do rei para simbolizar a presença e o poder do Espírito Santo em sua vida. Esta cerimônia tinha a finalidade de lembrar o rei sobre a sua grande responsabilidade de governar o povo através da sabedoria de Deus, e não da sua.

O que é unção? É a capacitação especial do Espírito Santo para realizar a Sua obra. Quando Saul recebeu a unção, ele foi imediatamente capacitado. Veja o que o texto sagrado afirma:

“Sucedeu, pois, que, virando ele as costas para partir de Samuel, Deus lhe mudou o coração em outro; e todos aqueles sinais aconteceram aquele mesmo dia. E, chegando eles ao outeiro, eis que um rancho de profetas lhes saiu ao encontro; e o Espírito de Deus se apoderou dele, e profetizou no meio deles” (1Sm.10:9,10).

Na Nova Aliança, Deus capacita os seus líderes, e qualquer um que é vocacionado para realizar a Sua obra, com a Unção do Espírito Santo; é o que comumente chamamos de Batismo com o Espírito Santo, que é o revestimento e derramamento de poder do Alto.

“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós...” (Atos 1:8).

No Senáculo, todos aqueles que estavam esperando o Batismo com o Espírito Santo foram revestidos do poder do Alto para cumprir a Grande Comissão (Mt.28:19,20) estabelecida pelo Senhor.

“E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (Atos 2:2,3).

Não devemos confundir o batismo com Espírito Santo com o batismo descrito em 1Co.12:13; Gl.3:27; Ef.4:5. Nestes textos sagrados, trata-se de um batismo figurado, apesar de real. Todos aqueles que experimentaram o Novo Nascimento (João 3:5) são batizados (imersos) no corpo místico de Cristo (Hb.12:23; 1Co.12:12ss). Nesse sentido, todos os salvos são batizados pelo Espírito Santo, mas nem todos são batizados com o Espírito Santo.

3. Os sinais de confirmação da Unção (1Sm.10:2-7)

Samuel deu a Saul um sinal triplo a fim de comprovar a autenticidade de sua eleição como líder ungido de Israel e da comissão que Samuel tinha acabado de lhe transmitir. Os sinais foram:

Saul encontraria as jumentas perdidas de seu pai.

Ele encontraria três homens no Monte Tabor, um levando três cabritos, outro, três bolos de pão, e o outro, um odre de vinho.

Ele teria capacidade de profetizar pelo Espírito de Deus.

-No entendimento do Pr. Oziel Gomes, o primeiro sinal representava o trabalho que o rei teria; o segundo apontava para o sustento divino para a tarefa de Saul; e o terceiro, o rei reinaria sob o Espírito de Deus e, assim, salvaria Israel de seus inimigos.

-No entendimento de Robert B. Chisholm Jr., os dois primeiros sinais mostraram o controle providencial de Deus sobre os acontecimentos e o terceiro mostrou que Deus tinha escolhido Saul para ser seu instrumento especial, ungido (capacitado) pelo Espírito Santo para realizar a tarefa que lhe foi confiada.

Uma vez cumprido os sinais e Saul se convencesse da presença de Deus e de seu poder capacitador, ele devia fazer o que fosse apropriado (1Sm.10:7).

“E há de ser que, quando estes sinais te vierem, faze o que achar a tua mão, porque Deus é contigo”.

Embora essa ordem pareça ser tanto vaga, o contexto parece indicar que Samuel tinha em mente uma ação militar. Afinal, a incumbência de Saul consistia em livrar Israel de seus inimigos (cf. 1Sm.9:16), e Samuel faz questão de lembrá-lo da presença de uma guarnição de filisteus em Gibeá (1Sm.10:5 - ARA). A promessa de que o Espírito Santo “virá sobre Saul” (1Sm.10:6) também pode sugerir ação militar.

Uma vez cumprido todos esses sinais, Saul deveria ir a Gilgal e esperar sete dias até Samuel chegar para oferecer sacrifícios (1Sm.10:8). Todos os sinais indicados em 1Smuel 10:2-6 se cumpriram no mesmo dia, mas os acontecimentos em Gilgal ocorreram posteriormente (1Sm.13:7-15).

Não devemos concluir pelo texto de 1Samuel 10:9 que Saul teve uma experiência genuína de conversão. Na verdade, Saul vivia segundo a carne, como sua história posterior deixa claro.

Apesar de não ter havido uma experiência pessoal e salvadora, o Espírito Santo o capacitou para a posição oficial de governante do povo de Deus. Em outras palavras, oficialmente, Saul era um homem de Deus, mas, a nosso ver, não tinha um compromisso pessoal com o Senhor.

Num primeiro momento, podemos perceber que o rei Saul foi ungido pela soberana vontade de Deus; entretanto, ele reinou indiferente aos mandamentos divinos; era um rei falho, egoísta, ciumento e não estava nem aí para obedecer aos mandamentos do Senhor.

Por isso, mas tarde, por causa da desobediência às ordenanças de Deus, ele perdeu a unção, ou seja, perdeu a presença e o poder do Espírito Santo sobre a sua vida; por conseguinte, perdeu a capacidade de governar o povo de Deus. Está escrito:

“e o espírito do senhor se retirou de Saul, e o assombrava um espírito mau, da parte do Senhor” (1Sm.16:14).

Saul foi capacitado pelo Espírito Santo, mas perdeu a unção em sua vida. Aquele Saul, que Samuel derramou um vaso de azeite sobre a cabeça, e o beijou, e disse: “Acaso o Senhor não te ungiu como governador sobre o povo dele, Israel?” (1Sm10:1); aquele Saul, que após ser ungido o Espírito de Deus se apoderou dele e profetizou no meio dos profetas (cf. 1Sm.10:10), perdeu a unção. A unção de Saul, agora, era coisa do passado.

