terça-feira, 22 de julho de 2025

PASSANDO PELO VALE DE BACA

 


 PASSANDO PELO VALE DE BACA

TEXTO BÍBLICO: Salmos 84:5,6

"Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados, que passando pelo Vale de Baca, faz dele uma fonte"(Sl 84:5,6)

 

O vale de Baca, mencionado no Salmo 84:6, é um termo hebraico que significa "vale de lágrimas" ou "vale das balsameiras". Na Bíblia, é um símbolo de provações e dificuldades, mas também de transformação e bênção, onde o choro pode se tornar alegria e a aridez se transformar em fonte de água. 

O que é o vale de baca?

Vale de lágrimas:                                                   

A palavra "Baca" em hebraico significa choro ou lágrimas, e o vale é frequentemente associado a momentos de tristeza, dor e dificuldade. 

Vale das balsameiras:

Em algumas interpretações, o vale pode se referir a um local onde crescem balsameiras, árvores que exalam um bálsamo aromático, que pode trazer conforto e alívio. 

Lugar de provação:

O vale de baca representa um período de provações e desafios na vida, onde as pessoas podem experimentar dificuldades e sofrimento. 

Transformação e bênção:

Apesar do sofrimento, o vale de baca também é um lugar de transformação, onde as lágrimas podem se tornar alegria, e a aridez, fonte de água. 

O que a Bíblia diz sobre o vale de baca?

Salmo 84:6:

Este versículo descreve o vale como um lugar que, ao passar por ele, se transforma em fonte e é coberto pelas chuvas. 

Força em meio à dificuldade:

O salmista expressa que a força do povo de Deus está Nele, e que mesmo passando pelo vale de Baca, eles continuam a caminhar em direção a Sião, a presença de Deus. 

Provado para ser abençoado:

O vale de Baca simboliza o processo de provação e purificação pelo qual o povo de Deus passa, que resulta em maior força e bênçãos. 

Estudo bíblico sobre o vale de Baca:

Análise do texto:

É importante analisar o contexto do Salmo 84 e a referência ao vale de baca, buscando entender o significado para o salmista e para nós hoje. 

Interpretação:

Diferentes interpretações podem ser consideradas, como o vale como um lugar literal, um estado de espírito ou uma metáfora da vida cristã. 

Aplicação:

É fundamental refletir sobre como o vale de Baca se aplica à nossa vida, como podemos lidar com as dificuldades e encontrar esperança e transformação em Deus. 

Lições para a vida:

O vale de Baca nos ensina sobre a importância da perseverança, da confiança em Deus em meio às provações, e da esperança na transformação que Ele pode operar em nossas vidas. 

O vale de Baca, portanto, não é apenas um lugar de sofrimento, mas também um lugar de esperança, transformação e bênção, onde a fé é fortalecida e a alegria é encontrada em Deus. 

"Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados, que passando pelo Vale de Baca, faz dele uma fonte"(Sl 84:5,6)

 

Ao ler sobre o Vale de Baca fiquei curiosa para saber mais do local. Depois de algumas pesquisas pude desvendar muitos fatos que tornaram a passagem do referido salmo muito edificante. Ficou, porém a frustração de não ter descoberto a localização exata do Vale e suas condições atuais, creio, contudo, que a falta desses dados não diminui o objetivo da mensagem.

 

O Vale de Baca, dependendo da tradução e da edição Bíblica recebe várias denominações: Vale das Lamentações, Vale de Lágrimas, Vale das Bálsameiras e Vale Árido. O termo Baca significa choro, lágrima, talvez seja esse o motivo de alguns estudos ligarem o lugar a um" Vale de Lágrimas" literalmente, mas não é bem assim.

 

As plantas de bálsamo existentes no vale "choravam", isto é, destilavam um líquido de aroma agradável que deveria tornar Baca um lugar perfumado. Bálsamos são conhecidos por suas propriedades confortantes e calmantes, sendo assim, o escuro vale, de dificil passagem continha seus segredos.

 

"Que passando pelo Vale de Baca faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques vão indo de força em força: Cada um deles em Sião aparece perante Deus"(Sl 84:6,7).

 

O destino de quem passava por Baca era Sião, a passagem era obrigatória, Baca moldava os peregrinos que ansiosos por chegar à Jerusalém e ir ao Templo se arriscavam no Vale.

 "A chuva também enche os tanques"(Sl 84:6). Em Baca o solo era árido e em algumas áreas pedregoso, por sua extensão os peregrinos eram obrigados a cavarem poços para obtenção de água caso contrário nem as pessoas nem os animais suportariam. Alguns já não tinham tanto trabalho, encontravam os poços cavados e cheios pelas águas da chuva.


NOSSAS VIDAS E O VALE DE BACA

Muitos de nós passamos por esse vale, alguns poucas vezes, outros muitas; alguns até vivem em Baca, porém; assim como nós passamos por ele, ele também se ira de nós.

 

Alguns necessitam de muito esforço para cavar poços e sobreviver, outros, nem tanto, desfrutarão em Baca do esforço que outros fizeram; estes, encontram os poços já cavados e cheios pela água da chuva. Em Baca também há poços cavados e vazios que se enchem de lágrimas, mas, nas lágrimas existem bálsamo que trazem conforto e também alegria: "Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria"Sl126:5.

 

Apesar da aridez de Baca ele pode se tornar uma fonte onde nos tornamos mais sábios, fortes, resistentes e confiantes. Aprendo que em Baca recebo sustento para alcançar Sião e que Sião representa todo e qualquer lugar onde se deseja chegar para receber vitória.

 

O Vale de Baca era rota obrigatória para os israelitas nas suas peregrinações a Jerusalém, e tornou-se um símbolo das tribulações que enfrentamos nesta nossa peregrinação terrena, a caminho da Jerusalém celestial.


- Muitos de nós passamos por esse Vale, - É Inevitável em Nossas Vidas.

 

Exemplos:
Na Fornalha de Fogo Ardente – “Ele é o Quarto Homem.” (Dn 3.25).

Na Cova dos Leões – “Ele é o Leão da Tribo de Judá.” (Dn 6.16,20-22; Ap 5.5).

No Vale das Nossas Vidas – “Ele é o Deus que Está Presente.” (Sl 23.4; Is 43.2; Hb 13.5b).


As Sagradas Escrituras dizem:
- “… sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15.5).
- “… a nossa capacidade vem de Deus.” (2Co 3.5).
- “A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza…” (2Co 12.9).

Vale Lugar Onde o Homem Fala e Deus Responde:
Eu sou criatura e Deus diz Sou o Criador,
Eu estou embaixo e Deus diz Estou em Cima,
Eu sou pequeno e Deus diz Sou Grande,
Eu sou fraco e Deus diz Sou Forte,
Eu não sei e Deus diz Sou Sabedor de Todas as Coisas,
Eu não tenho e Deus diz Tenho Todas as Coisas,
Eu não posso e Deus diz Posso Todas as Coisas.

 

- “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te esforço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.” (Is 41.10).


- Para os Sedentos. (Jo 7.37;)
Jesus pôs-se em pé e dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba

 

- Para os Famintos. (Jo 6.35,) Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome


- Para os Necessitados. (Fl 4.19) Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus.

 

- Para os Cansados e Sobrecarregados. (Mt 11.28). Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.

 

- E Para Todos que Quiserem Vir. (Ap 22.17). E o Espírito e a noiva dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça a água da vida.

 

- “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera,” (Ef 3.20).

Felizes são as pessoas que fazem do Senhor a sua força. Essas pessoas são capazes de transformar lugares secos em fontes, transformar tristezas e sofrimentos em alegrias e bençãos estão sempre dispostos a receberem a força de Deus para adorá-lo em todos os momentos. Recebi uma que diz o seguinte:

Momentos felizes, louve a Deus.
Momentos difíceis, busque a Deus.
Momentos silenciosos, adore a Deus.
Momentos dolorosos, confie em Deus.
Cada momento, agradeça a Deus.

PASSANDO PELO VALE DE BACA.







Quando passamos pelo vale de Baca, enfrentamos:


ADVERSIDADES.

Os israelitas de quase toda a Palestina tinham que passar pelo Vale de Baca, o caminho para Jerusalém, onde estava o templo do SENHOR, tinha uma topografia difícil, e obrigatoriamente eles teriam que passar. Na experiência cristã não é diferente, muitas vezes somos obrigados a passar pelo vale da provação de Deus. Muitas são as adversidades que nos afligem e nos fazem chorar no transcurso desta nossa peregrinação terrena. Muitas vezes enfrentamos: Desapontamentos, desastres, calamidades, perdas, escassez, enfermidades e etc. De um modo ou de outro, cedo ou tarde, mais ou menos vezes, todos nós passaremos pelo vale.


ESCASSEZ.

