“Eu sou o bom Pastor; o bom
Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (1João 10:11)
A Parábola do Bom Pastor: Um Amor Sacrificial
A afirmação "Eu sou o
bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas" (João 10:11) é
uma das mais poderosas e conhecidas metáforas utilizadas por Jesus para
descrever seu relacionamento com seus seguidores.
O que essa passagem significa?
- Jesus como o Pastor: Ao se identificar
como o "bom Pastor", Jesus está assumindo o papel de líder e
protetor de seu povo. Ele não é apenas um guia religioso, mas um
companheiro que conhece profundamente cada um de seus seguidores.
- O amor sacrificial: A parte mais
marcante dessa passagem é a afirmação de que o bom pastor "dá a sua
vida pelas ovelhas". Essa imagem evoca um amor sacrificial e
incondicional. Jesus, ao entregar sua vida na cruz, demonstra o maior amor
que alguém pode ter, colocando as necessidades de outros acima das suas.
- Proteção e cuidado: O pastor cuida de
suas ovelhas, as protege de perigos e as guias para pastos verdes. Da
mesma forma, Jesus oferece proteção espiritual, guia seus seguidores para
uma vida abundante e os protege das forças do mal.
- Conhecimento íntimo: Jesus afirma
"conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido". Isso
indica um relacionamento pessoal e profundo entre ele e seus seguidores.
Ele conhece cada um individualmente e tem um plano único para cada vida.
Por que essa passagem é tão
importante?
- Base da fé cristã: A imagem do bom
pastor é um dos pilares da fé cristã. Ela nos ensina sobre a natureza de
Deus, sobre o amor de Deus por nós e sobre o propósito da vida cristã.
- Fonte de conforto: Para muitos, a
imagem do bom pastor é uma fonte de grande conforto e segurança. Saber que
temos um pastor que nos conhece e nos ama incondicionalmente nos traz paz
e esperança.
- Chamado ao serviço: Essa passagem
também nos inspira a servir aos outros. Ao seguir o exemplo de Jesus,
somos chamados a amar e cuidar dos que estão ao nosso redor, mesmo que
isso exija sacrifício.
Em resumo, a parábola
do bom pastor nos revela a profundidade do amor de Deus por nós. Ela nos
convida a confiar em Jesus como nosso guia e protetor e nos inspira a viver
vidas de serviço e amor ao próximo.
INTRODUÇÃO
Ser pastor é um trabalho
excelente; Paulo diz que aqueles que aspiram ao episcopado excelente obra
almejam (1Tm 3:1). Mas também é um trabalho árduo. Não é uma obra para gente
preguiçosa, mas uma obra que exige todo esforço, todo empenho e todo zelo. As demandas
internas e externas do rebanho são exaustivas, “entre elas o cuidado para com
as pessoas do rebanho, visita a enfermos, questões relacionadas a administração
eclesiástica e o constante desafio de se dedicar à oração e ao ensino da
Palavra de Deus”. Diz o Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu
livro “De: Pastor A: Pastor”, que “ser ministro é viver constantemente
sob pressão. O ministério é uma arena de lutas contra o poder das trevas e
contra o poder da carne. Não há ministério sem lágrimas. Ser pastor é cruzar um
deserto escaldante, em vez de pisar os tapetes aveludados da fama. Ser pastor é
a arte de engolir sapos e vomitar diamantes. Ser pastor é estar disposto a
investir a vida na vida dos outros sem receber o devido reconhecimento. Ser
pastor é amar sem esperar a recompensa, é dar sem esperar receber de volta. Ser
pastor é saber que o nosso galardão não nos é dado aqui, mas no céu”. (1)
I. JESUS, O SUMO PASTOR
1. Jesus é o Pastor
Supremo. O escritor da Epístola aos Hebreus refere-se ao Senhor
Jesus como o “grande pastor das ovelhas” (Hb 13:20) e a primeira
Epístola de Pedro, por sua vez, O declara como sendo “Pastor e Bispo
das vossas almas” (1Pe 2:25). “Como Pastor, apascentará o seu rebanho;
entre os braços, recolherá os cordeirinhos e os levará no seu regaço; as que
amamenta, Ele as guiará mansamente” (Is 40:11).