Isto nos traz uma grande lição que deve ser considerada: a unção do Espírito Santo pode ser retirada de nós. Todos nós, servos de Deus, temos a unção do Espírito Santo. Está escrito: “e vós tendes a unção do Santo...” (1João 2:20); mas, esta unção pode ser retirada de nós:

  • Se não estivermos no centro da vontade do Senhor.
  • Se não fizermos aquilo para o qual nos capacitou.
  • Se não nos empenharmos com amor e responsabilidade no reino de Deus.

Você entendeu? A unção pode ser tirada de nós! Perde-se a unção e fica somente o azeite sobre os cabelos! Tem muita gente vivendo somente de sua força física e capacidade intelectual, e do azeite que ainda pensa estar sobre sua cabeça, mas a unção de Deus já se foi há muito tempo.

Na Nova Aliança, os que são vocacionados por Deus para realizar a sua Obra, têm a unção do Espírito Santo – a capacidade que vem do alto para o exercício do santo ministério (Ef.4:11-14). Os que são separados para compor o ministério eclesiástico não é necessário o azeite para ungi-los, basta apenas a imposição de mãos do presbitério (1Tm.4:14; 2Tm.1:6) e ser escolhido de acordo com os preceitos estabelecidos pelo Espírito Santo em 1Tm.3:1-13. Se seguir estas diretrizes impostas pelo Espírito Santo, teremos uma Igreja esplendidamente sadia, forte e unida.

III. O REI QUE O POVO ESCOLHEU

1. Uma escolha pautada na aparência

A aparência nada diz acerca do caráter de uma pessoa. Se quer conhecer uma pessoa, conviva com ela por algum tempo, pois os seus atos lhe dirão quem realmente ela é. As primeiras impressões podem ser enganosas, especialmente quando a imagem criada pela aparência da pessoa é contraditada por suas qualidades e habilidades. Saul representava a imagem visual ideal de um rei, fisicamente, era um homem notável (1Sm.9:2), mas as tendências de seu caráter foram com frequência contrárias às ordens de Deus para um rei. O povo não via nada além que a aparência humana; mas Deus, que sonda todas as coisas, conhecia o coração de Saul.

Mesmo utilizando a aparência para escolher o rei Saul, e não o seu caráter, Deus atendeu ao pedido do povo que desejava um rei, mas seus mandamentos e requisitos permaneceram intactos. O Senhor deveria ser seu verdadeiro Rei, e tanto Saul como o povo deveriam estar sujeitos às suas leis. Nenhuma pessoa está excluída de sua jurisdição. O Senhor é o verdadeiro Rei de cada área de nossa vida. Devemos reconhecer sua soberania e padronizar nossos compromissos, profissão e nosso lar de acordo com seus princípios.

2. Os direitos do novo rei (1Sm.8:10-17)

Deus atendeu o pedido do povo, mas deixou claro quais eram os direitos que o rei teria, ou seja, esse novo posicionamento do povo traria peso sobre ele.

Sociologicamente, olhando para a forma como Israel vivia antes da monarquia, cada família era dirigida pelos seus anciãos; eram todos livres. Vivendo agora sob o domínio de um rei, o povo, que antes não prestava serviço a ninguém e que vivia dominado e orientado pelo Senhor, doravante iria sair dessa vida autônoma para uma vida de submissão, que envolvia alguns aspectos: (a) militar – seriam convocados para a guerra; (b) agrícola – o melhor das colheitas seria para o rei; (c) serviços gerais – as mulheres trabalhariam como perfumistas, cozinheiras, padeiras etc.; (d) impostos – doravante pagariam impostos ao rei.

A vida livre que antes Israel vivia agora seria marcada pela imposição. A situação iria cada vez mais se intensificar, a ponto de os israelitas voltarem-se para o Senhor (1Sm.8:18). Samuel passa a descrever sobre as exigências reais. Estudiosos falam que essas exigências eram tão pesadas como são as exigências tributárias atuais em nosso país.

O texto diz mais que o rei iria presentear aqueles ministros que servissem bem. O presente, na verdade, era tomar a terra de alguém e entregar a esses servos reais. E mais, tudo que fosse melhor - jovens, bois, frutos, impostos da colheita -, o rei teria direito de tomar. Veja o que Samuel disse ao povo (1Sm.8:10-18):

10.E falou Samuel todas as palavras do SENHOR ao povo, que lhe pedia um rei,

11.e disse: Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós: ele tomará os vossos filhos e os empregará para os seus carros e para seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros;

12.e os porá por príncipes de milhares e por cinquentenários; e para que lavrem a sua lavoura, e seguem a sua sega, e façam as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros.

13.E tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras.

14.E tomará o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais e os dará aos seus criados.

15.E as vossas sementes e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus eunucos e aos seus criados.

16.Também os vossos criados, e as vossas criadas, e os vossos melhores jovens, e os vossos jumentos tomará e os empregará no seu trabalho.

17.Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de criados.

18.Então, naquele dia, clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o SENHOR não vos ouvirá naquele dia.

Estas exigências descritas por Samuel, agora, iriam fazer parte do novo sistema político que o povo tanto desejava, um padrão praticado pelas nações gentílicas.

Samuel cuidadosamente explicou todas essas consequências negativas de se ter um rei, mas os israelitas se recusaram a dar ouvidos, e exigiram o rei.

“Porém o povo não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei. E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras” (1Sm.8:19,20).