O vale de Baca é um lugar árido e pedregoso, quase inóspito à vida. Não tem rios que proporcione alegria; a sua vegetação é seca e não há frutos. os poços, cavados por alguns dos peregrinos que nos antecederam, são muitas vezes, “cisternas rotas que não retêm as águas”. Devido a seca, a escassez é grande, mas o desejo e a ansiedade dos peregrinos em chegar a Casa de Deus, supera todos os obstáculos e falta de recursos.

Se você está passando no vale de Baca, e enfrentando escassez, não desista, vá em frente, vai valer a pena, o SENHOR, Jeová-Jiré, proverá todas as coisas.

ENFRENTAMOS OS PERIGOS E APRENDEMOS A DEPENDER DE DEUS.

Este vale está infestado de espíritos maus, eles tentam os que passam, fazendo insinuações malditas e sugestões blasfemas, para que venhamos a desistir. Armam ciladas, lançam os seus dardos inflamados de dúvidas e querem nos fazer parar.


Mas, neste vale nós aprendemos a depender inteiramente de Deus. No vale de Baca, nos tornamos mais fortes, mais humildes, mais maduros e dependentes de Deus. Enfim, ficamos mais crentes e com as nossas forças renovadas.


CONCLUSÃO:
Se você está passando pelo vale de Baca, e está em meio as aflições, choros, lágrimas, escassez e perigos; não se apavore, Deus vai mudar esta fase árida da sua vida, por mananciais de águas. O choro Ele vai transformar em alegria e a escassez em abundância, Ele será o teu bálsamo e lenitivo para te confortar. Amém! 



segunda-feira, 21 de julho de 2025

A REBELIÃO DE ABSALÃO

 


A REBELIÃO DE ABSALÃO

TEXTO BÍBLICO:

“E desta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo; assim, furtava Absalão o coração dos homens de Israel.”  (2 Sm 15.6) 

VERDADE PRÁTICA
A rebelião revela uma natureza depravada e apóstata contra DEUS, visando apenas propósitos que contrariam a perfeita vontade divina.

A história de Absalão, filho do rei Davi, é uma das mais dramáticas e trágicas do Antigo Testamento. Ela narra uma rebelião familiar que culminou em perseguição, guerra civil e a morte dolorosa de um príncipe.

A REVOLTA DE ABSALÃO

A revolta de Absalão não surgiu do nada, mas foi o clímax de uma série de eventos turbulentos na família de Davi. O ponto de partida foi o estupro de sua irmã Tamar por seu meio-irmão Amnon. Absalão, vingativo e furioso com a inércia de Davi, esperou dois anos para matar Amnon durante uma festa. Após o assassinato, Absalão fugiu para Gesur, a terra de seu avô materno, onde permaneceu por três anos.

Ao retornar a Jerusalém, Absalão começou a consolidar seu poder. Ele se posicionava à porta da cidade, interceptando pessoas que buscavam justiça do rei. Com falsas promessas de que seria um juiz mais justo, ele "roubou o coração" dos israelitas. Absalão era carismático e de uma beleza notável, o que o ajudou a conquistar a confiança e lealdade do povo.

A rebelião foi oficialmente declarada em Hebrom, a primeira capital de Davi, onde Absalão foi aclamado rei. A trama se fortaleceu quando Aitofel, um dos conselheiros mais sábios de Davi, se juntou a Absalão.

A Perseguição a Davi

Com a notícia da revolta se espalhando, a situação de Davi se tornou insustentável. Em vez de lutar, ele decidiu fugir de Jerusalém para evitar um banho de sangue na cidade. O rei e seus seguidores atravessaram o vale do Cedrom em direção ao deserto. Essa fuga humilhante é um dos momentos mais sombrios da vida de Davi, refletido em textos como o Salmo 3, onde ele expressa sua angústia e sua fé em Deus.

A perseguição a Davi foi marcada por momentos de provação:



  • Ataques e humilhações: Ao fugir, Davi foi amaldiçoado e apedrejado por Simei, um homem da casa de Saul, que via na sua queda a vingança por sua família.
  • A traição de Aitofel: O conselho de Aitofel a Absalão era o de perseguir e matar Davi imediatamente, um plano estrategicamente sólido.
  • A lealdade de Husai: Davi, entretanto, enviou seu amigo Husai para se infiltrar no exército de Absalão. Husai, agindo como conselheiro, convenceu Absalão a adiar o ataque, dando a Davi tempo precioso para se reorganizar e preparar suas tropas.

 A Morte de Absalão

A perseguição culminou na Batalha na Floresta de Efraim. O exército de Davi, liderado pelo general Joabe, era menor, mas mais experiente. A geografia acidentada da floresta, que era o terreno de Davi, se mostrou crucial para a vitória.

Durante a batalha, Absalão tentou fugir montado em sua mula. No entanto, sua famosa cabeleira, que era motivo de orgulho, ficou presa nos galhos de um grande carvalho. Ele ficou pendurado, vulnerável, enquanto a mula seguiu em frente.

Um dos soldados de Davi viu a cena e avisou Joabe. Apesar de Davi ter dado ordens expressas para que Absalão não fosse morto, Joabe, ciente de que a rebelião só terminaria com a morte do príncipe, o desobedeceu. Ele transpassou o coração de Absalão com três dardos, e seus escudeiros deram os golpes finais. Seu corpo foi jogado em uma grande cova na floresta e coberto com um enorme monte de pedras, um fim desonroso para um príncipe que almejava o trono.

A notícia da morte de Absalão trouxe um misto de alívio e profunda dor para Davi. Ao invés de celebrar a vitória, o rei se comoveu amargamente, lamentando: "Meu filho Absalão! Meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera ter morrido em teu lugar! Absalão, meu filho, meu filho!" Sua dor e sofrimento marcaram o fim de um capítulo trágico em sua vida e no reino de Israel.

I. O HOMEM ABSALÃO

1. Descrição

O nome Absalão, no hebraico, significa “o pai é da paz” (2Sm.3:3). Ele era o terceiro filho de Davi com Maacá, filha de Talmai, rei de Gesur, que nascera em Hebrom (2Sm.3:2,3) – Davi teve seu primeiro filho com Ainoã, Amnon, o primogênito; o segundo com Abigail, Quileabe.

Absalão era um homem de excelente aparência física (2Sm.14:25); tinha tudo para ser um excelente rei, e o povo o amava; tinha uma personalidade forte e capacidade para furtar o coração do povo (2Sm.15:1,6); porém, tinha um caráter desajustado e faltava-lhe o domínio próprio, qualidades necessárias a um bom rei. Como diz o ditado popular, nem tudo que reluz é ouro - sua aparência, capacidade e posição não eram suficientes para suprir esta falta de integridade pessoal.

Absalão pecou e continuou na transgressão. Apesar de se apoiar totalmente nos conselhos de outrem, não foi suficientemente sábio para avaliar o mérito dessas orientações. Ele não foi capaz de dizer: “eu estava errado, preciso ser perdoado!”.

Muitos hoje se identificam com Absalão; muitos estão no caminho da autodestruição. Deus nos oferece o perdão, mas não podemos experimentá-lo até que tenhamos verdadeiramente admitido e confessado nossos pecados a Ele. Absalão rejeitou o amor de seu pai e, em última análise, até mesmo o de Deus. Muitas vezes negligenciamos o acesso ao amor do Senhor através da porta do perdão.

2. Em que consistia a causa da revolta de Absalão?

Muitas vezes os erros dos pais refletem na vida de seus filhos. Davi podia ver uma repetição dolorosa e ampliada de muitos de seus pecados cometidos no passado. Deus predissera que a família de Davi sofreria por causa dos pecados que ele cometera contra Urias e Bate-Seba. Sua queda enfraqueceu espiritual e moralmente sua família.

Tudo começou com o estupro; Tamar, irmã de Absalão, foi estuprada por Amnom (2Sm.13:14,15). Este foi encorajado pelo primo Jonadabe a cometer este terrível pecado. Geralmente, estamos mais vulneráveis aos conselhos de nossos parentes porque estamos muito próximo deles. Entretanto, devemos antes nos assegurar de ter avaliado cada item desses conselhos de acordo com os padrões de Deus, mesmo que estes venham de ente querido.

Amnom sentia uma paixão cega pela sua meia-irmã, e não amor. É bom ressaltar que o amor é muito diferente de paixão. Embora afirmasse sentir amor, na verdade estava possuído pela paixão cega.

O amor é paciente, mas a paixão exige a satisfação imediata.

O amor é gentil, a paixão é cruel.

O amor não exige que tudo seja exatamente desejos obstinados, a paixão sim.

Podemos conhecer as características do verdadeiro amor em 1Corintios 13. A princípio, a paixão pode parecer amor; porém, ao se manifestar fisicamente resulta em aversão a si mesmo e ódio pela outra pessoa.