Jesus Cristo é o Senhor da
Igreja, o Seu único Mediador, o Seu Intercessor e Sumo Sacerdote. Ele é o único
que está de forma absoluta, espiritual e hierarquicamente acima de qualquer
líder da Igreja. Nenhum líder possui o direito de ser reconhecido como espiritualmente
superior ao restante dos membros da Igreja, à semelhança de um “pontífice”
entre Deus e os seres humanos, isto é, como uma espécie de “ponte” entre Deus e
os discípulos. Esse tipo de posição na hierarquia religiosa ocorria no Antigo
Testamento na pessoa dos sacerdotes do Templo, os quais tinham a função de
mediar o encontro entre o pecador confesso e Deus, a fim de que ocorresse o
recebimento do seu perdão ou o derramamento de bênçãos; mas, essa representação
era uma figura de Jesus Cristo o nosso Sumo Sacerdote, por meio do qual toda e
qualquer bênção o ser humano poderá alcançar. Assim, pode-se concluir que não
há qualquer ministério eclesiástico humano que deva ser reconhecido como
espiritualmente superior ao restante dos membros da Igreja, e por meio do qual
os discípulos recorram para que as bênçãos lhes sejam derramadas. Só Jesus
Cristo é o Pastor Supremo!
2. O Pastor conhece as Suas
ovelhas (João 10:14,15). “Eu sou o bom Pastor, e conheço as
minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim,
também eu conheço o Pai...”. Na Palestina as ovelhas eram criadas para
produzir lã, sendo tosquiadas de ano em ano. Desta feita, o pastor as mantinha
sob seus cuidados durante muitos anos e entre eles se desenvolvia um
relacionamento de confiança e intimidade. O pastor sabia até o nome de cada uma
delas e as chamava pelo nome (João 10:3).
Era esta certamente a relação
existente entre Jesus e seus discípulos. Ele conhecia pessoalmente as
suas ovelhas. Assim como no Antigo Testamento Jeová chamava Abraão, Moisés,
Samuel, Elias, Josué e outros pelo nome, assim Jesus conhecia e chamava as
pessoas individualmente. Quando Ele viu Natanael se aproximando e lhe
disse: "Eis um verdadeiro israelita em quem não há dolo!"; Natanael
perguntou-lhe, atônito: "Donde me conheces?"(João
1:47,48). Mais adiante, Jesus chama Zaqueu pelo nome para que desça do sicômoro
onde havia se escondido. E, após a sua ascensão, Ele chamou Saulo de Tarso pelo
nome, na estrada de Damasco (Lc 19:5; At 9:4). E mesmo que, ao nos
convertermos, não tenhamos escutado nenhuma voz audível, nós também podemos
dizer que Ele nos chamou pessoalmente, Ele nos conhece por nome. Tal conhecimento
e confiança entre Jesus e seus seguidores é comparado ao relacionamento entre
Jesus e o Pai: “Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai”.
Portanto, a mesma união, comunhão, intimidade e o mesmo conhecimento que há
entre o Pai e o Filho também existe entre o pastor e as ovelhas.
3. O pastor dá a vida pelas
ovelhas (João 10:11,15). “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá
a sua vida pelas ovelhas”. O bom pastor se dedica ao bem-estar das
ovelhas e toda a sua vida é dominada pelas necessidades delas. A principal
reclamação de Deus contra os líderes de Israel era esta: "Aí dos
pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores
as ovelhas?" (Ez 34:2; Jd 12). Jesus mesmo deu a vida pelas suas
ovelhas. Não agiu como um empregado ou um mercenário, que faz o trabalho por
dinheiro. Ele cuidou delas genuinamente, a ponto de morrer por elas. Seu grande
amor se revelou em sacrifício e serviço, sacrificando a si mesmo para servir
aos outros.
Um dos diversos cuidados que o
bom pastor tem é fortalecer as ovelhas que são fracas, curar as doentes, atar
as feridas das que estão machucadas e buscar as que se encontram extraviadas. É
desse amor sacrificial, que serve, que os pastores precisam hoje,
pois muitas vezes os seres humanos, assim como as ovelhas, podem se desviar do
caminho.