Quando você quiser tomar uma importante decisão, veja os pros e os contras cuidadosamente e considere todas as pessoas que podem ser afetadas pela sua decisão. Quando se deseja algo prejudicial é difícil enxergar os problemas que advirão, mas não negligencie os pontos negativos. A menos que tenha uma maneira para lidar com cada um deles, mais tarde eles lhe causarão grandes dificuldades.

O motivo de os israelitas pedirem um rei era para serem como os povos ao seu redor; isto era totalmente oposto ao plano original de Deus. O erro não estava em querer um rei, mas nos motivos desse desejo.

Frequentemente, permitimos que os valores de outras pessoas ou povos ditem as nossas atitudes e comportamentos. Você já fez uma escolha errada porque quis imitar o mundo? Tome cuidado para que os valores de seus amigos ou “heróis” não o afastem da Palavra de Deus. Ao querer ser como os incrédulos, o povo de Deus rumará para o desastre espiritual e moral. Pense nisso!

CONCLUSÃO

Devemos ter em nossa mente a certeza de que Deus é quem domina a nossa vida e a história. Por isso, não podemos perdê-lo de vista, jamais. Como povo de Deus da Nova Aliança, devemos nortear a nossa vida, em todos os aspectos, conforme a vontade de Deus; nossas escolhas, decisões, diretrizes devem estar sempre bem alinhados com os ditames de Deus exarados na Sua Palavra, que é a Carta magna de Deus para a Sua Igreja; todos os líderes das Igrejas Locais devem estar sob as suas determinações, caso contrário, esse líder será responsabilizado pelo Senhor por desobediência. Obedecer é um princípio fundamental para toda a Igreja, incluindo, claro, os líderes; e Deus requer obediência incondicional.

 

 

quinta-feira, 26 de junho de 2025

URIAS UM GUERREIRO, JUSTO, FIEL E VERDADEIRO



URIAS UM GUERREIRO, JUSTO, FIEL E VERDADEIRO

Urias, o hitita, foi um dos valentes do rei Davi. A Bíblia o descreve como um guerreiro feroz e um homem íntegro. No entanto, Urias enfrentou um fim prematuro quando o rei cobiçou sua esposa.

Embora Urias tenha sido suplantando pelo rei Davi e por sua esposa, Bate-Seba, ainda podemos aprender muito com esse estrangeiro íntegro que serviu fielmente a seu rei até a morte.

Quem foi Urias, o hitita?

Ele é mencionado pela primeira vez em 2 Samuel 11:3 quando o rei Davi pergunta sobre sua esposa. No entanto, há mais em Urias do que apenas um marido infeliz.

1 Crônicas 11 e 2 Samuel 23 listam Urias como um dos 30, um grupo de elite de “guerreiros poderosos” ou “homens poderosos” que serviram ao rei Davi. Ambos os capítulos incluem as façanhas lendárias desses homens ferozes e leais.

O restante das informações que obtemos sobre Urias vem de 2 Samuel 11. Na época, ele está fora com os homens do rei e o exército lutando contra os Amonitas. Quando Davi mais tarde chama Urias de volta da guerra sob pretexto em 2 Samuel 11:9-11, ele mostra sua lealdade e integridade:

“Mas Urias dormiu na entrada do palácio com todos os servos de seu senhor e não desceu para sua casa. Davi foi informado: “Urias não foi para casa”. Então ele perguntou a Urias: “Você não acabou de vir de uma campanha militar? Por que você não foi para casa?” Urias disse a Davi: “A arca, Israel e Judá estão em tendas, e meu comandante Joabe e os homens de meu senhor estão acampados em campo aberto. Como eu poderia ir para minha casa comer e beber e fazer amor com minha esposa? Tão certo quanto você vive, eu não farei tal coisa!”

Pelo pouco que sabemos, Urias, o hitita, era um guerreiro poderoso, um soldado leal e um homem preocupado com a honra.

O que significa o nome Urias?

Urias pode ser transliterado com mais precisão do hebraico como “Uwriyah”. Significa aproximadamente “Yah (Deus) é luz” ou “Yahweh é minha luz”. 

Não sabemos se Urias recebeu esse nome ao nascer, ou se mais tarde o escolheu para si mesmo. Curiosamente, é um nome distintamente hebraico, referindo-se especificamente a Yah ou Yahweh, o nome hebraico para Deus. Isso é digno de nota, pois Urias era um hitita.

Este nome sugere que, apesar de sua herança hitita, Urias era um seguidor de Yahweh. 

O contexto e a história de Urias, o hitita

A maior parte da história de Urias ocorre em 2 Samuel 11.

Nessa época, o rei Davi era rei de Israel. O rei Saul, o primeiro rei de Israel (e um rei mau) não governava mais, e Davi havia levado Israel a um período de prosperidade e força militar.

Davi foi especialmente escolhido por Deus para ser rei. Ele foi descrito como “um homem segundo o coração de Deus” (1 Samuel 13:14, Atos 13:22). Parece que Urias não teria nada a temer como um dos 30 da elite servindo sob o rei Davi. Tudo deveria estar bem… se Davi não tivesse visto a linda esposa de Urias, Bate-Seba.

O problema começa em 2 Samuel 11:2

O exército de Davi partiu para lutar contra os Amonitas, Urias foi com eles, mas Davi permaneceu em Jerusalém. Enquanto caminhava em seu telhado uma noite, ele viu uma bela mulher tomando banho.

Essa mulher era a esposa de Urias, Bate-Seba. Ela estava tomando um banho purificador, conforme a lei de Moisés (2 Sm 11:4). Claramente, ela não tinha intenção de seduzir o rei. Mas Davi enviou mensageiros para perguntar por ela. 