Depois que Amnom estuprou Tamar, seu desejo se transformou em ódio (2Sm.13:15). O sentimento daqueles que não podem esperar, não é o verdadeiro amor. Amnom tentou se livrar da meia-irmã, mas Tamar se recusou a sair (2Sm.13:15,16). Por fim, expulsou-a à força, na esperança de que ficasse “longe dos olhos, longe do coração” (2Sm.13:17).

As roupas de luto de Tamar chamaram a atenção de Absalão para o ocorrido (2Sm.13:20). Absalão tentou confortar Tamar e convencê-la a não transformar o incidente em um escândalo público. Absalão disse a Tamar que o crime era apenas um assunto de família; porém, os padrões de Deus para a conduta moral não ficam suspensos quando tratamos de assuntos familiares. Desonrada e, portanto, indesejável como noiva, ainda que não por culpa sua, “ficou Tamar [...] desolada em casa de Absalão, seu irmão” (2Sm.13:20); provavelmente, ela morreu solteira. 

Davi irou-se com Amnom por ter estuprado Tamar, mas não o castigou como deveria ter feito, provavelmente porque: não queria punir seu filho primogênito e, portanto, o primeiro na linha sucessória do trono (1Cr.3:1); a lembrança de seu próprio pecado ainda era recente na memória de todos. Ele sabia qual era seu dever, mas estava de mãos atadas. O pecado deliberado nos priva da liberdade moral, da possibilidade de falar sem impedimento e de dar testemunho.

Absalão esperou por uma oportunidade de se vingar; secretamente, planejou vingar-se de Amnom, o que realmente fez dois anos mais tarde (2Sm.13:23-33). Como era costume, ele ofereceu uma grande festa na época da tosquia, quando estava nos arredores de Betel. Davi não aceitou o convite insistente do filho, talvez por não desejar lhe dar mais despesas. Todos os filhos do rei, porém, compareceram à festividade, inclusive Amnom que, como primogênito, representou o pai. Mediante um sinal combinado, os servos de Absalão mataram, covardemente, Amnom. Os outros príncipes fugiram de volta a Jerusalém tomados de medo. Absalão fugiu para Gesur, na Síria, onde sua mãe havia morado e Talmai, seu avô materno, era rei (2Sm.13:37-39; 1Cr.3:2). Ele passou três anos em Gesur (2Sm.13:38).

Amnom era o filho mais velho e, portanto, o próximo na linha de sucessão ao trono. Depois da morte dele, Absalão começou a sonhar em tomar o trono para si.

Joabe sabendo que Davi estava com saudade de Absalão, elabora uma estratégia para trazê-lo de volta. Davi autoriza a volta de seu filho, mas ao retornar, fica sem falar com Absalão por aproximadamente dois anos (2Sm.14:1-28). Isso resultou em grande ódio e amargura no seu coração para com o pai.

Nada justifica o procedimento errado dos filhos, mas, por vezes, os pais contribuem para que eles tomem o caminho da rebeldia deliberada. O apóstolo Paulo é enfático:” E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef.6:4).

Absalão foi reintegrado, ou seja, recebeu o perdão do rei (2Sm.14:33), mas logo movimentou-se para usurpar o trono de seu pai. Sem saber a extensão da amargura e das ambições de Absalão, Davi sem perceber abre a porta para uma rebelião. Pior ainda, ao reintegrar Absalão à corte, faz vista grossa para a culpa dele e, por omissão, é conivente com o assassinato de Amnom. Isto custou muito caro a Davi.

II. A REVOLTA DE ABSALÃO

Adotando costumes pagãos (talvez instruído pelo seu avô Talmai), Absalão apareceu em público em uma carruagem escoltada por um cortejo de corredores. Ele assegurou a simpatia das dez tribos do Norte fazendo-se passar por seu defensor. Dentro de quatro anos, sob o pretexto de cumprir um voto, Absalão foi a Hebrom e reivindicou o título de rei (2Sm.15:10); em seguida, apoderou-se de Jerusalém para ser sua capital.

1. A fraqueza do reinado de Davi

A maior fraqueza do reinado de Davi foi sem dúvida a falta de cuidado com a sua família. Isto era resquício do pecado cometido; como falou Natã, sua vida seria marcada por inúmeros problemas (2Sm.12:10,12), inclusive problemas familiares.

Nenhum sucesso na vida compensa o fracasso no lar, na família. Davi foi cuidadoso em construir um reino, trabalhou arduamente para isso. Como líder e administrador da monarquia, ele se saiu muito bem, todavia, quase nada vemos ser feito dentro de casa. Havia um dualismo reino-família que mutuamente pareciam ser excludentes.

Portanto, os maiores inimigos de Davi não foram as nações vizinhas, mas uma anarquia generalizada que se instaurou dentro de sua própria casa: Amnon estupra sua irmã; Absalão mata seu irmão; as concubinas do rei são possuídas sexualmente pelo seu próprio filho; Adonias usurpa o trono etc. São todos fatos de certa forma ligados à vida familiar.

Uma família desestruturada assemelha-se a um trem que descarrilou; é uma tragédia. O que podemos dizer com segurança é que Davi se saiu muito bem como rei, mas o mesmo não pode ser dito como pai. Davi estruturou o seu reino, mas deixou sua casa ruir. Não adianta ganhar tudo e perder a família. Já ouvi alguém dizer acertadamente que nenhum sucesso justifica o fracasso da família.

O apóstolo Paulo bem disse em 1Corintios 16:19, quando se refere a um casal de crentes da Igreja Primitiva: “... muito vos saúdam Áquila e Priscila e, bem assim, a Igreja que está na casa deles”. A nossa casa deve ser uma extensão do Reino de Deus e o Reino de Deus precisa estar dentro de nossa casa. Um não pode existir sem o outro. Mas, infelizmente, nem sempre a nossa casa tem sido um reflexo da igreja.

Quantas famílias estão caindo como a de Davi porque não tem trazido para dentro de casa os padrões ideais do Reino de Deus! As estatísticas atestam que o número de divórcios entre os cristãos já é o mesmo praticado pelo mundo ímpio. Muitos marginais, que estão soltos e nos presídios, alguns de alta periculosidade, saíram de lares cristãos. Que os erros da Davi possam nos trazer lições que nos ajudem na formação de nossos familiares.

2. O Absalão político

Após ter reconquistado o favor de Davi (2Sm.14:33), Absalão conspirou contra o seu próprio pai, que lhe deu o perdão e, indevidamente, fez vista grossa do seu crime contra o irmão. Para ganhar a confiança do povo, Absalão agiu como os piores políticos: com sagacidade, dissimulação e falsas promessas. Absalão se ocupou de ganhar a confiança dos israelitas pouco a pouco. Com isso o número de seus apoiadores aumentou grandemente.

Nesse tempo, Absalão alegou que precisava ir até Hebrom para cumprir um voto ao Senhor. Tudo isso fazia parte de seu plano, e a conspiração contra o trono de Davi ganhou força. Ele trabalhou incansavelmente durante quatro anos para pôr seu plano em prática – a revolta contra seu pai. De duas maneiras Absalão procurou impressionar o povo: primeira, se exibindo com carros, cavalos e homens que corriam adiante dele; segunda, a lisonja.

Com bem diz o Pr. Osiel Gomes, Absalão é visto como um ator que sabia fazer muito bem o seu show. De modo sutil, astuto, conseguiu chamar a atenção do povo. É claro, ele trabalhou publicamente sua imagem e, para isso, começou com algo inovador, exibindo sua realeza com carrões e corredores diante de si. Com os batedores na frente, Absalão vinha lentamente no seu carro chamando a atenção de todos para o poder que exibia como príncipe. Este homem procedeu astutamente trabalhando nos pontos em que o reinado de Davi estava falhando. Vejamos:

Ele exibia a sua imagem. Ele era daquele tipo que apenas queria impressionar o povo, mostrar-se grandioso.

Ele atendia as pessoas bem cedo. Acredita-se que a corte de Davi não atendia bem cedo as pessoas, o que gerava uma falha. Então Absalão se coloca como uma pessoa diligente. Os que trilham o caminho de Absalão sempre se apresentam como eficientes em tudo; querem se mostrar mais atuantes do que o líder da igreja.

Ele buscava um lugar estratégico para ficar. Ele queria que todos o vissem, por isso postava-se à porta da cidade. Quem tem o espírito de Absalão quer ser sempre bem-visto, faz seu trabalho para ser visto, aplaudido, não se esquecendo de que por trás de tudo isso há um interesse escuso, o de chegar ao poder. Esse procedimento fere o que Paulo ensinou: que não se deve servir à vista para agradar aos homens (Ef.6:6).

Ele queria deixar uma boa impressão. Isso ele fazia demonstrando total atenção aos forasteiros que chegavam à cidade, especialmente aqueles que vinham com algum problema ou queixa para resolver.