Jesus se comparou, ainda, a um
pastor de ovelhas que deixou o resto de seu rebanho a fim de ir atrás daquela
que se havia perdido. Longe de abandoná-la, na esperança de que ela pudesse
sair balindo e tropeçando até encontrar o caminho de volta para casa, ele
arriscou a própria vida para ir à procura dela (Lc 15:1-7). Na verdade, "o
bom Pastor" deu a sua vida por suas ovelhas (Joao 10:11,15). Deliberada e
voluntariamente, Jesus foi para a cruz, a fim de identificar-se conosco. Deus,
em Cristo, assumiu o nosso lugar, a fim de que pudéssemos ser perdoados e
feitos nova criação (2Co 5:17).
II. AS CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO PASTOR
0 verdadeiro pastor - que modela o seu ministério pelo do Bom Pastor -, além de ser exemplo para os fiéis e infiéis, e exemplo para sua família, ele tem, pelo menos, as seguintes características:
1. Tem um caráter íntegro. A integridade do pastor é o fundamento sobre o qual ele constrói seu ministério. Sem vida íntegra não existe pastorado. Hoje, assistimos com tristeza a muitos pastores gananciosos que mercadejam a palavra e vendem sua consciência no mercado do lucro. Há obreiros que são rigorosos com os crentes, mas vivem de forma frouxa em sua vida pessoal. Há pastores que apascentam a si mesmos, e não o rebanho. Amam a sua própria glória, em vez de buscar a honra do Salvador.
2 Tem um relacionamento
pessoal com suas ovelhas. Talvez a característica mais básica dos
pastores seja o relacionamento pessoal que se deve desenvolver entre o pastor e
as pessoas. Cônscios devem estar de que as pessoas não são seus clientes, nem
seus eleitores, pacientes ou fregueses. E muitos menos são meros nomes
guardados em registro ou, pior ainda, números de um arquivo de computador. São
indivíduos, pessoas que o pastor conhece e que a recíproca é verdadeira. Além
do mais, cada uma tem um nome próprio, símbolo de sua unicidade e
identidade; portanto, todo pastor de verdade deveria tentar lembrar o nome
delas. E uma das formas de lembrar o nome das pessoas é escrevendo-os e orando
por elas. Quando Paulo disse aos tessalonicenses: "Damos sempre
graças a Deus por todas vós, mencionando-os em nossas orações" (1Ts
1:2), até parece que ele tinha algum tipo de lista. É, sem dúvida, o fato de
mencionarmos regularmente o nome das pessoas em oração que (com muito mais
certeza e rapidez do que de outra maneira) fixa esses nomes em nossa mente e
memória. Quer queira ou não, esquecer o nome de alguém é um sinal de sua falta
de oração como pastor.
3. Guia as suas ovelhas. No
Oriente Médio o pastor, devido ao íntimo relacionamento que mantém com suas ovelhas,
consegue caminhar à frente delas, chamando-as, às vezes assobiando ou tocando
uma flauta, e elas o seguem. A relação de Israel com Jeová, e especialmente a
passagem do povo pelo deserto, tem relação com o movimento das ovelhas que
seguem o seu pastor: "Dá ouvidos, ó pastor de Israel, tu, que conduzes
a José, como um rebanho (Sl 80:1). O israelita temente
a Deus via a Jeová da mesma maneira: "O Senhor é meu pastor: nada
me faltará... Leva-me para junto das águas de descanso..." (Sl
23:1,2). Assim, Jesus, o Bom Pastor, pegou essa mesma figura e a
desenvolveu: "... as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às
suas ovelhas e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai
adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz” (João
10:3,4).
Com os pastores cristãos acontece
algo parecido. É solene responsabilidade dele guiar as pessoas de tal forma que
seja seguro para elas o seguirem. Ou seja: o pastor tem de ser para as
pessoas(“ovelhas”) um exemplo coerente e confiável. Convém lembrarmos que Jesus
introduziu no mundo um novo estilo de liderança, a saber, a liderança pelo
serviço e pelo exemplo, e não pela força. O apóstolo Pedro compreendeu isto e o
ecoou em seus ensinos: "Pastoreai o rebanho de Deus que há entre
vós... não como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando-vos
modelos do rebanho “(1Pe 5:2,3). Com efeito, por bem ou por mal, quer
gostem ou não, as pessoas vão segui-lo.