Apesar do fato de que os mensageiros lhe disseram que ela era a esposa de Urias, um homem que Davi sem dúvida conhecia pessoalmente por causa da sua posição como um dos 30, Davi trouxe Bate-Seba ao palácio e dormiu com ela.

A repreensão do profeta Natã ao comportamento de Davi em 2 Samuel 12 sugere que Bate-Seba era a única esposa de Urias (2 Samuel 12:3), enquanto o rei Davi tinha muitas (2 Samuel 12:8-9), tornando a ofensa de Davi ainda mais terrível. Mas Urias, em guerra, não tinha ideia de que isso estava ocorrendo. 

As coisas então foram de mal a pior quando Bate-Seba mandou dizer a Davi que ela estava grávida (2 Sm 11:5). Davi elaborou um plano para encobrir seu pecado e mandou chamar Urias para voltar da frente de guerra. 

Davi tratou Urias como se ele simplesmente quisesse informações sobre como a guerra estava indo perguntando sobre o comandante, os soldados e a guerra. Então ele disse a Urias para ir para casa e descansar (2 Sm 11:8).

O plano de Davi falhou… Urias era homem de caráter…



No entanto, o plano de Davi não funcionou. Urias não foi para casa, mas dormiu na entrada do palácio com os servos de Davi. 

O plano de Davi dependia de Urias não agir com honra. Os homens da companhia de Davi se mantiveram santos durante as campanhas ativas por meio da abstinência (1 Sm 21:4-5). 

No entanto, Urias se absteve, dizendo: “A arca, Israel e Judá estão em tendas, e meu comandante Joabe e os homens de meu senhor estão acampados em campo aberto. Como eu poderia ir para minha casa comer e beber e fazer amor com minha esposa? Tão certo quanto você vive, eu não farei tal coisa!” (2 Sm 11:11).

Mesmo quando Davi tentou novamente embebedar Urias, ele não foi para casa para dormir com sua esposa e ainda ficou com os servos. Davi então se voltou para medidas drásticas.

Como morreu Urias, o hitita?

Como Davi não podia passar seu filho com Bate-Seba como filho de Urias, em vez de confrontar seu pecado, ele decidiu matá-lo.

Davi enviou Urias de volta à frente e enviou uma mensagem ao comandante em chefe do exército, Joabe, dizendo: “Coloque Urias na frente, onde a luta é mais feroz. Então retire-se dele para que ele seja ferido e morra” (2 Sm 11:15).

Joabe fez como Davi disse. Ele colocou Urias em um lugar onde ele sabia que os defensores inimigos mais fortes estavam, enviando-o para atacar a muralha da cidade sitiada. Lá, ele foi morto, provavelmente por missivas disparadas do muro (2 Sm 11:20). 

5 lições surpreendentes de Urias na Bíblia

A história de Urias parece uma tragédia shakespeariana. A honra de um homem bom causa sua própria queda, enquanto um rei perverso se safa disso, ou ele? Há lições surpreendentes a serem aprendidas com a vida de Urias. 

1. Deus aceitou os gentios muito antes da ressurreição de Jesus

Às vezes, podemos pensar no favor de Deus estendendo-se aos gentios (não judeus) como algo que não acontece até o Novo Testamento com o sonho de Pedro sobre os animais limpos e impuros (Atos 10). No entanto, Deus tinha leis em vigor muito antes disso, permitindo que estrangeiros devotos se tornassem adoradores.

Havia leis extensas sobre quem poderia assimilar e o que tinha que acontecer, e certos grupos de pessoas nunca poderiam alcançar status pleno na comunidade, mas Israel deveria ser uma luz brilhante para todas as nações (por exemplo, Isaías 49:6).

Urias era um hitita, uma nação historicamente antagônica ao povo de Deus. No entanto, vemos nas passagens acima que ele era um homem de honra e um dos guerreiros mais confiáveis ​​de Davi.

2. Fazer a coisa certa nem sempre significa que tudo vai dar certo

Urias não fez nada de errado. Ele serviu a Davi fielmente. Ele amava sua esposa. No entanto, o rei roubou sua esposa e o matou.

Às vezes, pregamos o evangelho da prosperidade. “Se você seguir a Deus, tudo irá bem para você!” Mas isso não é verdade. Jesus diz em João 16:33 que neste mundo teremos problemas

Se você ou alguém em sua vida está sofrendo, isso não significa que seja o resultado do pecado (embora o pecado possa ter consequências). As coisas nesta vida nem sempre vão funcionar para nós – a multidão de mártires deve deixar isso claro. No entanto, Deus é, em última análise, um Deus justo e amoroso, e aqueles que O seguem encontrarão alegria eterna e vida eterna.

3. Deus usa pessoas quebradas

Davi foi chamado de homem segundo o coração de Deus (1 Sm 13:14). Ele é extremamente importante para a linhagem de Cristo e para a história do povo de Deus. Enquanto isso, Urias era um hitita, um gentio.

Apesar disso, a Bíblia pinta Urias de uma forma positiva e detalha inabalavelmente o pecado de Davi contra ele, Bate-Seba e Deus.

Davi não era um homem perfeito. A história de Urias mostra isso claramente. No entanto, Deus ainda usou Davi para fazer grandes coisas. Repetidamente, a Bíblia mostra Deus usando os fracos, os quebrantados e os pecadores para fazer sua vontade. Do adúltero Davi ao assassino Paulo, Deus mostra Seu poder usando os candidatos menos prováveis ​​para realizar sua vontade.

4. Você não pode esconder seu pecado de Deus

Urias estava morto. Davi casou-se com Bate-Seba. Parecia que ele tinha conseguido encobrir seu pecado.