Ele apontava fraquezas no reinado do pai. Ele dizia para as pessoas: “teus planos e negócios são bons, mas não há da parte do rei ninguém que te ouça”. Podemos crer que tal informação não procedia, pois vemos em 2Sm.14:4-7 que o rei atendeu facilmente a mulher de Tecoa.

Ele apresentava-se como uma pessoa capaz. Isso pode ser provado quando ele diz: “Ah, quem me dera ser juiz na terra”. Com tal expressão afirmava ao povo que tinha muitas habilidades para julgar.

Ele portava-se como um rei. Absalão recebia os que entravam na cidade apertando a mão de cada um e, aos que traziam seus pedidos, com beijo. Típicas atitudes de políticos mal-intencionados. Na mente e no coração desse rebelde havia um sentimento de que ele já era rei, o que lhe faltava era o trono.

Muito tem se questionado por que Davi não reagiu diante dessa ação do seu filho, pois era clarividente o que ele estava fazendo. Alguns supõem que o rei não agiu porque, diante de todo o seu trabalho, seu histórico de vida, julgou por si mesmo que a lealdade dos seus súditos seria algo firme, pois tinha conquistado o coração de cada um, e que não se deixariam levar pelo comportamento disfarçado do seu filho rebelde.

Um líder nunca pode descansar e achar que tudo está bem; antes, deve procurar orar e vigiar constantemente para não dar brecha ao inimigo; o senso de confiança, segurança demasiada é sempre perigoso.

3. Proclamando-se rei (2Sm.15:10)

Como resultado de sua politicagem mal-intencionada, Absalão enviou mensageiros às tribos de Israel para anunciar que ele já reinava em Hebrom (2Sm.15:10).

“E de Jerusalém foram com Absalão duzentos homens convidados, porém iam na sua simplicidade, porque nada sabiam daquele negócio” (2Sm.15:11).

Aitofel, um dos conselheiros de Davi e avô de Bate-Seba (cf.2Sm.11:3; 23:34), desertou para o lado de Absalão (2Sm.15:12), e muitos do povo se juntaram à conspiração para usurpar o trono. É possível que Aitofel desejasse se vingar de Davi por seu pecado com Bate-Seba.

“Também Absalão mandou vir Aitofel, o gilonita, do conselho de Davi, à sua cidade de Gilo, estando ele sacrificando os seus sacrifícios; e a conjuração se fortificava, e vinha o povo e se aumentava com Absalão” (2Sm.5:12).

Em Hebrom, ele preparou os seus seguidores e, ao seu sinal, ao som de trombetas, deveria ser proclamado a todo o Israel: “Absalão reina em Hebrom!”.

“E enviou Absalão espias por todas as tribos de Israel, dizendo: Quando ouvirdes o som das trombetas, direis: Absalão reina em Hebrom”.

Absalão foi a Hebrom porque era a sua cidade natal (2Sm.3:2,3); também, a escolha tinha um aspecto irônico: em Hebrom Davi foi proclamado rei sobre todo o Israel (cf. 2Sm.5:1-5). Absalão tinha consciência de que havia da parte de Judá um sentimento muito especial por esse lugar; estrategicamente, buscava apoio naquela região. Todavia, no caso de Davi, as tribos de Israel foram a Hebrom e lhe ofereceram o reinado, conforme a promessa do Senhor. De modo contrastante, Absalão toma a iniciativa da questão com as tribos de Israel e as incentiva a proclamá-lo rei. Diferente do relato da ascensão de seu pai ao trono, essa narrativa não traz referência alguma à sua unção (cf. 2Sm.5:3). Sua ascensão ao reinado, em vez de se basear numa promessa divina, é chamada de conspiração.

4. Davi foge

Diante da revolta de Absalão, Davi concluiu que a situação era séria e lhe pareceu mais prudente deixar Jerusalém (2Sm.15:13-17).

“Então, veio um mensageiro a Davi, dizendo: O coração de cada um em Israel segue a Absalão. Disse, pois, Davi a todos os seus servos que estavam com ele em Jerusalém: Levantai-vos, e fujamos, porque não poderíamos escapar diante de Absalão. Dai-vos pressa a caminhar, para que porventura não se apresse ele, e nos alcances, e lance sobre nós algum mal, e fira a cidade a fio de espada” (2Sm.15:13,14).

Se Davi não tivesse fugido de Jerusalém, provavelmente teria sido morto durante a luta que se seguiu, assim como inúmeros habitantes inocentes da cidade. Algumas disputas, que cremos serem necessárias, às vezes são muito custosas e destrutivas para os que nos rodeiam. Nesses casos, é mais prudente retroceder e deixar a contenda para outra ocasião, mesmo que isso possa ferir nosso orgulho. É preciso coragem para ficar e lutar, mas também é necessária coragem para retroceder em benefícios de outras pessoas.

Por que Davi de pronto não aniquilou essa rebelião? Havia várias razões que fizeram com que preferisse fugir: (a) a disputa já se espalhara (2Sm15:10-13) e não seria facilmente reprimida; (b) ele não queria que a cidade de Jerusalém fosse destruída; e (c) ainda amava seu filho e não queria feri-lo. Sabemos que Davi esperava retornar logo a Jerusalém, pois deixara dez de suas concubinas para cuidar do palácio (2Sm.15:15).

No contexto da revolta de Absalão, mais uma parte da profecia de Natã se cumpriu. Aconselhado por Aitofel, Absalão possuiu as concubinas de Davi numa tenda no terraço perante os olhos de todo o Israel (2Sm.16:22). Esse ato abominável perante Deus também deixou clara a reivindicação de Absalão pelo trono de Israel.

5. A lealdade dos servos de Davi

a) Lealdade dos de fora

Em sua fuga, Davi contou com inúmeros soldados fiéis, inclusive muitos deles não eram israelitas; muitos deles da cidade de Gate, cidade filisteia. Aparentemente, os geteus, da cidade de Gate, eram os amigos que ele obtivera enquanto estivera escondido de Saul.

“Tendo, pois, saído o rei com todo o povo a pé, pararam num lugar distante. E todos os seus servos iam a seu lado, como também todos os quereteus e todos os peleteus; e todos os geteus, seiscentos homens que vieram de Gate a pé, caminhavam diante do rei” (2Sm.15:17,18).

Dentre os filisteus de Gate que o seguiram, um deles era Itai, o geteu (2Sm.15:19). Davi, quando viu Itai partir com o séquito, ordenou que ele voltasse, afinal não era judeu, mas um exilado que chegara a Israel havia pouco tempo. Por que ele acompanharia o rei numa situação, no mínimo, incerta? Itai, porém, não se permitiu dissuadir. Estava decidido a ir junto com o rei Davi a qualquer custo.

“Respondeu, porém, Itai ao rei e disse: Vive o SENHOR, e vive o rei, meu senhor, que no lugar em que estiver o rei, meu senhor, seja para morte seja para vida, aí certamente estará também o teu servidor” (2Sm.15:21).

Isso tocou profundamente o coração de Davi, pois tal posicionamento deveria partir do seu filho rebelde. Davi recompensou a lealdade desse gentio permitindo que ele e seus seguidores o acompanhassem ao exílio.

“Então, Davi disse a Itai: Vem, pois, e passa adiante. Assim, passou Itai, o geteu, e todos os seus homens, e todas as crianças que havia com ele” (2Sm.15:22).

Os servos de Deus da Nova Aliança devem seguir o Rei dos reis no tempo de sua rejeição com a mesma devoção que Itai seguiu Davi quando foi rejeitado.

b) Lealdade dos de dentro

Os sacerdotes e os levitas também foram leais a Davi (2Sm.15:24,25).

“Eis que também Zadoque ali estava, e com ele todos os levitas que levavam a arca do concerto de Deus; e puseram ali a arca de Deus; e subiu Abiatar, até que todo o povo acabou de sair da cidade. Então disse o rei a Zadoque: Torna a levar a arca de Deus à cidade; se achar eu graça aos olhos do SENHOR, ele me tornará a trazer para lá e me deixará ver a ela e a sua habitação”.

O sacerdote Zadoque e os levitas tentaram levar a Arca da Aliança, mas Davi ordenou que a Arca fosse levada de volta à cidade. Nesse momento Davi mostrou grande confiança em Deus - “Torna a levar a arca de Deus à cidade”.

Davi se recusa a usar a Arca como se fosse um amuleto mágico ou um paládio por meio do qual se pode manipular Deus ou compeli-lo (cf. 1Sm.4), ou como um objeto que visa garantir sua proteção pessoal. A Arca devia ficar no lugar que Davi designou para sua habitação. Ele não pressupôs que a Arca, por sua simples presença na cidade, traria benção a Absalão.