4. Alimenta as suas ovelhas. "Eu
sou a porta", disse Jesus. "Se alguém entrar por mim, será salvo;
entrará e sairá e achará pastagem” (João 10:9). A principal preocupação dos
pastores sempre é que suas ovelhas tenham o suficiente para comer. Quer sejam
ovelhas criadas para lã, quer sejam de corte, a saúde delas depende de terem
pastagem nutritiva. Assim, o próprio Jesus, na qualidade de bom pastor, foi
sobretudo um Mestre. Ele alimentou os seus discípulos com a boa comida da sua
instrução.
Os pastores de hoje têm
essa mesma tremenda responsabilidade. O pastor é, acima de tudo, um mestre.
Esta é a razão para duas qualidades de um presbítero explicitadas nas Epístolas
Pastorais. Primeiro, o candidato deve ser "apto para
ensinar" (1Tm 3:2). Segundo ele deve reter “firme a fiel
palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para
admoestar com a sã doutrina como para convencer os contra dizentes” (Tt
1:9). Estas duas qualificações andam juntas. O pastor deve ter o dom de ensinar
e, ao mesmo tempo, ser fiel ao ensino da Palavra de Deus. E, quer estejam
ensinando a uma multidão ou a uma congregação, a um grupo ou a um só indivíduo
(Jesus mesmo ensinou nestes três contextos), o que distingue o seu trabalho
pastoral é que este é sempre um ministério da Palavra.
5. Cuida das ovelhas com
ternura. O apóstolo Paulo tinha esta característica: “antes,
fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos” (1Ts 2;7).
Paulo tratou os crentes de Tessalônica carinhosamente como uma ama que acaricia
seus filhos. A ênfase da mãe é a gentileza e a ternura. Paulo era como uma mãe
afetuosa cuidando do seu bebê. Ele demonstrou pelos seus filhos na fé amor
intenso, cuidado constante, dedicação sem reserva, paciência triunfadora,
provisão diária, afeto explícito, proteção vigilante e disciplina amorosa.
Muitos obreiros lideram o povo de Deus com truculência e rigor despótico. São
ditadores implacáveis, e não pastores amorosos. Esmagam as ovelhas com sua
autoridade autoimposta, em vez de conduzir o rebanho com a ternura de uma mãe.
6. Cuida de si mesmo para
não praticar o que condena. O ministério de pastor não é uma
apólice de seguro contra o fracasso espiritual. Há um grande perigo de o pastor
acostumar-se com o sagrado e perder de vista a necessidade de temer e tremer
diante da Palavra. Os filhos de Eli carregavam a Arca da Aliança com uma vida
impura. A Arca não os livrou da tragédia.
Há muitos pastores vivendo na
prática de pecados e ainda mantendo a aparência. Há muitos pastores que saem
dos esgotos da impureza, pois navegam no lamaçal de sites pornográficos
para, depois, subir ao púlpito e exortar o povo à santidade. Essa atitude torna
os pecados do pastor mais graves, mais hipócritas e mais danosos que os pecados
das demais pessoas. Há pastores que causaram mais males com seus fracassos do
que benefícios com seu trabalho. Se um pastor perder a credibilidade, perde
também o seu ministério. A maior prioridade do obreiro não é fazer a obra de
Deus, mas ter comunhão com o Deus da obra. Vida com Deus é a base do trabalho
para Deus. Na verdade, Deus está mais interessado em quem nós somos do que no
que nós fazemos. Pense nisso!
Conforme o texto de 1Pedro 5:1-4, podemos dizer que, em termos eclesiásticos, pastor é aquele que supervisiona o rebanho; é aquele que serve debaixo da autoridade do “Supremo Pastor” cuidando das “ovelhas” de Cristo; ou melhor, ele é um mordomo do Senhor, por isso deve guardar cada uma das ovelhas que lhe confiou o Sumo Pastor. O seu ministério é o de sábio conselho, correção, encorajamento e consolo.
1. A missão do
pastor. O pastor não é um voluntário, mas uma
pessoa chamada por Deus. Seu ministério não é procurado, é recebido. Sua
vocação não é terrena, mas celestial.