Mas Deus ainda sabia. Ele enviou o profeta Natã para confrontar Davi. Natã contou a Davi uma história sobre um homem que pegou as ovelhas de outro homem, embora o primeiro homem tivesse muitas e o segundo homem só tivesse uma. Davi ficou lívido e exigiu justiça para o homemNatã respondeu“Você é o cara!” (2 Sm 12:7)

Por causa do pecado de Davi, coisas terríveis aconteceram. 

“Você derrubou Urias, o hitita, com a espada e tomou a esposa dele para ser sua. Você o matou com a espada dos Amonitas. Agora, portanto, a espada nunca mais se afastará de sua casa, porque você me desprezou e tomou para si a mulher de Urias, o heteu. Assim diz o Senhor: De sua própria casa vou trazer calamidade sobre você. Diante de seus olhos, tomarei suas esposas e as darei a alguém que esteja perto de você, e ele dormirá com suas esposas em plena luz do dia. Você fez isso em segredo, mas eu farei isso em plena luz do dia diante de todo o Israel… Porque, fazendo isso, você mostrou total desprezo pelo Senhor, o filho que você nasceu morrerá” (2 Samuel 12:9-12, 14).

Todas essas coisas aconteceram. O derramamento de sangue marcou o governo de Davi. Absalão, filho de Davi, rebelou-se contra ele e dormiu publicamente com as concubinas de Davi para afirmar seu reinado (2 Sm 16:22). E o filho que Bate-Seba carregava morreu.

Davi não conseguiu esconder seu pecado de Deus. Todo o seu poder e astúcia deram em nada.

5. Deus pode usar coisas terríveis para o bem

A história de Urias, Davi e Bate-Seba é trágica. No entanto, mesmo em meio ao pecado, morte e traição, Deus estava preparando coisas boas.

O primeiro filho de Davi e Bate-Seba morreu. No entanto, seu segundo filho foi Salomão, o rei sábio. Salomão está listado na linhagem de Jesus. Embora o que aconteceu com Bate-Seba (e Urias) tenha sido terrível, seu filho faria parte da linhagem de Cristo, o Salvador do mundo, que quebraria as cadeias do pecado e da morte.

A história de Urias nos lembra que Deus está sempre trabalhando, não importa as circunstâncias.

 

O “HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS” DEU LUGAR AO PECADO

Texto Bíblico: 2Smauel 11:11-18

 “Porém essa coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do SENHOR” (2Sm.11:27).

Todos nós estamos sujeitos a tropeçar em nossa caminhada espiritual. Homens considerados santos do Antigo e do Novo Testamento tropeçaram, e nós não estamos imunes. Por isso, a advertência é tão audível“Não deis lugar ao diabo” (Ef.4:27); “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia” (1Co.10:12); “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é Fraca” (Mt.26:41).

Embora ungido do Senhor, Davi deu lugar ao Diabo, e caiu terrivelmente. A vida de Davi como homem comum foi dividida em dois períodos: antes e depois do pecado de adultério com Bate-Seba, esposa de Urias. Antes, um homem segundo o coração de Deus – obediente, valente, vitorioso, temente ao Senhor – e o Senhor era com ele; depois (durante 25 anos), um homem deprimido moral, emocional e espiritualmente; perseguido e vulnerável. O adultério com Bate-Seba, o planejamento e a covarde execução de seu esposo, Urias, estão entre os pecados mais condenáveis e repulsivos já narrados na história bíblica. Uma vez concebido, o pecado fez com que o "homem segundo o coração de Deus" passasse da vitória para o tormento e vergonha.

Capacitado pelo Senhor, Davi teve grande êxito militar e tornou Israel mais seguro do que em qualquer época anterior. Ele promoveu justiça para todos e procurou ser exemplo da fidelidade de Deus em seus relacionamentos. Contudo, de repente, a narrativa sofre uma reviravolta trágica quando Davi transgride a lei de Deus de modo ostensivo e traz o caos para sua vida, para a corte e para a nação.

Como Josué/Calebe, Davi derrotou destemidamente os inimigos ameaçadores de Israel; porém, agora, ele se transforma em um novo Sansão: ele vê uma mulher atraente e se deixa escravizar pela lascívia.

Os pecados de Davi não escapam do olhar de desaprovação do Senhor. Porém, o Senhor preserva Davi e o mantém no trono, conforme sua promessa (2Sm.7:14); no entanto, Davi paga caro por seu pecado, e o caos do período dos juízes ressurge quando o rei despreza a lei de Deus e faz o que é certo aos seus próprios olhos.

Davi transgride o sétimo e o décimo mandamentos e, para encobrir seu crime, quebra o sexto e o oitavo mandamentos.

O AMBIENTE EM QUE DAVI PECOU

Com base nos primeiros versículos do capítulo 11 de 2Samuel, entende-se claramente que Davi criou o ambiente propício para consumação do pecado e deu vazão aos meios que contribuíram para sua prática. Ao invés de ter ido adiante do seu exército na batalha, conforme fizera antes, Davi ficou em Jerusalém (1Sm.11:1).

“E aconteceu que, tendo decorrido um ano, no tempo em que os reis saem para a guerra, enviou Davi a Joabe, e a seus servos com ele, e a todo o Israel, para que destruíssem os filhos de Amom e cercassem Rabá; porém Davi ficou em Jerusalém”.

Davi foi tomado de uma indolência que não demorou a levá-lo ao colapso moral e espiritual. Sua vida de conforto e luxo como rei desenvolveu nele a autoconfiança e o tornou uma pessoa descomedida.