Davi confiou unicamente em Deus se achar eu graça aos olhos do SENHOR, ele me tornará a trazer para lá e me deixará ver a ela e a sua habitação”. Ele considerou que se fosse da vontade do Senhor, um dia a benevolência de Deus lhe permitiria contemplar a Arca em seu devido lugar. Davi percebeu que o seu destino estava nas mãos do Senhor e se submeteu à vontade divina.

A atitude de Davi em meio a essa crise mostrou total equilíbrio entre confiança em Deus e pragmatismo. Por um lado, ele se sujeitou à decisão soberana de Deus e não procurou manipulá-lo nem o compelir. Em contrapartida, também, orou de modo específico para que Deus frustrasse seus inimigos, criou uma rede de espiões em Jerusalém e instruiu o leal Husai a usar de artifícios e neutralizar os conselheiros de Absalão (2Sm.15:32-37). Sua reação lembra Jacó: quando confrontado com a perspectiva assustadora de encontrar-se com Esaú, Jacó orou a Deus com fervor pedindo sua bênção (Gn.32:9-12), e, ao mesmo tempo, tomou algumas medidas extremamente pragmáticas para proteger a si mesmo e sua família (Gn.32:3-8,13-23). Confiar em Deus e agir com sabedoria são coisas complementares, e não antitéticas, uma lição importante a ser lembrada pelo povo de Deus de todas as eras.

Enquanto fugia de Absalão, Davi escreveu o Salmo 3, cujo tema é justamente a confiança em Deus na adversidade.

c) Lealdade no exílio

Enquanto Davi estava no exílio, em Maanaim, três homens – Sobi, Maquir e Barzilai – forneceram provisões não perecíveis para o rei e para o povo que com ele estava (cf. 2Sm.17:27-29).

“E sucedeu que, chegando Davi a Maanaim, Sobi, filho de Naás, de Rabá, dos filhos de Amom, e Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar, e Barzilai, o gileadita, de Rogelim, tomaram camas, e bacias, e vasilhas de barro, e trigo, e cevada, e farinha, e grão torrado, e favas, e lentilhas, também torradas, e mel, e manteiga, e ovelhas, e queijos de vacas, e os trouxeram a Davi e ao povo que com ele estava, para comerem, porque disseram: Este povo no deserto está faminto, e cansado, e sedento. E Davi contou o povo que tinha consigo e pôs sobre eles capitães de cem”.

- Sobi era filho de Naás, o rei falecido do Amonitas. Seu irmão, Hanum, havia rejeitado a demonstração de boa vontade de Davi e sofrido as consequências (2Sm.10). Sobi, apesar de estrangeiro, se preocupou mais com o rei de Israel do que muitos dos israelitas. Semelhantemente, muitos gentios, incluindo nós, acolheram Jesus Cristo, o Messias prometido, que foi rejeitado pelos “seus”, os judeus (João 1:11).

- Maquir havia cuidado de Mefibosete por vários anos, até que Davi levou o filho de Jônatas para Jerusalém (2Sm.9:3-5). Ele ministrou ao príncipe aleijado e ao rei exilado em seu momento de necessidade. Quem dá dos seus bens à causa de Cristo por meio da hospitalidade será recompensado com cem vezes mais quando Ele voltar em glória.

- Barzilai ajudou a sustentar Davi todo o tempo que o rei permaneceu no exilio, em Maanaim. Ele era um homem rico, e o sustento que proveu foi extremamente importante para Davi (2Sm.19:31-39). Em seu leito de morte, Davi instruiu Salomão a usar de benevolência para com os filhos de Barzilai e colocá-los na corte real (1Rs.2:7).

“Porém com os filhos de Barzilai, o gileadita, usarás de beneficência, e estarão entre os que comem à tua mesa, porque assim se chegaram eles a mim, quando eu fugia por causa de teu irmão Absalão”.

Cristo não se esquecerá daqueles que ministram a Ele; antes, lhes concederá lugares de honra em seu reino – “E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão” (Mt.10:42). Leia Mateus 25:31-40.

III. A MORTE DE ABSALÃO

1. Coração de pai (2Sm.18:1-5)

Davi dividiu seu exército em três companhias, comandadas por Joabe, Abisai e Itai. O rei expressou o desejo de participar do combate, mas o povo persuadiu a permanecer na cidade e mandar socorro, caso fosse necessário. Enquanto os solados marchavam para fora da cidade, Davi ordenou publicamente aos generais: “Tratai com brandura o jovem Absalão, por amor de mim” (2Sm.18:5).

“Duas coisas importantes devem ser entendidas aqui: a primeira é o valor que o povo via em Davi; sendo ele um grande guerreiro, uma pessoa capaz, ainda que estivesse pagando um alto preço, as pessoas sabiam do seu valor (2Sm.18:3;1Sm.18:7; 29:5), e que por causa disso ele era o alvo principal. A segunda é que o povo queria evitar que o próprio pai tivesse que confrontar o filho. Todos viam a dor que Davi sentia ao formar aquele exército, para lutar contra seu filho; por isso, pediu que se tratasse o jovem com brandura” (LBM).

2. O preço da rebelião de Absalão (2Sm.18:10-18)

A batalha foi travada no bosque de Efraim (2Sm.18:6-9), a leste do Jordão e perto de Maanaim. Com o auxílio de Husai, que ficou em Jerusalém a pedido de Davi, e dos comandantes Joabe, Absai e Itai, o exército de Davi conseguiu derrotar o exército de Absalão. Cerca de vinte mil homens do exército de Absalão morreram naquele dia, muitos deles por terem se perdido na floresta densa (2Sm.18:7,8). Em alguns relatos bíblicos é dito que forças naturais contribuíram para que o povo do Senhor fosse vitorioso, como lama, insetos, doenças, o que prova que Deus age como Ele quer.

Vendo que estava perdendo a batalha, Absalão fugiu sobre um mulo, e quando fugia pelo bosque, ficou preso pelos cabelos entre os ramos espessos de um grande carvalho, e o mulo que ele montava foi embora sem ele. Há certa justiça poética no fato de parte do corpo do qual tanto se orgulhava ter colaborado para sua destruição.

Joabe tomou conhecimento da situação de Absalão, irando-se, porque o homem que lhe trouxe a notícia não o matara. O mensageiro lhe disse que não poderia ter feito isso, ainda que fosse para ganhar mil moedas de prata, pois tinha ouvido o pedido do rei. Joabe tomou três dardos e atravessou com eles o coração de Absalão, deixando que seus escudeiros desse o golpe de misericórdia. O comandante desobedeceu às ordens do rei, mas fez o que era melhor para o reino. Em várias ocasiões, Davi havia se recusado a castigar os filhos por crimes que tinham cometido, de modo que coube a outra pessoa realizar essa tarefa.

Assim que Absalão morreu, Joabe mandou cessar o combate, pois havia alcançado o objetivo principal. Jogaram o corpo de Absalão numa grande cova e o cobriram com um montão de pedras.

“E tomaram Absalão, e o lançaram no bosque, numa grande cova, e levantaram sobre ele um mui grande montão de pedras; e todo o Israel fugiu, cada um para a sua tenda” (2Sm.18:17).

- “...levantaram sobre ele um mui grande montão de pedras”.  Aqui, encontramos um eco com dois outros incidentes registrados em Josué:

-Aconteceu com ambicioso Acã. Depois que Acã foi executado, os israelitas “ergueram sobre ele um grande monte de perdas” (Js.7:26);

-Aconteceu com o rei de Aí. De acordo com Josué 8:29, depois que o rei de Aí foi enforcado numa árvore (cf. 2Sm.18:9), os soldados tiraram seu cadáver de lá “...e, ao pôr-do-sol, ordenou Josué que o seu corpo se tirasse do madeiro; e o lançaram à porta da cidade e levantaram sobre ele um grande montão de pedras...”.

Estas são as únicas três passagens no Antigo Testamento que é mencionado um “monte de pedras”. Essa associação intertextual apresenta Absalão no papel de um israelita rebelde (Acã), que desonrou a comunidade da Aliança e a colocou em perigo, e de um inimigo estrangeiro (o rei de Ai), que teve uma morte humilhante.

Esse sepultamento indigno de Absalão anulou a tentativa de ele ser glorificado depois da morte. O comandante do exército, Joabe, considerou essa forma de sepultamento apropriado, pois Absalão foi um inimigo amaldiçoado (tal qual Acã e o rei de Ai), cujo local de sepultamento servirá para lembrar o destino de todos os rebeldes.

Em meio a essa grande vitória, Davi reconheceu a mão disciplinadora de Deus e sentiu a dor de perder seu filho (2Sm.18:19-33). Seu corpo estremeceu quando recebeu a notícia da morte de Absalão, e expressou que ele mesmo gostaria de ter morrido, em vez do filho (2Sm.18:33). Cinco vezes ele grita o nome de Absalão e, oito vezes, clama “meu filho” (2Sm.18:33; 19:4). Davi foi perdoado e, em resposta a sua oração, o Senhor o protegeu, mas ele ainda tinha de enfrentar as consequências inevitáveis e dolorosas de seus erros passados.