No Antigo Testamento, o
termo “pastor”, literalmente, refere-se aos cuidados de um indivíduo
alimentando, disciplinando e protegendo seu rebanho. A partir dessa
interpretação, surgiu o conceito acerca de Deus como “Pastor de Israel”
(Gn 48:15; Sl 80:1): alimentando (Is 40:11), protegendo (Am
3:12), disciplinando (Sl 23:2) e resgatando as
ovelhas desgarradas (Jr 31:10; Ez 34:12) de seu rebanho. Essa ideia de
“pastoreio” foi estendida aos líderes do povo de Israel, os quais atuavam sob a
supervisão de Deus, como, por exemplo, os juízes, reis, profetas e sacerdotes,
os quais também foram denominados “pastores” (cf. Nm 27:17; 1Rs 22:17; Jr
2:8; Ez 34:2).
No Novo Testamento, o
termo “pastor” é a tradução do vocábulo grego “poimén”, podendo
ser interpretado como: “pastor, guia, ministro, clérigo; superintendente,
inspetor, diretor; tutor, guardião, apascentador de ovelhas”. Os escritores
inspirados do Novo Testamento mantiveram a ideia veterotestamentária do termo
“pastor” aplicando-o ao Senhor Jesus Cristo como o “Pastor” (João
10:2,11,14,16) e assim reconhecendo suas atribuições como Aquele que
exerce a função de pastoreio do rebanho do Pai (Mt 25:32; 26:31). Jesus
considerou os apóstolos como seus sucessores na missão de pastoreio da Igreja;
a mesma simbologia foi perpetuada nos escritos do apóstolo Paulo com referência
aos líderes que exerciam suas funções de governo das igrejas locais.
Portanto, “o verdadeiro pastor
cuida das ovelhas com zeloso amor e compaixão, entregando-se totalmente às suas
demandas e dando-lhes alimento espiritual através do ensino da Palavra de Deus”.
2. Uma missão polivalente.
A partir do termo neotestamentário “poimén” é possível
listar diversas interpretações para o ato daquele que pastoreia a Igreja, como,
por exemplo:
a) Vigilância.
O pastor conserva-se no constante exercício de suas funções, concentrando ou
exercendo a sua influência benéfica ou protetora sobre o rebanho, além de
permanecer em perene atividade. Paulo alertou para o fato de os pastores
estarem vigilantes para que os lobos vorazes não penetrem no meio do rebanho.
Jesus, também, fez o mesmo alerta: “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm
a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores”
(Mt 7:15).
b) Alimentação. O
pastor fortalece espiritualmente o rebanho de Cristo por meio do ensino da sua
Palavra, sendo este o seu principal empreendimento. Bem diz Bernard
Ramm: “A tarefa fundamental de um pastor, na pregação, não é ser
brilhante ou profundo, mas é ministrar a verdade de Deus”.
c) Proteção. O
pastor preserva o rebanho dos perigos auxiliando-o quanto aos obstáculos
em sua peregrinação à glória, envolvendo-se ativamente no resgate dos
doutrinariamente “desgarrados”, mantendo-se atento para “defender” por meio da
apologética cristã e da oração persistente a união e a unidade das ovelhas. Sua
função é descrita como a de um “vigia” que, servindo sob o “estado de vela”,
permanece em constante exercício, espreitando a favor de seu rebanho.
d) Despenseiro. Além
dessas responsabilidades, o pastor age como o bom conciliador e administrador
eclesiástico dos bens materiais, patrimoniais, das finanças e recursos humanos
disponíveis para toda boa obra da igreja local.
3. O cuidado contra os
falsos pastores. Quando Deus levantou Jeremias e Ezequiel como
profetas de Judá, Ele ordenou-lhes que repreendessem os pastores infiéis da
nação. No período do Antigo Testamento, todos os que tinham
responsabilidades de lideranças, como os profetas, os sacerdotes e os reis,
eram considerados pastores do povo de Israel. Quanto ao Rei, a
sua missão era aconselhar e guiar o povo de Deus (1Sm 9:16; ler Dt 17:14-20);
quanto ao Sacerdote, sua missão era santificar o povo, oferecer
sacrifícios pelo povo e interceder pelos transgressores (Hb 5:1-3; ler Lv
10:8-11; 16; 21:1-24); quanto ao Profeta, sua missão era preservar
o conhecimento e manifestar a vontade do único e verdadeiro Deus (Ez 2:1-10;
ler Dt 18:20-22).