Em resumo, veja alguns fatores indicativos que levaram Davi a criar um ambiente propício a pecar contra Deus:




1. Ociosidade

1Samuel 11:1 ressalta que Davi ficou em Jerusalém. Teria sido bom para ele se tivesse ido para guerra, pois a ociosidade abre a porta para todos os tipos de tentações. A tentação em si não é pecado - Jesus, que nunca pecou, foi tentado pelo Diabo - mas é pecado ceder à tentação. Foi o que aconteceu com Davi. Embora ele tivesse o conhecimento completo de que a mulher era casada e que seu esposo era um homem da guarda de elite, mesmo assim Davi não desfez o ambiente da tentação (1Sm.11:2):

“E aconteceu, à hora da tarde, que Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no terraço da casa real, e viu do terraço a uma mulher que se estava lavando; e era esta mulher mui formosa à vista”.

2. Concupiscência

Concupiscência é "desejo forte", ou seja, é um estado em que a pessoa passa a querer algo sem levar em conta qual a vontade de Deus. Davi estava no auge do seu reinado quando tragicamente caiu em pecado, vencido pela concupiscência. Conforme 2Samuel 11:3,4, estando ele desocupado, passeando no terraço do palácio, contemplou uma linda mulher que se banhava, e teve um desejo forte de possui-la sexualmente. Deveria ter abandonado o terraço e fugido da tentação; mas, ao contrário, desejou-a fortemente, mandou que a trouxessem e adulterou com ela – ou foi um estupro? Como se isso não bastasse, Bate-Seba ficou grávida (2Sm.11:5). Os resultados foram devastadores; ele deixou de ser um homem segundo o coração de Deus; caiu em desgraça (Gl.5:4). Isto serve de advertência a todos os crentes: “não deis lugar ao Diabo” (Ef.4:27).

Não só em relação ao adultério, mas em qualquer pecado, quando há a simples cobiça, ainda que em pensamento, já teremos o pecado (Mt.5:28; 15:18,19), pois, como diria Tiago décadas depois, "havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado"(Tg.1:15a). Observe que Davi contempla uma linda mulher tomando banho; começou com um vislumbre, que logo se tornou um olhar fixo, impuro e, conforme falou Jesus, os que procedem assim cometem adultério (Mt.5:28).

3. Curiosidade

Aquele que é curioso, aprende, mas também pode pecar. Davi procurou se informar sobre a mulher que estava à sua vista no momento que passeava. Através de suas indagações, ele toma conhecimento da família e do marido da mulher; ele tomou conhecimento de que ela era esposa de um fiel e destacado soldado; seu nome era Urias, um dos mais corajosos soldados e estava incluso na lista dos valentes (2Sm.23:39), e era fiel ao rei.

A curiosidade muitas vezes nos leva a ver, perguntar e buscar aprender coisas boas, mas muitas vezes ela nos leva para um mau caminho. O apóstolo Paulo rebateu esse tipo de atitude que era praticado por alguns cristãos da Igreja em Éfeso: Além disso, aprendem a ficar ociosas, andando de casa em casa; e não se tornam apenas ociosas, mas também fofoqueiras e indiscretas, falando coisas que não devem(1Tm.5:13). A mulher de Ló, pela sua curiosidade errada, foi punida com o juízo de Deus: “Mas a mulher de Ló olhou para trás e se trans­formou numa coluna de sal” (Gn.19:26).

Devemos ser curiosos para aprender coisas boas da vida, como, por exemplo, ter curiosidade de estudar a Bíblia, ser curioso para aprender assuntos e atividades escolares, ser curioso para aprender mais sobre o nosso trabalho, ser curioso para fazer perguntas inteligentes as quais irão nos trazer sabedoria, ou seja, ser curioso para fazer aquilo que é bom, que será importante para nós e que não prejudicará ninguém.

“Ali o Anjo do Senhor lhe apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça estivesse em chamas, não era consumida pelo fogo. “Que impressionan­te!”, pensou. “Por que a sarça não se queima? Vou ver isso de perto” (Êx.3:2,3).

Sejamos curiosos para buscar aquilo que é de Deus para nós. Não sejamos curiosos para querer ver, perguntar ou fazer aquilo que nos faz pecar. Sejamos curiosos para procurar crescer espiritualmente em Deus, para fazer e buscar as coisas que agram a Ele.

4. Atitude ímpia

Ao mandar buscar Bate-Seba para a tomar para si, Davi estava procedendo como um rei oriental ímpio, que poderia mandar buscar a mulher que o agradasse para a possuir, mas isso jamais deveria fazer aquele que tivesse conhecimento da lei de Deus. Davi passou por cima de tudo, mesmo tendo conhecimento de que a mulher era casada. Ele não queria saber; antes, seu objetivo era satisfazer seu apetite carnal agora desenfreado.

Todos esses pontos deixam claro que Davi criou um ambiente para o pecado, pois não foi cuidadoso no seu dever; e isto pode acontecer com qualquer um de nós. Ninguém está imune à tentação. Todos nós somos tentados a praticar o mal. Satanás é o agente da tentação, inclusive, um dos nomes do Diabo é "tentador" (1Ts.3:5), e ele não tolera que nenhum ser humano fique livre do pecado, pois desta maneira o homem ficará fora da vida eterna com Cristo.

O trabalho que mais agrada a Satanás é desviar o crente das disciplinas da vida cristã. A Bíblia diz: "quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo" (1João 3:8). Até a Jesus ele tentou (Mt.4:3). Por isso, devemos vigiar constantemente pois a qualquer brecha satanás pode vir a penetrar e agir com astúcia e fazer com que o homem ou a mulher de Deus ceda à tentação, e quando isso acontece as consequências são desastrosas. Exorta Jesus: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca" (Mc.14:38).