O fim de Absalão foi trágico, porque ele agira como usurpador, rebelde; pela lei, deveria morrer (Dt.21:18,21,23; 2Sm.17:2,4). Absalão morreu sem deixar um filho (2Sm.18:18) para dar continuidade a seu nome, um fim apropriado para um rebelde. Toda rebeldia tem seu preço; por isso o melhor é sempre evitá-la.

Tomemos cuidado! Na presença de Deus não há lugar para oposição. Jesus disse: “Quem comigo não ajunta, espalha”. Se não queremos ser tratados pelo Senhor como feiticeiros, a melhor coisa é vigiar e não tocar no fruto proibido da rebelião. Antes de ser rebelde, é bom pensarmos com quem vamos parecer-nos: com Lúcifer ou com Jesus? Que Deus nos guarde debaixo do sangue de Cristo contra esse espírito maligno da rebelião. Disse o profeta Samuel a Saul: “eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar”.

CONCLUSÃO

Com este episódio, aprendemos que a rebelião aborrece a DEUS. Evitemos, pois, o pecado da rebeldia; busquemos a sabedoria e a prudência divinas, para que não experimentemos a ira do DEUS justo e verdadeiro. Sejamos fiéis e santos.

O HOMEM ABSALÃO era destacado por sua beleza e cabelos (2,3 Kg). Nada de espiritual se narra a seu respeito. Sua revolta se deu devido à má criação de seu pai que não corrigiu adequadamente seu irmão Amnom por ter estuprado sua irmã Tamar e por ter sido deixado 3 anos no exílio e depois mais 2 anos sem falar com seu pai. Absalão aproveitando a fraqueza do reinado de Davi, age como político mostrando sua exuberância, bajulação e falsa humildade. Se proclama rei

Davi foge para não ver Jerusalém destruída e o povo morto. Talvez pensasse ser da vontade de DEUS Absalão reinar. Davi possuía verdadeiros amigos que não o desampararam. Com o Coração de pai angustiado pede clemência pelo filho rebelde. Absalão pagou o preço de sua rebelião, foi morto por Joabe. Davi volta a reinar.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

A ORAÇÃO DE DAVI PEDINDO O PERDÃO

 


A ORAÇÃO DE DAVI AO PEDIR PERDÃO

Leitura Bíblica: Salmo 51.1-17

Davi confessa o seu pecado, suplica o perdão e roga a Deus que lhe renove um espírito reto - Salmo de Davi

1- Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias.

2- Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado.

3- Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.

4- Contra ti, contra ti somente, pequei, e fiz o que é mau diante dos teus olhos; de sorte que és justificado em falares, e inculpável em julgares.

5- Eis que eu nasci em iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe.

6- Eis que desejas que a verdade esteja no íntimo; faze-me, pois, conhecer a sabedoria no secreto da minha alma. 

7- Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve. 

8- Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que se regozijem os ossos que esmagaste. 

9- Esconde o teu rosto dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades. 

10- Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito estável. 

11- Não me lances fora da tua presença, e não retire de mim o teu santo Espírito. 

12- Restitui-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário. 

13- Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e pecadores se converterão a ti. 

14- Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua cantará alegremente a tua justiça. 

15- Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca proclamará o teu louvor. 

16- Pois tu não te comprazes em sacrifícios; se eu te oferecesse holocaustos, tu não te deleitarias. 

17- O sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.


Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10).

INTRODUÇÃO
O Salmo 51 é um dos textos mais conhecidos e impactantes da Bíblia, e serve como um modelo atemporal de arrependimento e busca por perdão. A passagem é uma oração sincera do Rei Davi, escrita após ser confrontado pelo profeta Natã por seus pecados de adultério com Bate-Sebá e de planejar a morte de seu marido, Urias.

A passagem do Salmo 51 nos mostra a profunda dor de Davi e seu desejo de ser purificado, indo muito além de um simples pedido de desculpas. A oração se desdobra em temas centrais que definem o verdadeiro arrependimento.

A Confissão Completa e Sem Desculpas

Davi começa sua oração implorando pela misericórdia de Deus, sem justificar suas ações. Ele reconhece a gravidade de seus atos e assume total responsabilidade.

  • "Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias." (v. 1)
  • "Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim." (v. 3)

Ele entende que seu pecado, embora tenha ferido outras pessoas, foi, acima de tudo, uma ofensa direta a Deus. A famosa frase "Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos" (v. 4) mostra essa compreensão.

O Desejo por Purificação Interior

Davi não pede apenas para ser perdoado, mas para ser completamente limpo e transformado. Ele usa imagens poderosas para expressar sua necessidade de renovação:

  • Ele pede para ser "lavado" e "purificado" de sua iniquidade, usando a metáfora de uma roupa suja que precisa de uma limpeza vigorosa (v. 2).
  • Ele se compara a ser purificado com hissopo, uma planta usada em rituais de purificação no Antigo Testamento, simbolizando um rito de limpeza espiritual profunda (v. 7).
  • Seu sofrimento é tão grande que ele diz que seus ossos foram "esmagados" pelo peso da culpa, e clama para que Deus lhe restitua a alegria e o júbilo (v. 8).

 

A Oração por um Novo Coração

O ponto central da oração é o pedido de Davi por uma transformação completa de seu ser. Ele sabe que não pode se mudar por conta própria.

  • "Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito inabalável." (v. 10)

·                 "Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito." (v. 11)

Davi entende que a purificação do pecado requer uma intervenção divina, um "coração puro" que somente Deus pode "criar". Ele também teme a maior das punições: a perda da presença do Espírito Santo.

O Sacrifício do Arrependido

Ao final do salmo, Davi reconhece que Deus não se agrada de sacrifícios de animais, mas sim de uma atitude interior.

  • "Pois não te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não te agradas de holocaustos." (v. 16)
  • "Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus." (v. 17)

Essa passagem ensina que o sacrifício mais valioso para Deus é um coração que reconhece a sua falha, se humilha diante d'Ele e se arrepende sinceramente. É por isso que o Salmo 51 é um dos textos mais poderosos sobre a graça, o perdão e o arrependimento na tradição cristã e judaica.


I. O PECADO NOS AFASTA DE DEUS


1. O pecado afronta a Deus.
 Pecado é a transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus. Transgressão “é o ato de” transgredir “e” transgredir “, por sua vez, é” passar de uma parte a outra “,” violar “,” infringir”. “Transgredir” é a quebra de um dever e de uma ordem (Rm 2:23). Eis o motivo por que a Bíblia diz que, ao pecar, Eva caiu em transgressão (1Tm 2:14), o mesmo se dando com relação a Adão (Rm 5:14).
A Bíblia diz que a transgressão receberá de Deus a justa retribuição (Hb 2:2). Com efeito, sendo a transgressão um afastamento da vontade de Deus, uma quebra de uma ordem divina, o ser moral que a toma assume a responsabilidade pelos seus atos e deverá, pois, prestar contas ao Criador e Senhor de todas as coisas (ler: Hb 4:13; Ap 20:6-15). Quando transgredimos a Deus, estamos condenados à rejeição por Ele e à morte, como ocorreu com Saul (1Cr 10:13).


A maneira correta de lidarmos com nosso pecado é nos arrependermos dele e, com toda a sinceridade, buscarmos em Deus o perdão, a graça e a misericórdia (Sl 51; Hb 4:16; 7:25), e nos dispormos a aceitar, sem amargura nem rebelião, o castigo divino pelo nosso pecado. Davi tanto reconheceu quanto confessou seus pecados terríveis, voltou-se para Deus, e aceitou a repreensão de Deus, com humildade (2Sm 12:9-13,20;24:10-25; Sl 51).