Deus se indigna contra os
pastores que não respeitam as ovelhas que lhe foram confiadas. Diz Deus (Jr
23:1-4):
“1. Ai dos
pastores que destroem e dispersam as ovelhas
do meu pasto, diz o Senhor. 2. Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel,
acerca dos pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes
as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não
cuidastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz
o Senhor. 3. E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas, de todas as
terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e
frutificarão e se multiplicarão. 4. E levantarei sobre elas pastores que as
apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará,
diz o Senhor”.
Deus falou aos líderes de Judá
que eles eram culpados de negligenciar e maltratar o rebanho dele. Preste
atenção nos verbos que ele usa para descrever a conduta destes pastores: destruir,
dispersar, afugentar e não cuidar. Pastores devem juntar,
alimentar, cuidar, guiar e proteger. Mas, os pastores de Israel faziam tudo ao
contrário! Uma coisa marcante neste parágrafo é a maneira que Deus fala do
rebanho. Ele o descreve como “o meu povo”, “as ovelhas do
meu pasto” e “as minhas ovelhas”. A linguagem dele
mostra o problema raiz do comportamento errado dos líderes. Eles não amavam o
povo como Deus o amava! Para eles, ser pastor era uma posição de destaque,
honra e privilégio. Para Deus, ser pastor era uma posição de responsabilidade,
sacrifício e amor.
Hoje, ainda há muitos
que olham para o cargo de pastor como uma posição de honra a ser cobiçada.
Buscam o destaque e desejam a honra diante dos homens. Ao invés de agir
humildemente como pastores no rebanho local (veja 1Pedro 5:1-3), apresentam-se
em todo lugar com o “título” de pastor. Em outras palavras, “Amam o
primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as
saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens” (Mt
23:6-7). Tais pastores não cuidam do rebanho como devem; são falsos pastores.
Veja, também, o que Deus diz
através do profeta Ezequiel contra os pastores infiéis
de Israel, isto é, seus reis, sacerdotes e profetas (Ez 34:2-6):
“2. Ai dos
pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os
pastores as ovelhas? 3. Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o
cevado; mas não apascentais as ovelhas. 4. A fraca não
fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a
desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais
sobre elas com rigor e dureza. 5. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e
ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se
espalharam. 6. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os
montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por
toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque”.
Nota-se que as palavras do Senhor
dirigidas aos líderes de Israel são de condenação absoluta desde o
começo: "Ai dos pastores de Israel". Aqueles
homens achavam que as posições que ocupavam eram tão dignificadas que os
tornavam, automaticamente, isentos e imunes a toda e qualquer forma de crítica.
Não entendiam que as posições que ocupavam, bem como as funções executadas por
eles, realmente, não os isentavam de ter que admitir seus erros, de ter que
confessar seus pecados e de sofrer as graves consequências dos juízos de Deus,
caso não se arrependessem.
Estas palavras, realmente duras
da parte do Senhor, são motivadas pelo fato de que os pastores não são
"donos" do rebanho de Deus e por este motivo não podem tratar o
rebanho de Deus de qualquer maneira e de forma abusiva. Pastores, como diz o apóstolo
Pedro, não passam de cooperadores submetidos ao Senhor Jesus que é chamado de
Supremo Pastor (cf. 1Pedro 5:4).
CONCLUSÃO
“Precisamos de pastores que amem
a Deus mais do que seu sucesso pessoal. Precisamos de pastores que se afadiguem
na Palavra e tragam alimento nutritivo para o povo. Precisamos de pastores que
conheçam a intimidade de Deus pela oração e sejam exemplo de piedade para o
rebanho. Precisamos de pastores que deem a vida pelo rebanho em vez de
explorarem o rebanho. Precisamos de pastores que tenham coragem de dizer
“não” quando todos estão dizendo “sim” e, dizer “sim”, quando a maioria diz
“não”. Precisamos de pastores que não se dobrem ao pragmatismo nem vendam sua
consciência por dinheiro ou sucesso. Precisamos de pastores fiéis e não de
pastores populares. Precisamos de homens quebrantados e não de astros
ensimesmados” (Rev. Hernandes Dias Lopes. De: Pastor a: Pastor”).
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