Para fugir da tentação:

  • Devemos pedir a Deus, em fervorosa e sincera oração, que nos ajude a nos afastarmos de pessoas, lugares e situações tentadoras.
  • Devemos meditar e memorizar as passagens das Escrituras que combatem nossas fraquezas especificas.
  • Devemos procurar uma outra pessoa crente com quem possamos compartilhar abertamente nossas dúvidas, e a quem possamos pedir ajuda quando a tentação nos surpreender.

O ADULTÉRIO E O HOMICÍDIO COMETIDOS POR DAVI

O adultério de Davi com Bate-Seba e o consequente homicídio de Urias, nos ensina, em primeiro lugar, que o servo de Deus nunca pode ficar ocioso na missão que lhe foi confiada pelo Senhor. Era tempo de os reis saírem à guerra, mas Davi preferiu ficar em seu palácio, mandando que Joabe fizesse aquilo que o rei deveria fazer (1Sm.11:1). Quando deixamos de fazer aquilo que nos é necessário fazer, notadamente quando servimos a Deus, armamos uma arapuca para nós mesmos. Ao ficar no palácio em vez de sair à guerra, Davi ficou à mercê do adversário de nossas almas que, sabedor da fraqueza de Davi para com as mulheres, armou-lhe uma astuta cilada. Não podemos ignorar os ardis do inimigo (2Co.2:11).

Davi, no auge da fartura e da autoconfiança, só se preocupou com seus próprios desejos (2Sm.11:2). Quando veio a tentação, alimentou-a em vez de fugir dela (2Sm.11:3). Pecou deliberadamente (2Sm.11:4). Tentou ocultar seu pecado, enganando a outros (2Sm.11:6-15). Cometeu um assassinato para continuar a escondê-lo (2Sm.11:15,17). No final, o pecado de Davi foi revelado (2Sm.12:9) e ele foi castigado (2Sm.12:10-14). As consequências destas transgressões foram de longo alcance e afetaram muitas outras pessoas (2Sm.11:17; 12:11,14,15).

1. O pecado camuflado

Davi, depois de ter consumado o seu ato pecaminoso, de várias maneiras e durante um bom tempo, tentou ocultá-lo (2Sm.11:27). Ele poderia ter interrompido e abandonado o pecado a qualquer momento; mas, quando alguém começa a transgredir é difícil parar (Tg.1:14,15). Quanto maior for a desordem menos dispostos estamos a admitir que fomos os causadores. É muito mais fácil parar de deslizar montanha abaixo quando estamos próximos ao topo do morro, do que quando já percorremos a metade do caminho. A melhor solução é determos o erro antes de o pecado criar volume.

2. Pecado gera pecado

No Salmo 42:7 é dito que um abismo chama outro abismo. A prática do pecado gera mais pecado; é uma bola de neve desgovernada. Ao tomar ciência de que Bate-Seba estava grávida, Davi engendra planos absurdos, de cunho pecaminoso. As Escrituras dizem: "Então, enviou Davi mensageiros que a trouxessem; ela veio, e ele se deitou com ela" (2Sm.11:4). Nesse momento, Davi deveria ter sentido remorso profundo e tristeza sincera. Mas, ele não virou para Deus naquela hora. Achou que o pecado poderia ser escondido, e as consequências evitadas. Foi o começo de uma série de pecados que pareciam muito estranhos na vida de um homem escolhido por Deus. As tentativas foram cada vez mais pecaminosas.

a) ao adultério, Davi acrescentou mentiras. Quando soube que Bate-Seba estava grávida, ele chamou Urias para dar notícias da guerra, e em seguida ofereceu-lhe um presente e deu-lhe licença para ir a sua própria casa (2Sm.11:6-8). Tudo era mentira, engano, logro. Ele achou possível esconder seu pecado, enganando o próprio marido traído. Mas, Urias não facilitou o plano de Davi. Por ser um soldado dedicado, ele recusou tirar férias quando os colegas estavam na batalha.

b) não dando certo a tática anterior, ele parte para agressão moral de Urias: embriaga o seu fiel soldado. Davi ofereceu um banquete a Urias com vinho embriagante (2Sm.11:12,13). Foi uma armadilha enganadora e covarde para que ele fosse a sua casa para se deitar com Bate-Seba e encontrar justificativa para Davi encobrir o seu pecado. Porém, o final do versículo 13 diz que Urias “não desceu à sua casa”.

c) Frustrado, Davi avançou das mentiras ao homicídio (2Sm.11:14,15). O próprio Urias levou a carta que selou a morte dele e de mais alguns soldados. Foi um assassinato covarde de um leal soldado, planejado pelo líder ungido do povo de Deus (2Sm.11:16,17). Neste plano sinistro, o rei envolveu mais uma pessoa, Joabe; este era o comandante do exército e serviu de cúmplice sem saber os motivos de Davi.

As tentativas de esconder o pecado geralmente levam o pecador ao fundo do poço. Davi, cujo coração costumava ser dedicado ao Senhor, se entregou ao pecado e à vontade do diabo. Quando o crente procede dessa forma, o julgamento divino o aguarda, pois "Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gl.6:7).

Davi plantou uma grande injustiça e colheu uma grande amargura. Ele sentiu o peso da espada, enviada da parte de Deus, sobre sua casa. O pecado destrói, transtorna e desfigura espiritualmente uma pessoa. O homem segundo o coração de Deus fez a vontade do Diabo.