2. As consequências do pecado. Qualquer pecado contra a santidade de Deus é propenso ao perdão, desde que haja deliberação sincera ao arrependimento por parte do transgressor, como aconteceu com Davi, por exemplo. Porém, as consequências são inevitáveis e implacáveis.
O relacionamento pecaminoso de Davi com Bate-Sebá foi rápido, mas as suas consequências foram duradouras. A mão de Deus pesava sobre ele dia e noite, e o seu vigor se tornou em sequidão de estio. Depois, Davi perdeu sua reputação. Os ímpios blasfemaram do nome de Deus por causa de sua loucura. Perdeu o filho do adultério; a criança morreu a despeito da insistente petição de Davi. Este teve ainda outras perdas: sua filha Tamar foi desonrada pelo próprio irmão Amnon; Absalão irmão de Tamar, mandou matar seu próprio irmão Amnon para vingar o que este havia feito com ela. Depois, Absalão rebelou-se e conspirou contra Davi, seu pai, para tirar-lhe a vida e tomar-lhe o reino. E nessa empreitada, Absalão é assassinado por Joabe, comandante do exército de Davi. Tragédias e mais tragédias desabaram sobre a vida de Davi. Jamais ele podia imaginar que o pecado fosse ter um preço tão alto. Cuidado com o pecado, pois ele vai lhe custar mais caro do que você quer pagar.
Muitas pessoas passam a vida inteira chorando por uma decisão errada feita apenas num instante. Pagam um alto preço por uma desobediência. Choram amargamente por tomar uma direção errada na vida. Cuidado com o pecado, pois ele pode levar você mais longe do que você quer ir. Quer viver uma vida de acordo com a vontade de Deus? Então persevere em oração e no estudo devocional da Palavra de Deus. A única maneira de o crente manter comunhão com Deus, por meio do seu Espírito Santo, é andar segundo a sua vontade (Rm 8.1,2,8,9,13,14).
O pecado é uma fraude. Promete prazer e paga com o desgosto. Levanta a bandeira da vida, mas seu salário é a morte. Tem um aroma sedutor, mas ao fim cheira a enxofre. Só os loucos zombam do pecado. O pecado é maligníssimo. Ele é pior do que a pobreza, do que a solidão, do que a doença. Enfim, o pecado é pior do que a própria morte. Esses males todos não podem destruir sua alma nem afastar você de Deus, mas o pecado arruína seu corpo, sua alma e afasta você eternamente de Deus. O rei Davi mais do que ninguém sentiu na pele e na alma as consequências do pecado.


3. Consciência do pecado. Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve. Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste. Esconde a tua face dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades (Sl 51:7-9).
As expressões usadas por Davi nestes trechos demonstram a plena consciência do pecado praticado contra a santidade de Deus e à sua Lei. Esta percepção leva a uma oração renovada por purificação. “Hissopo” era o ramo do arbusto do deserto usado para borrifar o sangue sobre um leproso para sua purificação e cura (Lv 14:4; cf Hb 9:13-14; 1João 1:7). Ao pedir a Deus que o limpasse com “hissopo” (Sl 51:7), ele revela que se havia contaminado tal qual um leproso ou alguém que havia tocado em um morto; símbolos de impureza máxima em

sua época (Lv 14; Nm 19: 16-19).


A consciência do pecado era tão profunda, que era semelhante a dor de ossos quebrados (51:8). Os ossos constituem a força e estrutura do corpo. Por isso o esmagar dos ossos é uma figura muito forte, que denota uma prostração completa, tanto mental como corporal. A intervenção e a ação de Deus foram a única esperança de Davi (51:9).
O pecado destrói a paz com Deus, e a falta dessa paz, como decorrência do pecado, é como um sinal vermelho, a fim de que o crente pare imediatamente e volte-se para Deus em oração. É preciso que se arrependa, confesse o seu pecado e abandone-o, e pela fé em Cristo, e por Ele, receba o perdão de Deus (leia 1Jo 1.7-9).


II. CONFISSÃO E PERDÃO

1. Reconhecer e confessar o pecado. Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. Tornou Natã a Davi: Também o Senhor perdoou o teu pecado; não morreras” (2Sm 12:13). Depois de cair em si, Davi reconheceu o seu pecado: “Pequei contra o Senhor”. E imediatamente após a confissão, foi absolvido da culpa: “O Senhor perdoou o seu pecado”. Observe que a confissão e o perdão estão no mesmo versículo (2Sm 12:13). Davi não dividiu a sua culpa com ninguém. A sua confissão é limpa, tal qual a do publicano: “Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador” (Lc 18:13). Ele não disse que pecou porque suas mulheres e concubinas não o satisfaziam sexualmente. Não pôs culpa no pecado original herdado de Adão (Sl 51:5). Em nenhum momento responsabilizou Bate-Sebá pela sua lascívia. Ele colocou o verbo pecar na primeira pessoa do singular, tanto no caso do adultério (2Sm 12:13; Sl 51:4) como no caso do recenseamento (1Cr 21:8, 17).


Qual é a garantia de que a confissão é importante para Deus? A própria Palavra de Deus. Ela garante que a confissão é premiada com a misericórdia. “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28:13). Deus sabe que estamos sujeitos às leis deste mundo, mas exige que pautemos uma vida dentro dos padrões estabelecidos por Ele. E quando nos afastamos desse padrão, Ele espera que reconheçamos nossa falha e retornemos para Ele por meio da confissão. Todos nós conhecemos o texto áureo da confissão: ‘Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça’ (1João 1:9).
Portanto, reconhecer e confessar o pecado, com um coração sincero e arrependido, sempre trará o perdão gracioso da parte de Deus, a remoção da culpa e a dádiva da sua presença constante. Disse Davi: “Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado (Sl 32:5).


2. Conhecendo o caráter de Deus (Sl 51:6,16). Davi sabia o que era ter intimidade, comunhão com o Senhor. Ainda jovem nos campos era pastor de ovelhas, e o seu tempo era dividido em contemplar as belezas de Deus e o seu trabalho de pastoreio. Desde cedo Davi aprendera a confiar no Senhor. Durante toda a sua vida quando se via em meio às dificuldades, adversidades e desafios lá estava ele buscando refúgio com a pessoa certa e fazendo declarações como vemos neste Salmo: “A ti Senhor, elevo a minha alma. Deus meu, em ti confio. Tu és a minha salvação e por ti espero o dia todo. Os meus olhos estão postos continuamente no Senhor, pois Ele tirará os meus pés da rede (25:2,5,15). Com certeza estas declarações faziam derreter o coração de Deus. Davi conhecia de perto o caráter de seu Deus e mesmo em meio às lutas, sofrimentos, decepções, depressões, nada absolutamente nada, o fazia desistir de confiar no Senhor. Havia temor no seu coração, por isso ele diz o seguinte: “Qual é o homem que teme ao Senhor? Este lhe ensinará o caminho que deve escolher. A sua alma repousará na prosperidade e a sua descendência herdará a terra. O segredo do Senhor é para os que o temem. Ele fará saber a sua aliança” (Sl 25:12-14).


Por conhecer o caráter de Deus, Davi sabia que Sua Santidade não admite que os seus servos tenham uma vida desregrada diante dele. Ele sabia que somente homens limpos de mãos e puros de coração entram no santuário (Sl 24:3,4).


Hoje, pode ser que você não entenda o porquê de algumas regras que Deus nos deu. Faz mal satisfazer algum determinado desejo da carne? Tem problema em tomar uma cervejinha de vez em quando? Prejudica alguém assistir filmes com cenas de sexo? Faz mal alugar fitas pornográficas ou comprar revistas pornográficas? Por que não furtar um pouquinho de dinheiro quando ninguém sentirá falta? Uma mentirinha de vez em quando vai causar problemas? Tais coisas, embora sejam frívolas aos olhos dos seres humanos, vão, porém, de encontro ao caráter de Deus. Logo, devemos respeitar as suas regras (ler 1João 3:3-10).


3. O afastamento de Deus. Está escrito: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós

e o vosso Deus; e os vossos pecados encobre o seu rosto de vós, para que não vos ouça” (Is 59:1,2). Numa sociedade em que a maldade é explicada e justificada de diversas maneiras sociológicas e psicológicas, é fácil esquecer que o pecado é a transgressão da vontade de Deus (1João 3:4) que cria uma barreira entre Deus e os pecadores. A pessoa que quer voltar para Deus precisa identificar o problema de pecado na sua vida. Davi disse: “Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim” (Sl 51:3).


Não é suficiente reconhecer que o pecado nos afasta de Deus. É necessário assumir responsabilidade pessoal pelos pecados que temos cometido. Diferente de crianças que apontam os dedos para jogar a culpa nos outros, precisamos agir como adultos e assumir a responsabilidade pelas nossas próprias transgressões. Embora o pecado de Davi tenha atingido várias outras pessoas (Bate-Sebá, Urias, Joabe, a família dele etc.), Davi entendeu que o principal problema foi a ofensa contra Deus: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar” (Sl 51:4). O meu pecado não é culpa da família, da igreja, da sociedade etc. É culpa minha!


O nosso coração pode cair em incredulidade, provocando afastamento de Deus. Ninguém deixa a igreja de uma hora para a outra, o que ocorre é um distanciamento gradativo, e quando a pessoa percebe já está longe de Deus. É por isso mesmo que cada crente deve procurar incentivar os outros na fé, pois os cuidados e caprichos deste mundo são coisas que querem a todo custo nos afastar dos valores celestiais.


III. A RESTAURAÇÃO DO PECADOR


A restauração, sob o ponto de vista humano, é a maneira de se colocar contritamente nas mãos do divino “Oleiro” para que ele refaça o “vaso quebrado” e lhe dê novamente a forma e a beleza anteriores, depois de qualquer escorregão e queda ou de qualquer escândalo e desastre de natureza moral e religiosa.


Depois de qualquer período de frieza espiritual e crise existencial, depois de qualquer escândalo e desastre de natureza espiritual, depois de qualquer ressentimento ou revolta contra Deus, é necessário que haja restauração para que se retorne ao estado original.
Davi, autor de 73 dos 150 salmos, e que possuía certos traços de caráter muito especiais (1Sm 24:6; 26:8-11; 2 Sm 23:13-17; 1Cr 21:18-27), teve o seu padrão espiritual e moral - tão elogiado por Deus(At 13:22) e pelos de fora(1Sm 16:18) - quebrado, destruído, porque desprezou a Palavra do Senhor(2Sm 12:9). Se quisesse voltar o que era antes (“o homem segundo o coração de Deus”), era necessária uma cabal restauração em sua estrutura espiritual; uma restauração sincera.


A ordem do processo de restauração é sempre essa: arrependimento, conscientização, confissão e abandono da prática pecaminosa. Mesmo tendo pecado e tentado ocultar o que fizera, Davi tinha um coração bom e voltado para Deus, pois era uma pessoa quebrantada. Ele podia, como rei, punir Natã, ou mesmo se escusar daquela acusação, mas se quebrantou diante do profeta e reconheceu seu pecado. Era isto que Deus esperava dele, e assim começou a recuperação de Davi.


Na cruz, Jesus morreu pelos nossos pecados. Quando nós voltamos para a cruz, encontramos perdão, cura, restauração completa. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1João 1:9).
Os versículos 1 e 2 do salmo 51 mostram o pavor de Davi pelo pecado cometido contra a Santidade de Deus, e clama com todo ímpeto de sua alma pela Sua misericórdia: “Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado”. Esse clamor mostra o desespero de Davi por perda de algo muito importante, e foi importante mesmo, vejamos então: a perda da comunhão de Deus; a perda da sua proteção; a perda do título do homem segundo o coração de Deus; a perda da tranquilidade diante dos inimigos; e consequências nefastas na área política, espiritual, familiar etc. Para restaurar a sua posição original ele necessitava do favor e da compaixão do Senhor. Mas, para encontrar o caminho da restauração, Davi precisava:

a)    Admitir o seu pecado (Sl 51:3) – “...eu conheço as minhas transgressões...”. Davi por um tempo escondeu o seu pecado, mas isso estava arruinando a sua vida (a alegria foi embora, a mão de Deus pesava sobre ele etc.). Até que ele viu seriamente sua situação e teve convicção do pecado. Não há esperança de perdão e restauração enquanto você não admitir o seu pecado. Não olhe para os outros. Não julgue e nem culpe os outros. Pare de se justificar. Diga como Davi:” Eu reconheço as minhas transgressões”; “Pequei contra o Senhor”. Ou como o filho pródigo: “Pai, eu pequei contra os céus e diante de ti”. Davi reconheceu que o problema não estava fora dele (beleza de Bate-Sebá), mas no seu coração sujo. O caminho da restauração passa pelo arrependimento e confissão do erro cometido e abandono da prática do pecado. O arrependimento é o reconhecimento de que você não merece nada a não ser o juízo.


Você sabe qual a diferença entre Saul e Davi em relação ao pecado? Ao pecar, Saul tentou justificar-se transferindo a responsabilidade para o povo (1Sm 13.13,14; 15.1-3,9, 15-31); ao passo que Davi admitiu o seu pecado, e arrependeu-se profundamente (2Sm 12.13a; Sl 51.4). Se o crente não admitir os seus erros e rejeitar a disciplina do Senhor, poderá ter o mesmo destino de Saul.

b)    Confessar o seu pecado (2Sm 12:13) – Então, disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor”. Quando confessamos nossas faltas ao Senhor, damos o primeiro passo em direção à recuperação da comunhão com Ele - "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça"(1João 1.9). O crente não pode se limitar apenas ao quebrantamento. É preciso confessar e deixar o pecado. Dizer a Deus o que fizemos não é confissão. A ideia de confissão exige da pessoa o desejo de abandonar o erro. Deus não quer que leiamos para ele a lista de nossos erros, e sim que os confessemos, admitindo nossas falhas e dependendo dele para nossa restauração - “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28:13).

c)     Buscar o perdão de Deus (Sl 51:1) - “Tem misericórdia de mim, ó Deus”. Davi reconheceu sua culpa, mas foi além. Somente sentir o peso do pecado pode levar ao remorso e autodestruição (por exemplo: Judas). Davi não se suicidou, não fugiu de Deus, mas correu para ele. Precisava ser perdoado e purificado. A confissão busca o perdão de Deus, não a anistia. Perdão presume culpa; anistia, derivada da mesma palavra grega para amnésia, 'esquece' a suposta ofensa sem imputar culpa" (LUCADO, Max. Nas Garras da Graça, RJ: CPAD, 1999, p.120).


Davi pecou contra Deus, mas o que ele mais desejava era ter Deus de volta. Muitos que pecam, abandonam a sua fé em Deus, abandonam a comunhão com os irmãos da Igreja, a Bíblia, a oração. Fogem de Deus, que é o caminho oposto ao arrependimento. Mas Davi sabia que só Deus podia restaurá-lo, e que Deus não rejeita um coração quebrantado.


Na cruz, Jesus morreu pelos nossos pecados. Quando nós voltamos para a cruz, encontramos perdão, cura, restauração completa. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9). O perdão e a restauração da comunhão que se fizeram necessários são efetuados mediante a confissão dos pecados (1João 1: 9) e o arrependimento (Lc 17: 3,4; 24: 47).


d) Mudar de atitude. O arrependimento é uma tristeza que opera uma mudança de atitude para com Deus, ou seja, só há arrependimento quando a pessoa muda a sua maneira de viver, ou seja, deixa de proceder em desobediência a Deus para passar a obedecer-Lhe. O arrependimento, portanto, é o atendimento ao chamado divino para a salvação, como deixou claro o apóstolo Pedro no seu sermão no dia de Pentecostes.
Quando o pecador se arrepende, deixa a sua vida de pecados e, por isso, muda de direção na sua vida, atitude que os estudiosos da Bíblia denominam de “conversão” e que implica no início da jornada no “caminho apertado que conduz à vida”, como o apóstolo Paulo deixa claro em 1Ts 1:9. Não há salvação sem que a pessoa mude de orientação na sua vida, passe a ter atitudes diferentes, modifique a sua anterior vã maneira de viver (1Pedro 1:18). A conversão, pois, é a concretização, a realização do arrependimento, quase que como seu complemento, que faz com que o homem arrependido passe a andar no caminho certo (João 14:6).


As pessoas precisam rever suas atitudes quando o coração fala mais alto que a razão. Quando nossos sentimentos nos fazem fracassar precisamos mudar e gerar novas atitudes. Vejamos quais as atitudes Davi diante do seu pecado:
Acatou a palavra do Senhor (2Sm 12:1a). "O Senhor enviou Natã a Davi....". Natã confrontou o pecado de Davi com a palavra do Senhor. Davi aceitou as palavras do profeta e não resistiu a elas.


Reconheceu os erros cometidos (2Sm 12:13). Davi disse: "...Pequei contra o Senhor".

O reconhecimento de Davi foi o princípio de sua restauração espiritual.

Confessou o seu pecado e decidiu não pecar mais (Salmo 51:1,13,17).
A Escritura comprova que Davi foi totalmente restaurado diante de Deus, e suas poesias expostas nos Salmos confirmam essa restauração.


CONCLUSÃO
Devemos reconhecer os nossos pecados e buscar em Deus o perdão e a purificação deles. Quando acontece isso os resultados são: o perdão divino e a reconciliação com Deus; a purificação (isto é, remoção) da culpa e a destruição do poder do pecado, a fim de vivermos uma vida de santidade (Sl 32:1-5; Pv 28:13; Jr 31:34; Lc 15:18; Rm 6:2-14).
Devemos nos conscientizar de que a carne, ou a natureza humana pecaminosa é uma ameaça constante na nossa vida, e que devemos sempre estar mortificando as nossas más obras por meio do Espírito Santo que em nós habita (Rm 8:13; Gl 5:16-25).
Mais que condenar Davi, precisamos estar atentos ao fato de que, em maior ou menor escala, somos parecidos com ele e estamos sujeitos a fazer coisas tão graves quanto as que ele fez. Não estamos imunes ao pecado em um mundo decaído. Não podemos dizer que jamais pecaremos, mas podemos ter certeza de que Deus, em sua grande misericórdia, aceitará o pecador arrependido e o restaurará à comunhão perdida. Glórias a Deus!

 

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