3. O arrependimento de Davi

Há algumas diferenças notáveis quando comparamos a confissão de Davi com outras famosas confissões na Bíblia.

-Adão e Eva procuraram culpar outras pessoas para justificar sua desobediência (Gn.3:12,13).

-Caim mentiu para Deus, tentando negar sua culpa (Gn.4:9).

-Arão apontou o dedo para o povo, e fingiu que o bezerro de ouro tinha aparecido praticamente sozinho (Êx.32:21-24).

-Saul disse que tinha obedecido a Palavra de Deus. Depois, quando reconheceu sua culpa, ele se preocupou em manter sua posição de honra perante o povo, em vez de mostrar um espírito quebrantado (1Sm.15:13,24,30).

-Judas sentiu remorso e confessou sua traição, mas fugiu da presença de Jesus e se suicidou (Mt.27:3-5).

-Davi, porém, não ofereceu desculpas. Ele não perguntou sobre as consequências. Ele se entregou nas mãos do Deus justo, e simplesmente confessou a culpa do pecado cometido: "Pequei contra o SENHOR" (2Sm.12:13). O Salmo 51 mostra a profundidade do arrependimento de Davi. Ele assumiu plena responsabilidade pelo pecado, e pediu a ajuda de Deus para renovar seu coração. É este arrependimento que Deus quer do pecador. O pecador que volta para Deus precisa reconhecer seu erro, seu pecado - “Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto” (Sl.32:1).

Reconhecer e confessar o pecado, com um coração sincero e arrependido, sempre trará o perdão gracioso da parte de Deus, a remoção da culpa e a dádiva da sua presença constante. Disse Davi: “Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado” (Sl.32:5).

Davi e Saul: iguais no pecado, desiguais no reconhecimento do erro (1Sm.18:24,5; 2Sm.11:15). “Em ordenar a Joabe para expor Urias ao perigo (2Sm.11:15), o rei estava usando um meio que Saul usara em um esforço para se desfazer do próprio Davi (cf. 1Sm.18:24,25). Qual, então, é a diferença entre Saul e Davi? Cada um sucumbiu à tentação e pecou terrivelmente. A diferença é que, quando descoberto, Saul pediu desculpas e rogou a Samuel para não o expor diante do seu povo. Ele estava mais interessado na opinião pública do que em seu relacionamento com Deus (cf. 1Sm.15:15-24). Em contraste, Davi estava tão interessado em seu relacionamento com o Senhor que tomou a iniciativa e fez uma confissão pública, que podemos ler em Salmo 51. Todos os seres humanos são falhos, e qualquer um de nós pode cair. A maneira como resistimos à tentação e a maneira como lidamos com os nossos pecados são ambos indicadores de santidade” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.210).

4. Davi e as consequências do pecado

Quando Davi viu Bate-Seba se banhando e a cobiçou, adulterando com ela em seguida, não podia imaginar o fim daquele túnel. Talvez pensasse que seria apenas uma aventura numa tarde de verão. Talvez até tivesse racionalizado e justificado seu ato tresloucado, dizendo que tinha que relaxar um pouco. Mas, o pecado não é algo passageiro nem superficial. Seus efeitos são profundos e mais duradouros do que se pode imaginar.

Davi além de adulterar com Bate-Seba deu outros passos rumo ao abismo. Ele mentiu acerca do seu pecado e mandou matar o marido da sua amante. Ele perdeu a autoridade espiritual sobre sua família. Ele viu sua casa desmoronando diante dos seus olhos. Ele colheu os amargos frutos da sua maldita semeadura.

Deus não deixou passar, nem desculpou os pecados de Davi, sob pretexto de ele ser um mero ser humano e ungido para uma missão especial; que seus pecados eram simples fraquezas ou falhas humanas, ou que ele, como rei, teria o direito natural de recorrer à injustiça e à crueldade. Davi não podia fazer o que fez.

Davi ouviu um dos mais duros julgamentos pronunciados pelo profeta Natã (2Sm.12:10-14). O julgamento atingia não somente sua vida pessoal, mas também toda o resto de sua vida, incluindo reino e família. Embora Davi tenha se arrependido dos seus pecados e recebido o perdão da parte de Deus, as consequências disso não foram eliminadas por Deus.

Semelhantemente, um crente que venha a cometer pecados terríveis, pode receber, através da tristeza segundo Deus e o arrependimento sincero, a graça e o perdão da parte de Deus. Mas, a restauração do nosso relacionamento com Deus não significa que escaparemos do castigo temporal, nem que ficaremos isentos das consequências dos pecados específicos (cf. 2Sm.12:10,11,14).

CONCLUSÃO

Aprendemos que não há ambiente ou lugar em que estejamos seguros demais para não pecar. Embora salvos em Cristo, ainda convivemos num corpo não redimido, que aguarda a maravilhosa redenção eterna, onde o nosso corpo mortal dará lugar a um corpo glorioso (1Co.15:54; Fp.3:20,21). Enquanto isso não acontece, aqui estamos com as nossas pelejas renhidas, muitas tribulações e muitas tentações.

Devemos, pois, estar revestidos da graça divina e cheios do Espírito Santo para resistir ao convite do pecado que a todo o momento nos cerca; não podemos descuidar-nos de nossa vida espiritual. É imprescindível estar cheio do Espírito Santo, para não sucumbir aos desejos da carne, atentando seriamente para este conselho de Paulo: “fugi da prostituição” (1Co.6:18; Gl.5:16). Todavia, se pecarmos, confessemos o nosso pecado a Deus, pois quem o oculta, torna-o mais grave ainda. Está escrito que “se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1João 1:9). Disse o sábio: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv.28:13). Pense nisso!

 

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